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História Uma Estranha no Paraíso - Estamos juntos nisso e é pra sempre


Escrita por: Marii_Rafaela e mari_rafaela_2

Notas do Autor


Oi amores!
Tudo bem com vcs?
Espero que bem, hehe😉😉😉

Espero que gostem desse capítulo! Beijocas! Comentem o que estão achando!♥

Capítulo 25 - Estamos juntos nisso e é pra sempre


Fanfic / Fanfiction Uma Estranha no Paraíso - Estamos juntos nisso e é pra sempre

Querido David

Hoje faz três meses desde que recebi a sua carta.

Eu ainda a leio todas as noites antes de dormir. Eu sei. É idiota demais, até pra mim.

O mais impressionante é que não tem nada de mais nela. Apenas a letra de história de verão do Forfun com sua letra de garrancho horrível.

Sabe, às vezes ainda parece que você não partiu.

Sinto como se você fosse voltar a qualquer momento, com os cabelos molhados, eufórico, trazendo alguma lembrança de alguma cidade que passou.

Mas eu sei que isso não vai acontecer. Não vai.

Sinto sua falta, David. Tem dias que parece que não vou mais suportar a dor.

Todo mundo já percebeu. Até o idiota do Hugo está me tratando bem, acho que com pena de mim.

Mamãe vem até meu quarto todas as noites e fica comigo até eu dormir.

Ela diz que isso vai passar. Que tenho apenas 15 aos e um dia isso não vai passar de uma lembrança ruim.

Mas eu não quero. Eu não quero esquecer. Eu não quero esquecer de nada. De nada que vivemos.

De como eu te amei. De como eu entreguei o meu coração a você. De que você foi o amor da minha vida. Sempre foi e sempre será.

Você nunca vai ler essa carta. Porque eu não pretendo colocar no correio. Ela vai se juntar à pilha de outras cartas que não enviei.

E provavelmente eu nunca mais terei uma chance com você, não depois de tudo isso.

Voltaremos a ser Helena e David. Só. Seremos apenas os filhos da Camila e da Regina.

Mas eu queria que você soubesse. Que todo o tempo e toda a distancia do mundo não vão apagar o amor que eu sinto por você.

E o mais doloroso é saber que eu nunca vou conseguir superar.

Talvez esse buraco enorme no meu peito que tanto me machuca nunca sare. Mas eu vou me acostumar. Melhor conviver com a dor e saber que um dia você e eu nos amamos do que nunca saber como foi amar você.

Onde você estiver, saiba que eu te amo. Eu te amo David. Eu posso ser apenas uma menina. Posso ser apenas uma garota boba e apaixonada. Mas eu sempre vou amar você.

De sua sereia.

Biju.

*

-Amor... Por favor, me entenda... – David implora desolado, segurando meus braços com força – Biju...

-Tá. – Falo com rispidez – Explique então. Por que você nunca me disse que recebeu essa carta? – Falo com um profundo tom de mágoa.

Ele arrasta meu corpo até a cama e eu me sento, sem escolha. Seus olhos estão amendoados e molhados. Eu odiava fazê-lo se sentir assim, mas eu não suportei ver aquela carta, que significava tanto pra mim, ali guardada.

-Amor – Ele começa a falar, a testa já brotando várias gotas de suor e o semblante tristonho – Eu quis te responder. Eu juro. Mas o que eu diria? Eu tava puto demais com a ideia de você ter ido ao baile com o idiota do Cris.

-Que bobagem, David! – Falo com o ego ferido – mesmo que naquela ocasião você estivesse chateado comigo, porque depois desses dez anos você não mencionou a carta?

-Eu... – Ele dá de ombros – Biju. Isso foi há tanto tempo. Desculpe, amor.

-Que saco – Solto um muxoxo e cruzo os braços – Isso significou muito pra mim.

-E você acha que pra mim não? – Sua voz fica grave e ele franze a testa – Biju, eu li essa carta durante quase dez anos! Você nunca saiu dos meus pensamentos! Você era uma espécie de... Sei lá – Ele ri soturnamente – uma maldição! Uma lembrança de que eu nunca amaria nenhuma mulher como você na vida.

Ele soava como um homem desesperado, agarrando-se a qualquer coisa que pudesse tira-lo do buraco que ele mesmo cavara.

Minha respiração normaliza e aos poucos me acalmo. Ponderei comigo mesma e penso que talvez eu estivesse exagerando. Pego seu rosto com as duas mãos e lhe dou um beijo caloroso.

-Não faça mais isso comigo! – Ele solta uma lufada de ar e seu rosto fica vermelho de raiva – Não brigue mais comigo, meu amor! – David grasna e eu me encolho – Você sabe o que passou pela minha cabeça nos últimos minutos?

-Não – Minto. Eu sabia exatamente a resposta. Saber que o nosso elo podia se quebrar de novo era incomensuravelmente doloroso.

-Então nunca mais faça isso – Ele me abraça e sinto seu corpo trêmulo se sacudindo.

Esquadrinho o quarto a procura de um cobertor. Me aninho em seu peito e ficamos abraçados só ouvindo nosso respirar.

A calmaria volta minutos depois, mas a sensação de que algo ruim aconteceria em breve me deixava quase à beira de um colapso.

Minhas lágrimas turvaram minha visão quando me lembrei de Emma. A pequenina e ingênua garota que havia sido levada por um casal desconhecido para longe de nós.

David afaga o alto de minha cabeça e sinto um aconchego desmedido ali naquele quarto, que se transformou no nosso ninho de amor. Respiro fundo e sinto o cheiro peculiar e particularmente bom das notas de madeira, suor e sexo que exalavam do corpo de meu namorado.

*

Fui acordada pelo toque delicado de David, que com o celular na mão parecia alarmado. Ele me entregou o fone quando percebeu que eu já havia despertado e se empoleira numa cadeira, me olhando ansioso.

Atendo o telefone com voz de sono e ouço a cadencia na voz de Dr. Greg. Ele estava ordenando que eu fosse até o escritório encontrá-lo e que não entraria em detalhes.

David me leva até meu apartamento, onde troco minha roupa formal de escritório por uma calça jeans, uma camiseta larga do Radiohead e um all star.

Depois ele me leva até o escritório. Despeço-me com um beijo singular e apaixonado e o deixo, olhando para o céu e contemplando os primeiros sinais de um amanhecer.

No escritório, Bruno e Fran já me esperavam. A nova contratada, Meggie Lennox, uma ruiva bonita estava no encalço de Greg, fazendo anotações numa planilha.

-O que houve? – Pergunto quando Bruno e Fran correm pra me receber.

Os dois, assim como eu foram pegos de surpresa. Bruno vestia uma roupa velha e gasta e mal conseguiu pentear o cabelo, e Fran vestia a calça do pijama e uma blusa manchada do que parecia óleo. Ou pelo menos torci para que fosse.

-Ok. Já que estão todos aqui – O doutor Greg fala todo aprumado e o silencio se faz em poucos segundos – Posso dizer o motivo de estarem aqui, a essa hora. Peço desculpas por ter tirado vocês de suas camas. Mas sei que todos que trabalham comigo, assim como eu, esperava por esse dia.

Sinto o coração se agitar com alegria e surpreendo-me falando um palavrão alto que faz todos rirem, inclusive o doutor Greg.

-Sim, Helena. – Ele sorri com os olhos – Nosso dia chegou. – O alvoroço toma o local, alguns advogados faziam dancinhas de vitória e vejo Fran tascar um beijo na boca de Bruno – Mas ainda não vamos comemorar. Precisamos ser cautelosos. Vamos nos espalhar. Meggie entregará pra vocês os lugares designados e quais crianças resgatar. Cada um de vocês será acompanhado por um policial a paisana.

Meggie me entrega uma folha e eu a leio com euforia o nome do bairro e o nome da criança que eu iria resgatar. Hayla. Ela tinha seis anos e nasceu na França, mas seus pais, islâmicos morreram tentando o visto permanente no país. Hayla e outras treze crianças estavam presas e vivendo na escravidão por ex-soldados islâmicos que moravam naqueles bairros. Denuncias anônimas e meses de preparação tornaram esse dia possível. Agora estávamos indo resgatar aquelas crianças que nunca souberam o que era ser feliz. Nunca souberam o que é ser criança.

Sou apresentada ao meu policial, François, que está vestido frugalmente e em nada demonstra ser um policial disfarçado e vamos até nosso bairro.

O policial dirige, e Fran está no banco de trás. Rezo durante todo o caminho para que tudo dê certo. Se as informações forem mesmo corretas, estávamos em vantagem. E eu esperava que isso fosse mesmo verdade.

No caminho, enquanto o vento forte estapeava meu rosto vidrado na janela, penso em nossa resiliência e em como isso nos faria ficar mais fortes. Nós, o grupo de advogados que deixou pra trás a chance de ganhar rios de dinheiros para cuidar de quem era esquecido pela sociedade.

Penso no meu amado David. Eu consegui despistá-lo e ele não sabia o que iríamos fazer. Se ele soubesse, arranjaria uma forma de me impedir. Isso era óbvio. Nem que ele precisasse me amarrar, me trancar ou me amordaçar, ele faria qualquer coisa pra que eu não me expusesse ao perigo.

Eu o amava tanto, e tudo o que eu queria agora era vencer essa batalha. Por ele. Por nós. Por Emma. Por Hayla. E por todas as crianças.

*

David´s Point Of View

Eu estava sem notícias da Biju há quase um dia inteiro. A chamada desesperada de Greg fez suscitar em mim aquela sensação sombria e fleumática de que ela estava em perigo.

Ligo não uma, mas pelo menos cinco vezes para o celular do doutor Greg. Todas as ligações caem direto na caixa postal.

Saio do treino mais cedo com a desculpa de não estar me sentindo bem e vou até o prédio da Greg´s Advocacia. Sou barrado na entrada por um dos seguranças que só sabe dizer que eu não poderia subir, pois hoje somente pessoas autorizadas teriam acesso ao prédio.

Praguejo e saco o celular novamente, discando todos os números que eu conhecia que podiam me ajudar a descobrir o que tinha acontecido. Todas as ligações foram sem sucesso. Meus amigos ficaram tão preocupados que me fizeram sentir pior.

Passo a rumar sem destino, à procura de alguma pista. Meu celular vibra e eu olho rapidamente a mensagem, achando ser de Helena.

Mas era uma mensagem melodramática e carregada de peso e energia ruins.

-Sara. Estou no meio de uma coisa importante. Não tenho cabeça pra mais nada agora. Por favor, fale com Dudu ou Gustavo.

Envio o ríspido áudio e reviro os olhos, guardando o celular.

Procuro por todos os lugares possíveis, e quando a noite cai, estaco derrotado na frente do apartamento de Biju.

Minutos depois, ouço o andar arrastado de Hugo. Ele se senta na calçada ao meu lado, com duas canecas fumegantes de chocolate quente nas mãos. Ele estende uma pra mim.

Inspiro o cheiro do conteúdo e engulo, queimando minha garganta.

-Já procurei em todos os lugares, Hugo. – Falo com pesar na voz – Não sei mais o que faço.

Ele me encara com o olhar vazio e procura algo nos bolsos. Um cigarro de maconha aparece entre seus dedos e ele acende com um isqueiro, dando um grande trago e fazendo uma careta depois.

-Quer? – Ele oferece com a voz arrastada.

Balanço a cabeça e solto um suspiro de resignação.

-Eu devo chamar a polícia? – Pergunto e Hugo levanta o rosto pra me olhar – Estou me sentindo horrível...

-Bem vindo ao clube, irmão – Ele fala sem emoção, os olhos injetados fitando o nada. – Heleninha é assim. E no fundo você sempre soube.

Abro a boca pra falar, mas fecho-a em seguida.

-Ninguém consegue segura-la – Ele continua, dando mais um trago e tossindo em seguida – Ainda mais quando se trata de resgatar alguma criança remelenta em apuros.

-Ela não me contou isso – Afundo a cabeça entre as mãos – Ela só disse que tinha uma urgência no escritório.

Ele balança a cabeça e sorri em solidariedade.

-Urgência no  vocabulário da Heleninha é entrar no meio do fogo cruzado, ser baleada,entrar em prédios em chamas. – Sua voz é impressionantemente calma.

-Porque não está a ponto de enfartar, assim como eu?

Fico de pé, as pernas começando a ceder.

-Porque acha que eu vim pra Paris? – Ele fala, agora com emoção na voz – Meus pais morreriam se algo acontecesse com ela. – Ele dá de ombros – Ela é assim. Você a conheceu assim, David.

-Que porra. – Falo com rouquidão na voz. Eu era apaixonado por uma louca. – Ela sempre foi assim. E então? – Cruzo os braços e Hugo levanta o rosto e me encara.

-Temos que esperar. Eu sei, é um saco – Ele fala quando franzo o cenho – Ela vai aparecer em poucas horas, suja, fedida, e provavelmente com alguns arranhões e uma criança nos braços.

Arqueio a sobrancelha. Eu daria tudo para estar ao lado dela.

-Não fique assim, David. – Ele fala, se levantando e tirando uma sujeira invisível dos joelhos – Se quer fazer parte da vida da Biju, tem que aceitá-la desse jeito. – Ela é forte. Mas é ingênua. Eu só... – Hugo dá um suspiro profundo e lágrimas inéditas começam a brotar de seus olhos – Eu só espero que não façam mal a ela. O mundo não será o mesmo sem a Helena. E minha vida também não.

Quando percebo estamos abraçados. Quando o relógio marca nove da noite, um carro cantando pneu para na nossa frente. O farol quase me cega, e eu forço a vista para saber quem era. Mas meu coração já dizia.

Reprimi a emoção ao ver Biju sair do banco do passageiro exatamente como eu imaginava. Suja, o rosto com manchas enormes de fuligem, o cabelo emaranhado e um sorriso enorme nos lábios.

Ela corre em minha direção e pula no meu colo. Imediatamente a aperto junto a mim, beijando seu rosto com calor.

De repente sinto um cheiro quase insuportável vindo dela.

-Biju – Franzo o cenho.

-Eu sei... – Ela me olha como quem se desculpasse. – Espera um pouco.

Ela corre até o carro e se despede de alguém. Volta correndo e eu torço para que não me abrace de novo, pois o cheiro já estava me impregnando.

-Você está bem então – Falo – Venha, vou dar um banho em você.

-Eu sei cuidar de mim, garotão. – Ela fala com a voz particularmente sexy e se vira para Hugo – Hey. Isso aí são lágrimas?

Ele resmunga algo e se vira para entrar no prédio. Nós dois o seguimos e Biju não parava de falar do emocionante resgate de uma criança que vivia como escrava na mão de homens pérfidos e cruéis.

Subo em seu encalço, só conseguindo pensar nos momentos terríveis em que passei pensando que ela podia ter se machucado.

Deus.

Eu estava mesmo perdido. Biju ainda me levaria aos níveis mais altos de insanidade. Mas eu estava disposto a correr o risco. Porque era ela a minha parceira na luta apocalíptica contra um mundo devastado e caótico.

É. Deus sabia mesmo ter bom humor.


Notas Finais


😭😭😭


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