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História Uma estranha no ninho - Vol. II - Acidentes acontecem.


Escrita por: Kitsune_Strife

Notas do Autor


Olá meu povo, e aí?! Belezinha?! Então, eu to tentando manter o ritmo das postagens e até que eu to merecendo um doce, não é?! Kkkkkkkkkkkkkkkkk...
Enfim, não quero fazer textão e sim agradecer muito os comentários e os favoritos, dizer muito obrigada pelo carinho, pedir perdão pelos erros e desejar uma boa leitura, e um beijão no kokoro!!
A arte do capítulo de um mangá do Shingeki No Kyojin feito por いち &#x2F (acho que é isso) e tirada do Pinterest. Todo o crédito vai, merecidamente para o autor(a). Edição feita por mim só para ilustrar a Fic.
Sem mais delongas... ;D

Capítulo 7 - Acidentes acontecem.


Fanfic / Fanfiction Uma estranha no ninho - Vol. II - Acidentes acontecem.

No quarto escuro, os apetrechos sexuais agora jaziam esquecidos pelo chão. Os lençóis amarrotados, trançavam entre a panturrilha definida, subindo pelas coxas rijas, caindo pelo quadril masculino e finalizando na cintura delgada da kitsune. Os corpos nus e satisfeitos dando uma bela visão a quem quer que pudesse ter acesso a ela.

Kyoko dormia com o rosto escondido em meio ao lençol azul que eram os cabelos de Saga, respirando o cheiro gostoso do pescoço e o palpitar da veia ali, o braço jogado sobre o peitoral dele subia e descia conforme respirava tranquilo, cansado, roncando baixinho. Aquela era a posição que mais adorava dormir com ele, pois além de conseguir sentir podia também ouvir o som dos batimentos cardíacos.

Estava em seu sono mais profundo, sem sonhos, satisfeita de tanto prazer quando Saga inspirou mais fundo, roncando um pouco mais alto e alterando sua respiração. Kyoko abriu os olhos de uma vez, mas não pelo incomodo do ronco e sim pelo aceleramento repentino do coração dele. Kyoko então ergueu um pouco o rosto, fitando a veia pulsar mais forte no pescoço, a feição carregada, que mostrava agonia. Tocou de leve o peito de Saga e a sudorese excessiva fez Kyoko entender de cara o que estava acontecendo: Saga estava tendo um pesadelo.

O rosto dele tremeu mais forte e o globo ocular começou a se mover frenético por debaixo da pálpebra, a respiração acelerando cada vez mais, na mesma intensidade que o corpo de Saga suava e começava a se remexer. Kyoko sentou na cama, observando por alguns segundos, ouvindo as balbucias desconexas sair dos lábios de Saga. O rosto dele virou para seu lado e ela, curiosa, abaixou um pouco, aproximando a orelha dos lábios dele e tentou decifrar as palavras:

— Não! Não! Po...! Eu... – sussurrava virando o rosto.

De repente Saga gritou, arqueando na cama como se sentisse muita dor, assustando Kyoko. As mãos grandes abrindo e fechando, tentando se agarrar em algo que não existia, se batendo, o corpo sacudindo involuntário, o pé direito empurrando o lençol, o suor pingando enquanto o rosto virava de um lado para o outro em angústia.

— Ah, meu deus! Saga!

Kyoko voltou a ajoelhar, tentando segurá-lo com medo dele se machucar, mas mesmo dormindo Saga parecia ainda mais forte do que se estivesse acordado e, seja lá, o que ele sonhava fazia com que ele usasse sua força corporal de tal forma que mantê-lo quieto era quase impossível.

— Saga! Acorda! Meu deus!! Saga!

—Não! Sai! Sai de perto de mim! Não! Por favor!!! Eu não quero...eu não quero fazer isso!! Não!! Por favor, não me obrigue!

Saga se sacudiu com violência, batendo os braços e sem querer acertando uma cotovelada forte no rosto de Kyoko. Ela se assustou, se afastando um pouco, mas logo voltou, não sentindo e muito menos se importando com o melado vermelho que vertia de seu lábio inferior. A única coisa que conseguia pensar era em tirar Saga daquele pesadelo, tentando segurá-lo na cama, chamando seu nome, fazer ele despertar e foi num súbito que ele, finalmente, acordou, gritando, se sentando na cama, apavorado, tentando se livrar das mãos que o segurava, empurrando desesperado, sem enxergar que era Kyoko ali.

— Saga! Calma, sou eu! Sou eu!! Kyoko! - ela dizia lutando contra os empurrões dele.

—Ahhh...NÃO! NÃO! - Saga gritou.

O cavaleiro parecia não ouvir, sacudindo os braços, tentando se libertar do demônio que habitava seus pesadelos, os olhos arregalados, marejados, procurando algo que lhe desse certeza de que agora estava na vida real. E foi assim procurando o que não mais existia que Saga finalmente enxergou que era Kyoko quem o segurava. Os olhos verdes arregalados, assustados mirando os bicolores piedosos de Kyoko. A respiração pesada começou a se acalmar, sentindo, agora, as mãos cálidas acariciarem seus cabelos, lhe acolhendo, lhe confortando, dando a certeza de que enfim tinha acordado.

Saga até que tentou, mas as lágrimas, que já escorriam pela face terrificada, aumentaram e ele, mesmo sendo tão poderoso, não conseguia lidar com seu pior pesadelo. Sentia-se tolo, fraco, patético todas as vezes que isso acontecia e ter acontecido assim, na frente de Kyoko o deixou ainda mais humilhado. Não que ela o visse assim, mas era assim que aquele maldito o fazia se sentir. Era para isso que ele sempre, sempre voltava em seus sonhos para atormentá-lo.

— Ah Saga...tudo bem. – disse Kyoko, vendo a vergonha estampada no rosto antes imponente do cavaleiro de gêmeos. As mãos trêmulas, cobrindo o rosto na tentativa infantil de se esconder. — Está tudo bem, meu amor. Vem cá!

Kyoko segurou os braços de Saga, puxando. Ele tentou resistir, mas por fim cedeu. Mesmo envergonhado, precisava daquilo. Precisava dos braços, do colo, de conforto. Sabia muito bem o que viria depois daquilo e uma hora ou outra Kyoko teria de saber de sua doença. Se pretendiam ficar juntos ela tinha que saber.

— Shiiiiuuu...tudo bem, Saga! Vai ficar tudo bem, foi só um sonho ruim.

Saga fungou, obedecendo e deitando outra vez, abraçando Kyoko com força, afundando o rosto em meio aos cabelos dela, se aninhando ali como um menino sozinho, carente. A mão carinhosa em seus cabelos, afagando os fios com calma. Kyoko deu-lhe um beijo na testa, desgrudando os fios da franja farta da pele, respirou fundo ainda sentindo o coração dele parecer querer sair pela boca, as mãos que a abraçavam tremiam sem controle. Pobre Saga! Seja lá o que havia naquele pesadelo, com toda certeza era o pior. Seu coração doía por ver seu cavaleiro daquele jeito, e foi aí então que Kyoko pareceu ter um déjà vu e sem saber o porquê, simplesmente começou a cantar...

 

Osanai te ni tsutsunda

(Eu segui este caminho distante à procura)

Furueteru sono hikari wo

(Daquela luz cintilante)

Kokomade tadottekita

(Fechada nas mãos de uma criança,)

Jikan no fuchi wo samayoi

(Vagando a beira do tempo.)

 

Sagashi tzuzukete kitayo

(Eu continuei te procurando,)

Namae sae shiranaikeredo

(Embora não soubesse seu nome,)

Tada hitotsu no omoi wo

(Porque eu quis compartilhar)

Anata ni tewatashitakute

(Este sentimento com você.)

 

A voz doce de Kyoko começou então a surtir efeito, relaxando o cavaleiro de um jeito estranhamente familiar. Era estranho, como uma canção de ninar. Uma linda e doce canção que Saga começava a questionar se já não a teria ouvido antes. Não sabia explicar, só sabia que aquela era a melhor sensação que podia sentir.

 

Toki wa ai mo itami mo

(O tempo envolve tanto o amor quanto a dor,)

Fukaku dakitome

(Até que ambos sumam.)

Keshite yukukedo watashi wa

(Mas eu ainda lembro deles)

Oboeteiru zutto...

(E sempre lembrarei.)

 

Watashi no mune no oku ni

(Embora eu não possa recordar de quando)

Itsukaraka hibiite ita...

(Um sussurro começara a ecoar...)

Yotsuyu no shizuku yori mo

(Profundamente em meu coração,)

Kasukana sasayakidakedo

(Mais fraco do que gotas do orvalho da noite.)

 

Saga piscou sonolento, focado na melodia, na voz de sua raposa, tentando buscar em suas memórias de onde havia escutado aquela música. Kyoko nunca havia cantado para si, e ele não possuía o habito de escutar músicas orientais, então de onde conhecia aquela canção? Queria pensar, tentar raciocinar, mas aquela voz e aquele cafuné estavam tornando tudo ainda mais confuso.

 

Itetsuku hoshi no yami e

(Talvez esta oração que rogo)

Tsumugu inori ga

(Passe pela escuridão de minhas estrelas congeladas)

Tooi anata no sora ni

(E chegue aos céus acima de você,)

Todoku you ni...

(Tão distantes.)

 

Inebriado pela voz mágica de Kyoko, Saga fechou os olhos, se deixando embalar de vez, por fim, pegando no sono. A raposa respirou fundo, tocando sua cicatriz no peito e pensando o que será que tinha ali dentro, no coração de Saga, que tinha o poder de tornar um dos homens mais imponentes daquele lugar em um menino assustado.

 

Quando um mal-humorado Saga acordou Kyoko já não estava mais na cama, mas não foi preciso muito para descobrir onde ela tinha ido. Saga passou as mãos no rosto tentando se situar e uma leve ardência no cotovelo chamou sua atenção. Olhou, intrigado, o pequeno corte sujo de sangue. Lembrou do pesadelo, suspirando irritado, saindo da cama com a cabeça latejando.

A figura belíssima de Kyoko ao se banhar fez Saga esquecer momentaneamente que aquele não era um de seus melhores dias. A água lavando a pele branca, levando o shampoo e a espuma do sabonete cheiroso que ela usava, as mãos delicadas descendo pelos seios, barriga, lavando a intimidade e as coxas hipnotizaram o geminiano. Sorriu malicioso, tendo uma ideia de como acabar com aquele humor horroroso, mas o faro apurado e a audição tão apurada quanto alertaram a raposa quem estava se aproximando, abrindo os olhos e virando na direção dele. Saga parou no lugar, vendo de cara o hematoma vermelho ao redor de um corte no lábio inferior de Kyoko.

— Vem! – ela sorriu, estendendo a mão.

Saga ficou parado um tempo, sem desviar os olhos seríssimos do corte, depois se aproximou devagar, a feição dura que Kyoko sabia bem o porquê e tentava ignorar.

— O que foi isso? – indagou imponente. Tocando de leve a ferida dela.

—Digamos que eu tive um pequeno acidente com os dentes enquanto dormia.

De bobo e muito menos inocente Saga não tinha nada! E uma das coisas que mais odiava era quando tentavam lhe fazer de idiota principalmente quando estava em “crise”. Já sofrera e muito aquilo na vida para saber e identificar de longe que a ferida era resultado de um golpe, e o fato de Kyoko estar mentindo para proteger seu agressor fez o mal humor de Saga piorar.

Saga segurou no queixo dela com força, erguendo, ela resmungou, mas nada fez. Sabia que mentir não era uma boa ideia, ainda mais pelo péssimo humor que ele se encontrava.

— Eu vou reformular minha pergunta porque parece que você não me ouviu: Quem bateu em você? – Saga apertou os olhos fazendo Kyoko engolir em seco.

— Foi...um acidente.

Saga soltou o rosto da kitsune, se afastando até a pia, abriu uma das gavetas sem nenhuma delicadeza, tirando uma navalha e espuma para barbear sob o olhar aflito dela. Ela pegou uma toalha, saindo do box sem desviar sua atenção, o que deixou Saga ainda pior por seu coração lhe dizer em cada batida o que ele não queria acreditar. Não era possível que havia sido ele a machucá-la daquele jeito. Maldição!

— Saga...

— Termine seu banho e pode ir. Não precisa me esperar para o café, estou sem fome.

Kyoko se enrolou na toalha, passando por ele com um olhar de pesar, dizendo:

— Claro...

Saga fechou os olhos ao ouvir a porta bater. Sabia que não devia descontar sua frustração em Kyoko, mas simplesmente não conseguiu. De olhos ainda fechados ele se recordou da melodia e da voz dela cantando para ele, o que o fez se sentir ainda mais culpado e as imagens de seu pesadelo martelando em sua mente só agravaram ainda mais a situação.

No sonho, via a pequena bebê Athena no berço, enquanto lutava contra seu demônio que gargalhava em sua mente, forçando suas mãos a segurar a adaga dourada, perfurando o pobre recém-nascido diversas vezes, se divertindo com o desespero do dono do corpo que habitava. Podia sentir com clareza o gosto de sangue, o sangue da vida inocente que Ares o forçava a provar vez após vez, pois era nos sonhos de Saga que concretizava aquele ato milhares de vezes. Uma marca, uma ferida aberta que o cavaleiro de gêmeos carregaria até a morte.

Olhou para seu reflexo e depois para o fio da navalha em seu pescoço. Até que não seria uma má ideia. O braço erguido refletindo a ferida no cotovelo, dando a Saga a resposta que, sinceramente, nem sabia mais se queria.

 

♊oOoOo♊

 

 

Na subida das doze casas Saga e Kyoko não trocaram uma palavra. Saga sentia-se péssimo mesmo depois de todo carinho e conforto que ela lhe dara. Os questionamentos dos shinobis e os olhares atravessados de Águia era a última coisa que queria naquele dia. E Kyoko? Bem, achou melhor não comentar. Conseguia sentir a aflição no coração dele então, achou por bem deixar ele se acalmar. Esperaria a melhor oportunidade para conversarem, de preferência a sós.

Kanon, já conhecendo o histórico de Saga, também não comentou nada, mesmo intrigado pelo corte no lábio de Kyoko. Águia e Ookami, seguravam as perguntas e indignação no mais profundo de seus íntimos. Era notável que Saga e Kyoko, outra vez, não estavam lá essas coisas, mas o que mais irritava era não saber o que raios havia acontecido para a boca dela estar daquele jeito. Será que Saga havia a agredido e ela não queria dizer por temer alguma ameaça?

Frustrado Ookami bufou, mirando o cavaleiro de gêmeos, que andava bem na frente e sozinho, com ganas de matá-lo.

Kuso(Merda!) - cuspiu irritado.

— Por que será que ninguém está acreditando em mim hoje? Que saco! Eu já disse que foi um acidente!!

— Acidente? Deixa eu pensar: Será que foi a mão dele que sem querer voou na sua cara ou sua boca que voou na mão dele? – zombou Águia.

— Parem vocês dois! – bradou o ruivo tentando não perder a calma.

— Qual é Yamoto?! Esqueceu do seu lugar é? Vai proteger o Saga agora? – disparou Águia.

— Eu sei muito bem o meu lugar, Águia, mas parece que você se esqueceu do seu!

— Parem vocês dois! Já chega! Eu já disse que foi um acidente! E mesmo que não fosse minha intimidade com Saga não é da conta de vocês!

A voz irritada de Kyoko fez Saga parar. Ele já vinha ouvindo os burburinhos pelo caminho, mas achou por bem ignorar. Só que aquela desconfiança excessiva daqueles três já estava passando dos limites que o calmo cavaleiro de gêmeos podia suportar. Sua mente estava um caos e sua maldita enxaqueca ajudava e muito a deixá-lo ainda mais irritado. Eram tantas coisas em sua cabeça: A amnésia de Kyoko, o fato dela ter perdido toda a energia, a vinda de Poseidon e Dionísio, a recente descoberta de, agora, ele ter herdado o lugar de Hiroaki e se isso tudo não fosse o bastante os três shinobis não pareciam estar ali para ajudar. Não precisava de gente para piorar ainda mais e sim de somatória para resolver os problemas.

— Qual é o problema de vocês? – perguntou frio e imponente, virando enfim na direção dos youkais.

— Saga!

Ouviu-se a voz de um sorridente Aiolos. O sagitariano caminhava feliz, quase saltitando para receber os amigos, mas ao se aproximar notou logo a irritação no cosmo de Saga.

— Eu estava esperando por...vocês?! – ponderou, percebendo a tensão no ar.

— Oi, Aiolos! – disse Saga, olhando-o por cima dos ombros.

— Tá tudo bem, Saga? Algum problema?

— Obrigado por me receber, Aiolos. Será que você poderia ir andando com a Kyoko e o Kanon na frente?

— É claro! Tudo bem.

Kyoko mirou o olhar sério de gêmeos e depois os três shinobis, em seguida caminhou até Aiolos e Kanon. Saga mantinha o olhar preso nela, segurando o dedo mindinho dela antes de deixá-la ir. Um gesto de carinho que Kyoko apreciou muito.

— Eu não vou demorar. – sussurrou próximo dela. Kyoko encostou o rosto no braço dele, sentindo o cheiro, dando um beijo e saiu.

Com imponência e arrogância, Saga observou os três, dando alguns passos para ficar cara a cara com os três. Yamoto manteve a postura relaxada sem desafiar a autoridade dele, um ato bem diferente de Águia e um enciumado Ookami.

— Parece que mesmo depois de eu quase ter morrido no mundinho de vocês eu ainda sou visto com desconfiança, não é?!

—Não é bem isso, Saga. É que...a boca dela... – Yamoto começou tentando ser pacífico.

— Vocês estavam brigados ontem a noite e aí hoje de manhã a boca dela aparece com um misterioso corte horrível, sendo que foi você o único a se aproximar dela. Não acha isso muito estranho? – sorriu jocoso.

— Acha que eu bati nela? – não fez rodeios, olhando os olhos amarelos de Águia.

— Eu não sei, me diz você. Você dormiu com ela, deveria saber. – devolveu o shinobi descruzando ao braços.

Saga olhou para Ookami e depois Yamoto só para voltar ao primeiro. Sabia que depois daquela confusão com Ume, Águia não iria deixar passar e o corte no lábio de Kyoko era a desculpa perfeita para tentar humilhá-lo. Hãn! Que ironia! Aquele que mal abria a boca era o que mais falava. Talvez seja por isso dele ser o mais quieto. Quando abria a boca, só falava asneiras. Só que a acusação mordaz de Águia acertou em cheio a ferida de Saga, irritando o cavaleiro e fazendo ele perder o controle de...novo. Saga sorriu de lado e num arroubo agarrou Águia pelo colarinho, fuzilando ele com o olhar. O shinobi não deixou por menos, devolvendo na mesma intensidade.

— Eu não me lembro de ter sido você a quem eu jurei amor eterno para ter que dar satisfações. – rosnou Saga, furioso.

— Me solta! Eu não ligo pro que você acha que sente. Eu não sou a Kyoko e não confio em você! – disparou Águia, tentando se soltar.

— Eu to pouco me lixando pra você, seu merdinha!

— E eu pra você! Sua palavra pra mim não vale nada. Você é um homem humano e ter Kyoko-sama é uma blasfêmia que até os deuses virão para contestar!

—Blasfêmia ela me amar?! – Saga puxou Águia para mais perto, dando um saculejão nele.

—Ei! Vocês! Parem de brigar!

Ookami começou a se desesperar, já antevendo o punho de Saga afundar no rosto de Águia. Estava acontecendo muita coisa de uma vez e brigar não era a melhor coisa. Por isso o lobo foi até os dois, tentando separá-los, mas mesmo sendo o mais alto dos quatro não foi o suficiente para lidar com a fúria de Saga. A mão grande livre dele, agarrou no rosto de Ookami, empurrando ele com força para trás, fazendo ele se desequilibrar e cair, alertando no ato que ali ele não devia se meter.

Yamoto ficou pasmo, perplexo com a cena. Ookami era o mais alto e o mais forte fisicamente entre os 4, e a facilidade de Saga em livrar-se dele foi impressionante.

— Blasfêmia é você existir, seu mimado de merda...

— Kyoko-sama merece o melhor, ela já sofreu demais e eu não confio em nenhum de vocês, humanos!! – grunhiu Águia.

— Eu não preciso da sua confiança. Não preciso de nada que venha de um merdinha feito você, um inconsequente que age sem pensar!

Nani?!(O quê?!) Você que não sabe de nada, Saga! Você não me conhece. Eu morreria por Kyoko-sama e pela minha irmã!

— Ah é eh?! Então me responde uma coisa, seu filho da puta: Será que você pensou por um segundo nas consequências que seu ciúme ridículo iria causar? Pensou no risco que você colocou a Kyoko quando exigiu que ela matasse o Mu?! Ahn?! Você por algum acaso pensou no que iria acontecer com a sua irmã, com seus amigos se a Kyoko tivesse matado o Mu?

Águia arregalou os olhos, tentando processas as palavras de Saga, não querendo admitir nem para si mesmo que não havia pensando em nada daquilo.

Saga então o libertou com um empurrão, fazendo ele cambalear, mas sem cair. Saga respirou fundo, fechando os olhos pela angústia da dor de cabeça lacerante e a vontade animalesca de arrancar o coração de Águia.

—Era...era a honra da minha irmã.- justificou num fio de voz.  

—Hãn! Honra, você disse?! – fez uma pausa. — Você por algum acaso sabe o que é honra? Sabe ao menos o que significa? Mu estava indefeso, sua armadura está em pedaços e mesmo que não estivesse, Mu não iria reagir por amor a sua irmã, ciente do que havia feito e disposto a assumir as consequências, isso sim é ter honra! Agora, as consequências do seu “ato de honra” iriam ser catastróficas. A morte dele iria enfurecer Aldebaran, Aiolia e principalmente Shaka. Deus! – Saga passou a mão nos cabelos e riu nervoso, suando só de imaginar. — Você não tem a menor noção do que é se meter com Shaka de virgem. Ela não teria a menor chance e vocês seriam esmagados na tentativa de protegê-la dos outros que viriam, levantando assim as mãos para o santuário e se tornando oficialmente nossos inimigos. Resumindo: Vocês seriam mortos e a Kyoko seria, na menor das possibilidades, presa. E eu teria de escolher. Uma escolha que eu nunca quero ter que fazer.

— Não tinha pensado nisso. – falou Ookami, surpreso.

— Eu sei que não.

— Covarde! Por isso aquele desgraçado não quis lutar! Se escondendo atrás dos amiguinhos!

— Não! Ele não quis lutar porque ama sua irmã e por consideração a mim. Você não iria parar até morrer e sua morte entristeceria Ume e com certeza deixaria Kyoko furiosa. Acredite meu caro, ele não revidou por covardia e sim para proteger sua irmã, então se você a ama e também quer mesmo continuar a zelar pela segurança das duas eu sugiro que deixe ele viver em paz com ela. Por mais que você nos odeie, Mu é o melhor de todos nós e jamais abandonaria sua irmã ou a magoaria, e a prova disso era que ele estava disposto a morrer do que erguer o punho para as duas pessoas que ela mais ama: Kyoko...- Saga caminhou ficando de frente a Águia. — ...e você!

O shinobi ficou parado, pensando nas palavras de Saga. Era difícil aceitar aquela realidade, mas agora via com clareza que exigir a promessa de Kyoko contra Mu fora um dos maiores erros que poderia ter cometido. Assassinar o cavaleiro de Áries principalmente depois de tudo que ele havia feito para ajudar daria o direito a qualquer cavaleiro de ouro a vingança. Shaka, Aiolia e Aldebaran não pensariam duas vezes, colocando uma Kyoko frágil e enfraquecida no meio de uma guerra onde Saga teria que optar em viver e lutar com seus amigos ou morrer como um traidor tentando protegê-la, pois por mais forte que ele fosse, era impossível derrotar todos os cavaleiros de ouro sozinho.

—Eu sei que é difícil pra vocês me aceitarem, apesar de eu não me importar com isso, mas...eu quero proteger a Kyoko. Quero cuidar dela e eu...preciso de ajuda. Agora mais do que nunca! Preciso de pessoas das quais eu possa deitar a cabeça no travesseiro e dormir em paz por saber que irão cuidar dela quando eu não estiver. Eu sou um cavaleiro de ouro, cheio de afazeres, mas eu sempre me desdobrarei para ela. Sempre! Então...por favor, somem. Somem comigo e não...diminuam. Ela gosta demais de vocês e eu...sinceramente não quero que vocês se afastem dela. Eu preciso de ajuda, então vamos parar de brigar? – falou Saga, pacífico.

Os youkais se entreolharam, mas foi Ookami a se manifestar primeiro. Ele sorriu seu melhor sorriso, colocando a mão no ombro de Saga sem hesitar. Yamoto também sorriu, estendendo a mão a ele. Saga devolveu singelo, apertando a mão que lhe era estendida. Águia ainda ficou pensativo, mas sabia que aquela situação não iria mudar e que mesmo não gostando, Saga sabia muito bem o que era melhor para Kyoko enquanto ela estivesse sem forças e sem memórias. Brigar não adiantaria e sim só pioraria tudo. Sem opção, bufou rendido.

—Okay!

—Ótimo! Agora vamos, ela está nos esperando. – disse Saga, saindo com os três.

 

Ao entrar na área privada Saga sentiu o coração parar. A imagem diante de seus olhos era como a visão de um paraíso que jamais poderia alcançar. O sorriso lindo e o olhar maravilhado eram retribuído pelo único gesto que o pequeno recém-nascido em seus braços podia dar, segurando o dedo indicador de Kyoko enquanto a mirava sem entender bem o porquê daquela mulher estar derramando pequenas pedrinhas em cima do seu corpinho. Os shinobis sorriram, se aproximando para conhecer e mimar o sobrinho de Kyoko. Saga ficou tão preso naquela visão que parecia em câmera lenta que não percebeu o olhar pesaroso de Kanon e o interrogativo de Naomi. Não precisava ser nenhum gênio para decifrar o que se passava na mente e no coração do cavaleiro de gêmeos.

No sofá Keiko chorava de tanta felicidade. Havia ganhado um filho e agora sua irmã de volta. Com cuidado ficou de pé, se aproximando do grupo e tocando o ombro de Kyoko. A raposa sorriu mais, chorando no misto de tantas emoções.

— Nhaaaaaaa...kawaii!!(Que fofo!) – falou Ookami, sorrindo e segurando as mãozinhas do bebê.

Yamoto acariciou o rostinho miúdo, sentindo a textura macia da pele e a vontade absurda de apertar as bochechinhas. O cabelinho negro destacava a pele branca do bebê, as bochechas vermelhas e os curiosos olhos verdes. O bebê se remexeu, emitindo um pequeno grunhido e fazendo uma cara engraçada.

— Acho que ele não gostou de você. – Águia zombou, fazendo Yamoto fechar a cara.

— Kyoko, eu...estou tão feliz que esteja aqui. Eu senti tanto a sua falta. – disse Keiko, chorando muito. — Eu sinto tanto, eu...queria ter ido com o Saga, mas...mas eu...

—Você não faz ideia do quanto eu senti a sua, mas isso é passado agora. Já passou. Eu estou aqui com você, ou melhor, você está aqui comigo agora e nunca mais vamos nos separar. Nunca!

Kyoko abraçou a irmã, chorando e espremendo o pequeno no meio, emocionando todos os presentes. Era como acordar de um pesadelo que não acabava nunca e agora só conseguia sentir e pensar em como estava grata por Saga e Aiolos terem cuidado e feito crescer a única família que tinha.

— Droga! Eu prometi a mim mesmo que não ia chorar! – resmungou Yamoto tentando prender as lágrimas.

— Ahhh...mas eu não!  

Ookami começou a chorar alto, se jogando nos braços de Águia que revirou os olhos. O que Ookami tinha de alto, tinha de meloso. Ôh! Bicho pra chorar a toa.

Naomi riu da cena, também chorando se aproximou das irmãs e se juntando ao abraço. Estava muito feliz por tudo estar, enfim, se encaixando.

—E aí?! Vai ficar parado aí com essa cara de quem viu um fantasma? Não vai lá dar boas-vindas também?

Saga piscou duas vezes, desviando a atenção para Kanon. O mais novo se aproximou mais, dando um toque de encorajamento no ombro dele. Sabia melhor do que ninguém como aquela situação despertava em Saga emoções e desejos das quais ele não poderia ter. Kanon sentia-se, agora, mais culpado do que nunca, pois se não fosse por seus atos maldosos no passado, provavelmente Saga jamais teria aceitado fazer vasectomia. Não podia negar, depois de voltar a vida e com o acordo de mil anos de paz conseguido com muito custo por Athena e Poseidon, Kanon se arrependia de muito mais coisa feita na vida anterior e uma delas, com toda certeza, era a cirurgia.

Sem jeito, Saga sorriu, acenando e caminhando até Kyoko. Ela percebeu a aproximação, virando na direção dele, e erguendo um pouco o bebê.

— Olha Heitor, diz oi pro tio Saga. – Kyoko segurou a pequena mão, indicando ela ao cavaleiro.

— Olá Heitor! – falou gêmeos, aceitando a miniatura de mão na sua. – Uall! Que aperto de mão forte. Pelo menos isso você puxou do seu pai, porque a beleza com certeza é da mãe.  

— Há há há! Não achei nenhuma graça! – reclamou Aiolos se aproximando também.

Os três começaram a gargalhar gostosamente.

A escuridão. Numa sala não muito ampla o silêncio repentino se tornava ainda mais assustador. O som do vento a assobiar, sacudindo as chamas do castiçal, dando vida as sombras que pareciam se contorcer nas paredes. A cena jamais esquecida se repetindo diante de seus olhos. Saga olhou ao redor, sentindo o cheiro típico e o calor do sangue vivo melando seus dedos. Uma pontada forte lhe acertou como um choque, estremecendo e apavorando o tão intimidador cavaleiro de gêmeos. Ele sabia o que era, sabia onde estava e sabia melhor ainda o que havia feito. “Não! Por favor! De novo não! ”. O metal dourado, frio, causando um choque térmico em seus dedos e o brilho da Adaga Dourada se misturando ao tom carmesim, se destacando na parca luz. O corpo miúdo do bebê, expelindo o líquido em agonia; pingando, se esvaindo até a última gota no chão de pedra. Sentiu pavor, sentiu horror; a bebê Athena estava morta em seu braço esquerdo e enquanto seus olhos sangravam em lágrimas seu eu maldito gargalhava sádico, realizado, divertido.

Saga gelou dos pés à cabeça, prendendo um grito dilacerante na garganta, se afastando um pouco, piscando confuso com a velocidade que aquela visão ocorreu e retornou a realidade. Sua dor de cabeça aumentou e ele sentiu como se a casa de sagitário se transformasse num imenso carrossel.

—Saga?! Saga! – Kyoko chamou, sentindo a aflição e o pavor contido dele refletir em cada centímetro de seu corpo.

Saga olhou ao redor, observando a realidade a sua volta, os olhos bicolores de Kyoko, tão assustados quanto os de Aiolos e Kanon. Naomi se aproximou, observando o suor repentino e a pele exageradamente pálida do cavaleiro. Ergueu a mão e tocou-lhe a testa. Saga se afastou. Não queria que a situação ficasse ainda mais constrangedora.

— Você está suando frio. – disse a morena.

— Eu estou bem, foi só...uma vertigem.

Kyoko sentiu o nervosismo e toda a aflição que ele sentia lhe alertando que Saga não estava nada bem. O que será que ele havia sonhado para que ficasse daquele jeito?

O cavaleiro se afastou mais até uma das janelas, aceitando a água que Amélia lhe trouxe, bebendo tudo quase de uma vez. A kitsune, entregou o bebê a Aiolos, se aproximando e tocando o ombro dele. Saga se sobressaltou, olhando um tanto perdido para a amada.

— Eu...tenho que continuar subindo. Shion e Shaka, eles estão me esperando.

— Eu vou com você.

— Não! Não precisa. – falou carinhoso.

—Precisa sim. Saga, eu...sinto você...por favor, não faz assim. – Kyoko sussurrou, se aproximando mais. Saga aceitou de muito bom grado, abaixando o rosto e sentindo o calor da pele, da respiração de Kyoko contra o seu. Os olhos fechados, aumentavam ainda mais o sentido do tato, lhe acalmando como a mais leve brisa matutina. A mão dela lhe acariciando a nuca enquanto os rostos se acariciavam.  

— Me desculpa...

— Shiiii...tudo bem, só me deixa ficar com você.

— É claro que eu deixo, mas por enquanto eu preciso resolver um assunto, depois eu vou levar você onde você quiser. Chega de ficar presa em Gêmeos.

— Então, eu posso ir lá em cima com você? – Kyoko questionou, sorrindo.

— Pode! Claro que pode!

Devagar Saga beijou Kyoko, sentindo o sabor dela e o calor incrível que aqueles braços possuíam. Pelos deuses! Nunca pensou que um dia poderia amar alguém mais do que a si mesmo, sentir sua outra metade se encaixar como uma peça de quebra cabeça, seu coração fora do corpo.

Kyoko, com muito custo, deixou Saga, indo até a irmã, se despedindo dela e do pequeno Heitor, mas não sem antes encher o pequeno de afagos, prometendo que logo voltariam e, claro, ganhando um belo curativo no lábio feito por Naomi.

 

Continua...


Notas Finais


Ainnn gente, que vontade de apertar essa coisinha fofo só de imaginar!!! Demorei muito para escolher no nome do bebê, mas por fim gostei mais de Heitor. Tem um significado bonito e acho que combina para o filho de quem. Obrigada outra vez pelo carinho, não sejam tímidos meus amados, deixem comentário com dicas, críticas CONSTRUTIVAS e elogios também. Isso ajudas pacas!!! Bjjjjj e até!!! =3
Obs:
A música que a Kyoko cantou se chama Radical Dreamers - The Unstealable Jewel. Vou deixar o link para quem quiser ouvir e saber como é a canção. https://www.youtube.com/watch?v=aBE3c9X0BoA


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