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História Uma estranha no ninho - Vol. II - O melhor amigo que eu odeio.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá pessoas, tudo bom com vcs? Espero que sim.
Capítulo novinho pra vocês. Confesso que não revisei bem por pura preguiça e dor nas costas. Sim meus caros, minha coluna de 100 anos ta acabando com a minha vida. Aff...
Espero que vcs curtam, desejo boa leitura.

Capítulo 10 - O melhor amigo que eu odeio.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - O melhor amigo que eu odeio.

Me mostre um sorriso então

Não fique infeliz, não me lembro

A última vez que vi você sorrindo

Este mundo te deixa louco

E você já aguentou tudo o que tinha que suportar

Me chame

Porque você sabe que eu estarei ao seu lado

 

 

E como Saga já esperava, encontrar Kyoko e Cheshire era uma façanha digna de condecorações. A furtividade dos dois era absurda e nem mesmo o leve rastro de seus cheiros ou energia podia ser detectada. Um presente dos deuses aos youkais para se manterem escondido dos humanos.

 Os shinobis se dividiram no Makai, organizando tropas de busca avançada, vasculhando cada centímetro que podiam alcançar, o que não estava sendo diferente no Santuário: Afrodite, Camus, Aldebaran e Aiolos se juntaram a Saga na busca, optando até mesmo por viajarem a outros países como Japão e Tailândia; lugares onde Keiko indicou ser possível encontrar a raposa já que morara naqueles países.

Altivo, imponente e preocupado, Saga juntamente com Aldebaran assustavam os vários youkais presentes na boate 7th Heaven*, caminhando entre eles sem necessitar pedir licença. Não havia um só olho que não se focasse nos dois homens: Uma pela postura intimidadora causada pelas armaduras douradas e, segundo, pelo simples fato de TODOS! Todos ali saberem que o homem de cabelos azuis e expressão dura era agora o Lorde Kage*. Saga era o humano que havia matado Hiroaki, e não só tomado seu lugar como também sua amante: Kyoko Asano. E isso era mais que suficiente para fazer tremer qualquer youkai.

O geminiano estava puto! Tão irritado! Cansado mentalmente e fisicamente o que potencializava ainda mais sua suas qualidades e defeitos.

— Olha! É ele! – ouviu-se alguém dizer.

— Eu não imaginava que ele era assim.

— Eu pensei que fosse mais alto. – sussurrou uma mocinha gordinha e de tranças para sua irmã Gêmea.

— Ahhh! Ele é tão lindo. – suspirou a outra, quase flutuando.

— Eu ouvi dizer que ele matou Hiroaki-sama para desposar Kyoko-dono em seu lugar.

— É! Eu também ouvi isso.

Sussurravam as más línguas.

Saga fingia não ouvir. Era melhor assim. A opinião e fofocas daqueles monstros pouco lhe importavam. Seu foco ali era outro.  Mais especificamente o grande, simpático e filho de uma cadela; traidor; dono daquele inferno.

Um segurança enorme com aparência de sapo usava um terno cinza escuro; fumando um charuto ele não se intimidou, entrando na frente de Saga e Aldebaran. Grande tolo! O sapo gigante mal tivera tempo de abrir a boca, seu corpo se retorceu, esmagado por algo invisível e depois queimado como se lava brotasse de dentro de suas veias só pelo simples fato de ter tentado tocar em Saga. O cosmo emitido pela armadura de Gêmeos foi suficiente para deixar o gigante em coma. O rapaz altíssimo, magérrimo e com aparência semelhante a um roedor chamado Mike levou um susto com a cena; tremendo horrorizado, ele se afastou sem pensar duas vezes, liberando a passagem e se encolhendo atrás de uma revista pornográfica qualquer.  

Saga e Aldebaran não disseram nada, invadindo a sala privada de Guilhermo sem a menor cerimônia. O grandão se surpreendeu com a invasão. Ele lembrava de Saga e sabia muito bem quem ele era antes e mais ainda agora. A única coisa que ele não sabia e muito menos lembrava era o quanto Saga era intimidante e forte...

...muito forte!  

— Saga?!

O geminiano franziu ainda mais o cenho, seus olhos se tornando ainda mais intensos, mais claros e luminosos por conta do cosmo que refletia ali, assustando Guilhermo. As mãos poderosas de Saga grudaram no colarinho do youkai, imprensando-o contra a lareira e o erguendo do chão como se ele fosse nada.

— Onde ela está? – Saga rosnou.

— O...o quê?

— Cadê. A. KYOKO??

Saga berrou, aumentando seu cosmo, esvoaçando sua capa e seus cabelos, apertando ainda mais o pescoço de Guilhermo. Aldebaran se sobressaltou; confiava em Saga e sabia que ele não cometeria nada imprudente, mas mesmo assim seu íntimo tremeu. O mais velho sabia como ninguém intimidar quem quer que fosse quando queria.

— Papai! Larga o meu pai!

Saga desviou o olhar só um segundo, observando a jovem que socava seu braço na esperança de salvar seu progenitor. Estava tão nervoso e focado no que queria que nem ao menos percebeu a garota quando entrou na sala com o taurino.

—Eu...não sei do que...você está falando. – balbuciou Guilhermo. O sangue gelando nas veias, agora por sua filha.

Saga irritou-se mais. Aquela situação toda estava levando o cavaleiro de gêmeos ao limiar de toda sua paciência e boa vontade. Guilhermo conhecia Kyoko a muito tempo e mesmo negando ele podia sim estar ajudando Cheshire naquela brincadeira de mal gosto, coisa que Saga não iria perdoar nem em duas vidas.

Seu tempo estava passando e cada minuto ele se preocupava mais. Kyoko não era uma criança, mas estava sem nenhuma energia e isso o desesperava. Saber que Dionísio estava cego por ela (e não negava) lhe dava enjoos de tanta raiva. Se ele soubesse daquela oportunidade e resolvesse agir, aquela era a hora perfeita e, mesmo sendo forte, Saga temia que Cheshire não conseguisse cuidar da raposa sozinho, até porque a sombra da kitsune não devia saber ainda da situação atual. Se algo acontecesse com ele e não pudesse proteger Kyoko, ela seria capturada como um coelho. Tirando o fato de que se ela estivesse realmente fora do santuário como tudo indicava a Lei dos 1.000 Anos de Paz não valia pelo simples fato dela não ser humana e não pertencer ao Nigenkai, ou seja, Kyoko era uma intrusa ali e podia ser tratada e julgada como os “bonzinhos” deuses achavam que deviam. Ela precisava ficar dentro do santuário, debaixo da proteção de Athena como uma refugiada, ou uma youkai que pertencesse a própria deusa.

A moça começou a chorar forte, socando sem parar o braço do cavaleiro. As mãos começando a sangrar pelas queimaduras que o cosmo da armadura causava. Saga respirou fundo, se acalmando por conta da cena. Não queria e nem iria matar um pai, muito menos na frente de sua filha.

—Ei, calma mocinha. – Aldebaran se aproximou, segurando a garota com carinho.

—Não! Ele vai matar o meu pai!

—Não vai, não!

Aldebaran olhou nos olhos do Geminiano e viu ali arrependimento e constrangimento. Com certeza se ele soubesse que havia uma criança ali jamais teria feito aquilo. Saga suspirou soltando o grandão que caiu sentado, tossindo com a mão na garganta. Logo a jovem correu até o pai, o abraçando forte.

— Papai!!

— Coff...coff...tudo...tudo bem meu anjo...coff...

—Você tem uma filha. Eu não sabia. – falou Saga, calmo.

—Eu...eu tenho 58 filhos. 43 meninos e 15 mocinhas. Essa...coff...coff...essa é minha mais nova. – suspirou. – Minha princesa.

Saga sentiu-se péssimo. Um cocô. Um lixo! Não devia ter agido daquela forma. Não haviam provas contra o youkai e mesmo que desconfiasse e sentisse raiva dele por ter trancado a saída do Makai não justificava humilha-lo e muito menos mata-lo deixando 58 filhos sem pai.

— Nunca ouviu falar de televisão? – zombou ainda sério, tentando quebrar o clima. Aldebaran gargalhou.

—Sim, mas eu gostava mais dos canais proibidos para menores.

Dessa vez Saga sorriu junto do taurino, colocando as mãos na cintura, meneando a cabeça em desaprovação. Guilhermo riu também mais de alívio do que por graça.

—Eu...não sei de Kyoko-sama. Não a vejo desde aquele dia. Soube por boatos que ela estava com você. – completou, ficando de pé.

— A Kyoko está sumida. Está correndo perigo de ser...capturada...por um deus.

Nani?! Kami? (O quê?! Um deus?)

— Se você souber de alguma coisa, qualquer informação, qualquer coisa, me ligue.

Saga anotou um número em um post it e entregando a Guilhermo. Ele olhou preocupado e acenou positivo. Um buraco dimensional se rompeu no meio da sala, assustando a jovem. O grandão ficou impressionado. Saga era muito poderoso e fazia jus ao posto que agora ocupava mesmo sendo um humano.

Aldebaran acenou, atravessando a abertura. Saga deu um passo e parou, olhou por cima do ombro a menina e depois seu pai. Suspirou.

Signómi*(Desculpe-me). – falou, sumindo logo depois.

 

♊oOoOo♊

 

Naomi levou um susto com a pressão do ar esvoaçando seus cabelos com a chegada de Kanon na velocidade da luz. Ele havia ido até o Havaí e voltado antes dela terminar de piscar.

— Não está no Havaí. – falou o General ao irmão.

— Nem na França. – Camus chegou do mesmo modo, praticamente junto do outro.

— Passou longe da minha Itália. – Máscara disse, parando em uma derrapada que quase arrancou um pedaço do chão.

Saga bufou, já havia rodado pela Finlândia, Austrália e até África, e nenhuma pista de Kyoko. Aquilo era um absurdo! Muito pior do que procurar uma agulha num palheiro era procura em mais de 150 palheiros gigantes!

—Droga!

Deu as costas e saiu caminhando com os outros. Em seu escritório um mapa grande estava preso a parede com alguns pinos vermelhos, indicando aonde já haviam procurado.

Máscara sem cerimônias, pegou alguns copos, derramando um pouco do melhor uísque que havia, dando para ao demais e se jogando na poltrona. Bebeu um gole; saboreando com gosto e logo dizendo:

— Sinto dizer Saga, mas essa brincadeira não está nos levado a lugar nenhum.

—Dessa vez eu tenho que concordar com o Máscara. – disse Kanon.

—A furtividade de Cheshire é tão eficiente quanto a da Kyoko. Juntos a probabilidade de encontramos os dois sem nenhuma pista é quase nula. – Camus se pronunciou, cruzando os braços. — Se ele quer brincar com você pode muito bem estar andando de um lado para o outro nos fazendo de bobos enquanto observa e ri no escuro.

Saga bufou, cruzando os braços e pensando: Concordava com Camus, mas não gostava.

Um cosmo se fez presente e Saga autorizou a entrada na parte privada de sua casa. Não demorou muito para Aiolos entrar com Keiko carregando o pequeno Heitor.

— Olá pessoal! – cumprimentou a todos o sagitariano.

— Aiiii...você trouxe ele. Deixa eu ver. – Keiko sorriu, entrando e entregando o pequeno a Naomi. Ele resmungou, mas se acalmou com o conforto dos seios da morena.

—Ora, Il tuo bambino è bello. Come la madre. (Seu bebê é lindo. Como a mãe.) – Máscara sorriu jocoso para Keiko.

—Oiiii...eu estou aqui, tá legal?! – retrucou Aiolos sorrindo de canto.

— Hummm...coisinha fofa! Ta lindo! Dá vontade de morder essas bochechas vermelhas. Pena Kyoko ainda não estar aqui. Ela ia amar dar uns apertos nele também. – Naomi falou com a voz engraçada.

Saga olhou de soslaio, observando o bebê nos braços da outra. Quando se deu conta o sorriso travesso de Naomi fez seu rosto esquentar e desviar para seu copo; tomando-o. Aquele olhar era tudo que ela precisava para sentir o desejo dele.

— Nada ainda? – indagou Keiko, tristonha.

— Não, ainda não. Já procuraram em outros países, mas até agora nada. Nenhuma pista.

—Kyoko...- Keiko bufou, mas logo virando e indo até Saga.

— Eu vou encontrar sua irmã, Keiko. E eu juro que dessa vez matarei Cheshire.

— Não faça juramentos dos quais não pode cumprir. Sei que está com raiva por Cheshire ter sumido com minha irmã, mas acredite, ele não dá ponto sem nó e se ele sumiu com a Kyoko assim pode ter certeza de que não foi à toa. Lógico que ele deve estar amando irritar você, mas de uma coisa você pode ter certeza: Cheshire é inteligente e fiel demais para colocar minha irmã em risco.

— E se não for o Cheshire?

Saga fechou os olhos ao ouvir a voz do irmão. Kanon, Aiolos e Máscara não conseguiam acreditar que o homem que havia agarrado Saori era o shinobi de Kyoko e isso já começava a confundi-lo. Algo em seu coração acreditava que aquilo tudo não passava de mais uma das maluquices daquele bakeneko* dos infernos, mas por outro preocupava-se ao extremo em imaginar estar errado. Se não fosse Cheshire, então quem seria?

—Eu acredito que até pode não ser o Cheshire, mas Hiroaki? Não! Eu o matei! Decepei sua cabeça com minhas próprias mãos e a pulverizei para ter certeza que ninguém a colocasse no lugar. – Saga respondeu sem perder a calma.

 

 

♊oOoOo♊

 

— Vamos mamãe, vamos! Lápido!

—Ah...Luy...estou morta. Essas...essas...escadas...

—Mas a genti num podi demola. Temos que fala com o Sinho Saga deplessa.

— Luy! Luy!

O menino não deu ouvidos a mãe, saindo correndo para dentro da casa de Gêmeos sem pedir permissão e muito menos licença. A única coisa que conseguia pensar era na missão que tinha.

Cruzou a porta de entrada como um foguete, encontrando Julieta que terminava de organizar a sala. A senhora, levou um susto, pois não esperava aquilo. Não era comum e nem permitido sair entrando assim dentro da casa de algum cavaleiro, principalmente na parte privada independente de ter intimidade ou não. Saga gostava muito de Luy, mas mesmo assim o menino não podia sair entrando assim.

— Ei, onde pensa que vai com tanta pressa? Você não pode sair entrando assim, menino. Se os guardas te pegam sua mãe levará uma bronca. – Julieta repreendeu, segurando no braço magricela dele.

— Mas...é impoltante. Eu...pleciso, pleciso muito fala com o sinhô Saga. Pufavô, deixa eu ih!

— Luy, meu querido, o Saga está em reunião com os outros cavaleiros e eu não sei se...

— EU PLECISO FALÁ COM O SINHO SAGA! É UM LECADO MUITO IMPOLTANTE!

Luy berrou, tentando se soltar quando sua mãe chegou. Lena sentiu-se muito envergonhada, pois era uma afronta sem igual invadir a casa de quem quer que fosse, imagine a de um cavaleiro de ouro. Por mais que Saga gostasse de Luy, ainda assim ele não podia invadir a Casa de Gêmeos sem um bom motivo.

— Que gritaria é essa?

— Kanon! – Julieta se sobressaltou, pois sabia que Kanon era ainda menos tolerante que Saga.

— Que atrevimento é esse, moleque? Pensa que só porque Saga tem carinho por você que pode invadir a casa de um cavaleiro dessa maneira?!

—Me...me perdoe! Eu...sinto muito, mas é que...- gaguejou Lena, nervosa diante da imponência do General.

— Kanon, ele é só um menino...

—Não importa! Eu da idade dele já sabia que invadir uma das doze casas era um crime grave.

— Você na idade dele sabia de muita coisa, aliais...as ruins era a que você tirava nota máxima, não é irmãozinho?!

A voz igual de Kanon, mas de timbre mais sereno e pacífico calou o sermão do outro. Os olhos iguais se cruzaram e o mais novo sentiu vontade de socar a cara igual a sua até que ela se deformasse inteira por ter enfiado o dedo em sua ferida. Por que Saga tinha de ser tão bunda mole?

— Olá Luy...Lena.

O menino respirou fundo, aliviado. Soltou-se da mãe e correu até seu ídolo, esquecendo as formalidades e o abraçando nas pernas. Saga sorriu de lado, olhando a cara emburrada do irmão com superioridade. Saga conhecia Luy e sabia que o menino jamais invadiria sua casa daquela maneira se o assunto não fosse realmente urgente e como sempre ligado a Kyoko.

— E então, diga-me o que veio me contar.

Luy se afastou um pouco, sentando no sofá junto com Saga. O menino ficou parado um tempo, deslumbrado com a beleza da armadura de ouro vista assim tão de perto. Ele nunca iria se cansar de admirar.

— Um homem estranho invadiu nossa casa, Senhor Saga. Ele não queria nos fazer mal, mas... – Lena fez uma pausa. Saga crispou o cenho. Todos os outros vieram logo atrás.

— ...ele pediu pla eu dá um lecado pla você. – Luy completou, tendo outra vez os olhos sério de Saga sobre si. — Ele...ele disse...

“Diga a ele que um bom filho sempre a casa torna. Diga a ele exatamente assim. ”

Saga empalideceu junto com Naomi e Keiko. Aquilo só podia ser uma pista.

—Ele disse mais alguma coisa? – Camus se pronunciou.

— Sim! No outlo dia eu vim vê a Tyoko e tlouxe chocolates, mas ela num tava aqui. Esse moço estlanho apaleceu...

— Aqui? Na casa de Gêmeos? – Saga e Kanon disseram ao mesmo tempo. O menino acenou positivamente.

—...ele...ele disse que a Tyoko estava bem, pegou os chocolates e...disse que ela um amigo da Tyoko.

Saga ficou de pé; pensativo.

— Hum...uma charada. – Camus cruzou os braços, segurando o queixo.

— Sim...Um bom filho sempre a casa torna. – Saga pensou alto.

— Bem...isso é fácil: Torna a casa. Simples! Ela voltou para casa! – disse Máscara.

— Não faz sentido, Yamoto e Ookami teriam avisado. Com certeza foi lá o primeiro lugar onde eles procuraram. – Naomi falou, entregando o pequeno Heitor a mãe.

— Talvez não tenham olhado direito. – Aiolos falou também.

— Não. Seja lá quem for, se está escondendo a Kyoko, não faz sentido leva-la para o lugar mais óbvio. Na própria casa dela seria o primeiro lugar que Saga iria procurar. – ditou o Kanon.

Saga sentou na poltrona, os olhos presos no chão e o cérebro a mil. Não fazia sentido. Kyoko vivia com Hiroaki antes de se tornar um Kage e ter o lado Sul do Makai para governar, mas agora tudo aquilo era seu. No Sul ela com certeza não estaria. Seria fácil demais e mesmo assim Yamoto, Ookami e Águia já haviam feito a limpa e seguiam para o lado Oeste.

— E se o “filho” non for a Kyoko?

Todos ficaram em silêncio, prestando a atenção a pergunta lógica de Camus. Saga crispou o cenho, ficando de pé; olhando nos olhos do amigo como se seus pensamentos se cruzassem.

— E se o filho non for a Kyoko, Saga. For você?

— Mas ele já está em casa. – Kanon falou.

Saga ficou parado um tempo, seus pensamentos em frenesi. Sim! Pelo visto ele era o filho, mas se fosse mesmo porque teria de “tornar a casa” se sua casa sempre fora o Templo de Gêmeos desde os sete anos?!

Kanon se sobressaltou. Cruzou os braços dizendo:

—Então, se o Saga for o filho, procurarmos em outros países foi perda de tempo. Nunca saímos da Grécia. – fez uma pausa. —Saga, você foi aos limites do Santuário quando saiu com Aldebaran?

A resposta para a pergunta de Kanon era...NÃO! Motivo? Na Guerra Santa tudo ao redor do santuário havia virado pó, inclusive a casinha humilde que moravam quando crianças. Ele e Kanon eram os únicos a ficarem afastados por conta da represaria das pessoas, aspirantes e guardas. Uma decisão, triste e cruel que Shion se viu obrigado a ter, mas deixando uma jovem de confiança para cuidar dos dois. Esta era e sempre foi Julieta.

—Tudo foi destruído por lá, inclusive nossa casa...

—Como pode saber?! Vocês já foram lá alguma vez depois que ressuscitaram? – Camus continuou. Saga e Kanon se entreolharam.

—Não! – o mais velho respondeu.

— Então, o que está esperando? Vai logo! – Naomi se aproximou junto com Kanon.

Saga bufou rendido, dando as costas a todos e saindo na velocidade da luz.

 

 

♊oOoOo♊

 

 

No limite do santuário, por onde muitos espectros invadiram na Guerra Santa, nada mais havia ficado de pé. Jovens, velhos, crianças...famílias inteiras foram chacinadas pela sede de sangue e fome de destruição que aqueles seres abomináveis de Hades possuíam. Mesmo com o passar dos anos, as feridas jamais cicatrizariam totalmente. Uma dor que sempre iria estar lá, mesmo que guardada bem no fundo de sua alma.

 Saga olhou ao redor, tentando se localizar. Mesmo estando irreconhecível ele, melhor do que ninguém, conhecia aquele lugar como a palma de sua mão. Lembrava-se de todas as vezes que perambulava sozinho ou treinava. Era triste e nostálgico. Era um lugar bonito, com árvores frutíferas e uma floresta grande que seguia até um desfiladeiro próximo onde havia residido. Agora não passava de rochas, buracos e entulhos.

Continuou seu caminho, passando por algumas montanhas de pedras até achar o local. Respirou fundo, olhando ao redor. Mais ao fundo uma pequena parte do que um dia foi uma casa ainda tentava sobreviver ao tempo, mas aquilo não pareceu de longe mais importante do que a figura sinistra sob a luz do luar a observar o mar revolto. As ondas se chocando nas pedras, berrando com o impacto como se louvassem a aquele ser; tentando alcança-lo.

Saga estremeceu, apertando o punho. Aquilo era bizarro. Inacreditável. O som de seu próprio coração tornando aquela visão ainda mais absurda ainda, mas por mais que não quisesse acreditar; não! Aquilo não era um sonho. A força de suas unhas a ferir a palma deixava claro o quanto estava acordado. E mesmo ele ainda estando de costas, Saga sabia que ele sorria. Não um sorriso de felicidade e sim de satisfação em fazer do grande cavaleiro de gêmeos um bobo apaixonado atrás da donzela. Os cabelos longos, negros esvoaçavam com o vento forte que vinha do mar, misturando o cheiro amadeirado com a maresia, as roupas orientais bailando junto ao vento frio da noite de lua cheia. O homem então se mexeu, só um pouco, olhando por cima dos ombros, fitando a alma do cavaleiro com o brilho prateado do satélite natural misturado aos azuis assassinos que possuía.

Saga trincou os dentes. Não era possível! Ele estava morto. Sua palma sangrava; seus dentes rangiam de ódio.

— Hiroaki...- gruiu.

O outro somente sorriu; sarcástico. Vitorioso.  

Saga sentiu seu cosmo vibrar seu corpo inteiro e com fúria, não esperou mais nada. Se era Hiroaki ou não, aquele ser merecia morrer só por usar a imagem dele para perturba-lo. Avançou com tudo; um berro animalesco explodiu de sua garganta, o punho iluminado pelo cosmo indo em direção ao inimigo. Este sorriu ainda mais, desviando, fazendo com que o golpe de Saga acertasse o solo, abrindo um buraco enorme e sacodindo o chão. Hiroaki então, girou o corpo em espiral num pulou, reagindo a ameaça. Suas unhas amarelas e longas partiram em direção ao rosto de Saga e uma troca de socos e chutes precisos e em velocidade absurda começou a empurrar tudo ao redor. Na vantagem da velocidade da luz que Saga possuía, Hiroaki se afastou ao perceber o joelho do adversário vir em sua direção unido com uma sequência de chutes obrigou o youkai a se jogar para trás em uma derrapada, assim como Saga. Ambos se olharam e em uma velocidade espantosa se jogaram um contra o outro. Hiroaki logo sacou uma katana, desferindo golpes velozes. Saga desviou como podia, dando uma sequência de cambalhotas para trás, se afastando o suficiente para si, mas também para o outro ter uma brecha e avançar com tudo. Saga acendeu o cosmo e fez o mesmo, desferindo um golpe, cruzando com ele e invertendo os lados e as posições.

Saga parou em frente ao penhasco, olhando o horizonte com o punho esticado para frente, enquanto o outro sorria com a katana erguida em um battojutsu* e um sorriso psicopata na face bela.

Devagar ambos se viraram; voltando a se encarar nos olhos, caminhando em círculo como dois leões prestes a se digladiar até a morte outra vez.

— Você não é ele. Eu sei que não é.

— Se você sabe que não sou, porque está me atacando? – sorriu cínico, parando junto com o cavaleiro em sua primeira posição.   

— Porque você sequestrou a Kyoko e desrespeitou Athena! – rosnou

— Eu? Hum...- guardou a espada. —...eu não tenho porque fazer isso. Vocês se dão tão bem agora. Por que eu iria querer tirar Hime-sama de você se até tem cuidado bem dela? Não faz o menor sentido. Agora quanto a deusa...ela até que é gostosinha.

— Cheshire...

Ele sorriu seu famoso sorriso de todos os dentes, misturando a figura imponente que ostentava num psicótico, deixando tudo ainda mais assustador do que normalmente já era. Como amava aquilo; a sensação de tensão e medo que sentiam de si, e mesmo com toda arrogância, podia ouvir o quanto o coração de Saga quase saltava pela boca quando o assunto era seus atos. Uma pena ele ter percebido tão rápido. Saga era muito bom de briga. Um dos melhores que já conhecera e que infelizmente jamais poderia desafiar, já que...ordem era ordem e tinha de acatar. Mas se ele tivesse demorado mais um pouco teria se divertido ainda mais naquela brincadeira sem graça...

...para os outros, pois para ele tinha muita graça sim irritar qualquer um no mundo e em especial o novo Lorde dos Kage. Menos Kyoko...claro! Fazia isso com o antecessor e não seria diferente com Saga.

— Você demorou. Aposto que foi aquele faustoso de Aquário quem te ajudou, porque se fosse depender de você... – caminhou até perto dele.

— Qual é o seu problema seu...lunático? Por que está andando por aí com essa...fantasia de Hiroaki e assustando as pessoas? Enlouqueceu de vez?! Onde está a Kyoko?

— Hummm...quantas perguntas. Vejamos, quanto a minha...fantasia...- se observou e sorriu charmoso. —... são ossos do ofício ao qual você terá que se acostumar, aconteceram coisas e... não! Eu não fiquei louco, sempre fui! Hahahaha...

— Quê?!

—Ah! E a propósito: Você cortou o meu cabelo novo. – falou com cinismo, passando por Saga.

— Quem disse que eu ligo? Dane-se esse seu cabelo. Eu devia ter arrancado a pele do seu rosto isso sim! E já que você adora se fazer de cínico, lhe informo que você também cortou um pedaço do meu! E fez de propósito! – Cheshire riu vitorioso, colocando as mãos na nuca como de costume.

—Ahh não! Não, não! Não foi de propósito. Eu queria acertar o seu pescoço, mas...a ordem de Hime-sama não permite, então...eu desviei. – ironizou gesticulando. A voz macia potencializava ainda mais.

— Cheshire, olha só você já me irritou demais. Estou exausto, puto! Cansado de toda essa situação, de toda hora alguém estar tentando tirar a Kyoko de mim. Até os deuses estão conspirando contra mim, então, por favor, me diz onde ela está de uma vez?

— Hime-sama?! Ora, que pergunta tola. – sorriu, apontando para o lado.

Saga olhou e seu coração quase parou. No meio dos destroços que um dia fora uma casa lá estava ela: Kyoko. E vê-la, somente vê-la pareceu tirar uma montanha dos ombros do cavaleiro. Sempre que sentia essas coisas, esse sentimento forte se perguntava como podia ter se deixado levar por um sentimento que tornava os homens tão tolos? Idiotas? Kyoko estavam bem aparentemente, mas mesmo assim algo não estava tão bem. Kyoko parecia perdida. Confusa, falando coisas que não pareciam ter sentido e isso o preocupou.

Deu um passo, mas logo parou pela mão de Cheshire.

— Um conselho: Tire a armadura. Vai ser mais fácil assim, acredite.

Saga não entendeu de início, mas mesmo assim não soube porque achou por bem fazer como fora dito, ordenando a armadura a deixar seu corpo. Se tinha algo que sabia identificar naquela peste era quando falava sério. O resto era impossível até para a kitsune.

 Olhou bem fundo nos olhos azuis daquele miserável outra vez e depois para Kyoko. Sorriu de lado, respirando bem fundo, relaxando e indo até ela. Agora a raposa estava de costas e observava o entulho como se procurasse por algo.

— Kyoko!

A raposa sentiu um toque no ombro e virou. Saga sorria, mas ao contrário Kyoko manteve-se seria e ficou ainda mais quando olhou para a mão em seu ombro e depois para o shinobi ao fundo, paralisando o cavaleiro dos pés à cabeça, dizendo friamente:

— Eu mandei você vigiar. O que deu em você?!

Cheshire fez uma cara de desentendido, erguendo ambas as mãos. Kyoko moveu o ombro com força, afastando a mão dali e simplesmente saiu, voltando para o meio do entulho como se nunca tivesse visto Saga na vida, claro, para o total e mais absurdo estado de incredulidade do geminiano.

— O que...foi...isso?? Kyoko...

—Ei...- Cheshire o segurou. — Vai com calma.

— Como assim “vai com calma”? Você viu o jeito como ela me olhou? Ela me olhou como se eu fosse um estranho. Outra vez?! – fez uma pausa. O coração doendo como se uma facada lhe acertasse. —Isso não tá acontecendo de novo! Não é possível! Só pode ser mais uma das suas brincadeiras. Ela me olhou como se eu fosse um pedaço de merda! O QUE VOCÊ FEZ COM ELA?

—Eu fiz o que você queria, Saga. – confessou. Saga estancou surpreso. — Não se engane. Ela não esqueceu de você, só está...- olhou para ela. —...confusa.

— Con...Confusa?! – balbuciou olhando-a também.

— Sim! Hiroaki fez muitas coisas ruins na cabeça dela e...restaurar todas as memórias de uma vez...não é fácil.

— Quê?! As...memórias? – gaguejou.

— Eram muitas coisas, o cérebro está tentando se reorganizar, colocar cada coisa em seu devido lugar.  

—Mas ela...não lembra de mim.

—Lembra sim, mas só que no momento é de um Saga magricela, catarrento e maltrapilho. – tocou a testa dele, sorrindo simpático. — É como se ela ainda não tivesse chegado no agora e bom...porque você não vai lá e a ajuda a encontrar o que está procurando no meio daqueles escombros?!

O geminiano tremeu, apreensivo. Não sabia dizer exatamente como se sentia; estava feliz por ela ter as memórias de novo, mas não conseguia se alegrar, mas também estava triste por vê-la perdida, mas não tão triste talvez por saber ser temporário. Era estranho. Confuso. Era bom, mas ou mesmo tempo...ruim. Doloroso. Kyoko observava os entulhos, empurrando alguns, falando sozinha, procurando por algo que ela já havia encontrado e estava tão perto que mal conseguia ver.

— Eu tinha certeza, certeza de que era aqui. Por que está destruído? Eu...eu só adormeci por alguns minutos. Por quê? Por quê? – Kyoko balbuciava olhando o único cômodo sobrevivente, pegando alguns restos do que parecia um caderno pelo chão.

— Oi...- Kyoko pulou, olhando para ele. — ...você parece perdida. Eu...posso te ajudar? – sorriu simpático.

— Não, obrigada! Agora some daqui e finge que nunca me viu, humano. – voltou a ignorá-lo. Saga riu ansioso.

— Eu...eu tinha certeza, certeza absoluta de que era aqui. – ela caminhou sobre os destroços até os pedaços de uma cama.

— Hummm...esse lugar... – Saga andou passando por ela que agora o observava com atenção. — ...eu...eu me lembro daqui. Aqui, bem aqui tinha uma escrivaninha e ali ficava uma cama e lá a outra. Tinha umas prateleiras velhas aqui em cima algumas bugigangas.

A raposa crispou o cenho, desconfiada. Mais do que já estava. Sabia que não devia ficar na presença de humanos, mas estava tão confusa com o estado do lugar que aquele homem era o de menos ali. Agora ele saber daquelas informações era que era demais...como é que ele sabia daquelas coisas?!

— Tinha uma janela aqui que sempre ficava aberta e aí a luz da lua vinha e iluminava toda a cama como um abajur. – ele sorriu apontando.

Kyoko arregalou os olhos e piscou confusa. Dando um passo para trás. Sua mente maquinando as memórias, organizando, se encaixando ao passo que os fragmentos iam chegando. Seus olhos lacrimejaram e ela começou a ofegar. Aquele homem...aqueles olhos...aquele tom de verde que só via nele...

— Por que está aqui? Quem é você? – indagou nervosa, dando mais um passo para trás e quase caindo ao tropeçar.

— Quem sou eu, Kyoko? – volveu Saga, dando um passo.

— Como sabe meu nome? Quem é você?

Uma lágrima de perola caiu no chão e o sorriso do shinobi se alargou, satisfeito. Saga era com certeza a pessoa certa.  

—Me diz você...- caminhou mais até bem perto dela.

—Eu não te conheço...

— Tem certeza? – fez uma pausa, se aproximando mais ainda. — Quem sou eu, Kyoko?

A raposa ficou olhando para ele, observando os detalhes: os cabelos, o rosto de homem, o formato dos lábios e principalmente os olhos. Aqueles olhos que sempre a intrigaram desde a primeira vez que o viu.

Kyoko começou a ficar ainda mais nervosa e mesmo seu coração berrando a resposta que sua mente não queria aceitar, ela olhou para Cheshire, sentado no que restara da janela, e num fio de voz perguntou enfim:

— Quanto tempo eu dormi? – indagou vacilante.

— Trinta e três Anos, Hime-sama.

Kyoko deu um berro, chorando alto. Saga a amparou, sentindo as lágrimas preciosas dela rolar por seu ombro; o corpo espasmando, os gemidos sofridos. A apertou forte, dizendo em silêncio que agora tudo ficaria bem, estavam juntos outra vez. Hiroaki não existia mais e nada nem ninguém poderiam separá-los. E mesmo que alguns deuses não aceitassem e o julgassem indigno, se era o destino ou Eros, uma coisa era incontestável: Kyoko havia sido feita para estar com Saga, assim como Saga havia sido para estar com Kyoko.    

 

Continua...


Notas Finais


Entãoooo........era ele! Sim! O gato mais amado e odiado está de volta e dessa vez pra perturbar mais ainda o pobre do Saga. Oh bichinho chato! Kkkkkkkkkkkkkkk... há quem ame e quem odeie. Pois é! Mas vamos concordar que ele merece um prémio. Demorou, mas as memórias da Kyoko finalmente voltaram.
Povo, espero que tenham gostado.
ありがとうみなさん。またね! =3
Obs:
• A música que abre o capítulo é True Colors - Justin Timberlake (Feat. Anna Kendrick)

• 7th Heaven é o nome do bar da Tifa Lockhart de FFVII. Minha humilde homenagem a essa diva peituda e que briga pra kct.
• Lorde Kage é o mesmo que o Senhor dos Kage. Achei que ficava melhor assim por isso resolvi trocar.
• Signómi é Desculpe-me em Grego.
• Bakeneko - Um Bakeneko (化け猫? "Gato monstro") é, no Folclore Japonês, um gato com habilidades sobrenaturais parecidas com as de uma Kitsune ou de um Tanuki.
• Battojutsu - Battojutsu (em japonês: 抜刀術, Battō-jutsu) é uma disciplina das artes marciais japonesas que tem por objecto o estudo e a prática do desembainhamento da espada — katana — com o fito de executar um corte.


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