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História Uma estranha no ninho - Vol. II - Necessidades Obscuras.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá caros leitores, tudo bom? Espero que sim. Então, como eu havia dito nos capítulos anteriores, estou tentando adiantar o máximo possível a fic por motivos de mudança. Eu to saindo do Rio de Janeiro para Natal!! Então, já viu né?! Minha vida tá uma loucura!!! O tempo que tenho escrevo no celular.
Espero que gostem. Ah! No meio da fic tem uma música e aconselho que ousam a mesma enquanto leem para dar um ar mais...sádico, ainda mais para quem será.
Perdoem os erros e boa leitura.
OBS: A arte da capa é de minha autoria.

Capítulo 13 - Necessidades Obscuras.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - Necessidades Obscuras.

Saga ficou imóvel.

Era melhor assim. No fundo sentiu-se mal pelo estado de Cheshire. Independe da aparência ele ainda era o fiel shinobi de Kyoko e que quase havia morrido para ajudá-lo na luta contra Hiroaki.

Ele havia lhe dito que “coisas tinham acontecido” e que sua “nova aparência” era algo que o Gêmeo mais velho teria de lidar. No fundo, sua raiva maior daquela situação era mais por ciúmes do que por achar que o nekko só queria inferniza-lo. Não era inocente. Sabia muito bem que ter a aparência de alguém odiável não era fácil, mas o que Saga não imaginou era o quanto o outro se sentia miserável, e isso o perturbou tanto que seu estômago se revirou em culpa. Ele melhor que ninguém sabia da dor de ter como maior inimigo a si próprio.

Cheshire chorava forte, convulsionando, agarrado a blusa de Saga com o rosto enterrado no abdômen dele. Sentia-se a pior das criaturas ainda mais por ser o geminiano o único consolo naquele momento.

Por que Kyoko não havia aparecido? Será que fora ela a enviar Saga? E se ela não tivesse ido até ali por não querer lidar com sua nova aparência?

Eram tantas perguntas, tantas dúvidas que o youkai nem percebeu que a raposa estava presente, mas tão magnificamente escondida que nem ele a via. Na verdade, nem Saga sabia que Kyoko também estava ali.

Depois de longos minutos, Saga sentiu ele se acalmar, virando o rosto de lado, de olhos fechados, mas sem soltá-lo. Os suspiros cansados pelo choro convulso davam a Cheshire um ar inocente e digno compaixão. E por ser consumido por esse sentimento (que por sinal tinha e muito) ele levou a mão aos cabelos dele, tocando com carinho. O Shinobi abriu os olhos e, devagar, seguiu ao rosto de Saga. Este sorriu afetuoso fazendo Cheshire ruborizar ainda mais.

— Se sente melhor agora? – perguntou Saga vendo ele reclinar-se na poltrona.

Cheshire fungou, passando as costas das mãos no rosto, secando as lágrimas. Sentia os olhos inchados e ardidos, assim como o nariz entupido e a boca seca. Em resposta ele acenou que sim, respirando fundo a fim de recuperar o ar sarcástico.

Sorriu de lado, sem deixar de mirar o cavaleiro de Gêmeos.

—Foi ela quem mandou você vir aqui?

Saga respirou fundo sentando na beira da cama.

— Não! Eu vim porque quis.

—Hãn! Sei...- desdenhou o Nekko.

— Você sabe que eu não sou seu inimigo e eu sei muito bem que apesar desse seu jeito...você também não é meu inimigo. – Saga falou, calmo.

— Uall! Quanta convicção! Eu não teria tanta certeza se fosse você. – zombou, olhando uma lágrima na ponta do dedo.

— Ah, mas eu tenho por dois fatores muito simples... 

Saga ficou de pé, se aproximando. Pegou no pulso dele, fazendo-o se levantar e sentar em uma cadeira de frente ao espelho. Cheshire fez uma cara de inocente, não entendendo o ato até sentir os dedos de Saga em seus longos cabelos e começar devagar a cortar mecha por mecha.

—...o primeiro fator é pela Kyoko e segundo porque se você me quisesse morto teria aproveitado enquanto eu estava desmaiado e enfraquecido.

Cheshire estreitou os olhos. Maldito seja aquele humano! Como é que ele podia ser tão inteligente? Ele era só um humano e pelo que havia percebido os cães eram mais inteligentes, não?!

—Ahhh, você é um saco, Saga. Mas admito! Não quero que você morra. Hime-sama...ela...iria chorar. E eu...não gosto de vê-la triste. – confessou cabisbaixo. Saga sorriu compassivo, bagunçando o cabelo dele como Kyoko fazia com o seu quando moleque.

— E então, pronto pra me contar como conseguiu essa façanha?

O nekko bufou rendido, apesar de saber que precisava contar a ele deixar o grande cavaleiro de Gêmeos de cabelo em pé era muito divertido. A cara emburrada dele lhe arrancava muitas gargalhadas. Não queria ter de dizer agora mais por estar amando fazer Saga de idiota do que estar realmente escondendo algo.

E depois de um suspiro, Cheshire então começou a narrar:

 

“Após arrancar a cabeça de Hiroaki com as próprias mãos, Saga berrou como um guerreiro espartano, gastando o resto do fôlego que ainda o mantinha de pé. Sob o olhar perplexo e amedrontado de Naomi, ele foi ao chão: Primeiro de joelhos e depois o corpo inteiro desabou. A youkai levou alguns segundos para recobrar o autocontrole, despertando ao sentir a mão de Yamoto em seu braço. Ele mal se aguentava de pé, mas sabia que precisava resistir por Kyoko e agora por um frágil Saga.

— Você...está bem? – indagou a médica.

— Sim! Ookami já está vindo com alguns guardas.

—Ótimo! Fica com a Kyoko. Eu preciso ver o Saga e Cheshire.

Yamoto acenou positivo, caindo sentado ao lado da kitsune. Naomi correu até Cheshire primeiro, pois o mesmo estava mais perto. Ele gemia de dor, com a mão na ferida a fim de estancar ou pelo menos aliviar o sangramento.

— Você vai ficar bem.

Disse Naomi fazendo os primeiros socorros.

Saiu correndo, tropeçando e quase caindo ao alcançar Saga. Ele estava de bruços e uma poça de sangue se mesclava ao barro vermelho. Naomi estremeceu ao constatar só de olhar o quão crítico era o estado dele. Vários cortes profundos quase lhe dava a visão do osso, a armadura estava em pedaços e cobria somente as pernas e um dos braços dele. Nas costas havia um corte tão fundo que Naomi quase não teve coragem de tocar. O sague vazava e ela já se questionava se tinha ou não condições de salvar Saga. Hiroaki havia sido derrotado, mas não deixou por menos.

—Meu...deus! Saga...- balbuciou ao vira-lo de barriga para cima.

O rosto estava desfigurado. O osso abaixo do olho esmagado, a boca sangrava muito, igualmente a testa e o nariz também quebrado. Saga estava irreconhecível.

—Puta merda!

Naomi levou um susto. Virou rápido na direção da voz e viu Ookami. Suspirou aliviada. Pelo menos alguém havia chegado rápido. Já estava preocupada. Como faria para carregar Saga? Só o fato de mover o corpo dele um pouco foi um sacrifício.

—Ele tá morto? – completou Ookami, perplexo com o estado de Saga.

— Não! Ainda não. Mas temos de tira-lo daqui o mais rápido possível.

Ookami acenou positivo, mas antes que pudesse tomar o corpo de Saga nos braços o Zíper do Makai oscilou abrindo mais. Um som monstruoso quase como um arroto altíssimo, deixou os dois em choque. O lobo ficou de pé, puxando a espada e se posicionando. Agora, não era só Kyoko que devia proteger.

Mas para a surpresa de ambos o que veio dele foi nada mais, nada menos que Dohko de Libra. Ele estava de armadura e usando o último colar deixado por Naomi nas mãos de Shion. Com uma brecha tão grande não foi difícil seguir o cosmo estrondoso de Saga.

Naomi sorriu. Graças a deus que havia deixado aquele item com o Grande mestre.

— Ahhh...ahhhh...graças aos deuses! – ela sorriu, chorando de alegria.

Dohko olhou ao redor e correu logo na direção de Saga e sem dizer muita coisa saiu com Ookami e Naomi de volta ao que restara da Mansão de Yamoto.

Com cuidado Ookami depositou Saga em uma cama enquanto Dohko fazia o mesmo com Kyoko, mas em outra cama.

— Pelos deuses! Ele está muito mal. – falou Dohko.

—Sim, muito. Não só ele. Camus, Afrodite e Mu também estão. – Naomi respondeu. – Eles estão muito, muito fracos. Eu fiz o máximo que pude, mas...o ar do Makai não deixa eles se recuperarem da mesma forma que fariam no mundo de vocês.

— Eles precisam voltar para o Santuário, agora! – falou Dohko, mais ordenando do que pedindo.

—Não dá pra atravessar. Os colares se foram e se você não percebeu a Kyoko, e o Saga estão apagados! Só um deles dois poderia usar uma das partes da Adamantine. – Águia falou.

—Onde estão as pedras? – perguntou Dohko.

— Estão comigo. – respondeu Yamoto, mostrando um saquinho de pano improvisado de seu próprio kimono.

Dohko então sorriu, se aproximando, pegando o saquinho e abrindo. As quatro partes da pedra estavam intactas e isso era ótimo. Ele e Shion temeram e muito que elas se perdessem no meio da batalha, pois o plano era justamente esse: Mandar o cavaleiro mais experiente e que pudesse alimentar pelo menos uma parte da pedra, e assim trazer os outros de volta. E ninguém melhor que o Cavaleiro de Libra para fazer uma proeza daquelas.

Ele não perguntou e muito menos pediu permissão, pegando uma das pedras e acendendo seu cosmo. A pedra brilhou, pulsando, sedenta pela energia que saía do corpo de Dohko. Ele não a deteve, deixando a mesma entrar pela palma da mão e seguir, rasgando, seu braço até o peito. Os shinobis ficaram em choque, principalmente pelo berro de dor que Dohko emitiu, mas mais em choque ainda ficaram quando ele acendeu seu cosmo mais forte ainda, resistindo com garra, dando a Adamantine o que ela queria e se unindo a ela como se fosse a coisa mais fácil do mundo.

— Uall...isso...isso é...incrível! – ele sorriu impressionado.

E sem dar tempo de a perplexidade dos presentes passar, o cavaleiro de libra retornou para eles. Sua armadura oscilava cheia de vida.

—Não temos muito tempo. Você grandão pegue o Saga e você a Kyoko. Nós precisamos retornar ao Santuário.

—O quê?! Não!  – falou Águia se aproximando.

— Como não? O tempo está passando. Precisamos ir o mais rápido possível! – rebateu Dohko sacando a espada de libra.

— Kyoko não tem de ir a lugar nenhum. Naomi pode cuidar dela. O lugar dela é aqui e não no mundo de vocês. – Cheshire se pronunciou. Não gostou nada daquela ideia de Dohko.

—Hãn! Olha garoto, eu sei que você não gosta de nós, na verdade, nenhum de vocês, mas...olha pra ela. Olha pra vocês. Vocês acreditam mesmo que aqui ela vai estar segura? Que se tentarem matá-la vocês poderão fazer alguma coisa? Você está sem um braço e o ruivo mal fica de pé, o lobo também não está nas melhores condições.

— Estamos aqui para morrer por ela! – gruiu Ookami, se aproximando.

— Gente calma! – Naomi se aproximou, entrando no meio. — Vamos pensar, okay?! Eu não quero que pensem que estou do lado dele, mas... vamos concordar que ele tem razão. A Kyoko é um Kage e o Saga, agora, é o Lorde dos Kage. Vocês sabem o que isso significa. O Makai inteiro já sabe que Hiroaki está morto e que com certeza os dois estão fragilizados. Fracos.

— E não haverá melhor hora para tomar o lugar deles ou até mesmo para aqueles que querem já vingar a morte de Hiroaki. – completou Dohko. Os quatro se entreolharam. —Olha, vamos leva-la. Os cavaleiros de ouro iram protegê-la enquanto todos se recuperam. Quando ela acordar decidirá onde quer ficar. Ninguém impedirá, nem mesmo o Saga.

—Eu duvido muito que ele vá aceitar isso, ainda mais agora. – rosnou Ookami.

—Eu não gosto da ideia de voltar com a Kyoko para o mundo de vocês, mas também admito que aqui não é seguro. Acredito que lá será um bom lugar para se esconder. – Yamoto falou, gruindo um pouco de dor.

— Chikushou! – rosnou Cheshire.

Dohko não disse mais nada. Sabia que estava certo e que Kyoko, e principalmente Saga estariam muito, mas muito mais protegidos no santuário do que ali. Agora, não era mais uma questão de querer ou não e sim da sobrevivência de ambos.

Sem mais Libra usou seu cosmo, unindo tudo a espada e fazendo um corte no espaço, abrindo uma fenda direto para o Santuário. Do outro lado, Shion usava a Muralha de Cristal para impedir que o ar saísse.

Máscara da Morte e Shura correram até Águia, tomando Afrodite dos braços dele. Eles jamais admitiriam, mas estavam muitíssimos preocupados com o amigo. Afrodite havia prometido que seria ele a matar Suzuki para vingar os amigos.

— Eu consegui. – balbuciou peixes, abrindo os olhos só um pouco.

— Ora, vê se fica de boca fechada, maledetto! – retrucou Mask.

Peixes então sorriu, erguendo um pouco a mão. Shura se aproximou mais, pegando o que ele queria entregar e isto nada mais era do que o olho de madeira de Suzuki como prova da morte e vingança pelos amigos.

— Saga!

Gritou Kanon, passando por Aldebaran e Aiolia, pegando o corpo ferido de Saga nos braços como se fosse seu bem mais precioso.

Depois daquele dia Cheshire observava cada mísero arfar de Saga e Kyoko. Das sombras ele monitorava, guardava e pensava em tudo que havia acontecido. No quanto Kyoko estava frágil e, por incrível que aquilo pudesse parecer, em como Saga também estava vulnerável. Lembrava-se o tempo inteiro das palavras de Naomi. Os inimigos que desejavam tomar o lugar de Kyoko e de Hiroaki passariam a caçar o cavaleiro de Gêmeos. Não que se importasse com Saga, mas o quanto se importava era pelo sofrimento que a raposa teria se caso acontecesse algo a ele. E era pensando mais ainda nisso que um fato e uma única pessoa não saia de sua mente. Saga havia lutado bravamente, mas no estado em que estava jamais conseguiria tomar seu lugar de direito e muito menos trazer as memórias de Kyoko de volta. Sabia muito bem que quando o geminiano descobrisse o que tinha de fazer para reverter aquela situação ele jamais mediria esforços mesmo estando muito enfraquecido. A segurança de Kyoko dependia também do retorno de suas memórias. Saga se sacrificaria para trazer as memórias de Kyoko de volta. Se ele morresse Kyoko não suportaria de tanta tristeza.

E foi então, quando Saga finalmente, depois de 4 dias, despertou, Cheshire enfim tomou sua decisão...

 

Makai, Reino do Norte.

 

— Kuso! (Porra!) Está chovendo muito! Até os céus não aceitam que Ouji-sama foi derrotado! Traído por aquela raposa! – rosnou um dos sentinelas. Estava noite e chovia muito. — Malditos humanos!

O sentinela apertou os olhos tentando ver além dos portões, mas com a chuva forte mal enxergava um palmo a frente dos olhos. Aquilo era horrível. Aquilo o irritava. O que seria do Reino do Norte sem Hiroaki para governar? Era possível que as coisas mudariam tão drasticamente? Youkais governados por um humano? Não! Era inadmissível! Eles precisavam se organizar e rápido antes que o humano recobrasse a força e viesse tomar o que “julgava” ser seu de direito.

Olhou ao redor e no engawa da entrada do palácio um outro sentinela estava parado, de costas.

— Onodera! – berrou, mas um trovão violento abafou sua voz.

O sentinela chamou outra vez, mas sem resposta e paciência foi até o outro. Estava escuro e os trovões e a ventania deixavam tudo ainda mais sinistro. Não sabia explicar, mas estava com medo. Um medo interno, que escondia em baixo de uma máscara de péssimo autocontrole e desprezo pelo que parecia não o ouvir. Medo de algo que não via, mas que o via muito bem...

...das sombras.

—Onodera! Porra! Estou falando com você.

Como uma bola macabra a cabeça do outro se soltou devido ao puxão forte que seu companheiro deu em seu ombro, rolando no chão molhado de madeira. O sentinela demorou alguns segundos para processar aquela visão horrenda, mas infelizmente demorou demais. Um trovão pareceu rachar o céu ao meio, abafando o grito mais pelo susto do que de dor devido a lâmina que atravessou o meio de sua testa, abrindo um caminho para os miolos se esparramarem pelo chão diante de seu próprio olhar gélido. O assassino sorriu satisfeito, passando por cima dos corpos, deixando um rastro de sangue enquanto caminhava calmamente até a entrada majestosa do palácio do Norte.

Cheshire observou o portal e todos os detalhes. Hiroaki tinha muito bom gosto, isso era inegável. Sorriu mais. Aquele seu sorriso diabólico, sedento por sangue. Sedento por vingança.

Ahhh...o que ele não fazia por sua Hime-sama.

De um pequeno bolso ele retirou um pequeno MP4, pondo os fones vermelhos, sem fio no ouvido, logo ligando o aparelhinho. Sorriu enquanto dedilhava a tela. Milo não iria se importar de ter pego seu radinho emprestado sem permissão, é claro. Ele tinha bom gosto para músicas e havia uma em especial que...Ah! Lá estava: Red Hot Chili Peppers - Dark Necessities.

Sorriu mais. Fechando os olhos ele respirou fundo, sentindo o embalo da guitarra inicial fluir em suas veias uma sede de sangue e adrenalina absurda, despertando como ninguém o pior de Cheshire.

 Aquilo ia ser divertido.

O shinobi começou a dançar, no ritmo da música ele ia saltitando. Girou as espadas e num golpe decepou a cabeça do guarda distraído. Logo outro se deu conta do que acontecia, mas não demorou um segundo para cair morto por cima do amigo. Cheshire sorriu. O rosto sujo de sangue intensificava sua psicopatia. Um grupo de sentinelas ouviu os gritos e correu entendedo o que estava acontecendo. Era uma invasão.

 

Coming out to the light of day

We got many moons than a deeper place

So I keep an eye on the shadow's smile

To see what it has to say

You and I both know

Everything must go away

Ah, what do you say?

(Saindo em plena luz do dia

Temos muitas luas do que um lugar profundo

Fico de olho no sorriso da sombra

Para ver o que tem a dizer

Você e eu sabemos

Tudo deve ir embora

O que você diz?)

 

 

Spinning off, head is on my heart

It's like a bit of light and a touch of dark

You got sneak attacked from the zodiac

But I see your eyes spark

Keep the breeze and go

Blow by blow and go away

Oh, what do you say?

(Girando, a cabeça no meu coração

É como um pouco de luz em um toque de escuridão

Você ataca sorrateiramente do zodíaco

Mas vejo sua chama acender

Engula a brisa e vá

Tintim por tintim e vá embora

O que você diz?)

 

Um grupo enorme pareceu surgir de todas as portas possíveis. Cheshire deu dois pulos, girando no ar ele matou dois sentinelas de uma vez. Outros vieram logo; ele correu, pulando pelas paredes, acertava um por um, transformando-se em fumaça, mudando de posição, arrancando braços, pernas e cabeças em um banho de sangue quente que o sujava dos pés à cabeça, lavando sua alma.

 

Yeah, you don't know my mind

You don't know my kind

Dark necessities are part of my design

Tell the world that I'm falling from the sky

Dark necessities are part of my design

(É, você não conhece a minha cabeça

Você não conhece o meu tipo

As necessidades obscuras são parte do meu projeto

Diga ao mundo que eu estou caindo do céu

As necessidades obscuras são parte do meu projeto)

 

No corredor ele moveu os ombros no ritmo da música, gingando de um lado para o outro, desviando dos golpes quando vários youkais vieram em sua direção, atacando na tentativa inútil de acerta-lo. Cheshire era rápido demais. Era o mais rápido dos 4 e isso dificultava e muito qualquer um de lhe acertar. Com movimentos aleatórios as wakizashis pareciam baquetas, descendo com força no instrumento imaginário que os corpos de seus adversários se transformavam em sua mente psicodélica. Ele não tinha pena, não tinha dó, não tinha nada além de prazer e diversão. O calor do sangue e a sensação das lâminas na carne o excitavam quase sexualmente.

 

Stumble down to the parking lot

You got no time for the afterthought

They're like ice cream for an astronaut

Well that's me looking for weed

Turn the corner and

Find the world and show command

Playing the hand

(Tropeço até o estacionamento

Você não tem tempo para reflexões

São como um sorvete para um astronauta

Esse sou eu procurando por maconha

Vire a esquina e

Encontre o mundo à seu comando

Tocando a mão)

 

 

E quando o último sentinela daquele grupo caiu, ele continuou. Dançando, cantando, matando. Não queria e não iria deixar nenhum deles vivo. Havia ido ali para isso e era por isso que faria aquilo. Ele sorriu maligno, desviando de uma katana sedenta por seu pescoço, abaixando e sumindo; explodindo numa fumaça negra e reaparecendo num salto; cravando as espadas na coluna do adversário e expondo a espinha a seu bel prazer sem dar nenhuma chance de defesa ou contra-ataque.

 

Yeah, you don't know my mind

You don't know my kind

Dark necessities are part of my design

Tell the world that I'm falling from the sky

Dark necessities are part of my design

(É, você não conhece a minha cabeça

Você não conhece o meu tipo

As necessidades obscuras são parte do meu projeto

Diga ao mundo que eu estou caindo do céu

As necessidades obscuras são parte do meu projeto)

 

 

O outro sentinela não conseguiu se mover nem mesmo para fugir. Sabia que precisava mata-lo, mas não conseguia. Seu medo era maior. Irracional. Cheshire mordeu os lábios, virando o rosto respingado de sangue na direção do medroso, a fisionomia macabra intensificada pelas mãos banhadas em sangue. E do nada a música intensificou seu jeito psicopata.

 

Do you want this love of mine?

The darkness helps to sort the shine

Do you want it, do you want it now?

Do you want it overtime?

The darkness helps to sort the shine

Do you want it, do you want it now?

(Você quer o meu amor?

Mas a escuridão nos ajuda a brilhar

Você quer, você quer agora?

Você quer o tempo todo?

Mas a escuridão nos ajuda a brilhar

Você quer, você quer agora?)

 

Dançando, movendo os ombros e as mãos no ritmo da melodia deixava o adversário ainda mais aterrorizado. Deu um passo para lá e outro para cá, pulando um, dois, três cadáveres e num movimento repentino arremessou sua espada como uma lança na testa do sentinela. Quando ele caiu era o último dos cinquentas youkais que faziam a guarda do casarão.

 

Pick you up like a paperback

With the track record of a maniac

So I'm moving in and we unpack

It's the same as yesterday

Honey where we roll

Everything must go away

Ah, what do you say?

(Pego você como um livro de bolso

com um histórico de um maníaco

Então estou me mudando e a gente desfaz as malas

Igual a ontem

Querida, onde rolaremos

Tudo deve ir embora

O que você diz?)

 

Olhou a frente e lá estava. O corredor enorme de acesso ao porão onde o cão de Hiroaki ficava.

 

— É ele. Vá! – ordenou o velho

 

E antes do guarda dar por si o Shinobi de Kyoko invadiu a sala em uma fumaça negra, rodeando o outro, atacando com tudo. O velho se afastou, pois sabia muito bem do que ele era capaz. Cheshire rodopiou no ar em uma velocidade incrível, caindo como um gato no chão. O adversário o olhou nos olhos e correu, pulando em sua direção. Cheshire sorriu, segurando a espada e num contragolpe arrancou o braço direito do adversário. O velho se assustou com o berro dado por seu último guardião. O sorriso do Nekko era arrepiante...

 

Yeah, you don't know my mind

You don't know my kind

Dark necessities are part of my design

Tell the world that I'm falling from the sky

Dark necessities are part of my design

(É, você não conhece a minha cabeça

Você não conhece o meu tipo

As necessidades obscuras são parte do meu projeto

Diga ao mundo que eu estou caindo do céu

As necessidades obscuras são parte do meu projeto)

 

Mas nada mais arrepiante e grotesco do que ver Cheshire simular a última parte da música onde o solo da guitarra o fazia quase alucinar, de olhos fechados e usando o braço arrancado do outro como o instrumento ele dançava, se movendo no ritmo da música, sem vergonha, como se fosse a coisa mais normal e divertida do mundo. O shinobi sangrava muito, mas mesmo assim se arrastava, tentando se afastar e alcançar sua espada. Cheshire continuou com a performance, ignorando o outro. Este quando ficou de pé, correu como pôde, mas a sombra de Kyoko fora mortal, violenta. Acertando o rosto do último shinobi de Hiroaki que ainda vivia com o próprio braço. A força da pancada fora tanta que o pescoço do outro quebrou na hora.  

 

Cheshire abriu os braços, jogando o pedaço do corpo do outro longe, sorrindo, fechando os olhos e terminando de cantar a música que embalou sua chacina.

— Ah-ah-ah…Ah-ah…Ah-ah-ah…Ah-ah. – fez uma pausa. — Olá, papai!

— Cheee...shire.

— Olha só, as coisas não mudam mesmo por aqui. Você continua no mesmo...buraco imundo, fedido, frio e escuro onde Hiroaki o colocou. É mesmo um verme.  

O Ventríloquo nada disse. Somente seguiu o Nekko com o buraco onde deveria haver seus olhos, vendo-o caminhando devagar até uma mesa, pegando uma tesoura e depois um bisturi e analisando.

— Você nos...traiiiiuu. – gemeu rouco.

— Eu? – riu. —Não me lembro de ter sido a vocês a quem devia...lealdade. Até porque fora para Kyoko-sama quem você tirou todo o amor e lealdade que Hiroaki sentia por ela, dando a mim e o transformando no monstro que ele era. – gruiu mudando a feição.

— Alguém...tinha de fazer...alguuuma coisaaaa. – respondeu o velho, estremecendo ao se esforçar para falar mais alto.

— É claro! E tinha de ser você. – caminhou mais.

— Você matou...Suuu...zuki. Matou seu própriiiio irmããão.  – gruiu o velho se contorcendo.

—Ele não era meu irmão e ahhh não, papai, eu não o matei, mas...confesso que gostaria muito de ter arrancado aqueles olhos falsos dele. – sorriu maligno, apertando o cabo da pequena espada.

— Você...ajudoooou o humaaaanooo. Você é...uma...aberração. Um...eeeerro.

— Ahhh não...Papai...não faço isso por ele. Faço só por ela. – zombou, olhando para o Ventríloquo por baixo das sobrancelhas. Seus olhos mudando, assim como seu rosto. As veias se intensificando sob a pele branca. — O erro aqui...É VOCÊ!!!!

Cheshire fora tomado por uma energia gigantesca, rodeando seu corpo e empurrando tudo ao redor. O velho estremeceu. Sabia muito bem o resultado daquilo e sabia muito bem quem Cheshire era. Enfrentá-lo era como quase encarar o próprio Hiroaki.

Cheshire pulou rápido, segurando a espada. O velho reagiu mais rápido ainda, carregando na palma da mão uma corrente elétrica arroxeada gigantesca, lançando e acertando o shinobi em cheio. Cheshire voou, batendo nas incubadoras, mas logo ficando de pé, voltando a atacar. Sabia que o Ventríloquo não o deixaria chegar perto. Ele era velho e muito lento na luta corpo a corpo, mas o maior problema seria chegar perto dele, pois a energia gigantesca dele era o que o tornava quase imortal, explodindo o teto e levando um pedaço do casarão.

Cheshire sentiu o corpo ser empurrado com força, usou a espada para se proteger, sentindo os braços rangerem conforme forçava o corpo na direção do velho. Este usava tudo que tinha, descarregando todo seu poder. Não podia deixar que seu caçula chegasse mais perto ou perderia a luta. Não podia morrer sem antes completar seu plano: Destruir o Zíper.

 O Ventríloquo empurrou o golpe com tudo, fazendo Cheshire voar longe outra vez. Ele gemeu de dor. O corpo começando a sangrar e sofrer os efeitos da eletricidade, da magia poderosa que seu criador tinha. Era quase inacreditável o quanto aquela múmia seca tinha poder. Não era à toa que o consideravam imortal.  

Tinha que admitir, mesmo velho, seu pai era muito, muito poderoso. A energia mágica do Ventríloquo era absurda. Não fora atoa que ele conseguiu dar vida a Kyoko.

“Kyoko...Saga...”, pensou, lembrando dos dois na cama.

— Quando eu acabar com você, irei terminar o que Hiroaki começou. – gargalhou o velho. — Vou...matar a sua...amada Kyoko... e empalha-la como um ANIMAL QUE ELA É!!

— NÃOOOOO!!!!

Cheshire gritou furioso, desviando o golpe do outro com a espada, acertando a parte aberta do castelo. Os braços estavam trêmulos. Cansado. Havia enfrentado Hiroaki junto de Saga, mais de cinquenta sentinelas antes de chegar até ali. O corpo implorava por descanso. Fechou os olhos e respirou fundo. Não podia perder. Precisava vencer.

“Quem eu sou? O que eu sou? ”, refletiu de olhos fechados.  

— Você é Hiroaki! – respondeu o velho.

—Nunca!!!  

E então ele se encolheu, concentrando toda o poder que possuía. Todo o poder que herdara de seu algoz como nunca havia feito na vida. E quando seus olhos se abriram, o rosto envelhecido de seu pai estava frente a frente ao seu. O velho mal podia acreditar, nem ele sabia que sua criação tinha tanto poder. Não! Ele não era um fracasso. Era um sucesso. O segundo Hiroaki que pensou ter perdido.

A mão ressequida do velho tremeu, forçando contra o filho que forçava a espada contra sua outra mão e a energia que engolia tudo em volta. A disputa de força que levava ambos ao limite. O cabelo de Cheshire se ergueu e todo seu globo ocular se tornou negro, as veias saltadas também negras como uma droga que o deixava ainda mais poderoso. O Velho estremeceu, seu corpo era muito frágil e jamais aguentaria aquilo por muito tempo. Jamais imaginou que sucumbiria assim a alguém, mas agora, diante de sua maior criação, ele sabia que se existia alguém que podia derrota-lo, esse alguém havia sido criado pelas suas próprias mãos. E esse era Cheshire.

O Nekko gruiu usando tudo, tudo que tinha, pois ele não lutava por si, não se importava que sua mão estivesse quase queimada até os ossos ou que não sobrasse nada de seu corpo. Ele lutava por Kyoko e por Saga. Ele tinha de vencer.

Ele iria vencer.

Sentindo a derrota cada vez mais perto que a lâmina atravessava sua energia, o Ventríloquo concentrou outro poder na mão livre. Aquela era sua última cartada. Os dedos ressequidos tremeram, forçando naquela disputa até tocarem de leve o rosto de Cheshire e ele berrou, sentindo os efeitos da capacidade da manipulação que seu pai tinha por qualquer um que ele mesmo criara. Seu rosto mudando, assim como seus cabelos e seu corpo.

Fechou os olhos com força e num berro mais alto a espada atravessou o golpe junto a mão e o peito do velho até o coração. Tudo em volta parou e somente o sorriso do velho estava ali e o gruído de dor.

—Você é...Hiro...aki-sa...ma. – balbuciou caindo dos braços do filho.

Cheshire ficou paralisado, sentindo os efeitos do último golpe de seu progenitor. Cambaleando, se afastou e sem querer caindo de joelho de frente a um dos destroços das incubadoras, seu reflexo ali o fez tremer como nunca em sua vida.

Sim, ele estava dizendo a verdade. Agora era Hiroaki.  

— Não...- balbuciou tocando o próprio rosto.

Acha...que elaaa...continuará a...a...má-lo desse...jeeei...to? Você...não é...nada!

— O...o que você...fez comigo? – gruiu tremendo.

— Você é só...uma...sombra. Nunca será amaaa...do, nem por ela...e nem por...ninguém. Você...vai...carregar a imagem...de...le para o...resto de seus...diaaaas. Esse é...o preço...por sua...tra...ição. Essa...é...a...sua...mal..di...ção.

Cheshire gritou furioso, pulando de onde estava, caindo em cima do velho, socando o rosto dele com toda força, esmagando a face e depois o crânio inteiro com as próprias mãos até que suas energias se esgotassem. O sangue negro espirrando em seus braços e no rosto, gritando desesperado. E foi assim, até devagar ir parando, sem forças. A respiração ofegante e as lágrimas caindo sobre o corpo morto de seu progenitor. Cheshire gemeu condoído, se afastando como um menino até encostar num pedaço de ferro gelado. A chuva molhando seus cabelos longos, o corpo dolorido até a alma.

O que faria agora? Como retornaria para Kyoko com aquela aparência? E Saga? Ele jamais deixaria que ficasse perto de Kyoko com aquele rosto. E ela? Como Kyoko reagiria ao vê-lo? Será que seu maldito pai estava certo? Havia perdido a única pessoa que amava? O que faria agora? Diferente de Naomi, ele jamais poderia voltar ao normal. O golpe do Ventríloquo não tinha volta. Cheshire era uma criação direta dele e por isso ele manipulou sua imagem como um último golpe, o amaldiçoando para o resto de seus dias, o transformando no youkai que sua amada Kyoko mais odiava.

Cheshire se encolheu como um feto. Debaixo da chuva forte, sozinho, por horas e pela primeira vez na vida ele adormeceu. E quando acordou sentiu medo, sentiu frio. E mesmo com medo ele sabia que ainda não tinha terminado. As memórias de Kyoko estavam dentro das suas e para dar de volta a ela seu pai precisava morrer, pois era ele quem mantinha Shaka, Shion e qualquer um que fosse longe da mente de Kyoko.

Caminhou sem rumo, a mente em frenesi e quando deu por si já estava no santuário. Sorriu triste ao ver Kyoko sorrindo para Athena. E dentro dele, bem no meio daquelas covinhas fofas podia ver o olhar terno dela e a mão estendida em sua direção. Ela era o único lugar para onde ele sabia que podia voltar. Seu lar. Seu refúgio. Sua amada. ”   

 

Com a última mecha do cabelo de Cheshire nas mãos, Saga observava a feição triste dele sem expressar realmente o quanto havia ficado mexido com aquelas informações. Então, aquelas foram as tais “coisas” que teria que lidar. Cheshire havia se sacrificado daquela maneira para terminar o que Saga devia ter feito, mas ferido ele jamais conseguiria matar o servo mais poderoso e fiel de Hiroaki. E conhecendo a si mesmo iria morrer para cumprir com aquilo, mas sua morte era a maior dor que Kyoko poderia sentir e isso Cheshire jamais permitiria. Ele morreria para fazê-la sorrir.

E como quando era menino, Cheshire não havia só arrancado um mindinho para que Saga ficasse seguro, para proteger o amor dos dois. Ele havia se sacrificado inteiro. Sem volta.

Saga, então, sorriu para não chorar. Cortando a última mecha de cabelo e jogando no chão, bagunçando os cabelos dele de forma brincalhona. Cheshire resmungou, fazendo uma cara engraçada olhou emburrado para o sorriso de Saga.

—Ela jamais vai odiar você e eu...nunca pediria que se afastasse dela depois do que fez por nós. – fez uma pausa. — Seja bem-vindo!

Saga o puxou pelo pulso, obrigando o shinobi a ficar de pé e o abraçando com força, deixando Cheshire paralisado. Essa foi a última coisa que esperava vir de qualquer um que não fosse Kyoko.

Escondida, Kyoko fechou os olhos e uma lágrima de pérola refletiu ao cair no chão negro de Gêmeos.

 

Continua...


Notas Finais


E aí pessoas, o que vcs acharam? O Cheshire é ou não o shinobi mais fodelão de todos?!! Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...
Espero que vocês tenham gostado. Eu amo essa música e acho a cara dele. Quaisquer dúvidas podem me perguntar.
Bj grande e até!!


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