História Uma chance de recomeço - "Você está ruiva? U-A-U"

Cheguei no shopping e logo vi a Aline. Eu fiquei surpresa! Fazia bem umas 3 semanas que não a via pessoalmente. Aline estava diferente. Estava RUIVA! Quando pequena, ela era loira, branquinha, olhos verdes... Uma boneca, como minha mãe costumava chamá-la. Ela sempre dizia: “Nasci loira, morrerei loira! ”. Por isso, estranhei. Não que estranhar seja uma coisa ruim. Uma sábia disse uma vez que estranhar é bom, inspira as pessoas a aventurar coisas novas. Ela me viu e sorriu!

- Camila! Amiga! Quanto tempo... – e me cumprimentou.

- Uaaaaau, amiga! Que diferença! – afastei-a de mim e olhei detalhadamente.

- Essa diferença é boa ou ruim? – ela sorriu, curiosa.

Eu retribuí o sorriso e abracei-a fortemente.

- Boba! Você está linda!

Sentamos na praça de alimentação, num canto reservado. Ela estava ansiosa para saber a minha novidade! Eu, por outro lado, estava COMPLETAMENTE nervosa e sem graça.

- Então, moça! Diga aí suas novidades... Cadê minha tia? Como está o Alê? – Alê é o irmão mais novo dela.

- Aah, amiga! Minha mãe está ótima! Melhor do que eu, acho... – ela riu – A empresa mandou ela à Paris, na semana passada, Mila! PARIS! Quase surtei. – eu ri – A parte boa é que ela me trouxe mimos! – e fez uma carinha de mimada.

- Ui, tia Marian OS-TEN-TAN-DO! – rimos.

- O Alexandre está lá! Ele não muda nada, amiga. Continua o mesmo fofo de sempre. Falei que ele foi o aluno modelo esse ano que terminou na escola? Pois é. O que eu não fui na escola, juntando toda a minha vida, o Alê conseguiu fazer só no Ensino Fundamental. – rimos.

- Isso é para você tomar vergonha, Aline! – rimos.

Ela tinha alguma coisa para me contar. Eu estava sentindo isso. Ela estava muito eufórica.

- Amiga, você quer me contar alguma coisa? – perguntei curiosa.

- QUERO, mas você primeiro. Tu que me chamou aqui, mocinha. Eu consigo sobreviver às suas novidades primeiro! – disse se ajeitando para ouvir o que eu tinha a dizer.

Eu não sabia bem por onde começar... Eu sabia que meu assunto tinha nome: BRUNO. Apenas.

- Aaah, amiga! Fala você primeiro. – eu disse timidamente evitando olhar nos olhos dela.

- Ai meu Deus! AIMEUDEUS! Que nervosismo todo é esse Dona Camila? Com a sua melhor amiga!? O assunto deve ser muito bom mesmo... – ela disse quase surtando – Adianta! Minha curiosidade aumentou 1000% agora. – rimos.

- É o Bruno. – eu disse tapando os olhos e esperando a reação dela.

- O bombeiro? Aquele fofo da carona? SOCORRO. Conta TU-DO. – ela só faltou chamar atenção da praça de alimentação toda.

Bem, todos os que me conhecem sabem que sou péssima em narrar fatos. Sou muito tímida para isso. Eu gaguejo. Eu me perco na história. Além de ser extremamente sem graça.

Eu peguei meu celular, abri as mensagens e dei para ela. Como estava um pouco sem jeito de começar a falar, achei que mostrando as mensagens seria um bom começo. Ela começou a ler. Séria. No fim, ela me devolveu o celular boquiaberta e me olhando fixamente.

- Fala alguma coisa. Por favor. – eu ri sem graça.

- Alguma coisa?! Amiga! Ele não te esqueceu e você corresponde. Que fofo! – ela disse segurando as minhas mãos.  E sabe o que eu acho engraçado? O Bruno parece familiar, não acha?

Claramente, franzi a testa e o tempo pareceu parar naquele momento. Nós nos olhamos caladas durante um tempo... Tentando desenterrar alguma lembrança que comprovasse o fato e... NÃO LEMBRÁVAMOS DE NADA.

Passamos a tarde falando sobre a novidade. Acabou que não deu tempo dela me contar as novidades que ela estava tão eufórica para partilhar.

- Mila, eu tenho que ir agora, está ficando tarde... – ela disse se levantando.

- Sim, amiga. Eu também tenho que ir. – respondi enquanto catava as minhas coisas na mesa. – Vamos! Acompanho você até o ponto de ônibus.

- Olha! Estou muito feliz pela sua novidade, viu?! Quero saber de todos os detalhes. – rimos. – Marcamos outro dia para eu te contar as minhas. – concordei balançando a cabeça afirmativamente.

Fomos ao ponto, o ônibus dela passou primeiro. Nós nos despedimos. Eu disse para ela me mandar uma mensagem quando chegasse: do shopping que marcamos de nos encontrar à casa dela eram 45 minutos, em média, já para minha, eram 25 minutinhos.

Depois de 10 minutos, o meu ônibus passou. Peguei. Cheguei em casa era 17:30, meu pai estava na cozinha. Senti o cheirinho do que ele estava preparando do outro lado da rua.

- Hmmmmm! Que cheiro bom. – disse enquanto entrava.

- Que bom que já chegou, filha. É sua sopa favorita. – ele disse enquanto o abraçava e dava-lhe um beijo no rosto.

Eu amo sopa e aquela era a de couve-flor.

- Vou tomar um banho... Já desço para ajudá-lo. – disse subindo as escadas.

No quarto, eu deitei na cama. Eu me sentia mais leve. Fiquei pensando sobre tudo o que eu e Aline conversamos, foi a hora que, coincidentemente, ela me mando uma mensagem avisando que chegou:

"Cheguei, amiga. Espero que esteja bem também! Nos vemos em breve. P.S ME MANTENHA INFORMADA risos"

Sorri. Fiquei um tempo olhando para o meu céu particular: o teto do meu quarto, que tinha uns leds simulando as estrelas do céu e que eu amava.

"Certo, amiga! <3 " - respondi.

Desci e antes de ir à cozinha, passei na sala e coloquei um disco na vitrola de Eric Clapton: Forever Man, um blues maravilhoso e fui bailando colocar a mesa. Meu pai cantava junto com o artista enquanto mexia a panela. Dançamos juntos no meio da cozinha. Eu terminei de pôr e fui cortar uns pães para acompanhar a sopa. Reguei de azeite e joguei um punhado de orégano. Voilá! Os pães ficaram prontos junto com a sopa. Nos sentamos para jantar. e:

- Então, moça. O que fez essa tarde? - meu pai perguntou ansioso.