História Uma Condessa Por Detrás das Câmeras - Just wait...

Bocejei outra vez, coçando os olhos e tentando não borrar a maquiagem. Acho que faz umas três horas que bateu a madrugada e vai bater quase 24 horas que eu não durmo. Li outra linha do script e dei outra golada no café, me encolhendo dentro do sobretudo reforçado. Estamos gravando algumas cenas externas para aproveitar a noite e a viagem, oh cacete, nunca imaginei que trabalhar nesse meio ia ser tão cansativo.

- Pronta?- Riley parou ao meu lado, bocejando também.

- Pronta pra beber todo o café do set? Pode ter certeza.- brinquei.

- Vamos, cena de luta, se anime.- ela riu, chacoalhando meus ombros.- Mais um pouquinho de café, e você está novinha em folha.

- Espero que esteja certa.- bocejei de novo e matei meu café em três goles, ficando em pé num pulo.- Certo, script decorado, agora vamos lá.

Puxou com força o ar e fui para o meio da rua interditada, a cena era eu indo atrás de Freya e Joseph me impedindo e contando toda a verdade, só espero não acertar um tapa de verdade na Riley.

- Todo mundo pronto?- berrou o diretor, tirei o sobretudo e entreguei para a moça do staff, que me passou a jaqueta do figurino(look 1). Olhei em volta e vi Ameliah de relance, Riley apareceu logo em seguida, e Joseph ainda estava em algum lugar que eu não sabia.

- Riley? Cassidy?- perguntou ele de novo.

- Estou pronta.

Respirei fundo, me preparando.

- Pronta.

- Gravando!

Os figurantes começaram a se espalhar.

Riley atravessou a rua e ajeitou a gola do casaco, parecendo com frio. Uma câmera focou no meu rosto e eu a segui de longe, ela cortou o caminho por uma rua mais estreita e eu fui atrás.

- Olha, Elizabeth, eu sei que você está com raiva de Niklaus, mas eu não tenho nada com isso e não quero machucar você...- começou ela, eu gargalhei.

- Você me machucar? Oh, minha querida, vai ser bem diferente.

Simulei lhe acertar um tapa, ela se jogou para trás, batendo na parede e cuspindo um tico de sangue, tão rápido quanto eu bati nela, Joseph me acertou, os olhos marcados pela maquiagem.

- Agora eu vou falar, e você vai ouvir, Elizabeth, ou se não...- ele fez como se tivesse atravessado a mão no meu peito e estivesse pronto para arrancar meu coração, eu arfei fingindo dor.- Já sabe o que te espera

A câmera focou em mim enquanto eu me sentava na cadeira, olhando carrancuda para o buraco sujo de sangue na blusa preta.

- Merda, Niklaus, eu gostava dessa blusa...- praguejei.

- Veja bem, Elizabeth, eu gosto de você, adorei o título que conseguiu como vampira: "Condessa Sangrenta", dramático mas eu gostei. E o mais importante, Kol gosta de você, eu me lembro bem da besta sedenta por sangue que ele era antes de te conhecer, ele ama você mais do que eu sequer imaginei ser possível para o Kol amar.- Joseph começou e eu bati as unhas cor de vinho falsas na mesa.

- Direto ao ponto, Niklaus, por favor.

- O que eu quero dizer é que ele ficou devastado e mais psicótico ainda quando achou que você morreu, e eu quero minha família unida, Elizabeth. E eu nunca pensei que diria isso mas... Kol nunca te deixou, Mikael estava um paço de nos achar , e ele não iria deixar você para trás então eu fiz o que era preciso, e eu sei que transformar você não era necessário, mas Kol nunca teve nada com isso.- ele terminou.

Eu parei por um minuto, lembrando do script, lágrimas começaram a brotar nos meus olhos.

- Você se lembra de Florence? Ela era minha irmãzinha mais nova, eu me lembro do som doce de sua voz e dos cabelos alaranjados voando enquanto ela corria, e cada vez que eu deito na cama e fecho os olhos para dormir, eu ouço os gritos de desespero dela, me implorando para não matar nossos pais.- um sorriso maníaco fez seu caminho nos meus lábios.- Eu não odeio seu irmão, Niklaus, longe disso, até acho que nunca deixei de amar o infeliz. Eu odeio você, e o que você me transformou.

- CORTA!- berrou o diretor.- E pessoal, eu lhes apresento, o que é de fato uma tomada boa. Foi ótimo, Joe e Cass.

Sorri em agradecimento e fiz um hi-five com Joseph, rindo.

- E como tá o seu irmão?- perguntou ele.

- Ah, tem horas que eu quero tacar ele do último andar, mas ainda não taquei, então tá ótimo.- ri da cara que ele fez.- To brincando, to procurando um ap maior, não quero deixar ele dormindo no sofá, e com esse pagamento maior, dá pra pagar um lugar maior, que caiba devidamente nós dois.

- Uha, boa sorte, odeio mudanças.

Entrei no meu trailer, louca para tentar me esquentar nem que seja um pouco, e agora com esse buraco que fizeram quase bem no meio dos meus peitos na blusa, não sou a pessoa mais confortável no mundo. Tirei o figurino e o ajeitei na arara, vesti meu moletom e me preparei para responder as costumeiras mil mensagens de Sam, mas uma diferente me chamou atenção.

E sobre aquele café? 

Na folga do próximo sábado, topa?

Um sorriso besta se formou no meu rosto e eu prontamente digitei a resposta:

Você quer dizer o chá?

Claro, no sábado.

Sim, o chá. Argh, vocês ingleses sempre complicam, o que tem de errado com o café?

Te pego que horas?

Podemos decidir isso daqui a pouco?

Não falta muito para a nossa próxima cena...

Claro

Sorri mais ainda, achando mil e uma maravilhas do meu dia.

Oh, como eu estava errada.