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História Uma estranha no ninho - Vol. II - A linda doutora Frankenstein.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá pessoas, tudo bom?! Espero que sim. Enfim, mais um capítulo dessa doidera. Espero que gostem.
A arte da capa é minha e espero que gostem. Eu finalmente, depois de uma fic inteira e metade de outra, tomei coragem e fui desenhar. Sim, eu mereço apanhar. Kkkkkkkkkkkkkkkk... perdoem-me os erros, pois não corrigi muito bem. Estou de mudança e quis logo postar pra vcs hj. Se deixasse passar não sei quando teria tempo, então...mil perdões.
Bjs grande.

Capítulo 11 - A linda doutora Frankenstein.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - A linda doutora Frankenstein.

Na casa de Gêmeos, Camus, Kanon e Aiolos aguardavam o retorno de Saga junto a Keiko, Naomi e o bebê Heitor. Máscara havia cansado de esperar e retornado a Casa de Câncer. A médica conversava amenidades com a irmã de Kyoko, sorrindo, enquanto lhe ajudava com a troca de fraldas. Heitor era um bebê tranquilo e suas bochechas rosadas, olhos verdes e cabelo bem pretinho o tornavam ainda mais encantador. Assim como Kyoko, a médica amava crianças. Se não tivesse sido capturada por Suzuki e presa no corpo envelhecido com certeza teria meia dúzia de filhos. E por isso fazia questão de espremer aquela fofura o máximo que podia, para o alívio e descanso da mamãe.

— Deus...como pode ser tão fofo? – disse Naomi se aproximando de Camus. Este olhou sem perder a seriedade, mesmo diante da meiguice do pequeno.

—Oi, tio Camus!

— Olá, pequeno Heitor! – respondeu seco.

— Por que você nunca sorri? – indagou com um voz engraçada.

—E porque eu deveria rir se non há necessidade?

—Ai Camus, que horror! Ele é só um bebê e bebês são fofos, não precisa ser tão grosseiro. – sorriu acariciando a mãozinha.

—Eu non fui grosseiro, só respondi o que você perguntou fingindo ser o bebê.

—Então, a grosseria foi pra mim. – Camus revirou os olhos e não respondeu.

Naomi bufou, ignorando a cara amarrada e olhar gélido de Camus. As vezes se questionava como podia estar gostando dele. Camus era frio demais e rabugento. Certinho demais, organizado ao extremo e só podia sofrer de toque. Tudo bem que ele era um exagero da mãe natureza no quesito beleza, sensualidade, inteligência e educação, e vários outros adjetivos possíveis, mas um relacionamento não se resumia a fisionomia de ambos e sim no companheirismo, confiança e...

...Amor. A palavra que Naomi mais sentia necessidade de usar e sentir, coisa que Camus parecia fazer questão de não tê-la em seu vocabulário.

—Posso fazer uma pergunta?

Camus ficou surpreso, mas mesmo assim sua feição ranzinza não mudou. Naomi engoliu em seco. Já queria ter feito aquela pergunta antes, mas faltava-lhe coragem. Era como se soubesse da resposta, mas não quisesse encara-la, porque ouvir da boca, na voz grave e rouca do Francês o que não queria ouvir seria como morrer. Fingir que não tinha importância parecia mais viável. Doía menos.

Julieta entrou na sala, começando a servir café aos presentes, atrasando e ansiando ainda mais a youkai. Quando a senhora se afastou, a youkai prosseguiu:

—Você, alguma vez, já amou alguém? Qualquer pessoa?

Astuto e muitíssimo reservado, Camus bebericou do líquido fumegante, respirando fundo. Ele sabia muito bem onde Naomi queria chegar com aquela pergunta, e sinceramente: Não gostou nem um pouco. A última coisa que Aquário queria era se apaixonar e muito menos um compromisso. E mesmo que Naomi fosse diferente, linda, inteligente e vários outros adjetivos que preferia não pensar, esse fato não mudava. Já esperava que ela uma hora ou outra lhe fizesse esse questionamento, mas não imaginava que seria naquele momento inoportuno em demasia. Não era bobo e sabia muito bem que a médica estava mais do que apegada a si, e em partes a culpa era sua. Sempre se policiou com essas coisas e sexo jamais devia se repetir com a mesma pessoa, coisa que, incrivelmente, não conseguiu fazer com a youkai. Por quê? Não sabia e muito menos queria pensar naquilo.

Chérir, se existe uma coisa que non suporto é a indiscrição. Aqui non é lugar e nem hora para isso. Mas, posso lhe adiantar uma única e simples palavra: Non!

Naomi sentiu a voz descer amarga junto a saliva. Não conseguia entender como Camus podia ser tão frio com ela se na cama ele era exatamente o oposto. Era um contraste absurdo ao qual a deixou pior. O jeito absurdamente frio e o olhar inexpressivo fora suficiente para fazê-la se sentir pequena; vazia. Seu coração pareceu explodir em dor, sangrando litros como se um tiro de escopeta lhe destroçasse inteira.

O cosmo de Saga avisou a todos os cavaleiros presentes em sua casa o seu retorno. Calmo ele caminhava com Cheshire e Kyoko em seu colo. Depois do baque em saber que o “garoto” agora era um homem feito a raposa simplesmente apagou.

—Kyoko!!

Keiko levantou ao ver Saga entrar na sala, indo até ele com pressa, acariciando o rosto da mais velha com carinho. Naomi engoliu o choro, entregando o bebê a Aiolos e indo até a outra também. Como Camus havia dito, ali não era lugar e nem hora para se debulhar em lágrimas porque um idiotinha qualquer achava-se autossuficiente e não precisava de ninguém.

A raposa gemeu grogue. Sentia-se horrível, como se um caminhão de bebidas lhe tivesse atropelado. Sua mente embaralhada de tal forma que mal conseguia formular uma palavra inteira.

— Ke...Ke...ahnnn... – balbuciou olhando a irmã com dificuldade.

— Não precisa se preocupar, isso é só sono.

Camus, Kanon e Aiolos levaram um susto ao seguir a voz que vinha detrás de Saga e ver o dono dela. O sorrisinho sarcástico de quem já esperava as reações negativas deixou os três em choque. Mas, antevendo o desastre que a nova aparência de Cheshire poderia causar, Saga interviu rápido, dizendo:

— Acalmem-se, não é o que vocês estão pensando.

— Eu não estou pensando em nada, estou é vendo! – gruiu Kanon, irritadíssimo. Lembrava-se muito bem do fio da espada lhe atravessar o baço e a humilhação que aquele verme havia lhe causado quando matou Kyoko.

— Ele não é Hiroaki, é Cheshire, assim como eu havia previsto.

— E porquê dessa aparência? – indagou Camus, cruzando os braços.

— Curioso o francês. – Cheshire falou, sorrindo debochado. 

— Eu não sei, descobriremos isso mais tarde, agora eu preciso terminar com a Kyoko. — Saga rebateu olhando a kitsune.

— Então, vamos! Coloque ela na cama que quero examinar para ter certeza de que está bem.

Naomi saiu com Saga até o quarto junto com Keiko e, claro: Cheshire. O shinobi sentou na poltrona observando os cuidados do geminiano com a raposa. Naomi se aproximou, abrindo um pouco a pálpebra direita de Kyoko e depois a esquerda, mediu a pressão (que por sinal estava alta), mas fora isso ela estava bem. Só não conseguia entender o motivo do sono absurdo que ela estava sentindo.

— Não há nada aparente que justifique esse sono todo. – ponderou Naomi.

— Ela está recuperando as memórias. – Cheshire falou, se aproximando pelo outro lado, engatinhando na cama e tocando o rosto de Kyoko. — Está exausta. Deixe-a dormir o quanto quiser e ela acordará novinha em folha.

— As memórias? Ela...recuperou as memórias? – Keiko sorriu feliz.

— Não de uma vez. Está voltando aos poucos por isso está tão cansada. Na verdade não é o corpo quem está cansado e sim a mente que precisa trabalhar sem ter...interrupções. Acordada, o cérebro precisa comandar as outras funções do corpo, não conseguindo se reestabelecer.

— Ãhnnn...o me...nino...Cheshire...o meni...no, Saga... – a raposa gemeu com dificuldade. Se remexendo.

Saga se sobressaltou, passando por Naomi e Keiko até Kyoko, sentando ao lado dela na cama, tocando a face e os cabelos com carinho.

— Eu estou aqui, Kyoko. Shiiii...tudo bem! – falou baixo.

— Eu vou estar a postos mesmo assim, mas de início é melhor nós irmos, vamos deixar ela dormir. — Naomi disse e Keiko concordou, afinal, já estava quase na hora de amamentar Heitor.

— Saga, vou esperar você lá fora. Precisamos conversar. É importante e do seu interesse, okay?! – completou Naomi, saindo.

Saga somente acenou, se acomodando ao lado de Kyoko. A raposa lutava contra o sono, falando coisas desconexas, chamando por Cheshire e procurando o menino Saga.

—Está tudo bem, Hime-sama. Durma. – sussurrou o shinobi.

— O...me...nino...

— Eu estou aqui, Kyoko. Estou aqui.

O cavaleiro sorriu singelo, beijando o rosto, o nariz e a testa da raposa. Os olhos bicolores dela se fecharam por alguns segundos, mas logo abriram voltando a Saga. Ele nada disse. Manteve os verdes seus nos dela; admirado, feliz, apaixonado. Kyoko lutava contra o sono a fim de continuar a observar o homem que o pequeno havia se tornado em um simples piscar de olhos. O sono era intenso. Forte, mas não queria dormir. Não agora sem vê-lo melhor, conversar com ele. Pedir-lhe desculpas e dizer que sentia sua falta, mas simplesmente não conseguia se controlar. Seus olhos pesavam muito e a cabeça doía. A língua enrolava em palavras sem nexo por pura falta de coordenação. Com dificuldade conseguiu tocar o braço dele e depois subir até o rosto, dedilhando o contorno dos lábios antes de ser derrotada pelo sono. O shinobi ajeitou a coberta que imitava pele de tigre enquanto Saga o corpo e o pescoço de Kyoko. Deu lhe um beijo terno nos lábios antes de se afastar.

— Quanto tempo acha que ela vai dormir? – indagou o cavaleiro.

— O necessário. – fez uma pausa. — Não se preocupe, ela vai ficar bem.

Com cuidado Saga sentou na beira da cama, passando a mão nos cabelos. Estava aliviado em tê-la de volta. Ainda se sentia preocupado com aquele sono forte dela e outras coisas, mas agora estava mais curioso do que nunca. Queria muito poder conversar com ela sobre tudo e principalmente sobre Poseidon e Dionísio.

“Maldição! ”, pensou irritado, lembrando-se agora das palavras de Naomi. O que será que ela queria?

— O que será que a Naomi quer? – falou mais para si do que para o outro. Suspirou cansado, olhando por cima dos ombros e encontrando uma visão um tanto desagradável.

Por mais que soubesse que aquele era Cheshire a fisionomia dele não era mais a mesma e observa-lo beijando a testa de Kyoko e se aninhando ao lado dela como um gato lhe incomodou muito. A aparência que ele ostentava obrigava Saga a ver nada mais, nada menos que Hiroaki cuidar e zelar por Kyoko. Bufou de cara amarrada.

— Tem mesmo necessidade disso?

Cheshire ergueu a cabeça, olhando de um lado para outro e depois apontando para si mesmo com cara de inocente.

— Não faz essa cara. – Saga reclamou. —Já não basta tudo que estamos passando? Não basta tudo que a Kyoko passou nas mãos desse...crápula e você tem mesmo a necessidade de ficar usando a imagem dele para me irritar? Por que você está sempre fazendo isso? Não vê que está magoando a Kyoko também?

Cheshire ficou em silêncio por alguns segundos, processando as palavras do outro. Não queria e nem iria admitir em voz alta o quanto a imagem que agora carregava o desagradava muito mais do que a qualquer um. Ele sabia muito bem o efeito que aquilo causava em Kyoko e principalmente em Saga, e mesmo se divertindo, não gostava. Se passar por alguém que odiava por pura zombaria era uma coisa, mas ser obrigado a ter de conviver com o rosto dele para o resto da vida era bem diferente.

Cheshire nunca gostara de Hiroaki. Odiava no fundo de sua alma o fato de não ser nada além do que uma copia dele. Lembrava-se de todas as vezes que ouvia do mesmo que não era nada além de uma sombra, ouvir de seu indesejado irmão que não passava de uma aberração. Um erro que jamais seria amado, que teria uma família de verdade e Kyoko só o suportava porque era obrigada por Hiroaki. Saber que não tinha sido gerado por um ventre e sim fabricado em uma incubadora de laboratório com os restos de dois vermes, com um único intuito de servir e matar o irritava. Olhar-se no espelho era algo que evitava o máximo a fazer, pois sempre via em si mesmo o segundo youkai que mais odiava. Repugnava sua própria existência e se talvez não tivesse sido dado a Kyoko já teria se degolado a muito tempo. O sorriso dela, a amizade sincera era a única coisa que se agarrava para continuar a respirar. O jeito zombeteiro e que nunca parecia se preocupar nada mais eram que artimanhas para fugir da dura e cruel realidade de sua existência. Sua maldita e enojada criação.   

—Sei muito bem que não lhe agrada e a ela também, mas...como eu disse anteriormente: aconteceram coisas e você vai ter que aprender a lidar com isso. – respondeu frio.

— O que aconteceu? Por que não pode voltar ao normal?

Cheshire ficou novamente em silêncio, observando Saga e depois olhou Kyoko por alguns segundos. Mal Saga sabia que ser “normal” era algo que jamais seria e agora, menos ainda.

— Vá falar com Naomi. Quando terminar, conversamos. Não se preocupe, eu não vou sumir com Hime-sama outra vez. Já fiz o que tinha que fazer e...tirá-la de você não me é mais necessário. – sorriu de lado, deitando na cama como um gato.

Saga bufou outra vez, rendido. Não adiantava exigir nada de Cheshire quando ele simplesmente não queria dizer. Era perda de tempo e causaria mais irritação.

 

♊oOoOo♊

 

Antes de sair Saga pediu a Kanon que mantivesse a guarda em Gêmeos, pois mesmo Cheshire dizendo que não aprontaria mais ele, ainda, não confiava. Precisava ir até a casa de Aquário.

Chegando lá seguiram direto ao escritório/ biblioteca de Camus. Um lugar sagrado, mas que havia aberto exceção as pesquisas de Naomi devido tudo que estava acontecendo e também porque confiava nela. Sem entender porquê, mas confiava e gostava. A forma como ela falava sozinha, olhando seu material excêntrico, usando aqueles óculos enormes redondos a deixavam ainda mais adorável.

“O que está havendo comigo? ”, sacudiu a cabeça, colocando os pensamentos no lugar.

— E então?! – disse Saga, se aproximando dela.

Naomi olhava séria, atenta. Usando os óculos ‘adoráveis’ e luvas de látex negro ela examinava o verme; virando de um lado para o outro; abrindo e fechando as perninhas, e...

...nada.

Nani!! Demo...(O quê!! Mas...) – balbuciou.

—O que foi? – Saga se aproximou mais, curioso.

— Está morto.

Saga franziu o cenho olhando o verme nas mãos da youkai.

—E qual o problema nisso?

—O problema é que ele estava vivo até ontem e...

—Ele pode ter tido algum problema. Ficamos tão voltados com o sumiço da Kyoko.

—Não! Aí é que está. Ele não deveria morrer a menos que... – fez uma pausa.

—A menos que...- insistiu Camus.

—A menos que o dono tivesse morrido também.

— Dono?! – Camus e Saga falaram juntos.

Naomi passou a mão nos cabelos e depois retirou os óculos, passou pelos homens e sentou em uma cadeira. Ela tinha certeza que o verme, o olheiro, estava vivo e saudável. Mas agora estava morto sem nenhum motivo aparente. Nunca havia errado em um diagnóstico antes e levando em consideração a quem aquele bicho fazia parte a morte repentina dele não fazia nenhum sentido. Claro! A menos que o outro também tivesse morrido, mas...aquele ser horrendo morrer era algo que sempre julgou impossível.

—Ele era um olheiro. O olheiro do Ventríloquo. – Saga empalideceu duas vezes por saber muito bem quem ele era. — Conectado diretamente a ele, podia ver tudo que os olhos da Kyoko podiam alcançar.

—Uma forma muito eficaz de saber o que ela estava fazendo. – completou Camus.

—Sim!

—Hiroaki sabia que estávamos lá. Ele sabia que eu estava lá. Desde o início, quando ela me viu no quarto a primeira vez.  – Saga refletiu.

— Antes disso. A Kyoko comprou a mim, Mu e Afrodite em um leilão. Então, ele já sabia que estávamos no Makai antes dela ver você. – Camus disse cruzando os braços e encostando na mesa.

—Ficou observando como uma Hiena até a hora certa. A hora em que eu mostrasse ou dissesse onde estava a pedra.

— Ele podia ter matado vocês a qualquer momento. – Naomi se pronunciou atônita. Hiroaki havia planejado tudo nos mínimos detalhes.

—Sim, ele podia, mas não o fez. Ele queria ver eu e a Kyoko lutarmos até a morte. Me fazer sentir a dor e o remorso de levantar a mão a ela para proteger o mundo. Perde-la por ser um Cavaleiro de Ouro.

Saga sentiu um no na garganta. Agora entendia de onde vinha todo o sadismo de Cheshire. Hiroaki queria ver Saga sofrer e nada melhor do que colocar quem ele mais amava como um inimigo. Ter que enfrentar Kyoko e vencer seria uma obrigação de cavaleiro nem que tivesse que matá-la. Aquilo com toda certeza enlouqueceria Saga a tal ponto que a salvação do mundo não lhe importaria mais. A mente perturbada e calejada do cavaleiro de Gêmeos não aguentaria perder Kyoko para a morte pela segunda vez e mais ainda pelas suas próprias mãos. Matar Saga não seria o suficiente, não lhe daria o sabor da vitória que desejava, torturá-lo até o último dia de sua vida era a maior vingança que poderia ter. Levar Saga ao extremo da dor, desespero e agonia lhe satisfaria em cada célula de seu corpo. Um golpe cruel e sádico que Saga jamais iria se recuperar.

— Isso não importa mais. Ele está morto e não vai voltar, e pelo que tudo indica seu cão sarnento também está. Se for isso mesmo é menos uma coisa com que me preocupar. – terminou suspirando.

— Como será que ele morreu? É tão estranho pensar nisso, sabe?! Imaginar que alguém que conseguiu trazer Kyoko de volta a vida simplesmente morreu assim. Olha, eu não sei, mas...você não acha melhor alertar Yamoto e os outro? Se for uma armadilha? E se ele quer mesmo nos fazer acreditar que está morto? – Naomi indagou nervosa.

—Concordo com Naomi. Melhor alertar os shinobis.

Saga bufou, irritado. Era só o que faltava. Olhou para a mesa de novo e se recriminou por ter deixado algo tão importante passar. Como podia ter esquecido daquele verme? E se ele havia realmente morrido, como acontecera? Será que Cheshire sabia de alguma coisa? Afinal, ele era filho do tal Ventríloquo. Provavelmente ele sabia sim de algo e ardiloso não queria dizer. Será que sua atual aparência e a volta repentina das memórias de Kyoko tinham alguma relação com a morte do cão de Hiroaki?

Saga então se empertigou, dando sinal de que iria sair. Agora mais do que nunca precisava fazer Cheshire confessar como havia conseguido aquela proeza, mas quando deu um passo lembrou-se de algo que já queria conversar com Naomi a muito tempo.

— Ah! Bom, já que estou aqui, eu... Naomi, estava pensando... – passou a mão nos cabelos um tanto envergonhado.

— Em que? – ela incentivou, curiosa.

—É que eu não sei bem como dizer. – Saga sorriu sem jeito, olhando para Camus.

— Quer que o Camus saia?

—Não! Claro que não. Camus é meu amigo, não tem nada a ver com ele. É que...bom...eu andei pensando...se...talvez você...

Saga gaguejava de um jeito nunca visto antes e isso deixou Naomi ainda mais curiosa. Ele era sempre tão seguro de si e altivo, e daquele jeito mais parecia um menino arteiro querendo um doce.

— Olha, Saga se você não parar de gaguejar eu não vou poder te ajudar. Tá quase me matando desse jeito.

Gêmeos ficou rubro, as bochechas quentes de constrangimento. Sorriu falando enfim:

— Eu quero dar um filho a Kyoko. Quero dar continuidade a linhagem dela, mas...- suspirou. —...eu sou operado. Fiz vasectomia quando tinha 14 anos e...

—O quê?! 14 anos??? Quem foi o doido, açougueiro que aceitou fazer uma loucura dessas com você? – bradou Naomi, incrédula.

—Isso é muito comum aqui. Milo, Máscara, Shura e Kanon também fizeram e outros cavaleiros de prata e até mesmo amazonas fazem esse tipo de procedimento. – Camus falou, sem tirar os olhos do verme em um microscópio.

— Mas...por quê? Isso...isso é cruel.

—Somos cavaleiros de Athena. Juramos dar nossas vidas em prol do que é certo, mas também temos fraquezas, necessidades. Sem filhos, esposas ou o que quer que seja não há distrações. Fraquezas. – Saga confessou triste.

— Não acredito. Você também? Hãn! Agora entendo porque são tão amigos. – olhou para Camus de soslaio.

— É diferente agora, eu não penso mais assim. Mas tudo bem, se você não pode me ajudar eu já vou indo. Quero estar com a Kyoko quando ela acordar e também, não estou aqui para ouvir sermão de ninguém.

Saga, então, deu as costas a Naomi e começou a caminhar. Estava triste, pois não esperava uma situação tão constrangedora e muito menos aquela reação da outra. Depois de ver Kyoko com Heitor nos braços, mesmo com seu medo esquisito em pegar um bebê, queria muito dar um filho a ela. Aliais, queria sim ter um filho com ela. Uma família talvez fosse a cura que precisasse.

— Ei! – Saga parou ao sentir uma mão em seu braço. Era Naomi. —Posso saber porque está fazendo essa malcriação pra mim? Eu não disse que não ia te ajudar, eu só te fiz uma pergunta. Eu sou médica e pra eu poder te ajudar preciso saber exatamente o que está havendo. Confesso que acho essa ideia de vasectomia em...crianças um completo absurdo, mas não estou aqui para te julgar. Eu quero mais do que ninguém que a Kyoko e você sejam felizes, então...vamos voltar?

Saga entortou os lábios e sorriu. Não disse, mas suas expectativas quanto a reversão cresceu absurdamente. Naomi era perfeita no que fazia e para ajudar Kyoko a ser feliz ela iria além de qualquer coisa.

Contou a ela todo o procedimento e o motivo de ter feito aquela escolha no passado. Naomi, claro, achou ainda mais absurdo, mas não disse nada. Saga sentia-se culpado e arrependido o suficiente para ter de ouvir sermões.

Camus ainda analisava o verme, fingindo estar alheio a conversa. Naomi explicou a Saga que o procedimento em si era bem simples, mas o depois é que seria complicado. Por estar muito tempo operado seu sistema imunológico iria atacar em vez de ajudar, matando os espermatozoides como um invasor ou um vírus. Saga sentiu-se triste a princípio, mas logo isso mudou. Naomi informou que produziria um soro para tentar enganar seu sistema imunológico e assim Saga pudesse ter chances maiores de engravidar Kyoko. Lógico que ele jamais voltaria a ser um homem 100% fértil, mas a esperança era algo que Naomi tinha de sobra. Confiante, deixava escapar na pura inocência o quanto ter um filho, uma família era um sonho. Dizia já imaginar Kyoko de barriga e o quanto ela ficaria linda, e principalmente o quanto a união dos dois geraria uma criança tão fofa que morreria por conta de tanto açúcar, animando e encorajando o cavaleiro a níveis indescritíveis.  Saga somente sorria. Não era preciso dizer, mas pela expectativa da youkai ele tinha sim chances de dar um filho a kitsune. Ser pai! Seu coração disparava no peito num misto de medo e ansiedade.

—Bom, vamos ver como está seu sangue.

Naomi pegou uma gota do sangue de Saga e pingou na língua. Ali ela analisou tudo! Com aquela pequena gota a youkai conseguiu ver todo o DNA do cavaleiro. Se Saga possuía algum defeito genérico, se seu colesterol e açucares estavam normais e etc...

— Uall, sua saúde é ótima. – Saga sorriu jocoso. —Só está com um pouco de nicotina no sangue, então...pare de fumar! Agora, vamos para a segunda parte.

— Ainda tem mais?

—Sim! Agora vem o principal. Preciso conferir suas genitálias. - sorriu ladina.

Detrás da mesa, Camus ergueu o olhar mirando Saga e depois Naomi. O mago não disse nada e nem iria dizer, mas não gostou nem um pouco daquilo por imaginar Naomi ter de colocar o pau de um de seus melhores amigos na boca para fazer algum tipo de análise laboratorial. Sabia que não devia se sentir daquele jeito, mas não soube dizer porquê não conseguiu evitar de se incomodar com tal pensamento.

Saga enrubesceu como um pimentão até o último fio de cabelo. Havia entendido muito bem o que ela queria dizer e principalmente o que ela queria ver. Não que tivesse medo ou...vergonha de sua masculinidade, o problema era ter de encarar Camus e a própria Naomi depois. Ela era engraçadinha demais e não o pouparia de suas piadas com duplo sentido. Fora que a forma como ela examinava as coisas era um tanto quanto...excêntricas demais, o que piorava muito aquela situação embaraçosa.

— Isso...é realmente necessário? – perguntou mesmo sabendo da resposta.

— Como eu posso operar você sem ver seu escroto? Claro que isso é necessário! Ah! Saga, por favor, deixe de bobagens e vamos logo. Eu não tenho a noite toda pra você se decidir se deve ou não deixar eu ver seu brinquedinho. E também, você é bonito demais para se sentir envergonhado com isso. A julgar pela sua anatomia deve ter um pênis jus a toda sua beleza.

—Começou! – rosnou Camus, voltando a olhar suas anotações.

 

♊oOoOo♊

 

No quarto de hóspedes Saga olhou de um lado para o outro enquanto Naomi terminava de se preparar: Luvas, máscara e cabelos presos em uma touca.

— Mas já? Eu...eu pensei que...

— Calma, Saga! Você não precisa se preocupar. Vai ser um procedimento muito tranquilo e quando eu terminar sairá daqui andando. Já esqueceu do que eu fiz com a perna da Kyoko e a mordia no seu peito?! Relaxa!

— Mas...não precisa desse desespero todo...

— Precisa sim. A vida é curta e não sabemos o que pode acontecer. Se posso operar você hoje e agora, porque deixaria para amanhã? Agora, anda! Vai logo se trocar. Eu ainda quero dormir essa noite.

Saga então seguiu para o banheiro, tirando a calça e a cueca. Estava muito ansioso e apreensivo. Não esperava que fosse ser operado assim, tão rápido. No mesmo dia! Mas...uma coisa tinha que concordar: Seu tempo estava curto e se queria mesmo aquilo era melhor fazer de uma vez.

Respirou fundo e sorriu, chamando Kanon pelo cosmo e avisando o ocorrido, verificando também como estava Kyoko. O mais novo gargalhou feliz da vida e mesmo que Saga tenha pedido sigilo ele não resistiu em não contar a Julieta. Ela era como uma mãe e ficou tão feliz que chorou nos braços do marina.

— Deite-se. – ordenou a médica.

Saga caminhou, deitando conforme pedido, escorregando na cama até os quadris ficarem na ponta da mesma. Devagar retirou o lençol branco e expondo sua virilidade. Naomi sorriu de lado. Tinha que admitir: Saga era todo lindo!

— O que colocam na comida de vocês? – indagou com a voz abafada e maliciosa.

— Como disse?!

— É, porque...meu Deus! Vocês são todos lindos! É difícil não se admirar.

— Obrigado! – Saga sorriu, tentando relaxar.

Com cuidado Naomi começou a examinar o pênis do geminiano; arregaçando o prepúcio, olhando a entrada da uretra, apertando um pouco e colhendo uma amostra. Colocou na língua, analisando e constatando que estava normal. Saga se remexeu desconfortável quando logo ela voltou a atenção as bolinhas dentro do saco. Apertando de leve, olhando com aqueles óculos engraçados, ela achou com facilidade onde havia sido feito a primeira incisão.

— Eu vou precisar fazer um espermograma em você, vai ser rápido, okay?!- avisou, encostando o indicador em baixo do saco, entre as duas bolinhas e apertando um pouco para cima.

— Como é que é?! – falou Saga, se sobressaltando.

— Vou contar a partir de cinco. – fez uma pausa, encaixando um potinho na glande. — 5...

Saga sentiu uma vibração absurda e uma coisa esquisita passar por dentro de suas bolas. Apertou os olhos se arrepiando inteiro.

—...4.

Ele tentou segurar, mas gemeu angustiado. Aquilo não era bom, doía e era muito desconfortável.

—...3...relaxa, eu sei que dói.

Saga se contorceu mais, gemeu mais alto. Sentia algo querer sair. Era como se suas bolas fossem esmagadas e seu membro obrigado a vomitar seu sêmen.

—...2...1...

Ele estremeceu, sentindo o líquido sair forçadamente de seu corpo. Seu membro mal havia endurecido e isso lhe causou dor. Sua respiração ficou descompassada e o coração batendo a mil. O que diabos aquela maluca havia feito consigo?

— Hummm...não tem nada, está normal para alguém que não possui espermatozoides. Vamos continuar.

— Que...caralhos...você fez comigo, sua...maluca? – bradou.

Naomi ignorou a pergunta, dando uma injeção na coxa de Saga e outra no saco, pegando um bisturi e iniciando o procedimento. Saga não sentiu absolutamente nada além de um sono forte e cansaço, e quando o procedimento que levou meia hora acabou era como se nada tivesse acontecido.

—Sente alguma dor? – perguntou Naomi olhando os olhos dele com uma lanterninha.

—Não, não sinto nada. Só sono.

— Isso é normal, está bem?! Vou pedir ao Camus para ir com você até Gêmeos. Não faça sexo durante 24 horas e daqui a dois dias vamos repetir o espermograma. – Saga sentou se cobrindo. — Enquanto isso eu farei o que puder para preparar um soro inibidor, então já vai se preparando, os efeitos colaterais são horríveis.

Saga bufou, ficando de pé seguiu até o banheiro onde se lavou e depois se vestiu. Com a ajuda de Camus voltou a Casa de Gêmeos. Observou Kyoko dormir na mesma posição de quando saiu. Cheshire já não estava mais ali, provavelmente havia percebido seu retorno e achou por bem voltar as sombras. Agradeceu aos deuses, pois quando se jogou na cama apagou quase instataneamente.

 

Continua...


Notas Finais


Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...Mano, essa Naomi é uma figura!!! Beu deus!! Kkkkkkkkkkkkkkk... E o Camus hein?! Ta merecendo umas porradas isso sim. Ah, Camus! Há, Camus! Toma vergonha ou vai perder.
ありがとうみなさん。またね! =3


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