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História Uma estranha no ninho - Vol. II - De volta a realidade.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá pessoas. Capítulo não betado por muita, muita falta de tempo. Acabei de me mudar e minha casa está um caos. Espero que me perdoem pelos erros de qualquer tipo. Também espero que gostem e curtam. O capítulo ficou curto, mas foi o que deu. Infelizmente. Prometo tentar melhorar isso no próximo. Bjs, sem mais delongas e boa leitura!!!
OBS: A arte da capa é de minha autoria.

Capítulo 12 - De volta a realidade.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - De volta a realidade.

— AHHHHH!!! -  berrou Kyoko, acordando num pulo.

Saga, que dormia como um bebê graças aos remédios de Naomi, levou um baita susto, sentando desesperado, os cabelos desgrenhados na frente do rosto parecia uma juba.

Kyoko olhou para um lado e depois parou no homem, tentando processar toda aquela montanha de cabelo azulado e...a gostosura. Ela sabia muito bem quem ele era e o que significava para si, mas mesmo assim seu cérebro demorou a assimilar que o Saga que ela amava e fazia amor loucamente era o mesmo Saga maltrapilho, magricela e...catarrento que carregou no colo. Os olhos dela observaram desde os pés calejados e grandes, até o rosto amarrotado. Saga bocejou, ajeitando os cabelos e virando para ela. Ainda se sentia um pouco tonto do dia anterior.

— Kyoko, você...- fez uma pausa, bocejando. —...acordou. Como se sente?

Saga se aproximou mais, dando um beijo no ombro dela. Kyoko moveu os olhos em sincronia, ainda estatelada com as lembranças. Por deus! Ela sabia, agora com as lembranças no lugar, quem era aquele Saga. Já havia dormido com ele outras vezes, feito amor e trocado palavras de carinho e juramentos, mas a sensação que tinha era de vê-lo a primeira vez depois de muitooos anos.

Ela manteve a expressão séria, sisuda. Na mente repreendia o pequeno grande Saga por beijar e mordiscar seu ombro de forma tão sensual, já subindo para o pescoço, mas da boca de Kyoko nada saia. Ele continuou e sorriu sexy como naturalmente era. Sentia saudades e queria mata-la, pelo menos, com beijos. Lembrava-se das instruções de Naomi e não queria prejudicar sua recuperação mesmo estando louco de vontade em possuir Kyoko.

E sua boca faminta seguiu em direção a dela e sem saber bem porquê Kyoko afastou a cabeça sem perder a expressão carrancuda e parar de conferir aquela obra prima dos deuses em forma de homem.

— Que pensa que está fazendo, garoto? – fez uma pausa. — Aliais...o que foi que deram pra você comer? Espinafres?

Saga não aguentou, rindo gostosamente. Não sentiu raiva de início mesmo não gostando daquele adjetivo, e mesmo que ela não tenha dito com todas as letras era óbvio que aquela reação nada mais era que impressionismo e admiração pelo homem que se tornara.

Ela então ficou de pé, olhando ao redor. Observou os móveis, uma porta entreaberta e logo se localizou; estava no quarto da casa de gêmeos; Saga era o Cavaleiro de Gêmeos e a havia salvado, assim como disse que faria. Ele havia matado Hiroaki e se tornado o Lorde Kage. Sorriu...

...e havia ficado consigo e roubado seu coração não só como o menino e sim como homem...

— ...assim como disse que faria. – ela sussurrou, sorrindo safada e olhando para ele.

— Sim! Exatamente como prometi. – respondeu retribuindo o sorriso, agora deitado na cama com uma mão atrás da cabeça e outra no abdômen, claro, de propósito.

Kyoko voltou a olhar tudo; os móveis, o banheiro grande e luxuoso; o teto e os detalhes no gesso; a cama enorme e o dono esparramado nela. Saga havia ganhado pernas longas e fortes; os pés eram, agora, grandes e calejados; a panturrilha grossa e nas canelas algumas cicatrizes. Provavelmente de tanto chutar árvores e rochas. As coxas eram grossas e definidas. Os quadris estreitos, as entradas nas ancas fluíam pensamentos bem pecaminosos, o umbigo fundo no meio dos gominhos do abdômen invejável, o peitoral forte assim como os braços. E o rosto másculo, com olhar sexy e um sorrisinho sacana por saber e gostar de estar sendo comido com os olhos.

— E então? Gostou do que viu? – perguntou cafajeste, se espreguiçando, realçando ainda mais sua beleza.

— É... Você cresceu bastante. – Kyoko respondeu, passando a mão nos cabelos e sentando na beira da cama. — Hãn! Meu deus! Mal posso acreditar.

Saga sentou, se aproximando, acariciando a cauda dela, sentido a maciez absurda dos pelos, subindo para a cintura; chegou mais perto, afastando os cabelos dela para ter mais acesso ao pescoço e beijando a pele com carinho.

—No quê? É tão difícil assim aceitar que eu cresci?

—Não! Que você é aquele garotinho chorão. – riram. —Maldito seja Hiroaki por me fazer esquecer dele...digo, você.

—Isso não importa. O que importa é que no final ele não conseguiu tirar você de mim. – acariciava Kyoko na barriga e embaixo de um dos seios.

A raposa sentiu o corpo em chamas. Ela mal conseguia acreditar naquilo tudo. Lembrava-se com clareza de tudo que passou com o pequeno Saga. As vezes que lambia suas feridas e secava suas lágrimas, e agora, era como piscar e...voilà! Pronto! Ele cresceu. E ela continuava a mesma e, agora apaixonada. Seu coração batia como um louco e sua vagina se contraía com força a cada mísero movimento que os lábios dele faziam em sua pele. O cheiro da pele e a voz grossa de Saga a enlouquecia absurdamente.

Maldito sejam os deuses e todo seu sadismo.

Kyoko sentiu os olhos girar sob as pálpebras. Seu corpo conhecia como ninguém aquele toque e ansiava por mais quando sua mente lutava para separar o passado do presente.

—Ahhh garoto...- gemeu Kyoko, se entregando.

Dessa vez Saga não tolerou daquele adjetivo. Não queria que Kyoko o visse como um garoto, um moleque. Não era uma criança e mesmo com a diferença absurda de idade entre eles, Saga não se importava e não queria que ela passasse a pensar naquilo. Não queria que ela se sentisse mal por estar amando e indo para cama com alguém que carregou no colo. Ele era um homem agora e queria Kyoko como mulher. Sua mulher.

A puxou com força, deitando-a na cama e ficando por cima apoiado nas mãos. Os olhos verdes, intensos miraram os desejosos dela. Kyoko não resistiu. Ela queria Saga. Seu corpo inteiro clamava pelo dele, mesmo cansada, mesmo confusa o amava demais em todos os sentidos. Em todas as células do corpo.

—Eu não sou um garoto. – sussurrou Saga, deslizando os lábios pelos dela.

—Não, você não é. Não mais. – arranhou o peitoral dele de leve. — Agora é um homem... O homem mais lindo que já vi em todos os meus mil anos de vida.

Saga capturou os lábios dela com volúpia; mordendo, sugando, lambendo cada canto que sua língua habilidosa conseguia alcançar. As mãos grandes apertando os quadris, as coxas, subindo para os seios grandes e macios. Kyoko correspondia a altura, descendo as mãos a bunda dura, apertando, cravando as unhas e ouvindo ele gemer dentro de sua boca. O fogo subindo pelas pernas esquentando o corpo inteiro. O sabor da boca de Saga era único: Uma mistura de hortelã e menta, proveniente dos chicletes e balas, e um toque de fundo de nicotina. Kyoko adorava aquele sabor. Aquele cheiro de homem que Saga tinha. Os cabelos cheirosos e macios se misturavam nos seus, tentando participar do beijo incessante.

Ela mordeu forte os lábios dele, tirando sangue. Saga gemeu de dor e prazer, sorrindo satisfeito. Era isso que queria. Enlouquece-la, vicia-la ainda mais em tudo que tinha para dar. Sentia saudades e se pudesse tomaria Kyoko naquele instante, mas...infelizmente, ou felizmente, não podia.

Com muito custo os lábios se separaram, mas um pequeno e fino fio de saliva ainda manteve Saga e Kyoko conectados. Ela ficou de olhos fechados, delirando nas sensações deliciosas que também arrepiava o geminiano. Ele se afastou um pouco, sentindo a dor no membro por estar tão duro. Kyoko tinha o dom de enlouquece-lo.

—Deus! Onde aprendeu a beijar assim tão bem? – ela sussurrou abrindo os olhos devagar. Saga sorriu. —Você ficou lindo demais. E porque estou agindo como se isso fosse nossa primeira vez? Já provei você tantas vezes; seu gosto, seu cheiro, seu corpo inteiro. Mas mesmo sabendo disso...eu nunca achei você tão...lindo como hoje.

Kyoko respirou fundo, contornando os traços do rosto de Saga com a ponta dos dedos. Ele abriu um sorriso de orelha a orelha, inflando como um balão por conta de todos os elogios dela e principalmente de muita, mas muita felicidade.

—Estou completamente apaixonada por você. Não! É mais que isso. Eu te amo. É! Te amo de toda minha alma, com tanta força que parece que vou explodir. – fez uma pausa, sentindo a respiração ofegar e os olhos embaçarem. — Ah, meu deus! Sei que não vai fazer nenhum sentido, mas eu...mesmo sem lembrar, senti sua falta. Senti sua falta todos os dias!!

Saga afundou o rosto no pescoço da kitsune, fechando os olhos com força. Ela estava lembrando de tudo e isso era um dos maiores presentes que poderia ganhar. Sentia pena dela. Pena por ter sido usada e enganada por Hiroaki por tantos anos. E era exatamente por isso que ela se agarrava em seus cabelos, o abraçando forte, chorando. Ela, agora, lembrava-se com clareza da promessa que havia feito a Saga: nunca iria deixa-lo. Jamais o abandonaria. Mas graças a Hiroaki havia quebrado sua promessa.

—Eu também senti sua falta. Seja bem-vinda de volta, meu amor. Minha kitsune.

—Eu sinto muito, Saga. Sinto muito!

—Por Athena, Kyoko, você não faz ideia de como eu sinto. – disse Saga, apertando ela nos braços. — Eu...eu deixei você sozinha e ele...

— Não, Saga! Não foi sua culpa. Não quero que se culpe. Você não fez nada de errado. Eu confio em você. Sei que jamais me deixaria, que me protegeria e por isso tinha que ser assim. Eu sabia que se você encontrasse Hiroaki naquele dia você morreria pra tentar me proteger e eu...eu tinha que fazer alguma coisa. Sei que...fui cruel, mas...mas... Meu...deus! Me perdoa!! Me perdoa, Saga?

Kyoko desabou ainda mais no choro, apertando mais o abraço como se assim pudesse fundir Saga a seu corpo, a seu coração.

—Perdoar?! O quê? Eu não tenho que perdoar nada. Tudo que aconteceu foi culpa dele. Daquele...maldito!!!- rosnou fechando os olhos. – Mas agora acabou. Você voltou pra mim, assim como disse que faria e ninguém nunca mais vai nos separar.

Saga e Kyoko buscaram a boca um do outro com tanta fome que ambos os dentes se bateram. O canino dela abriu de novo o corte no lábio inferior dele, misturando o tom vermelho no beijo que tirou o fôlego de ambos. Kyoko ofegou quando finalmente conseguiu largar os lábios de Saga, enroscando a língua no pequeno fio de saliva que os manteve unidos.

—Temos muito o que conversar. – sussurrou Saga.

— Deus! Sim! Muito! Não faz ideia de como quero saber de você, da sua vida, de como se tornou um cavaleiro. Luy?! Hãnnnn...Heitor!!!! Keiko é mãe! Não acredito! Eu sou tia! Maldito Aiolos! Como ele conseguiu?  – ela gargalhou junto com Saga. Agora estava eufórica.

— Isso foi realmente uma pergunta?

— Ah, Saga! Para! Estou tão ansiosa. Quero vê-los. Eu preciso. O Luy...

—Ei! Calminha. Nós vamos fazer isso tudo, mas primeiro...vamos tomar um bom café da manhã junto porque eu to morto de fome e sei que a senhorita também está.

Kyoko sorriu, beijando Saga com carinho pelo rosto inteiro antes de deixar ele ir ao banheiro e ir logo atrás.

                                                               

`oOoOo`

 

Na cozinha Julieta aprontava, distraída, o café da manhã quando Kyoko entrou com Saga em meio a muita falação, abraços e sorrisos. Estavam muito felizes. A Kyoko irônica e que não sentia medo de quase nada estava de volta.

Ao ver a senhora, ela sorriu mais indo até ela a passos rápidos, assustando-a por conta de um abraço repentino.

—Aiiiii...Julieta!! Me perdoa! Me perdoa pela sua perna. Eu sinto muito mesmo. – dizia Kyoko, beijando o rosto surpreso da senhora.

— Finalmente! – Saga sorriu cruzando os braços e encostando na mesa, respondendo à pergunta muda de sua mãe postiça.

— Kyoko, você lembrou. Recuperou suas memórias. Pelos deuses! Até que enfim.

—Sim! Até que enfim mesmo. – todos gargalharam.

— Ah minha querida, eu pedi tanto a Athena. Não via a hora de tudo isso acabar.

— Acho que todo mundo. Eu fiz coisas que não devia. Não queria machucá-la. Sinto muito mesmo. E além dos milhares desculpas que lhe devo eu...preciso te agradecer também.

—Agradecer? Ora minha filha, não tem nada o que agradecer.

— Tenho sim! E muito! Primeiro: Pela comida divina que sempre faz...- Julieta sorriu envergonhada -...e segundo por você nunca ter desistido do Saga mesmo com toda dificuldade.

Julieta sentiu o coração falhar uma batida de surpresa e emoção. Lembrar do passado, de quando os gêmeos eram crianças e de tudo que passou com eles até aquele momento sempre lhe apertava o coração. Lembrar da transformação de seu anjinho em um demônio que quase destruiu o santuário e a morte de ambos na Guerra Santa lhe doía além de qualquer compreensão. Era uma dor que simplesmente não passava. Uma ferida aberta que nunca fechava. Seus olhos lacrimejaram e ela então abaixou a cabeça, chorando.

— Ah, Kyoko...- soluçou.

—Eu sei que não foi fácil e me doía todas as vezes que vi você chorar por medo de não conseguir cumprir com aquela designação de Shion. Eu queria, queria muito ter ficado lá e passado por tudo junto dele, mas...- fez uma pausa engolindo o choro. -...bom, ele tinha você. Eu to muito feliz, muito mesmo. E eu prometo que nunca mais vou deixa-lo. Nem os deuses irão me tirar daqui. Nunca mais!

Julieta e Kyoko sorriram emocionadas, se abraçando com força, chorando. Saga sentiu-se contagiar ainda mais pelas últimas palavras da kitsune. Sorriu junto, se aproximando e acolhendo ambas de uma vez em seus braços, depositando um beijo na testa de cada. Se não fosse por elas, talvez, nunca tivesse conseguido se tornar o que era hoje.

—Ah! A propósito...- Kyoko empurrou Saga pelo peito de forma sexy e brincalhona, sorrindo matreira, olhando-o de cima abaixo. —...o que foi que você deu pra ele comer?

Saga não aguentou e riu gostosamente. Kyoko ainda não conseguia acreditar que era o menino esquelético que conhecera, e isso divertia o geminiano.

— Como assim, Kyoko? – indagou Julieta não entendendo nada.

—É! Porque...olha isso!

Kyoko segurou nas mãos de Saga, fazendo ele abrir os braços, o exibindo, mostrando a ela o quanto havia se tornado forte e belo. Muito diferente de quando era menino. Kyoko nunca duvidou da capacidade dele em se tornar forte, mas jamais imaginou que ele cresceria tanto, ganhando um corpo invejável, sexy e uma voz tão possante, e intimidadora. Sem mencionar o ar exageradamente imponente e que parecia nunca sentir medo de nada.

— Mal consigo acreditar que aquelas pernas de sabiá ficaram tão grandes e a voz de taquara rachada tão grossa. – Julieta gargalhou, observando ambos sentarem a mesa. —E os bracinhos?!

Kyoko pegou dois garfos, segurando um com cada mão e fingindo ser seus braços. Julieta chorava agora de tanto rir. Saga também ria. Tinha que concordar, ele era muito franzino quando criança.

—Eu poderia palitar meus dentes com eles. – completou.

—Agora você está começando a me ofender. – ironizou Saga.

—Concordo plenamente com Hime-sama.

Soou irônica a voz de Cheshire, vindo da entrada da cozinha. Julieta observou com espanto o shinobi caminhar calmo até próximo a mesa, tirando do cesto uma maçã. Ele abaixou um pouco, por trás e ficando com a boca na altura do ouvido de Saga.

—Lembro-me de todas as vezes que me pegava imaginando chupar aqueles ossinhos. – sorriu, mordendo a maçã e se afastando.

— Bom dia para você também, Cheshire. – respondeu Saga sem se alterar, mordendo um croissant de queijo branco com orégano e dando a Kyoko também.

O gato rodeou a mesa, passando por Julieta com aquele olhar malicioso, maldoso, fazendo a senhora se arrepiar até o último fio de cabelo. Agora, ele já não mais ostentava o kimono elegantíssimo de quando encontrou Saga e sim usava uma roupa comum; uma bermuda comprida até o meio das canelas, camisa preta e tênis estilo all star. Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo baixo, deixando a parte cortada por Saga balançar junto com a franja. Mas mesmo estando tão descolado, ele ainda sim metia medo. Aquele olhar e aquele sorriso enorme, unido a voz grave e de tom malicioso; sarcástico, deixava qualquer um incomodado.

Ohayou, Hime-sama! – ele sorriu para Kyoko, se curvando ao lado dela para ver seu rosto mais de perto. Ela devolveu respondendo.

— Você já avisou os outros que trouxe a Kyoko de volta? – indagou Saga bebericando seu café. Cheshire o mirou por baixo das sobrancelhas.  

— Sim! Eles logo chegarão.

Saga suspirou impaciente. Tinha que admitir; aquela aparência de Cheshire não lhe agradava principalmente quando ele se aproximava de Kyoko. Era como ver Hiroaki e Kyoko interagindo amigavelmente e o mais interessante era que para a raposa aquele fato parecia não lhe incomodar em nada. Kyoko não demonstrava incomodo e agia como se nada tivesse acontecido. Tudo bem que ela reconhecia Cheshire mais pelo cheiro do que pela aparência em si, mas mesmo assim Saga não gostava daquilo. Sim! Estava com ciúmes. Havia matado Hiroaki e agora, ele parecia ter voltado do inferno e conseguido o que queria, reencarnando no shinobi mais próximo de Kyoko e acabando mais ainda com o sossego do geminiano.  

— Já está pronto para me dizer o motivo dessa aparência irritante? – Saga perguntou. O tom de ordem na voz não intimidou o outro.

— E desde quando lhe devo satisfações? – rebateu Cheshire, sarcástico.

— Desde o momento que você pretende ficar dentro da minha casa. Eu não quero você perambulando pela minha casa e muito menos grudado na Kyoko usando essa...aparência.

Kyoko olhou de um para o outro. Cheshire não parecia se importar nem um pouco com o tom de ameaça na voz de Saga, mas ela conhecia seu shinobi muito bem e sabia o quanto aquela situação era difícil para ele e estava deixando-o irritado. Ter de ouvir toda hora e saber que seria ainda mais odiado por todos por se parecer com Hiroaki causava sentimentos desesperadores em Cheshire. Saga estava visivelmente inconformado e não parecia que cederia mesmo sabendo que aquele não era Hiroaki de verdade, mas o que realmente apavorava o neko era que Kyoko fosse influenciada por ele.

— Ora, ora! Parece que alguém está com ciúmes. – provocou.

—Ei! Parem, okay?! – fez uma pausa olhando de um para o outro. Saga fechou a cara ainda mais e Cheshire também ficou sério. — Não quero que briguem. Nenhum de vocês.

—Eu não fiz nada, foi ele quem começou. – reclamou o shinobi, dando de ombros.

— Saga...

— Olha aqui, Kyoko. Eu sei o quanto você confia nesse filho da mãe, mas...ele sumiu com você por dois dias. Eu procurei você em tudo quanto foi lugar...

— Nem todos. – interrompeu o neko sorrindo de lado.

— Ahhh cala a boca! – rosnou Saga. — Ele sumiu com você e quando volta você está com as memórias restauradas. Uma observação: Eu não estou reclamando disso. Mas ao mesmo tempo ele adquiriu a aparência de Hiroaki e parece estar gostando disso ou fazendo para me provocar. Será que ele não se toca o quanto isso faz mal a mim? A você?!  

Cheshire crispou o cenho e suas pupilas afinaram, os dentes cerrados emitiu um rangido por conta da força e, pela primeira vez, ele perdeu a paciência, disparando um soco na mesa e quase rachando a mesma em duas. Kyoko se afastou, assustada e Saga ficou verdadeiramente surpreso.

— NÃO FALA O QUE VOCÊ NÃO SABE SEU...MERDINHA! DEVERIA PARAR DE VOMITAR AS FEZES QUE NORMALMENTE SAIRIAM DE SEU ANUS!!!

O shinobi ficou de pé e saiu andando sem olhar para trás. Saga ficou imóvel, mas entendeu muito bem o que estava acontecendo ali. Por mais irônico e maluco que ele pudesse ser, Cheshire estava se odiando tanto quanto qualquer um que olhasse para ele e o fato de Kyoko não ter cortado as palavras de Saga, sabendo como ele se sentia agravou a situação. Ele nunca havia perdido o controle de suas emoções, mas agora as coisas saiam de seu controle.

Ele entrou como um furacão na primeira porta que encontrou e este era o quarto de hóspedes. Transtornado ele caminhou, bufando, de um lado para outro, afundando as unhas na palma de sua mão para tentar não fazer o que sua consciência dizia que já deveria ter feito assim que passou a existir. Tentava conter as lágrimas, mas simplesmente não conseguia. Ele sabia que tinha feito a coisa certa, o melhor por Kyoko, mas o preço foi alto demais. Será que seu maldito progenitor estava certo? Seu irmão e todos os outros?

Transtornado, Cheshire enfiou as mãos ensanguentadas nos cabelos, balançando a cabeça de um lado para o outro. Puxando os fios com força como se assim pudesse arrancar aquela aparência. Gemeu alto, quase gritando quando um tufo grande fora arrancado de sua nuca. A raiz manchada de sangue. O mesmo sangue que escorria e sujava sua pele pálida.  

“Acha...que elaaa...continuará a...a...ma-lo desse...jeeei...to? Você...não é...nada!”

— Não! Não, não, não...eu não sou ele. Não sou!

“Você é só...uma...sombraaa. Nunca será amaaa...do, nem por ela...e nem por...ninguém.”

— Ahhhhhh...- gemeu desesperado, fechando os olhos. A voz fraca sussurrando em sua mente.  

“Vai...carregar a imagem...de...le para o...resto de. seus...diaaaas. Esse é...o preço...por sua...tra...ição. Essa...é...a...sua...maldi...ção”

Cheshire abriu os olhos num rompante, dando de cara com seu reflexo num espelho grande. Se surpreendeu com a própria fisionomia: os olhos vermelhos e molhados, o nariz inchado e os cabelos bagunçados. Aquele não era ele. Não podia ser. O que havia feito para ter que passar por tudo aquilo? Ele havia feito a coisa certa, não tinha? Será que era tão desprezível assim? E Kyoko? Até quando ela suportaria olhar para alguém que lhe causou todas as suas desgraças?

Ele voltou os olhos ao redor e abrindo todas as gavetas encontrou o que queria: Uma tesoura. Fungou como uma criança, secando as lágrimas de qualquer maneira, voltando para frente do espelho segurou uma mecha farta de seu enorme cabelo. Não! Aquele cabelo não era o seu. Aquele rosto desprezível. Precisava fazer alguma coisa antes que Kyoko o odiasse assim como odiava aquele que o rosto vestia. E quando ele se preparou levou um susto com a mão forte segurando seu pulso. Olhou assustado dando de cara com a feição calma e bondosa de Saga.

Cheshire ficou pasmo, empurrando a saliva a seco. Desde quando ele estava ali? E como não percebeu sua presença? Suas bochechas queimaram de vergonha e raiva por ter deixado Saga o ver naquela situação humilhante.

—Eu dei a você o que queria. O...que mais você quer? Me deixar pior? – gruiu desviando o rosto, fechando os olhos.

Saga não disse nada. Pegou a tesoura da mão dele com calma. E com mais calma ainda o puxou até uma poltrona e o colocando ali. Cheshire não ofereceu resistência, indo com ele e olhando espantado. Não sabia o que dizer e muito menos como agir. Ter Saga ali era a última coisa que imaginou, muito menos agindo tão compreensivo.

— Eu sei como você se sente. Se olhar no espelho e desejar morrer. Abominar sua própria existência. Desejar nunca haver nascido. – fez uma pausa. —Eu sinto muito.

Cheshire até que tentou, mas não conseguiu. A força da frustração, raiva e angústia foram tão intensas que transbordaram por seus olhos, ali mesmo, na frente de Saga. Nunca tinha se sentindo tão horrível em toda sua vida. Sozinho. Odiado. Saga tinha razão: Abominava sua própria existência.

E pela solidão e tristeza ele se entregou, inclinando a cabeça para frente, encostando no abdômen de Saga, cravando as unhas na camisa dele em busca de apoio como um filho faria com um pai.

Da fresta da porta a raposa branca observava a cena. Sentiu ainda mais pena de Cheshire. Sabia e sempre soube o quanto ele odiava ser o que era e agora por ter adquirido a aparência de quem mais odiava, ele estava ainda pior. Seu coração apertava no peito. Seus shinobis não serviam só para lhe proteger e sim eram seus amigos. Sua família. Amava cada um deles e faria o que pudesse para protege-los mesmo que devesse se o contrário. Cheshire não merecia sofrer daquele jeito. Estava na hora de resolver aquela situação.

 

Continua...


Notas Finais


Ai gente, tadinho do Cheshire. Me deu pena dele.
Obrigada a todos que leram. Se possível, deixem aí nos comentários o que vcs gostaram.
Bjs!!! >.<


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