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História Uma estranha no ninho - Vol. II - Não vou deixar você ficar com elas.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá amados, tudo bom? Então, como prometido eu tentei não demorar muito com o novo capítulo. Quero agradecer a todos que não desistiram e estão me acompanhando nessa jornada. Espero que gostem e me perdoem pelos possíveis erros. Desde já agradeço.
Um beijo grande no kokoro e boa leitura.

Créditos de imagem:
Fonte: Pinterest.
Artista @_rennu_
As outras duas são de um (a) artista chinês, mas que também foram tiradas do Pinterest.

Capítulo 5 - Não vou deixar você ficar com elas.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - Não vou deixar você ficar com elas.

— Ahhhh...yokatta! (Que bom!) – ditou Ookami se espreguiçando diante da longa escadaria de Gêmeos. – Estou feliz por termos voltado. É tão difícil ficar longe dela. Depois de tudo que houve eu espero que Saga tenha cuidado dela como se deve enquanto estivemos fora.

—Tenho certeza que ele não cometerá o mesmo erro duas vezes, meu caro. Mas o que eu espero mesmo é que ela tenha acordado, isso sim. – respondeu Yamoto, passando a mão nos cabelos e retomando a subida.

— Você tem razão, mas com o idiota do Cheshire longe dela eu...mal consigo dormir. Sei que Saga está dando um duro danado para manter Hime-sama longe de qualquer problema, mas...sei lá, não concordo em nada com essa ideia de ela ficar aqui. Como vai ser agora? Não tem mais nenhum Kage no Makai. Aquilo vai virar um caos!

—Teremos que dar um jeito de manter tudo em ordem enquanto essa situação não se resolver, mas em parte eu concordo com você. Não consigo achar esse lugar seguro para nenhum de nós. – completou Yamoto, a tom sereno de sua voz não deixando transpassar em nada sua absurda preocupação.

Na vila Águia caminhava atento, curioso e por que não dizer admirado?! As pessoas simpáticas e o cheiro bom de pão fresco e leite quente era demasiado agradável, e por isso não pensou duas vezes em se abastecer com vários pãezinhos e leite fresco o suficiente para não deixar faltar a ambas as “donas” de sua vida. Naturalmente sério, o olhar sexy no rosto impecável fazia várias moças suspirarem. Quem seria aquele estrangeiro?

Ignorando os fletes, mas satisfeito com o que sabia causar o shinobi chegou a seu primeiro destino. Sem bater ou ao menos chamar, caminhou descalço no chão frio da sala ampla de Áries. A lareira ao fundo e um tapete enorme vermelho, marrom e detalhes em dourado exibiam várias almofadas como decoração. Uma estante menor com alguns livros, plantas e um incenso de lavanda queimava devagar ao lado de um pequeno bule decorativo em ouro velho. Da janela aberta, uma brisa fresca sacudia as cortinas finas. Águia observou o lugar com atenção: se o incenso estava aceso era sinal de que o dono da casa estava por perto.

Abstraiu aquele fato seguindo o caminho; a cozinha vazia ainda possuía alguma louça suja na pia, mas o que mais despertou a atenção do youkai foi o pequeno item caído de frente a porta do quarto. Mas não um quarto qualquer e sim o quarto do cavaleiro de áries. E não um item qualquer e sim um pequeno kanzashi. O primeiro kazashi que havia dado a sua irmã quando ela era menina.

— Ume...

Águia segurou o objeto, o cérebro maquinando a mil por horas a fim de uma solução para aquilo. Ume era cuidadosa demais para deixar algo de valor sentimental tão grande caído em qualquer lugar. E mesmo que tivesse sido sem perceber, porque o mesmo estava caído justo na porta do quarto de Mu?

Os olhos do shinobi mudaram de cor, as sobrancelhas se arqueando, estreitando os olhos amarelos que respondiam o porquê de carregar aquele nome. Águia ficou de pé; diante da porta observou a maçaneta. Quando tocou ela não fez nenhum som, abrindo como só um predador de tal calibre poderia fazer. E para seu maior desgosto lá estava: o corpo nu de sua adorável Ume, jogado por cima do também nu Cavaleiro de Áries.

A sensação de estar sendo observado, caçado, alertou o cavaleiro. Mu abriu os olhos verdes num rompante, empalidecendo mais do que naturalmente já era ao dar de cara com a figura absurdamente aterrorizante de Águia parado a porta. A penumbra do local destacando o olhar psicopata do shinobi. O peito subindo e descendo devagar, os fios da franja sobre os olhos amarelos e o pequeno kanzashi na mão direita dele como uma faca sedenta por seu coração.

— Eu confiei em você... – ouviu-se o tom ameaçador na voz grave do shinobi.

— Águia...eu posso explicar.

Mu se remexeu e unido seu movimento a voz de Águia, Ume reagiu, abrindo os olhos miúdos de forma sonolenta e indo direto a figura bizarra de seu irmão. A garota estremeceu. Ela sabia o irmão que possuía e sabia mais ainda que dessa vez Águia não deixaria passar. Ele já havia feito vista grossa quando beijou o cavaleiro a primeira vez no Makai, mas dessa vez ele iria matar Mu nem que fosse a última coisa que tivesse que fazer na vida!

A...aniki. – gemeu nervosa, se ajeitando com a manta em cima da cama.

Aquela cena pareceu piorar e elevar ainda mais todo o ódio que o shinobi sentia de Mu. Por outro lado, a última coisa que o ariano queria era fazer o outro perder a cabeça. Águia estava claramente a ponto de matá-lo e não queria ter de lutar com ele. Não que sentisse medo, mas sim por entender e saber que uma luta naquela situação não ajudaria em nada.

— Águia sei que está com a razão, mas podemos resolver isso conversando. – tentou Mu

Mas a calma que ele tentava transpassar, unido a aquelas palavras foi gota d’água que o shinobi podia suportar. Furioso a níveis estratosféricos Águia apertou os punhos com força, partindo o adorno que ainda segurava em dois, respirou fundo só para poder liberar o berro animalesco do fundo de todo seu íntimo:

— Malditoo!!!!!

E sem conseguir ver nada além do pescoço de Mu, se atirou em cima dele, disparando um soco monstruoso e atravessando com o mesmo a parede até o enorme salão.

 

 

 

Casa de Gêmeos

 

—Senti sua falta! – Kyoko esticou os braços, dando um abraço em Yamoto também, mas sem sair do meio das pernas de Ookami. — Achei que tinham me abandonado.

— Naniii!!(O quê!) Não acredito que pensou isso de nós. – respondeu Ookami.

—Nunca iriamos fazer isso! – Yamoto sorriu acariciando o rosto fofo dela.

Kyoko sorriu; as bochechas coradas e os olhos de raposa se tornando dois riscos, a cauda balançando feliz de um lado para o outro. Mas logo em seguida sua feição mudou; intrigada, se dando conta de que tinha alguma coisa errada ali e não era a nova aparência de Ookami e Yamoto.

— Espera aí! – fez uma pausa olhando em volta. — Cadê o Águia?

E um grito altíssimo vindo da casa de Áries pareceu dar a resposta a todos os presentes.

Saga virou num pulo, sentindo a energia agressiva tomar conta da casa de áries, mas o estranho era que não conseguia sentir o cosmo de Mu responder a aquilo. Mas que diabos estava acontecendo lá?

— É o Águia!! – falou Kyoko ficando de pé junto com os outros.

Sem pensar a kitsune abstraiu o fato de estar em um lugar estranho e sem pelo menos 10% de sua energia, saiu correndo escada abaixo, Saga virou rápido, descendo mais rápido ainda e a alcançando antes mesmo dela sequer sonhar em chegar no quinto degrau.

— Aonde pensa que vai? – ditou firme, de pé na frente dela.

— Eu vou descer!

Kyoko tentou forçar passagem, mas Saga impediu, segurando-a pelos braços.

— Nem pensar! Você mal acordou, até a algumas horas atrás você estava cega de um olho...

— Isso não importa agora! O Águia está lá e eu tenho que descer.

— Eu disse que não! Você não vai se meter no meio de uma luta assim. – bradou imponente, olhando bem firme nos olhos dela.

— Kyoko-sama, Saga tem razão. Você não pode ir assim. Nem tem uma espada. – falou Ookami.

— É! Eu sei que eu tenho. – completou Saga.

— NÃO ME IMPORTA!!! É o Águia quem está lá e a Ume também! Se você não se importa com seus amigos EU ME IMPORTO!!! – berrou Kyoko voltando a se sacudir.

Saga respirou fundo. Tá! Tinha que concordar que depois de ouvir aquilo seu coração falhou uma batida em pensar no que poderia ter acontecido para Mu não estar lutando e isso era preocupante demais. Se fosse um inimigo e Águia estivesse lutando sozinho? E se Mu estivesse ferido? Ou pior: Morto! Por todos os deuses! Será que eles não teriam sossego nunca?

— Okay! Você tem razão! Me desculpe ter parecido insensível...

— Sim, você está sendo! – retrucou se libertando e passando por ele. Saga bufou novamente. Era só o que faltava.

Virou novamente; rápido! Pegou no braço da raposa. Kyoko resmungou pelo tranco que levou.

—Pra que a pressa? – Kyoko piscou aturdida. Será que Saga estava bêbado? — Você não vai sozinha. Eu vou com você!

Sem discutir Kyoko desceu as escadarias com Saga, Yamoto e Ookami. No meio do caminho esbarrou com Aldebaran e Camus que havia parado um pouco para conversar com o taurino, mas com a confusão achou por bem descer também.

—Mas o que está acontecendo aqui? – indagou Aldebaran observando Águia acertar um soco potente no rosto de Mu e o arrasta-lo por metros.

Kyoko ficou parada um tempo, tentando processar aquela confusão toda. Mu não parecia querer lutar e somente desviava dos golpes quando conseguia. Ele nem ao menos havia vestido sua armadura dourada, muito pelo contrário...Mu estava... nu!

 — Por que ele está lutando pelado? – perguntou Ookami.

De repente Ume apareceu, enrolada em um lençol ela tentou correr, caindo de joelhos enquanto chorava muito.

— Ume!!! – gritou Kyoko.

— Hime-sama! Ele vai matar o Mu! Faz eles pararem!! – gritou a moça desesperada.

— Merda! Ele vai mata-lo! – gruiu Saga

Na cena Mu tentava se levantar, mas a mão poderosa e insaciável pelo seu sangue do shinobi em seus cabelos o fez berrar. Sua vontade era reagir, dar uma boa surra naquele mimado, mas sabia que se fizesse isso ele ficaria ainda mais furioso. Não queria lutar com ele. Não queria ser odiado por ele. Queria mesmo era que Saga e Kyoko finalmente dessem as caras, isso sim!  

— Eu vou esmagar a sua CABEÇA! – gritou Águia descendo o punho em chamas na direção do rosto de Mu.

Um empurrão sobrenatural acertou em cheio o ombro direito do shinobi, arrastando ele por metros. Quando parou com um dos joelhos no chão, trincou os dentes de dor; seu ombro estava deslocado. Levantou o olhar e viu Aldebaran de pé junto com Saga, na frente de Mu e com o punho brilhando. Camus estava atrás do ariano. Águia trincou os dentes de ódio. Estava tão cego no outro que nem percebeu o golpe do touro vir em sua direção.

— Abaixa a bola ai, garoto! – disse Aldebaran.

— Não se metam! – rosnou o shinobi.

— Águia o que está havendo? – perguntou a raposa esbaforida e preocupada.

— Hime-sama...- cuspiu. Saga e Aldebaran endureceram ainda mais a feição. Os outros somente observavam sem piscar, exceto por Camus que abaixou para ajudar Mu. — ... eu confiei nele. Esse. DESGRAÇADO!! ARGH!! – gemeu segurando o ombro. – Estou feliz que esteja aqui. Isso me deixa aliviado.

Kyoko empalideceu e Saga ficou sem entender. Do que diabos aquele maluco estava falando? Isso foi o que pensou o geminiano, pois a kitsune sabia e muito bem ao que seu shinobi estava se referindo. Ela ficou parada um tempo, imóvel. Não sabia muito bem como reagir aquilo. Não esperava por aquele desfecho e muito menos contra uma das pessoas que ajudara Saga a derrotar Hiroaki, mas mesmo assim sabia que devia aquilo a Águia porque havia prometido por sua própria vida, mas também conflitava-se por Ume, que amava Mu, e Saga que era amigo dele.

— Hime-sama! – Águia falou, despertando Kyoko. Ambos ficaram a olhar nos olhos do outro.

Saga que observava a cena ficou tão perplexo quanto todos os presentes ali. A visão da respiração profunda, pesarosa, mas que também deu a ela coragem para cumprir sua promessa era algo que nenhum deles ali esperavam ver. Kyoko ficou de frente a eles, mirando os orbes verdes de seu amado. Águia materializou sua katana, se aproximando entregou o objeto na mão direita dela.

—Saiam da frente! - gruiu Kyoko, séria.

—O quê?!

—Não! Por favor, Kyoko-sama! Não faz isso! – berrou Ume, se debatendo nos braços de Yamoto. Ela sabia o que iria acontecer.

—Calada! – Kyoko ordenou, alto. – Sai da minha frente vocês dois. Isso não tem a ver com vocês, agora saiam!

Saga gelou. Aquilo era sério? Kyoko estava realmente falando sério? Não! Não era possível. Será que a palavra “paz” jamais se encaixaria em sua vida, principalmente quando o assunto era aquela kitsune geniosa?

— Ta tudo bem...- disse Mu ficando de pé e tocando o braço do amigo.

— Mas Mu...- tentou o taurino.

—Tudo bem, meu amigo. – sorriu Mu.

Agora sem mais reação do que nunca Saga e Aldebaran deixaram Mu passar. Ele deu três passos, ficando em uma distância considerável. O ariano respirava cansado e nervoso. Não sabia se aquilo ia dar certo, mas era sua única chance.

A verdade era que Mu sabia que mesmo com todo ciúme e poder que Águia possuía por Ume, havia algo que ia muito além disso e esse algo, ou melhor, alguém, era Kyoko. Ume era a dama de companhia da raposa o que consequentemente fazia Ume pertencer a ela. Se Kyoko o aprovasse, Águia não poderia fazer nada a não ser acatar e essa era a esperança que Mu tinha. A esperança de convencer Kyoko para que ela sim convencesse Águia a aceitar sua relação com Ume. O problema era que Mu não fazia ideia que Águia já havia se preparado para tal antes mesmo dele sonhar em nascer, fazendo Kyoko selar uma promessa que agora se arrependia na alma.

Mu abriu os braços não oferecendo resistência. A respiração ficando cada vez mais acelerada pelo desespero de ouvir sua amada chorar e implorar para que Kyoko não fizesse aquilo.

Com ambas as mãos Kyoko segurou o cabo da katana como se sua vida dependesse disso e pela primeira vez ela tremeu com uma espada nas mãos.

— Ajoelhe! – ordenou e Mu obedeceu, abrindo os braços, sem desviar os olhos dos de Kyoko.

— Eu tenho a melhor das intenções, Kyoko. – fez uma pausa. — Por favor, acredite em mim.

— Coisas horríveis foram feitas a partir da melhor das boas intenções. – Águia sussurrou vitorioso.

Ao lado de Saga e Aldebaran, uma lâmpada se acendeu na cabeça de Camus e mais do que rápido ele chamou gêmeos pelo cosmo...

“Saga! Ordene que ela pare, agora! ”

“Ordenar? Você pirou, Camus? Ela não vai me ouvir. O próprio Mu...”

“Não importa! Você matou Hiroaki! Só ordene! AGORA! ”

Saga ficou com a mente totalmente destrambelhada, mas num impulso em ajudar Mu, ditou um “JÁ CHEGA! ”, imponente como só ele sabia fazer. A espada nas mãos de Kyoko parou no alto da cabeça dela e o tom de ordem na voz grave do geminiano quebrou toda e qualquer ação possíveis dos quatro youkais presentes.

Kyoko piscou estonteada, entendendo sem querer acreditar que Saga estava realmente tomando aquela posição.

— Você não tem poder sobre nós, humano. – ironizou Águia mais irritado do que nunca.

— Não?! Acho que você está se esquecendo quem eu sou agora, meu caro. Eu arranquei a cabeça daquele desgraçado com essas mãos aqui...- sinalizou. — ...e arrancar a sua, agora, vai ser brincadeira de criança se não parar de me contrariar.  

— Hãn! Eu não tenho medo de você...

— Eu não vou repetir, shinobi. – rebateu o geminiano.

— Não devemos respeito a você!!

— É mesmo? – Saga olhou para Kyoko, e mesmo se arrependendo ditou firme. – Larga isso.

Kyoko ficou muda, impotente diante da nova posição que Saga, agora, ocupava ela acatou a ordem, soltando a espada e abaixando a cabeça. O embrulho no estômago por receber uma ordem tão direta, sem direito de contestar. E não por amar Saga e sim pelo mesmo respeito que tinha havia tido por Hiroaki.

Sumimasen, Heika-sama! (Me perdoe, Vossa Alteza). – sussurrou a kitsune.

Saga sentiu uma punhalada em seu coração. Aquele era, com toda certeza, o jeito que ela se referia a Hiroaki e não gostou nem um pouco de ouvir aquilo. Olhou de soslaio para Camus: “ Eu vou te matar! ”, rosnou, putíssimo, através do cosmo. O francês, como sempre, nada disse.

— Solte ela!

Yamoto engoliu em seco, mas sem alternativa, obedeceu. Ume correu, irritada, empurrou Águia e se jogou nos braços de Mu. Ele aparou o corpo da moça contra o seu sem deixar de encarar o shinobi.

— Você. Não sabe o que está fazendo. – falou olhando Saga nos olhos.

— Eu sei muito bem o que estou fazendo.

— NÃO TEM ESSE DIREITO!

— EU TENHO TODO DIREITO DE FAZER O QUE ACHO QUE DEVO FAZER PARA PROTEGER QUEM AMO E VOCÊ! Shinobi...é melhor calar a porra dessa boca antes que eu faça você lamber minhas bolas. Fui claro?

— Já chega, Águia. – disse Kyoko. – Eu sinto muito, Heika-sama. Não queria ofendê-lo, mas existem coisas das quais você não sabe. Me perdoe...pela confusão.

E num ato de respeito Kyoko começou a se preparar para reverenciar o novo líder dos Kage, mas antes dela terminar de se ajoelhar Saga a segurou pelos ombros, impedindo o ato. Se já não bastasse a forma polida que corria o sério risco de ser tratado por ela, ter Kyoko ajoelhada a seus pés era inaceitável!

— Nem pense nisso! Eu a proíbo!

Kyoko mirou os olhos verdes de Saga, odiando aquela situação, pois mal sabia ele que aquela também havia sido uma ordem dada a ela por Hiroaki. Kyoko só havia se ajoelhado a ele uma única vez e depois dessa fora proibida de tal ato. A sensação de déjà vu fez seu coração apertar.

Yamoto e Ookami se entreolharam, e mesmo não gostando fizeram o que tinha de fazer: Ajoelharam com um dos joelhos, a cabeça baixa em sinal de respeito e apoio a decisão de Saga. Sem opção, Águia repetiu o gesto de seus companheiros, mas sem desviar os olhos de Saga, disse:

— Proibições. Está vendo Hime-sama?! É assim que começa, logo vira o pedido.

Kyoko fitou Águia por segundos, mas nada disse por conta da angústia que assolou seu coração.

— Você fala demais para a posição em que está agora. – Camus se pronunciou diante da tentativa de intriga que Águia queria, ainda, causar.

— Você também. – respondeu. Camus entendeu o recado.

— Sai daqui, Águia. – ordenou Saga, irritado e cansado de toda confusão.

O youkai ficou de pé e sem olhar para ninguém saiu. Yamoto e Ookami se aproximaram.

— Que confusão! – riu Ookami.

— Nem me fale. – concordou Aldebaran. – Está tudo bem, amigo?

— Sim! Estou bem. – falou Mu. —Obrigado Saga! E...Kyoko... – ela olhou. —... eu queria muito que você aprovasse...

— Sinto muito, mas eu não posso fazer isso. - fez uma pausa. — Pelo menos por enquanto, mas eu...prometo que vou pensar.

Ume sorriu e Mu concordou. Pelo menos aquilo já era o começo.

— Ora Kyoko, não seja má com nosso amigo. Mu é um bom rapaz, se não for o melhor de todos nós. Se fosse Máscara da Morte aí sim seria um pesadelo. – disse Aldebaran

— Vocês parecem um bando de maricas isso sim!

Todos seguiram na direção da voz, não se impressionando nem um pouco em ver que Máscara, Shura e Afrodite haviam chegado. Já era quase fim de tarde o que indicava o fim do horário de treinamento. Provavelmente outros dourados estariam vindo logo atrás.

— Boa tarde pra você também, Mask. – riu Aldebaran, enquanto apertava a mão de Shura e Afrodite.  

— Ora, ora! O que temos aqui! – Máscara sorriu safado, satisfeito em ver pela primeira vez a tão falada kitsune. —É mais...como vou dizer?! Sexy do que dizem.  

— Kyoko, este é o Máscara da morte, como porcamente é conhecido. – implicou Saga.

— Quantas vezes eu já mandei você se foder hoje, gêmeos? – ironizou o italiano.

— Que eu me lembre: Nenhuma! Não o vi hoje, mas pode ficar tranquilo que mais tarde eu passo no seu templo. – Kyoko deu uma risadinha, achando graça a troca de elogios.

Vá se foder, Saga! – rosnou Máscara se aproximando mais. — Uall! Olha isso!

Câncer voltou a sorrir cafajeste. Atrevido, estendeu a mão e sem a menor cerimônia tentou tocar o queixo de Kyoko, recebendo como resposta os dentes afiados em uma tentativa de morder sua mão. Máscara tirou rápido, suando ao ver que escapara por um fio.

— Uuuuuhhhhh...que isso, bella. Assim eu me apaixono.

Kyoko rosnou irritada, fechando os punhos.

— Fica ainda mais linda. Ela ronrona assim na hora de transar? – gargalhou. Saga bufou, revirando os olhos.

— Venha Kyoko, vamos subir.

— Você não presta, Carlo. – riu peixes, junto a Aldebaran.

 

♊ oOo ♊

 

No salão principal de Gêmeos, Aiolos caminhava com Keiko. Estava feliz, ainda que preocupado com o risco da gravidez. O dia do nascimento de seu primeiro filho estava muito próximo e mesmo com o estresse da chegada de Kyoko, ainda assim estava tudo bem com seu herdeiro. Não via a hora de poder segurá-lo nos braços, sentir as pequenas mãozinhas tateando seu rosto e principalmente ouvir o choro de seu filho ao nascer. Sentia-se tão orgulhoso que mal cabia em si. Seria o primeiro cavaleiro de ouro daquela geração a ter um filho. Sorriu bobo. “ Quem diria! ”

Acha que aquela sorveteria em Athenas ainda está aberta quando chegamos lá? – indagou Keiko, pensativa.

—Eu acredito que sim.

—A gente podia passar lá primeiro antes de irmos pro consultório. 

—Gulosa!

—Eu não sou gulosa, seu filho é que é. – Keiko rebateu emburrada.

—Ahh agora ele é só meu filho? O que houve com o “estou ansiosa para ver nosso filho”?! – ironizou Aiolos, sorrindo e abraçando a moça por trás.

Keiko começou a rir gostosamente, ouvindo as obscenidades ao pé do ouvido.

De longe Saga conversava com Shura e Máscara. Distraído com a conversa não percebeu o olhar curioso de Kyoko sobre o casal. Afrodite, que vinha com ela logo atrás, seguiu o olhar, sentindo um nó na garganta ao notar a confusão que aquele encontro iria causar. Engoliu a saliva e tentou agir o mais natural possível.

— É melhor apressarmos o passo. Estamos ficando para trás.

Kyoko ficou parada, ignorando Afrodite sem conseguir parar de observar. Não era ingênua em não notar que aquela mulher não era humana e sim uma youkai disfarçada. Sabia que não devia sentir-se surpresa. Ela mesmo já havia residido ali como Saga havia lhe dito, mas estranhamente aquela garota lhe era familiar.

Deu um passo, crispando o cenho, forçando sua mente a descobrir de onde havia conhecido aquela moça.

Aquele sorriso, os olhos escarlates, a pele leitosa...

Keiko empurrou Aiolos, ainda sorrindo e foi nessa hora que seu olhar finalmente se prendeu no de Kyoko. A garota paralisou, nervosa, ansiosa. Grávida, não conseguiu controlar suas emoções, sentindo as lágrimas escorrer por seu rosto até o queixo, e do queixo até o chão. Deu um mísero passo, mas Aiolos a segurou.

— Amor, a gente tem que ir. – cochichou.

— Quem é ela? – indagou Kyoko a Afrodite.

— Ela? – respondeu nervoso, alertando Saga pelo cosmo.

—Sim! Ela não é humana. Quem é ela?

— Bom...ela é...

— Ela é a esposa do cavaleiro de Sagitário. – falou Saga, tocando o braço de Kyoko.

— Não foi isso que eu perguntei.

— Não vai dizer a ela, Saga?

Kyoko olhou rápido, mirando o rosto sério de Águia e depois o mais sério ainda de Saga. Sua vontade era esganar aquele filho da puta, desgraçado!

— O que está escondendo de mim? – perguntou nervosa.

—Eu não estou escondendo nada de você. – falou rápido, nervoso.

De longe Aiolos tentava a todo custo convencer Keiko a ir. Ele sabia que aquilo mais cedo ou mais tarde iria acontecer, mas sinceramente, preferia que fosse mais tarde. Bem mais tarde! De preferência depois de seu filho nascer.  

—Então se ele não está escondendo nada eu posso responder sua pergunta se quiser, Hime-sama.

— CALA A PORRA DA BOCA!!! – berrou Saga, agitando Kyoko e Keiko mais ainda.

Ookami e Yamoto retornaram, observando a irmã de Kyoko mais afastada.

— O que está escondendo de mim? – sussurrou Kyoko.

— Eu não estou escondendo nada, eu juro! Meu amor! Olha pra mim. Acredite em mim, eu...

— Kyoko!!!

A kitsune virou, observando a garota tentar se libertar dos braços de Aiolos. Os olhos escarlates marejados, a mão esticada em sua direção como um pedido de socorro. Gesto este que pareceu acender em Kyoko memórias das quais ela só queria esquecer.

Nervosa, Kyoko empurrou Saga, tentando se afastar. A mente em frenesi, bagunçando seu estado emocional com as imagens de sua pequena irmã gritando antes de ser assassinada. A cena idêntica à que viveu: dois homens humanos; um a segurando enquanto outro segurava a menor. Os gritos desesperados de ambas, tentando unir suas mãos pela última vez.

— Deus! – gemeu com a mão na cabeça.

— Kyoko! Olha pra mim. – pediu Saga.

— AHHHHHH!!! O QUE ESTÁ ESCONDENDO DE MIM?

— ELA É SUA IRMÃ!! – falou de um só vez.

Kyoko paralisou, chocada, olhando perplexa para a feição triste de Saga.

— Ela é sua irmã, Kyoko. Eu tentei te dizer, mas eu...

— Im...impossível! A...Keiko...ela... – fez uma pausa tentando absorver aquela informação absurda. Olhou ao redor, a mente girando como um carrossel de lembranças boas e horríveis. Parou no semblante desesperado de Keiko. As lágrimas molhando o rosto em desespero. — Não...isso...isso é...

— Kyoko, eu...sinto muito...

Olhou para Yamoto e Ookami, tentando buscar algum apoio, proteção, justificativa, mas ambos desviaram o olhar. Não tinham coragem para encarar Kyoko no momento. Ela sentiu um frio descer pela espinha, o coração falhando uma batida em ter agora certeza de que aquele fato era real.

— Vocês...sabiam...- Kyoko balbuciou, olhando para todos: Camus, Máscara, Afrodite, Shura, Saga e seus shinobis. — ... todos. Você mentiu pra mim.

— Eu não menti pra você! – disse Saga tentando manter a calma.

— MENTIROSO! MALDITO! EU TE ODEIO!

— Hime-sama! – falou Yamoto e Ookami.

—ME SOLTA! NÃO! COMO TEVE CORAGEM? VOCÊ SABIA COMO EU ME SENTIA!

— Kyoko...me escuta! – pediu Saga tentando segurá-la, em vão, pois Kyoko mordeu sua mão.

Ela tropeçou nas próprias pernas, mas não caiu, olhando de um lado para o outro, a respiração alterada, as lágrimas de perolas estalando no chão de gêmeos pelas memórias malditas que aquela situação a fez relembrar, balbuciando o nome de Cheshire, mas ele não aparecia. Será que até ele havia lhe escondido isso? Por quê? Por quê? Não sabia o que doía mais: saber que fora manipulada por Hiroaki ou por Saga e seus shinobis. Desesperada, caminhou de costas e depois correu, correu em busca de fuga, de se libertar do desespero, da dor que a mutilava. Nada mais importava, nem a suposta irmã que também gritava seu nome haveria de lhe acalmar naquele momento.

— Kyoko!!! – gritou Saga começando a correr também.

Se foi sorte ou os deuses, Saga não soube dizer, mas agradeceu mentalmente a tudo que acreditava por Kanon parecer surgir do nada. O dragão marinho agiu rápido, esticando o braço e agarrando Kyoko pela cintura.

—Opa! Onde vai com tanta pressa, mocinha? – brincou.

— Ahhh não! Me solta! Cheshire! Cheshire!!!

— Calma garota, calma!

— Segura ela, Kanon! – Saga gritou, apressando o passo junto com Yamoto e Ookami.

De longe, Águia somente observava. Por um lado, seu coração sangrava por ver o sofrimento de Kyoko, mas por outro estava satisfeito. Agora Saga teria o que merecia por humilha-lo na casa de Áries.

Angustiado com o sofrimento de Kyoko, Ookami apressou o passo, avançando na frente de Saga e Yamoto, chegando antes deles e sem aviso acertou um golpe no pescoço da raposa. Ela gemeu, piscando devagar e desabando desmaiada nos braços de Kanon. Ookami a pegou. O coração partido em milhares de pedacinhos por ter sido obrigado a tal.  

Gomen, Kyoko-sama. (Me desculpe!)

Saga se aproximou, afastando os cabelos dela do rosto. O coração a mil por saber que ela quase havia sumido. Se Kyoko saísse sozinha de gêmeos, encontra-la sem Cheshire seria impossível!

— O que está acontecendo aqui? – perguntou Kanon sem entender.

Saga crispou o cenho. A pergunta de Kanon o fazendo se recordar como aquela confusão havia começado. Sem dar tempo de reação, usou de sua velocidade para voltar num piscar de olhos, agarrando Águia pelo colarinho. Os olhos, fervendo de ódio, tanto ódio que nem conseguiu notar o desespero de Aiolos com Keiko passando mal.

—Seu maldito! Filho da puta! – rosnou, disparando um soco potente no rosto do shinobi.

Águia cambaleou e antes de cair, Saga o agarrou de novo, disparando outro soco e outro, cortando o lábio inferior e embaixo do olho esquerdo. Afrodite e Shura correram para separar. Saga raramente perdia a paciência com alguém, mas quando acontecia a coisa ficava séria.

— Já chega, Saga! Solte-o! – ditou Shura segurando o mais velho.

Filho da puta! Eu devia te matar! – berrou furioso.

—Calma, Saga! Matá-lo só vai piorar as coisas com a Kyoko. Pense nisso. Sei que está com raiva, mas deixe isso pra lá por enquanto.

Saga bufou, fuzilando o shinobi com os olhos. Respirou fundo tentando recobrar o alto controle. Shura tinha razão. Mesmo que quisesse, matar Águia só pioraria as coisas com a kitsune e não queria isso. Já estava tendo problemas demais com ela. Olhou para o lado vendo Aiolos pegar Keiko no colo. A moça gemia de dor e nervosismo, mas Camus estava perto, convencendo o sagitariano a não levar a moça a um hospital e sim para casa. Naomi seria muito mais apropriada naquele momento.

— Vamos! Eu vou avisar a Naomi! – falou calmo, acenando para Saga e saindo com Aiolos e, agora, Afrodite.

—Saia da minha casa! – ordenou imponente.

Águia lambeu o lábio e cuspiu.

Saga respirou fundo e quando virou para voltar deu de cara com Kanon. Em seguida Ookami e Yamoto surgiram.

— Como ela está? – perguntou Gêmeos.

— Ela está bem, só está desmaiada. – Yamoto falou.

— Saga...- Kanon segurou no braço do irmão. —...precisamos conversar.

— Agora não, Kanon! Não tô com cabeça. – respondeu de mal humor, tencionando a pegar Kyoko dos braços de Ookami.

— Então acho melhor você começar a ficar.

Saga estancou, virou devagar na direção do irmão. Ah! Merda! Aquele olhar. Aquele olhar de Kanon que conhecia muito bem. O olhar que dizia: fudeu! Sem precisar emitir nenhum som.

— Kanon, não me assusta.

— Quem dera fosse isso. – respirou fundo. — Saga, é o Julian. – fez uma pausa. — Poseidon está vindo para o santuário e não é para uma visita qualquer. – fez outra pausa olhando para a raposa. — Ele quer ver a Kyoko.

— Como é que é?

— É isso mesmo que você ouviu e não é só Poseidon, Dionísio também.

 

Continua...


Notas Finais


Espero que tenham gostado, se possível deixem um comentáriozinho aí pá nós. =’(
Beijos e até!!


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