História Uma garota normal, ou quase... - Homestead II

Segunda-feira, o dia da verdade. Acabei de chegar na escola,  depois de buscar a Justine. É meio que um ritual de começo da semana, toda segunda nós vamos pro colégio juntas, porque prometemos que começaríamos a semana juntas. Sei que parece infantil,  mas é importante. 

- Ju, você quer ir lá em casa hoje depois da aula? Dependendo de como hoje vai se desenrolar, vou precisar de colo. – minhas sobrancelhas se contraem formando uma dobra de preocupação.

- Calma Pam. Tudo vai dar certo, tenha um pouco de fé. – Sua expressão é suave, sorri sem mostrar os dentes, mas seu sorriso é apenas um mero levantar no canto da boca, suas sobrancelhas sobem um pouco. 

-Ok...

Enfim, hoje é o dia em que vou descobrir o que aconteceu naquele quarto, e também vou tentar me explicar pra Lauren e me desculpar. Estou com medo da resposta das duas, e se a Selena falar que rolou algo mais? E se a Lauren não me desculpar? E o pior de tudo, e se ela me odiar, e aquele abraço foi apenas pena? Muitas perguntas sem respostas, e uma portadora ansiosa. Estou sentindo que esse dia promete. 

- Ok nada, vai dar certo. – Sua mão avança subitamente sobre a minha, que repousava fria em meu colo. – Agora vamos sair desse carro, e aproveitar pra deixar a melancolia aqui, ouviu?! – mordo o lábio inferior pra tentar conter o riso de sua postura positiva .

- Está bem, por você,  minha querida,  faço tudo. – faço minha cara mais galante.

- Ai, que marida mais devotada que eu tenho! – Justine faz uma expressão apaixonada, e põe a mão em sua boca, como se tentasse conter um gritinho de felicidade e estivesse envergonhada, mas lisonjeada.

Caímos na gargalhada,  somos tão cínicas uma com a outra. O que anos de amizade não fazem, não é mesmo? 

Saímos do carro,  e começamos a andar em direção ao prédio da  escola.  Embora eu esteja acostumada com a atenção, hoje alguma coisa está diferente,  eles estão olhando e comentado mais que o normal. Isso definitivamente é estranho. Quando se fica amostra as outras pessoas,  se aprende que há dois tipos de atenção, a boa e a ruim. Sinto que sou a fofoca da vez, não sei como. Chego mais perto de ju, e falo:

- Ju, isso aqui está meio estranho, não acha?

- Sim,  está. Eles estão olhando demais pra você. – Ela me fita com aquele olhar de que alguma coisa cheira mal, e fica em estado de alerta. Isso me deixa com uma pulga atrás da orelha.

Ando em direção ao prédio ainda olhando ao redor e tentando entender o por que deles estarem praticamente nos encarando. De repente,  a Justine me para, fazendo-me encará-la. Ela me fita com os olhos arregalados e aponta em uma direção,  sigo com os olhos até onde ela quer que eu veja. Um calafrio passa pela minha espinha e vai ate a ponta dos dedos. Eu realmente gostaria de não ter visto isso,  mas infelizmente isso não é possível. 

- Pamela, não queria falar nada não,  mas... Minha querida, você tá fudida. E nome interessante,  pra isso. – Jus disse isso com um sorriso fraco, enquanto colocava a mão em meu ombro, em forma de conforto. 

Apenas olhava para aquela foto. Como alguém tirou?  E por que? Não tinha porque alguém tirar uma foto minha dançando com a selena desse jeito. Embora eu tenha que admitir,  que a foto ficou bonita, ela não é a pessoa que queria ali comigo. 

- Cara.... – Estou congelada em meu lugar, olhando aquela coisa no quadro dos ships da semana. – Por que isso sempre acontece comigo? – Pergunto sussurrando.

- Realmente Andy, não sei. Você é muito azarada cara. – Ju falou baixinho.

As pessoas alternavam os olhares entre o quadro e eu, com expressões de “não acredito” ou “mandou bem”. Enquanto isso,   quero apenas achar um esconderijo e nunca mais sair de lá. Como se já não bastasse as amigas de Selena pra me encher o saco, agora tem essas shipers.

- Justine, vamos sair daqui,  pelo amor de deus. – Falo pra minha amiga que assente com prontidão. Quando a gente tá quase chegando no prédio,  as pessoas ao redor gritam

- Olha lá a Selena! – nos Viramos pra olhar, e ela tem aquele sorriso Colgate estampado na cara e a bochechas ruborizadas. Ela anda em minha direção,  e a minha consciência grita “ isso vai dar merda”. Meus pés não obedecem o comando de andar, fico ali paralisada assistindo ela se  aproximar. Quando ela para bem em minha frente, a multidão a volta fica cheia de expectativa. 

- Bom dia andy! – Falou animada. Porém,  apenas sinto a pressão dos olhares curiosos de gente que não tem nada de melhor pra fazer. Queria me tele transportar pra minha casa. Eu podia ter matado aula hoje. Aff

- Bom dia. – respondi forçando um sorriso. Selena praticamente derreteu ali, ela realmente está gostando de mim. Como um efeito em cadeia, um burburinho podia-se ser notado, e então como se eu não pudesse me afundar mais, descobri que o fundo do poço era apenas uma ilusão. Selena andou até mim, e entrelaçou nossos braços. 

Ela me fitava feliz, estávamos lado a lado, ela com a cabeça levemente inclinada em minha direção. Podia sentir sua hesitação, mesmo assim ela começou a andar em direção ao prédio. Enquanto isso justine estava pasma com a situação em que havia me metido. Kendra ainda não chegou,  ela iria me zuar muito, então ainda bem.

-Seldy.. Seldy... Seldy... – Os que estavam a volta gritavam e batiam palmas. Isso me fez corar, mas eles interpretaram isso de forma errada: interpretaram como se eu gostasse da Selena. E não está nem perto da verdade. Como eu vou explicar pra nerd?

- Justine, - virei pra minha amiga. – Vem, a gente tem que ir pra aula. – Ela não estava me  olhando, e parecia não prestar atenção. Decidi seguir seu olhar, e meu sangue gelou. Pra piorar, fiz aquela cara de criança que acabou de ser pega roubando doce da dispensa.

 A Lauren estava olhando em nossa direção,  com um olhar indecifrável. Se eu algum dia tive alguma chance, ela acabou de ir embora pra homestead II, à cento e vinte anos de viagem no espaço.