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História Uma garota normal, ou quase... - A todo vapor


Escrita por: Yuzu17

Notas do Autor


O título desse capítulo é graças a minha melhor amiga. Desculpa demorar mil anos para aparecer. Espero não decepcionar ninguém. Olha que presente de Páscoa, melhor que chocolate ( só que não). Boa leitura.

Capítulo 10 - A todo vapor


Dia 04/10/2017

 

 

Isso é tudo que está escrito em meu caderno de história. A escola que antes era meu refúgio parece mais com uma prisão, pra melhorar a situação a Lauren não me dirigi o olhar. E de quebra ainda tenho aula com esse cara...

 

- Senhorita Anderson, vejo que tudo o que eu acabei de falar e colocar no quadro está em seu caderno! Que aluna exemplar, será que você quer uma advertência?? – Perguntou irônico, não se ouvia um pio na sala de aula, todos ficaram estáticos com o seu modo rude de se reportar a minha pessoa. – Aonde você estava, no mundo da lua? Presta atenção na droga da explicação!! – Gritou, fazendo todos se encolherem. Eu nada respondi. Tudo estava péssimo, e mais essa agora, se eu responder esse maluco irei explodir e vou falar mais do que devo. Tudo o que fiz foi assentir. Ele mexeu no bolso de sua camisa, e tirou a advertência prontinha, meu nome já estava lá, esse puto estava só esperando uma oportunidade pra me prejudicar. – Quero isso assinado pelo seu pai até segunda.

- Meu pai está viajando. – Falei olhando em seus olhos. Ele parecia possesso pelo simples fato de eu existir fazendo me perguntar : o que fiz contra esse cara?

- Só traga isso assinado pelo seu responsável até segunda. – Respondeu com desdém, seus olhos azuis frios como o próprio gelo desviaram o foco de mim e voltaram-se para o quadro branco cheio de tinta preta. Já os meus foram a procura de outros, e eu os avistei. Suas esferas verdes focavam em mim, sua expressão era indecifrável. Vários outros ainda me olhavam, mas não liguei para esses. Então a voz daquele ser amargurado atingiu meus ouvidos e virei para sua direção.

 

– Como eu estava dizendo a turma antes da senhorita atrapalhar, o trabalho será fazer uma história que se passa na revolução francesa ou qualquer outro período da história que EU tenha dado. A história tem que ser sobre um casal vivendo esse período e sendo submetidos aos acontecimentos da época escolhida. O trabalho será em dupla e todos terão que representar 1 cena da história ou lê-la para classe. Ela tem que ter no mínimo 10 páginas. E a data de entrega será daqui a quatro semanas. – um burburinho começa na sala, como se ela ganhasse vida, as pessoas já iam formando duplas e de repente o professor interrompeu pra dar a fatídica noticia. – Podem parar com as combinações, eu já escolhi as duplas.

- Ah não! – Os alunos disseram em coro. Realmente é muito chato quando o professor escolhe. Em vez de você fazer com seu amigo que sabe que vai te ajudar, você pode ficar com um lerdo e folgado. Porém não tenho nenhum amigo nessa turma, então pra mim tanto faz, eu vou fazer tudo sozinha mesmo.

- Ah nada! Agora eu vou ler o nome das duplas então prestem atenção. A primeira dupla é.... – Só agora tinha notado o papel em suas mãos, ele exprimia o olho numa tentativa de enxergar os primeiros dois nomes. Logo sua expressão suavizou ele me fitou e disse. – senhorita Anderson e Lauren Lins. A segunda dupla é o glenn e Richard....

....

Ela é a minha dupla...

A busco com o olhar. Lauren me olha com espanto, ela com certeza não quer fazer dupla comigo. Muito mais forte que eu, um esboço de sorriso fica estampado em meus lábios e ela me encara e logo vira a cara, para não me ver mais.

É... agora esse é o meu professor favorito.

Anoto as coisas que ele colocou no quadro, e devido a minha repentina felicidade o tempo passa voando. O sinal indicando o fim do primeiro tempo toca. Eu guardo rápido o caderno e a advertência na mochila e me dirijo a mesa de Lauren. Como a gente vai ter a mesma aula agora dá pra discutir o trabalho, e ela não me escapa, eu vou conseguir conversar com ela e convencê-la de que não estou brincando. Paro exatamente ao seu lado enquanto ela guarda o material em sua bolsa. Ela levanta a cabeça e da de cara comigo e sua expressão não fica nada legal.

- Então... Eu vim aqui pra falar sobre o trabalho... – falei acanhada. Lauren estava me deixando muito desconfortável com seu jeito. – Olha, eu sei que você está brava comigo, mas pelo amor de deus! Temos que fazer esse trabalho, senão o professor vai me matar. – suas sobrancelhas se contraíam de forma ameaçadora. Ela ficou calada me observando enquanto eu morria por sua resposta.

- Eu posso fazer com você, mas tem uma condição. – ela falava com uma postura séria, demonstrando que não irá recuar por nada. – Depois desse trabalho você não vai mais se dirigir a minha pessoa. – Disse bem clara. Eu não quero e nem posso me afastar, não aguentaria. Eu aceito qualquer coisa pra ficar do lado dela, se precisasse eu dava todo meu dinheiro pra ficar pelo menos mais um minuto.

- Eu. .. – Quando eu ia me expressar sobre o que acho ela me interrompeu.

- É pegar ou largar, não tem “mas”. – Pontuou fria.

- Okay... – Suspiro. – Quando você quer começar? O trabalho pode ser lá em casa, eu tenho uma biblioteca com vários livros falando sobre esse período. E se você quiser a gente pode começar hoje mesmo, na biblioteca não pode fazer barulho então nem vamos poder discutir sobre o que escrever, o que você me diz? – Pergunto com uma pontinha de esperança, sei que ela não quer ficar muito comigo então usei essa cartada.

- Tudo bem, mas só porque eu quero acabar logo com isso. – Sua voz soa ríspida, sinto como se recebesse uma facada em meu peito. Só porque sei que Lauren não quer estar perto de mim, isso não significa que ouvi-la dizer o mesmo não dói.

- A gente se encontra na saída?

- Sim, fique em frente a saída principal, a gente se encontra lá. Agora vou pra minha próxima aula. – Ela disse e saiu andando em direção a aula de inglês. Eu até poderia alcançá-la e dizer que a gente está na mesma classe, porém ela já sabe disso. Se ela quer esse espaço, esperarei pacientemente até podermos falar outra vez.

Comecei a caminhar calmamente entre as cadeiras e me dirigi para fora da sala. Virei a esquerda e andei em passos lentos e despretensiosos pelo o corredor pouco movimentado, talvez devesse me apressar, mas pressa agora é algo que eu não tenho. Estou feliz por fazer esse trabalho com a nerd. Isso é uma chance única de mostrar que não sou esse monstro que ela pensa que eu sou. Não posso estragar isso assim como eu sempre faço. Não quero mais ser uma decepção pra ninguém.

 

 

 

 

 

 

 

Justine pov

 

 

 

O sentimento de preocupação não quer sair da minha cabeça. Minha amiga desde pequena carrega a cruz de ter perdido sua mãe e seu pai tê-la largado no sentido afeto, quero ajudar, mas eu não sei como fazê-lo. As vezes eu gostaria de pegar um pouco desse sofrimento e isolá-lo.

- E aí juss. – chega de fininho, o que me assustou, colocou a bandeja na mesa e sentou-se ao meu lado. – Você já ta sabendo do trabalho de história? – Ela me assusta assim e ainda age naturalmente.

- Eu sei Andy. E nunca mais chegue assim, você não faz barulho nenhum, credo. – termino de falar e ela ri.

- Desculpa, eu tenho habilidades que ninguém mais tem, então entendo que você se assuste. – Diz irônica, ela está saindo um pouco de seu estado melancólico, ainda bem! Antes ela nem respondia as minhas provocações. – Então, você não vai acreditar quem é a minha dupla. – diz um pouco animada, porém com um semblante meio triste. Tenho as minhas suspeitas de quem seja, só ela pra deixar meu bebê assim. Essa garota tá me tirando do sério, ela fica esnobando a Pamela e nem deixa ela explicar nada, como se ela fosse a dona da verdade. Sei que parece muito que a Pam mentiu, mas ela nem deixa-a contar o que aconteceu e a isso faz a minha amiga sofrer e muito. Ela tem que lidar com a rejeição do pai, com a culpa que ela sente pelo acidente e agora com a rejeição dessa garota. A Lauren é muito infantil, Deus que me perdoe.

- Quem? – Me fingi de sonsa, vou deixar ela acreditar que me surpreende.

- A Lauren. – Disse com um meio sorriso , ela com certeza está planejando alguma coisa. E... sabia que ia ser essa criança.

- Nossa, nem sei o que dizer...

- Eu sei que você está preocupada jus, mas relaxa. Irei aproveitar esse trabalho pra resolver esse problema com a Lauren. – Disse e deu pra ver a preocupação que sentia.

- Ok, conte como você pretende resolvê-lo. – pedi , e ela prontamente começou a contar o que queria fazer pra conseguir mostrar a Lauren quem ela realmente é: um amor de pessoa. Espero que essa Lauren não seja tola de magoar ainda mais a minha amiga, ela não vai ficar correndo atrás dela pra sempre. Andy merece alguém que lhe corresponda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lauren POV

 

 

 

Quem nunca ouviu a frase “isso não pode ficar pior”? Pois senão ouviu saiba: sempre pode ficar pior! O fundo do poço pode ser apenas uma ilusão para te enganar e te fazer descer mais ainda . O que quero dizer com tudo isso é que: a vida está num complô pra me irritar.

Além do professor passar um trabalho difícil, a minha dupla é ninguém menos que a pessoa que eu não quero ver na minha frente: Pamela Anderson. Até pensei em fazer sozinha, mas ela chegou no fim da aula e pediu pra fazermos o trabalho juntas e me lembrou que o professor não gosta dela. Posso não gostar dela também, mas ele pega muito pesado e não quero ferrar com a vida dela, o que ele vai fazer se perceber que eu fiz o trabalho sozinha. Só espero que a gente consiga fazer isso rápido, não quero ficar muito tempo com Pamela, ela com certeza vai tentar me enganar de novo. Receio que a única coisa boa de fazer esse trabalho é que depois disso tudo ela não vai mais me encher o saco.

Estou em frente a saída principal à mais de 10 minutos esperando essa garota. O resto de minha pouca paciência está se esvaindo mais rápido conforme o tempo passa, e o nervosismo e mau humor vão tomando lugar. Além de fazer esse trabalho gigante com ela, a gente vai fazê-lo em sua casa: o território inimigo.

 

- Vamos Lauren, você consegue! É só um trabalho. – Pensei. É eu vou conseguir, a gente vai acabar rápido e ela nunca mais vai falar comigo.

- Eii, – sou interrompida em meus pensamentos e vejo Pamela parada do meu lado me observando. – Vamos? Meu carro está logo ali. – Disse enquanto apontava pra uma linda BMW branca. Todos nessa escola sabem qual é o carro dela, então nem sei porque ela me indica.

- Vamos. – É a única coisa que respondo , logo ela passa na minha frente e a sigo em direção ao carro, Pamela destrava o mesmo através do controle na chave e para ao lado do carona abrindo a porta pra mim. Não sei se isso é uma tentativa de me impressionar ou é educação dela, mas prefiro acreditar no primeiro. Entro no carro me sentando e ela fecha a porta gentilmente e dá a volta até seu lado, finalmente entrando no veículo. Ela fecha a sua porta e põe a chave na ignição, logo ligando o motor. Em seguida manobra o carro para sair da vaga e começa a dirigir na direção onde seria sua casa.

Me encosto na janela do carro e reparo na paisagem do caminho em que estamos. Um silêncio chato paira sobre nós deixando o clima mais tenso e propenso a pensar coisas desnecessárias, então viro-me e pergunto:

- Posso ligar o rádio? – essa é uma solução simples para o problema do silêncio. De repente ela vira, e seu rosto captura minha visão, ele é lindo... O que!? Rapidamente girei meu rosto para o outro lado, espero que ela não perceba que causou algo em mim. Sinto o seu olhar sobre mim, queimando meu ser.

- Eu ligo pra você... – Ela estende a sua mão e aperta o botão, fazendo o som se espalhar pela cabine.

- aqui é o DJ Marx, falando direto da rádio CM.fm, a melhor rádio da cidade, tocando as melhores músicas só para você. Agora acabou a música cold water de Justin Bieber , e a próxima música é de Melanie Martínez: Dollhouse.

O silêncio é preenchido gradativamente com o início da música, e não demora muito e a cantora começa a cantar.

 

 

 

 

Hey, girl, open the walls

Play with your dolls

We'll be a perfect family

When you walk away

It's when we really play

You don't hear me when I say

Mom, please, wake up, dad's with a slut

And your son is smoking cannabis

 

 

 

 

Gosto dessa música, ela é uma ótima crítica social, ela te faz parar pra pensar e refletir. Nada é perfeito, por mais que pareça e é essa a mensagem que ela quer passar com a letra.

 

 

 

No one ever listens, this wallpaper glistens

Don't let them see what goes down in the kitchen

 

 

 

 

Pego meu celular e vejo a hora, já são 3:25pm. Espero que a gente chegue logo na casa dela, assim começamos logo esse monstro que o professor passou chamado trabalho.

 

 

 

 

Places, places, get in your places

Throw on your dress and put on your doll faces

Everyone thinks that we're perfect

Please, don't let them look through the curtains

Picture, picture, smile for the picture

Pose with your brother, won't you be a good sister?

Everyone thinks that we're perfect

Please, don't let them look through the curtains

D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees

(D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees)

 

 

 

 

Volto a minha atenção a garota no volante, a sua expressão é de tensão. Suas sobrancelhas entregam o que ela sente, provavelmente ela está tensa com a minha presença aqui. Bem feito, ninguém mandou mentir pra mim, agora precisa de mim pra fazer o trabalho com ela, senão leva zero.

 

 

 

 

Hey, girl, look at my mom

She's got it going on, ha

You're blinded by her jewelry

When you turn your back

She pulls out her flask

And forgets his infidelity

Uh oh, she's coming to the attic, plastic

Go back to being plastic

 

 

 

 

A minha atenção retorna para o que acontece fora do carro, e percebo que já estamos numa área mais nobre da cidade, nada que não fosse o esperado para falar a verdade. É só você parar e prestar atenção, Pamela se veste muito bem e tem uma FUCKING BMW , é lógico que ela iria morar num lugar desses.

 

 

 

 

No one ever listens, this wallpaper glistens

One day, they'll see what goes down in the kitchen

Places, places, get in your places

Throw on your dress and put on your doll faces

Everyone thinks that we're perfect

Please, don't let them look through the curtains

Picture, picture, smile for the picture

Pose with your brother, won't you be a good sister?

Everyone thinks that we're perfect

Please don't let them look through the curtains

D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees

(D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees)

Hey, girl

Hey, girl, open your walls

Play with your dolls

We'll be a perfect family

Places, places, get in your places

Throw on your dress and put on your doll faces

Everyone thinks that we're perfect

Please, don't let them look through the curtains

Picture, picture, smile for the picture

Pose with your brother, won't you be a good sister?

Everyone thinks that we're perfect

Please, don't let them look through the curtains

D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees

(D-O-L-L-H-O-U-S-E, I see things that nobody else sees)

 

 

 

 

Quando emerjo de meu silêncio, noto que a música já mudou e que estamos entrando num condomínio de casas de luxo. Algumas ruas depois chegamos enfrente a uma linda casa, Pamela abre o portão, entramos e nossa! A casa é muito bonita mesmo. Ela para o carro na garagem e o desliga, nós saímos do mesmo em silêncio e ela abre a porta da garagem, vejo que ela dá dentro se sua casa. Adentramos a sua sala e ela finalmente fala :

 

- Você quer comer ou beber alguma coisa antes de começarmos? – Me pergunta apreensiva.

- Pode ser....- respondo ainda vidrada no ambiente ao meu redor.

- Então me siga. – Falou, virando -se em direção ao fundos da casa. Nós andamos e eu reparo na arrumação, a sala tem vários sofás e uma tv, e ao lado tem uma escada que é colada num vidro espesso que dá para o jardim e uma piscina. Passamos ao lado da escada e continuei olhando lá pra fora através do vidro, aqui é realmente lindo. Quando noto já estamos na cozinha, e vejo um urso de pelúcia gigante numa das cadeiras da copa.

- Porque você tem um urso gigante na cozinha? – perguntei, e procurei a destinatária de meu questionamento. Ela estava pegando dois copos num armário perto da geladeira. Pamela vira e me olha um pouco estranho, como se tivesse sido pega no ato de alguma coisa. Vejo as suas bochechas ficarem um pouco avermelhadas, ou talvez seja só impressão minha. Ela parece relutar em responder, porém fala:

 

- Eu me sinto muito sozinha... Então eu deixo ele aí... Ele foi o último presente que a minha mãe me deu antes de partir.... – conclui cabisbaixa, colocando alguns fios de cabelo atrás a orelha. E então ela levanta a cabeça e sorri fraco. – O que você quer beber?

Ok... Acho que ela não quer tocar nesse assunto.

- Sinto muito... Pode ser água, na verdade qualquer coisa está bom. – disse enquanto tentava acompanhar a brusca troca de assunto. Nunca pensei que Pamela, a garota mais popular da escola, tivesse problemas em casa.

 

- Se você quiser a gente pode comer alguma coisa ou a gente começa logo o trabalho... – Falou se encolhendo enquanto entregava o copo. Acho que ela pretende deixar eu decidir tudo talvez numa forma de se redimir?

- Pamela , a gente pode almoçar se você quiser , você não precisa ficar me agradando. – Falei calma enquanto fitava seus olhos, deixei minha mochila encostada na bancada e sentei numa cadeira do lado do urso gigante, deixando o copo sobre a mesa. – O que você vai fazer? – Perguntei, e ela simplesmente sorriu , e Deus é testemunha que esse foi um dos melhores sorrisos que já vi.

- Bom, se eu me lembro bem ainda tem carne. – Disse enquanto ia em direção a geladeira, abriu a porta da mesma e tirou uma garrafa d'água, um pote com a carne, e outro com algo que não consegui ver e os depositou na bancada que nos separava. – Vai ser medalhão de carne e macarrão ao molho Alfredo, que... eu vou preparar agora . – completou, buscando o que faltava, nos armários próximos.

 

- Parece bom. – Disse gentilmente, não é porque estou brava que irei ser mal educada, e acho que esse trabalho clama uma trégua.

- É muito bom, Glorinha que me ensinou e ela sabe de tudo e qualquer coisa que se possa fazer na cozinha. – Falou animada e ao mesmo tempo concentrada no que estava fazendo, ela pegou uma panela e encheu de água na pia que estava logo atrás dela e ligou o fogo. Depois pegou uma panela e uma frigideira e colocou-as em outras bocas do cooktop da bancada. Ela está de frente pra mim, parece tão feliz em estar aqui comigo cozinhando... Será que a julguei mal? Levantei as mãos em forma de rendimento.

- Se você está dizendo, quem sou eu para negar?? – Brinquei, arrancando mais um sorriso dela. Eu poderia me acostumar com isso, talvez esse trabalho não vá ser de todo ruim, mas é melhor não ficar criando esperanças.

- Você não é capaz de opinar... – falou séria, me deixando confusa. Notando que estava boiando ela logo complementou. – Ainda... Já que você não experimentou.

- Ahh. – é o único som que sai da minha boca. Fico um pouco sem graça com toda a situação, eu estou irritada com ela, e vim parar aqui na casa dela pra fazer trabalho de história porque o professor não gosta dela e estamos em sua cozinha com ela cozinhando e sorrindo pra mim. Esse mundo é muito louco. Ficamos em silêncio por um bom tempo, deixo os meus olhos perderem o foco e vagarem por todo o ambiente, olhando vez ou outra pra Pamela.

- A comida está pronta. – Ela fala levantando seu olhar até ele se cruzar com o meu, em seguida me estende um prato de aspecto bonito com o macarrão, a carne e o molho que preparou. Pegou o seu prato e a garrafa de água e sentou-se ao meu lado, enquanto me observa para saber o que eu acho de seus dotes culinários. Dou uma garfada e seus olhos brilham em expectativa, levo o talher a boca e experimento.

-Hmm – suspirei satisfeita, fazendo a garota ao meu lado rir. Tratei de mastigar o mais rápido possível para poder perguntar. – como a gente vai fazer o trabalho? – Perguntei a olhando com rabo de olho e ela franziu o cenho indignada.

- Você não vai dizer nada sobre a comida? – Indagou-me com carinha de cachorro abandonado.

- O meu “hmmm” não foi o suficiente pra você? – debochei, deixando ela incrédula.

- Não, não foi. Mal começamos a nos entender e já está abusando de mim desse jeito. Daqui a pouco começa a abusar do meu corpinho . – Quando ela terminou de falar, a comida que estava em minha boca saiu voando sem rumo por aí, e a desgraçada começou a rir. Virei e foquei em seu rosto, ela levou a mão a boca na tentativa de conter o riso. Senti minhas bochechas esquentarem numa mistura de vergonha e raiva. Ah, mas isso não vai ficar assim! – Meu Deus, você ficou vermelha! Que fofa!

- Para com isso ou eu vou embora! – Exclamei irritada, sua expressão foi da divertida a assustada. Dei um sorriso de canto, eu venci este round.

Pamela volta a se sentar direito no banco e concentrada na comida, acho que ela ficou sem graça e com medo de eu ir embora e deixá-la aqui sozinha. Não irei fazer isso, por mais que esteja brava por ela ter me enganado, não quero prejudicá-la e também não quero fazer o trabalho sozinha, já que não levo jeito pra escrever, mas ela não precisa saber. Ficamos quietas num clima estranho – o qual me arrependo de ter provocado. – enquanto comíamos o que ela preparou, quando decido quebrar silêncio que nos envolve.

- A comida está boa. – Falo não tirando os olhos do prato a minha frente.

- Obrigada. – responde, logo em seguida pegando a garrafa e enchendo seu copo. Ela para por um instante o que está fazendo e me olha. – Você quer água? – pergunta, fazendo me tocar que até agora eu não tinha bebido nada.

- Pode ser... – Ela se estica até meu copo e pega-o logo o servindo de água. – Obrigada – respondo tímida.

- De nada.... – Pamela leva seu copo a boca, e nisso retorno para meu prato. Comemos em silêncio. Um pouco mais confortável que antes, porém ainda estou nervosa com tudo o que está acontecendo.

 

 

 

 

 

_______ alguns minutos depois

 

 

Ao terminarmos de comer Pamela pegou nossos pratos e lavou-os. – seria estranho dizer que ela atraía o meu olhar? – Enfim, Pamela me guia em direção a biblioteca onde faremos o trabalho. Passamos pela escada indo para o segundo andar, e lá em cima ela abre uma porta em frente a escada e entramos no cômodo. Logo vejo várias estantes cheias de livros demarcados em sessões, uma poltrona com o encosto para pé, alguns pufes espalhados e no centro uma mesa de madeira talhada com uma cadeira imponente.

- Fique a vontade.... – fala um pouco aérea. Nunca a vi assim, ela sempre passou uma imagem tão.... Como dizer? Tão forte e segura de si.

- Uhum. – É a única coisa que sou capaz de responder. De repente ela se aproxima e fica de frente para mim. E me dirige o olhar com seus doces olhos castanhos. Espera, não são doces! Não se esqueça que ela mentiu pra você sobre Selena, ela só quer te zuar Lauren! Não seja burra!

- Me dê a mochila, irei colocá-las ali na mesa. – pede.

Faço como ela quer , e tiro minha mochila para logo em seguida entregá-la. Pamela a pega e junto com a sua e as deixa em cima da mesa como havia dito que faria. Nos dirigimos até os pufes, sentando ainda em silêncio, o qual minha não tão desejada dupla faz questão de quebrar.

- Você quer escrever sobre o que? Já teve alguma ideia? – Pergunta, acho que ninguém tem a mínima noção sobre o que escrever.

- Não tive nenhuma. – Respondo cabisbaixa, esse trabalho vai demorar muito, a gente precisa decidir o tema pesquisar sobre ele e ainda temos que escrever 10 páginas, ou seja, muita coisa, e o cara ainda especificou letra e fonte pequenas.

 

- Bom... A gente pode ficar com o período pré- revolução francesa, e contar sobre como os mais pobres sofreram e o que os levou a desafiar a monarquia. – fala concentrada, dá pra ver até uma dobrinha entre suas sobrancelhas.

 

- Ok. Agora a gente tem que decidir os detalhes do casal. – Respondi serena.

 

Horas se passaram enquanto a gente decidia como seriam os personagens, mas não chegamos num Concílio. Até lemos um pouco sobre a revolução e como ela afetou as esferas da sociedade. Mas já tinha chegado a hora de ir para casa, e Pamela prontamente se ofereceu pra me levar.

Agora estamos no seu carro indo em direção a minha casa, com apenas o barulho do rádio imperando no mesmo. E a essa altura estou ainda mais confusa. Como a garota, minha dupla nesse trabalho, que foi tão educada e gentil comigo pode ser a mesma que mentiu pra mim? Pode parecer besteira, porque entre eu e ela não aconteceu nada demais, foi só um beijo. Porém quando ela chega perto daquela Selena, meu sangue ferve. Não dá pra controlar, é simplesmente maior que eu.

- Chegamos... – Pamela fala com pesar, poderia dizer que ela está triste com minha partida.

- Bom, acho que é isso, tchau. – Respondo, já me dirigindo a porta, porém sinto sua mão envolvendo meu pulso delicadamente me impedindo de ir. Então decido olhar diretamente para ela.

- Eu queria falar contigo.... – me olha apreensiva, com medo de como irei reagir. – acredito que esse trabalho pede por uma trégua, eu sei que você não acredita em mim... e me acha um monstro. – Fala enquanto toma um pouco de ar para conseguir continuar. – Quero conseguir ganhar sua confiança, e por isso eu não irei mentir pra você, não que eu tenha feito isso antes – ela gesticula cada vez mais rápido. – independente do que você quiser me perguntar.

Assim que ela termina de falar ficamos olhando profundamente nos olhos uma da outra. Consigo ver seu nervosismo espelhado em sua íris e em suas sobrancelhas tensionadas enquanto aguarda a tão esperada resposta. Talvez eu devesse dar uma chance a garota, ela foi tão meiga essa tarde.

- Ok, então teremos uma trégua. – estendo minha mão, ela fica estática olhando a mesma, mas logo a segura selando o acordo. Um sorriso se desenha em seus lábios.

- Obrigada... e boa noite.

Saio do carro e ainda sinto seu olhar avaliativo em minha pele. Quando finalmente adentro o prédio ouço ela se afastando com sua BMW. Vou até o elevador que graças a deus já estava aqui embaixo e subo até meu apartamento, paro em frente a porta enquanto procuro a chave em minha bolsa. Acho-a e a encaixo na fechadura, girando e finalmente entrando em meu lar doce lar.

 

Assim que deito na minha cama depois de fazer todas as tarefas necessárias antes de dormir, paro para pensar na coisa que tem me deixado confusa esses últimos dias: Pamela Anderson.


Notas Finais


Espero que tenham gostado do capítulo, foi legal escrever ele, mas estava com medo de fazer algo muito nada a ver. Por isso demorei tanto pra fazer. Até a parte da justine eu fiz bem rápido, eu fiz em 2 ou 3 dias. Eu demorei semanas na parte que elas vão pra casa da pamela, até pq teve semana de provas e simulado. Vou postar o capítulo 11 em maio, agora quando em maio depende de muitos fatores pra dizer. Vou tentar não demorar muito. Desculpa ter demorado quase uma vida pra postar. Bjss e boa Páscoa.


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