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História Uma estranha no ninho - Vol. II - Um susto é bom, dois é pouco, três dá infarto.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Oiiiiiiiiiiii gente!! E aí como vocês estão? Espero que bem e muitoooo empolgados pq eu to muito!!!
Como eu prometi a segunda parte de “Uma estranha no ninho” saiu mais rápido que eu disse que sairia. Essa fic vai girar em torno da vida do Saga e da Kyoko, a relação deles e como ele vai lidar com as diferenças entre as raças, fora todo o suspense rondando a perda de memória da nossa raposinha amada e os outros casais. Claro! Sem deixar o suspense de lado pq eu amooo um suspense. xD ...Sugiro aos novatos e curiosos que antes de começarem a ler, leiam primeiro “Uma estranha no ninho” para que vocês entendam e não fiquem boiando e me metralhando com críticas maldosas por preguiça, então vão ler pq vocês vão gostar. ;D
Enfim, está aí o primeiro capítulo muito cut, com um Saga cut e uma Kyoko cut do jeito que eu disse que seria. Espero de coração que vocês gostem dessa nova fase, se divirtam muitoo com as travessuras e as dores de cabeça que irão afligir e muito o cavaleiro de Gêmeos Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.... pobre Saga. E também me perdoem pelos possíveis erros de todos os tipos. Se tiver alguma coisa muitooo grotesca me avisem que eu ajeito, okay?!!
Bjs no kokoro gente e boa leitura.

Capítulo 1 - Um susto é bom, dois é pouco, três dá infarto.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - Um susto é bom, dois é pouco, três dá infarto.

— Eu vou matar aquela desgraçada!

Ouve-se pelas doze casas o berro de Kanon. O marina estava furioso pelo que Kyoko havia feito com Julieta. Mesmo sabendo que a raposa não lembrava de nenhum deles sua indignação não diminuía. Julieta já era uma senhora e mesmo com todo medo do mundo Kyoko não precisava ter agredido sua mãe de criação daquele jeito.

Saga abstraiu o ataque de seu irmão, entrando pela parte privada a passos bem rápidos, quase uma leve corrida, enquanto carregava Kyoko. Preferiu nem olhar para Kanon, só parou por alguns segundos para olhar para Julieta e avisando que logo voltaria.

Entrou pela porta do quarto e já depositando Kyoko na cama. Ela manteve-se agarrada ao pescoço cheiroso e grosso do cavaleiro de Gêmeos, escondendo o rosto em meio aos cabelos longos dele. Ele respirou aliviado e muitíssimo satisfeito; estava morrendo de saudades daquilo.

—Ei, está tudo bem. - sussurrou a acariciando.

— Você...você...me deixou.

—Desculpe, me perdoa. Eu fiquei com você...

— Você não estava aqui...- resmungou Kyoko chorosa, atropelando Saga com as palavras.

—Eu sei, eu sei. Eu estava aqui, fiquei aqui com você o tempo inteiro, mas você não acordava e eu tinha que fazer alguma coisa.

—Por que...por que me trouxe...para cá? Eu quero voltar para casa. – disse com cara de choro.

Saga sentiu o coração doer como se uma punhalada lhe acertasse em cheio.

— Calma, calma! Olha para mim. - pediu, Kyoko obedeceu, mas sem largar do pescoço dele. – Você não precisa ficar com medo, aqui é a minha casa, nossa casa. Ninguém vai machucar você. Eu não vou deixar. Eu estou aqui agora e não vou deixar ninguém chegar perto de você se você não quiser, está bem?! – fez uma pausa e deu um sorriso. — Olha só para você, quanta areia.

Saga deu seu melhor sorriso, passando a mão nos cabelos de Kyoko, depois no rosto e nos braços, tirando o excesso de areia. Ela se encolheu, se aconchegando mais ainda no peitoral dele. Ali era o único lugar que se sentia segura no momento.

— Aqui é perigoso, Saga. – olhou para ele. — Os humanos são maus, eles...eles me machucaram. Tinha um, tinha um...homem enorme que não me deixou passar. Ele era enorme e ele queria me pegar... 

Saga sorriu ainda mais, deixando ela afundar o rosto em seu peito enquanto resmungava um monte de coisas que ele já não conseguia mais entender. Kyoko parecia uma criança emburrada, chorando porque sua mãe não havia lhe dado o que queria. Deixou que ela resmungasse tudo que tinha, reclamando com a boca afundada em seu peito e abafando a própria voz.

— Entendeu?! – ela finalmente terminou olhando para ele com os olhos marejados e as bochechas levemente queimadas pela água salgada. 

— Entendi. – mentiu na maior cara de pau. Não tinha entendido uma vírgula que ela havia dito, a não ser a parte que estava zangada com Aldebaran. — Agora me responde uma coisa: No meio dessa confusão toda que você falou, alguém, qualquer um que seja, machucou ou sequer tentou fazer alguma coisa de ruim com você?

Kyoko ficou em silêncio, mirando os olhos verdes e a feição calma e paciente de Saga enquanto pensava na pergunta que ele havia feito. Realmente, parando para pensar ninguém ali tinha tentado feri-la, muito pelo contrário, tinha sido até ajudada por dois meninos simpáticos e entregue a Saga por um homem humano muito paciente e bondoso.

Sem argumentos a raposa branca meneou a cabeça em negativa fazendo Saga sorrir ainda mais. Kyoko era uma figura mesmo.

— Mas aquele homem grande...- tentou outra vez.

— Aldebaran tem um coração do tamanho do mundo. Ele adora você por isso estava subindo, tentando impedir que você fizesse uma loucura. – fez uma pausa se afastando um pouco dela. — Pelos deuses! Você pulou daquele penhasco! Nem os cavaleiros de ouro fazer uma loucura dessas. Por que você tem que ser sempre tão desesperada? Olha só essa perna. – Saga observou a ferida horrível na coxa de Kyoko, erguendo uma sobrancelha não gostando nada daquilo.

De repente ouviu duas batidas na porta e Kanon, agora, bem mais calmo colocou só o rosto por uma pequena abertura na porta. Sorriu seu melhor sorriso.

— Oooi...- disse amigável.

—Sai daqui! – berrou Kyoko crispando o cenho.

—Pelos deuses! Que mal humor. – entrou devagar, dando uma leve risada ao ver Kyoko enfiar o rosto no peito de Saga, se escondendo dele como uma criança. — E aí, como ela está?

— Relativamente bem, tirando essa ferida horrível na perna, acho que ela está bem. Conseguiu falar com o Camus?

Kyoko devagar olhou para o gêmeo mais novo de soslaio, observando todos os detalhes do rosto, cabelo, corpo de Kanon. Ele seria a cópia perfeita de Saga, se não tivesse uma leve, muitooo leve diferença cor nos cabelos e o no cheiro deles. Kanon achou mais graça ainda, mas preferiu não dizer nada por enquanto. Kyoko estava assustada demais naquele dia, daria um descanso a ela. 

— Sim! Ele está no centro com Mu, Ume e Naomi. Já está voltando. Disse a ele para vir o mais rápido que puder. – respondeu Kanon ignorando os olhares curiosos da kitsune.

— Okay?! E Julieta? A perna dela? – indagou Saga preocupado.

Kanon entortou os lábios e só de implicância deu um olhar feio para Kyoko. Ela levou um susto voltando a esconder o rosto no peito de Saga.

— Ela está bem, estanquei o sangramento. Não foi algo muito sério, mas por ela já ser de idade vai precisar de muito repouso. Apesar de que com as habilidades de Naomi ela deve ficar boa amanhã mesmo.

—Ótimo! Fique com ela e peça uma serva para substituí-la. Kyoko e Julieta precisarão comer. – orientou o mais velho.

— Okay! – disse Kanon batendo uma continência para o outro. A voz grave de Saga dava, mesmo sem querer, um tom de ordem em quase tudo que dizia.

Antes de sair o marina sorriu travesso, caminhando na ponta dos pés ao redor da cama até ficar ao lado de Saga e Kyoko. Abaixou só um pouco, apoiando as mãos nos joelhos para poder olha-la melhor.

— Psiu! Ei!

A raposa piscou algumas vezes, seguindo o som e mirando o rosto de Kanon por um mísero buraco entre o peitoral de Saga e suas próprias mãos. Ficou assim por alguns segundos, observando o sorrisinho travesso do gêmeo de seu amado. Devagar afastou o rosto para olhar melhor.

Kanon sorriu ainda mais satisfeito. Ótimo! Era tudo que queria.

— Ráááá! – gritou para ela erguendo as mãos.

— KANON!! – reprendeu Saga.

Kyoko levou um susto, dando um grito e se agarrando em Saga como se precisasse daquilo para viver. Kanon começou a rir como uma criança, se afastando satisfeito em direção da saída. Ainda teve de desviar de um travesseiro arremessado por Saga antes de sair do quarto. Era só o que faltava.

— Você viu? Viu o que ele fez? Ele...ele...- começou Kyoko tudo outra vez.

— Sim, eu vi o que ele fez...- se aproximou dela puxando para mais perto, beijando o ombro direito com carinho.—...ele é um idiota, mas não é mau.

—Como pode dizer que ele não é mau? Tenho certeza que...hannn...- resmungou com os beijos que subiam agora por seu pescoço até as bochechas. —...que quando...quando você...hummmm...quando você não estiver aqui ele vai tentar me vender.

Saga parou só por um segundo, afastando os cabelos dela e descendo os beijos pelo outro lado do pescoço e ombros só para refazer o caminho. Sorriu cafajeste, dando uma pequena lambida para provar o sal da pele macia que Kyoko tinha. E estava deliciosa! Continuou subindo, ouvindo ela resmungar, se acomodando melhor em seus braços para lhe facilitar em tomar os lábios que tanto queria; devagar e sem presa. As línguas se provando, se enroscando de forma erótica e excitante. Saga sentiu o corpo esquentar de imediato, aquecendo o sangue em suas veias e atiçando seu coração ainda mais. Kyoko gemeu dentro do beijo, se agarrando nele e o puxando mais para si. O cavaleiro de gêmeos adorou aquilo; nada como fazer aquela kitsune calar a boca ocupando sua boca com algo muito mais prazeroso.

Saga sentiu o membro pulsar dentro das calças. Tinha que admitir: aquele filho da mãe do seu irmão estava certo. Estava contando os segundos para poder ter Kyoko outra vez. Desceu as mãos pela cintura dela, alcançando os quadris cheios e os apertando com força. Kyoko resmungou, libertando os lábios e abaixando a cabeça só um pouco. Saga segurou firme e a puxou para sentar em seu colo, mas em vez de um gemido delicioso Kyoko deu um grito, assustando o geminiano e o fazendo lembrar que mesmo com toda vontade que tinha não podia ter a raposa pelo menos por hora.

Kyoko começou a tremer olhando para sua perna machucada e que agora voltava a doer.

— Por Athena! Eu... sinto muito, me desculpe. Eu não devia... Desculpe.

Saga abraçou a amada com carinho, se xingando em pensamento por ter sido um idiota, tarado, sem coração por esquecer que ela estava com a perna em carne viva. Começou a dar vários beijinhos pelo rosto dela enquanto pedia desculpas. Kyoko sorriu, mesmo sentindo dor outra vez. Abraçou o cavaleiro.

— Você precisa de um banho. Vem! Deixa eu cuidar de você. – fez uma pausa pegando ela no colo com cuidado. — Eu merecia ser castigado por ser tão negligente.

Com cuidado caminhou com ela até o banheiro, colocando ela sentada na banheira vazia. Tirou primeiro o pequeno short e a calcinha; sorriu malicioso jogando as peças em um canto qualquer. Depois a blusa, sentindo a boca encher-se d’água ao ver os seios empinados e redondos parecer lhe encarar. Respirou fundo; precisava se controlar. E com mais cuidado e carinho ainda Saga começou a banhá-la usando a bucha. Lavou os cabelos com cuidado e os penteando, depois com uma bucha suave e encharcada de sabonete líquido desceu para o corpo, lavando tudo sem deixar sua vontade de toma-la falar mais alto. Kyoko parecia perceber o esforço que Saga fazia e por isso mesmo falava e falava sem parar. Perguntando sobre várias coisas referente a luta com Hiroaki. Nada mais broxante que lembrar daquele infeliz.

E quando Saga estava lavando a ferida de Kyoko, ambos levaram um susto. A porta do banheiro bateu bruscamente. Saga olhou por cima dos ombros, não gostando nem um pouco daquela invasão mesmo que já esperasse visita.

— Kyoko-chan, meu anjo! Você acordou, finalmente! – falou Naomi feliz da vida, empurrando Saga para chegar mais perto da outra.

— Naomi?! Você...ficou jovem de novo.

— Sim! Fiquei, mas isso não vem ao caso agora, nós temos que cuidar de você. Oh meu Deus! Olha só essa perna, que machucado horrível. Pobrezinha, eu vou cuidar de você. - fez uma pausa tomando a esponja e a ducha das mãos de um Saga incrédulo.  — Tudo bem Saga, agora sai. Eu assumo daqui para frente, está bem.

— O que pensa que está fazendo? – interrompeu sério.

— Como assim o que estou fazendo? Estou assumindo a responsabilidade de cuidar da Kyoko.

Saga apertou o cenho ainda mais, olhando bem sério para Naomi. Quem aquela maluca pensava que era?

— A responsabilidade por ela é minha, agora me faz um favor: sai daqui e espera lá no quarto.

Naomi arregalou os olhos.

— Como é que é?! Eu sempre cuidei da Kyoko...- rebateu a médica do Makai indignada.

— As coisas mudaram, agora EU cuido dela, agora vai lá para o quarto e espera eu terminar. – Saga mais ordenou do que disse. Naomi bufou irritada, entregando a bucha e a ducha novamente para o humano arrogante e saindo do banheiro a passos duros.

Saga meneou a cabeça em negativa; aquela gente só podia ser doida mesmo. Aonde a cabeça daquela maluca estava para pensar que largaria a kitsune assim, depois dela ter levado uma vida para acordar, e deixa-la para outro cuidar? Havia esperado tanto para ficar com ela, curtir bons momentos juntos e quando finalmente os deuses pareciam desistir de lhe azucrinar vinha Naomi querer tomar sua oportunidade.

“Nem por cima do meu cadáver! ”, pensou Saga jogando um pouco de água nos cabelos de Kyoko só para ver ela sacudir as orelhas de maneira fofa e engraçada.

Depois de vários minutos Saga finalmente saiu do banheiro, carregando Kyoko vestida em um roupão negro enorme. Ignorou o olhar fuzilante de Naomi, colocando a raposa na cama de um jeito que a ferida ficasse bem visível para a outra fazer – agora sim – seu trabalho sem que tivesse que abrir mão de também estar com ela.

— O que você arrumou nessa perna, menina? – indagou a mulher observando a ferida e pensando por onde começar.

— Eu...pulei do penhasco. Quando acordei não tinha ninguém aqui e eu fiquei assustada. Eu...só pensei em...sair daqui. Achei que tinha sido sequestrada outra vez.

Naomi virou para Saga, observando ele se aproximar com um secador de cabelo nas mãos.

— Você a deixou sozinha? Eu disse a você para não sair de perto dela, seu irresponsável.

Saga sentou do outro lado da cama, ajeitando Kyoko perto de si, depois olhou para a outra youkai com toda sua imponência e arrogância dizendo:

— Faça seu trabalho.

E dito isso Saga ligou o aparelho, mirando o jato quente para os cabelos da raposa. Kyoko amou demais aquilo, fechando os olhos de maneira fofa e deixando os cabelos voarem com o vento do secador. Os dedos de Saga massageando seu couro cabeludo e suas orelhas era uma das melhores sensações do mundo. O cheiro do shampoo de menta dele também era ótimo! Ai ai...e pensar que teve medo de ser enjaulada outra vez... aquilo estava mais parecendo um spa isso sim. Aquilo era bom demais!

Naomi bufou irritada. Saga era um doce quando queria; bondoso, educado. Mas quando não queria era pior que ácido. Kyoko deveria ter um carma, só podia.

Resolveu ignorar o arrobo de arrogância de Saga e se focar na ferida horrível na perna esquerda da outra. Pegou um pequeno recipiente despejando ali um misto de pó, folhas e um pouco de seu sangue. Aproveitando da distração de Kyoko com os paparicos de Saga, Naomi retirou uma seringa de dentro da palma de sua mão, passou um pouco de álcool no bumbum da raposa sob o olhar atento, mas muito bem disfarçado do cavaleiro de gêmeos. Ele queria saber tudo que a “médica” faria. Naomi sorriu aplicando a injeção dolorida em Kyoko. Ela se remexeu um pouco, gemendo pela dor do líquido oleoso invadindo sua pele.

— Ai! Isso doeu, sua bruxa! – retrucou passando a mão no local. Saga riu.

— É para o seu próprio bem, agora vira o pescoço.

—Ahh não! Outra vez, não!

Naomi sorriu de lado, observando o quanto aquela raposa era ardilosa e manipuladora. O jeito meigo e exageradamente dengoso que se encolhia nos braços de Saga, se fazendo de inocente e coitada era uma tática ótima para usar a compaixão dele para que ele não permitir que a medicasse da maneira correta. Sabia o quanto sua maneira de realizar curas as vezes eram muito doloridas fora os remédios que possuíam gosto horrível, mas infelizmente era um mal necessário, mas muito, muito eficiente.

Mas para a sorte de Naomi, Saga não era nenhum idiota e já havia percebido muito bem o truque de sua amada Kyoko. E por saber o quanto ela era esperta resolveu ser mais esperto ainda, puxando o rosto dela para o lado e segurando enquanto a beijava. Naomi mais do que rápido espetou o pescoço dela, injetando uma mistura que fez a raposa apagar.

 — Obrigada! – disse sorrindo e começando a mexer realmente na ferida.

Lavou bem com álcool abrindo os cortes e limpando a areia que não havia saído toda na hora do banho, depois usando de sua saliva e sangue, criou uma espécie de cola medicinal onde aplicou nos cortes para que assim eles fechassem sem que deixassem qualquer cicatriz. Após todo o trabalho aplicou o unguento e terminando com uma faixa bem apertada de ataduras.

— Pronto, terminei. – ditou a mulher satisfeita.

— Não terminou não. – rebateu Saga. Naomi se surpreendeu. — Quando eu estava na luta com Hiroaki, Kyoko me contou que teve seu olho direito cegado.

— O quê? Ce...cegado? Está me...dizendo que ela está cega do olho direito? O olho azul? – indagou sem conseguir acreditar.

— Sim! Acredite eu tive a mesma reação que você.

— Mas...eu nunca vi, nunca reparei.

—Nem eu. – Saga fez uma pausa. — Ela está escondendo, mas...minha dúvida é: A quanto tempo? Eu estive com a Kyoko antes dela ser levada para o Makai e eu nunca, em momento algum percebi isso.

Naomi mordeu o lábio inferior pensativa. Se aproximou mais e tocou o rosto de Kyoko.

—Acha que Hiroaki pode ter feito isso? – perguntou mesmo sabendo da resposta.

—Sim, só preciso que você me confirme. Acha que consegue?

—Posso tentar, mas...dependendo do que ele tenha feito não sei se consigo reverter. – informou desanimada.

—Pode pelo menos tentar? – pediu calmo, observando Kyoko dormir com a cabeça em sua perna.

— Claro! Espera só um pouco.

A youkai saiu. Voltou a casa de gêmeos quase uma hora depois. Saga não reclamou. Imaginou que ela deveria ter ido até aquário buscar alguma coisa ou algum apetrecho para usar naquele procedimento que com certeza seria muito delicado.

—Bom, vamos ver o que tem nesse olho. Segure a cabeça dela. Não deixe ela se mexer.

Saga confirmou e com cuidado Naomi abriu o olho direito de Kyoko o máximo que conseguiu, usando um blefaróstato* para manter as pálpebras imobilizadas. Olhou com cautela; em baixo, em cima, depois o canto interior e o exterior. Parou apertando o cenho.

— O que foi? – indagou Saga curioso.

—Tem alguma coisa...no canto do olho.

Devagar Naomi encostou a pinça, mexendo naquele canto e identificando que realmente havia algo de errado. Mexeu um pouco mais percebendo que por cima do globo ocular parecia havia uma espécie de película muito fina e que não era natural.

— Não é só no canto, está por cima...- fez uma pausa segurando com cuidado. —...parece estar...

Kyoko se remexeu quando a outra tentou identificar melhor aquilo. A kitsune resmungou incomodada, tentando esfregar o olho mesmo ainda estando dormindo. Aquilo era um sinal ruim.

— Isso é um péssimo sinal. Eu a dopei, não era para sentir nada. Você viu como mexi na ferida da perna e ela nem piscou. Eu só toquei ali. – informou preocupada olhando nos olhos iguais de Saga. — Eu vou ter que operar. Se você quiser, pode sair.

— Eu vou ficar. Você pode precisar de ajudar e também eu quero ficar com ela. Não vou conseguir ficar lá fora esperando. Faça o que tem que fazer, mas se assegure que ela não vai sentir nenhuma dor.

Com um aceno a médica acatou o pedido de Saga. Preparou uma outra injeção ainda mais forte, aplicando no pescoço de Kyoko e a apagando de vez. Naomi já havia operado olhos, rins, coração, fora outros órgãos e partes do corpo que nem lembrava mais, mas tinha que admitir; estava receosa quanto aquilo.

Segurou outra vez a fina, mas nada frágil película identificando que ela estava ao redor do globo ocular inteiro e preso no nervo óptico. Engoliu em seco; Saga teria um treco com o que teria que fazer. Com toda maestria do mundo, Naomi usando seus aparatos médicos nada convencionais puxou o globo ocular de Kyoko para fora. Levou um sustou, quando conseguiu finalmente descobrir o que estava acontecendo.

No momento que Naomi segurou o olho azul de Kyoko, o truque que a raposa usava para esconder suas feridas desapareceu, mostrando a ela a cicatriz ao redor do olho e o que tinha causado a cegueira dela, ou melhor, estava causando. Saga ficou de boca aberta e mesmo sem entender patavinas de medicina principalmente ocular, conseguiu com perfeição identificar o pequeno verme alojado no nervo óptico.

— Pelos...deus! O que quê isso? – inqueriu Saga perplexo.

Naomi piscou aturdida, observando o verme se movimenta devagar. Ele era comprido e fino, de seu corpo saiam vários bracinhos tão finos quanto veias que se prendiam ali com força. No final do corpo, por uma pequena abertura saia a película que envolvia o olho de Kyoko. Por ele estar vivo e preso ao nervo causava muita dor quando Naomi havia tentado retirar inicialmente. Com o bicho vivo escondido atrás de seu olho Kyoko ficava sem enxergar e muito menos percebia que tinha algo dentro dele. 

— O que está esperando? Tira logo isso do olho dela! – ordenou quase gritando. Estava quase tendo um surto só de olhar para aquilo se mexendo, preso no olho de Kyoko.

— Meu Deus! O que ele fez com ela? – falou chorosa, tentando se calmar para iniciar a retirada do verme.

— Por favor, não faça nenhuma bobagem. – Saga pediu nervoso.

Naomi respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos para tentar se acalmar. Com mais cuidado ainda e usando seu youki ela paralisou o verme, cortando um a um os ligamentos presos no nervo. Depois de quase duas horas, ela finalmente terminou, finalizando com a retirada da película. Colocou o globo ocular de volta no lugar e encharcou ali com o mesmo unguento usado na ferida da perna.

— Eu sabia que tinha alguma coisa de errado. – Saga bufou aliviado, afastando a franja no rosto.

— Isso está vivo. – ela observou o verme se mover agora dentro de um potinho de vidro.

— Por que ele colocaria algo vivo dentro do olho dela? Se a queria cega, porque colocou isso? – perguntou o cavaleiro.

— Não sei, mas eu tenho uma ideia do porquê. Eu vou dar uma olhada melhor nessa coisa. Isso não parece que foi posto ali só para manter a Kyoko cega. Eu vou examinar ele melhor e quando eu descobrir, e eu vou descobrir, falo com você. – arrumou suas coisas dando outra injeção em Kyoko. Um coquetel fortíssimo de antibióticos. — Ela deve dormir por umas dez ou doze horas.

Saga resmungou concordando, colocando Kyoko apoiada no travesseiro e fechando as cortinas. Estava exausto com tudo aquilo. Ficar parado por mais de duas horas na mesma posição e a tensão de ver Naomi arrancar um verme nojento, vivo do olho da kitsune foi o auge do estresse daquele dia. Sua cabeça latejava por conta de tanta coisa. A quanto tempo será que aquilo estava no olho de Kyoko? E por que diabos aquilo estava ali? Maldição! Nem depois de morto Hiroaki havia dado sossego.

—Não sai de perto dela dessa vez, ouviu?!

—Não vou. – respondeu sonolento e se acomodando melhor ao lado da raposa, ligando o ar condicionado. — Feche a porta quando sair.

Naomi sorriu, observando Saga abraçar Kyoko e já começar a ronronar. Saiu da casa de gêmeos fazendo assim como Saga pedira. 

 

 

♊oOoOo♊

 

Duas batidas na porta deixaram Saga semiacordado. Ele abriu os olhos só um pouco, fechando-os logo em seguida. Novamente novas batidas foram ouvidas dando-lhe a certeza de que não era um sonho. Olhou sonolento, resmungando com a voz mais grossa que o normal para que a pessoa entrasse.

— Me perdoe senhor Saga, sei que não queria ser incomodado, mas o senhor Aiolos e a esposa dele estão aqui. Ela insiste em ver a Senhoria Kyoko.

Saga observou a mulher sem realmente ver. Estava morrendo de sono. Olhou para o relógio constatando que havia dormir por mais de seis horas. Deitou a cabeça novamente bufando insatisfeito. Movimentou a mão somente, indicando a serva para sair. Passou a mão no rosto, virando um pouco para ver se estava tudo bem com Kyoko.

— Ahhh que merda! – sussurrou puto. Não queria ter de acordar agora. Se pudesse dormiria por um dia e uma noite inteira. Aquele era o primeiro dia que conseguia dormir sossegado e a mimada irmã de Kyoko tinha mesmo que vir lhe encher pela milésima vez? Que saco! Por que mulheres grávidas tinham de ser tão chatas? Até entendia a preocupação da garota, mas será que ela não poderia esperar que acordasse por livre e espontânea vontade, não?

Com muito custo Saga saiu da cama. Injuriado, escovou os dentes e lavou o rosto, saindo do quarto do jeito que estava: com uma calça de tecido e sem camisa. Os pés mal saiam do chão de tão cansado.

—Ah! Saga! Me desculpe acordar você, mas é que eu soube do que houve com a Kyoko e eu não aguentei esperar. Naomi me disse que ela acordou.

Saga passou a mão no rosto ainda tentando acordar. É...não iria ter sossego tão cedo.

—Ela está dormindo agora...

— Dormindo outra vez? Mas...

— Keiko...- fez uma pausa, respirando fundo. —...a Kyoko pulou de um penhasco e machucou a perna. Naomi teve de sedá-la para cuidar da perna dela. E também ela teve um problema no olho. – informou Saga paciente.

 — O olho? Como assim?  O que houve com o olho dela? – indagou nervosa.

—Meu amor, fica calma, por favor. Você sabe que não pode ficar nervosa. – pediu Aiolos.

—A Naomi teve de operar o olho dela, mas está tudo bem agora. Ela só precisa dormir e deixar os unguentos fazerem efeito. – falou Saga

— Por favor, Saga deixa eu ver ela? Eu só quero olhar para ela, por favor! – pediu chorosa.

—Está bem, pode ir. – disse pensativo, vendo a garota sorrir e sair em direção a seu quarto.

Os cavaleiros ficaram observando a garota sumir no corredor. Saga sentou na poltrona sendo acompanhado por sagitário. Sorriu. Estava feliz pelo amigo. Aiolos seria o primeiro dos doze a ter uma família. Seria pai daqui a alguns dias.

— E aí papai, como se sente? – brincou Saga.

—Apreensivo. – respirou fundo. —Você sabe que a gravidez da Keiko é de risco e agora, com toda essa emoção pelo retorno da Kyoko...estou muito preocupado. Ela simplesmente não me escuta. – confessou — Tem certeza de que é seguro? A Kyoko está dopada mesmo? Saga, se ela acordar...

— A Naomi disse que ela dormiria por no mínimo dez horas, só se passaram seis. Aiolos eu juro que estou tentando. Eu nem consegui conversar com a Kyoko direito e muito menos sobre a Keiko.

— Eu sei Saga, eu sei. Eu só espero que a Naomi esteja certa. A Keiko não iria suportar um baque desses.

 

 

♊oOoOo♊

 

 

No quarto Keiko observava a irmã dormir como um anjo; a respiração calma não dando nenhum indício de que acordaria tão cedo. Lembrou-se de quando eram crianças e sua irmã ficava acordada até tarde velando seu sono. Sorriu sentindo seu bebê reagir as emoções dentro de seu ventre.

— Queria tanto que você estivesse passado isso comigo. – sussurrou acariciando a barriga. — Não vejo a hora de ver você acordada, de pé, sorrindo como sempre foi. – acariciou os cabelos de Kyoko, seguindo para a orelha esquerda. — Sinto sua falta. Quero tanto que você esteja comigo quando ele nascer. – fez uma pausa. — Desculpe não ter ido até você antes, mas é que... eu não...podia.

Keiko passou a mão novamente no rosto de Kyoko. Ela ainda dopada abriu o olho esquerdo deixando Keiko em estado de euforia. A mais nova quase gritou por Saga e Aiolos, mas não soube dizer por que não o fez. Era como se quisesse curtir aquele momento sozinha com a irmã.

—Kyoko! – choramingou sorrindo feliz.

A mais velha ficou observando o rosto choroso da outra, reparando em seus detalhes. Crispou um pouco o cenho e ainda dopada, e muito sonolenta balbuciou:

Anata dare? (Quem é você?)

 

 

Continua...


Notas Finais


Nhaaaaaaaaaaaaaaaaaa...o Aiolos vai ser papaaaaaaiiii!! Que fofo! To doida pra ver esse bebê.
Pessoas do meu kokoro espero muito que vocês tenham gostado, rido e se surpreendido logo de cara. Se possível não esqueçam daquele Reviewzinho maroto pq isso ajuda nóis pá caraca!!! Bjs e até!!!!

* blefaróstato - Instrumento para imobilizar as pálpebras.


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