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História Uma história sobre nós - Luto


Escrita por: Snowshadow

Capítulo 2 - Luto


Sasuke olhou para o sorriso de satisfação da esposa com aversão. As máquinas agora apitavam um zumbido continuo. Ela estava morta e ainda assim sorria com o que acabara de fazer. Divertia-se com o que fizera. Desejando que ela apodrecesse no inferno, Sasuke deu meia volta e foi para casa. Cuidaria dos detalhes do funeral uma outra hora, naquele momento, ele não estava com cabeça para mais nada.

Entrou em casa como um furacão, todo o seu corpo tremia, queria ver o filho desesperadamente.

“Como ela está?” Parou ao ouvir a voz do seu irmão parado sob o portal da sala de estar.

“Morta.” Sasuke disse simplesmente, a meio passo na escada. “Onde está meu filho?”

“No quarto dele, o pobrezinho dormiu depois de tanto chorar pela mãe.” Itachi informou, seu rosto estava um pouco pálido e cansado pelas horas mal dormidas. Já fazia três dias que ele estava cuidado do sobrinho para o irmão poder ficar no hospital com a esposa.

Sasuke assentiu e subiu a escada saltando os degraus. Foi até o quarto do filho que dormia sereno no berço. Seu rosto ainda estava molhado pelas lágrimas, sofria pela falta da mãe. O pobrezinho ainda teria muitas noites como aquela antes de perceber que não veria a mãe nunca mais.

Com cuidado, Sasuke retirou o pequeno do berço. Precisava sentir o calor daquele corpinho junto ao seu, sentir as batidas ritmadas de seu coraçãozinho. Sentou-se na cadeira de balanço que Sakura usara para amamentar o filho; balançando devagar, ninando o menino.

Era seu filho. Não importava o que Sakura disse. Menma era seu filho e moveria céus e terras para ficar ao lado dele.

Adormeceu com o filho nos braços, sentindo-se em paz pela primeira vez desde que esse pesadelo começara. Não gostava da esposa, mas também não desejava sua morte. Sakura podia ser uma mulher egoísta, mas era uma excelente mãe e para Sasuke, aquilo bastava para se importar com a vida da esposa.

O dia amanheceu nublado e chuvoso. Sasuke olhou pela janela da sala de estar, o clima combinava com um funeral. Dezenas de amigos e conhecidos vieram prestar suas condolências. Ele desviou o olhar da janela, voltando a circular por entre as pessoas. Reconhecendo seus amigos da faculdade, nessa época Sakura e ele andavam nos mesmos círculos, por isso possuíam os mesmos amigos. Sasuke viu alguns colegas de trabalho e os cumprimentou com a cabeça de longe, agradecendo a visita.

Ele conhecia todos os presentes ali e estava reconfortado pelo apoio deles, até que o viu. Parado em um canto da sala, não falava com ninguém, não parecia tampouco estar acompanhando alguém. Olhava com ar de profunda tristeza para a urna com os restos cremados de Sakura.

Sasuke não o conhecia, um garoto jovem, talvez vinte anos ou um pouco menos; loiro, olhos azuis. As mãos enfiada no bolso da calça tentando parecer invisível.

Ele tinha certeza que jamais o vira antes, mas aquele rosto lhe era familiar. Os mesmos olhos, os mesmos cabelos rebeldes, o nariz pequeno e arrebitado, as feições delicadas do rosto. Sasuke não tinha dúvidas, estava olhando para uma versão mais velha de Menma. Aquele rapaz era o verdadeiro pai de seu filho.

.................
 

Naruto sentia-se completamente sem chão. Não fazia ideia do que estava fazendo ali, ele sabia que não deveria ter ido, mas quando vira no jornal local um nota sobre um acidente e vira o nome de Sakura, ele quase enlouquecera. Dois dias depois, na sessão de obituários do jornal, viu a nota de falecimento de sua amiga.

Por tantos anos Naruto a idolatrara, ele a amava e quando ela repentinamente se mudou da vila por conta do emprego de seu pai, Naruto sentiu-se perdido. Estudara como um louco para conseguir entrar em uma faculdade na capital, sabia que seria difícil encontrá-la, mas mesmo que a possibilidade fosse pequena, ele ainda tentaria. E dois anos depois a encontrou por puro acaso na rua, a reconheceu de imediato, estava com o cabelo mais curto do que ele lembrava e vestia roupas mais compostas, mas ainda assim era ela.

Foi a realização de um sonho quando ela concordou em encontrar-se com ele novamente e pensou que poderia morrer naquele instante quando ela o permitiu que ele a abraçasse. Beijá-la e fazer amor com ela foi algo que jamais se permitiu pensar, nem em seus maiores devaneios. Até acordar em um quarto de hotel vazio, Sakura havia sumido e ele percebeu que não tinha meios para contactá-la, era sempre ela que ligava para ele de um numero privado.

Passaram-se três anos até ele ter noticias dela novamente e da pior forma possível. Viu o endereço na nota de óbito e quando chegou, a primeira coisa que queria era dar o fora dali. Sabia pela nota, que ela era casada, mas somente descobriu que Sakura também era mãe ao ouvir a conversa das pessoas.

Pensava que ela o amava, mas na verdade era casada e tinha um filho. Agora estava explicado o sumiço de três anos, Naruto pensou amuado, olhando com tristeza e dor para o pequeno altar. Uma foto de uma Sakura sorridente estava exposta em um cavalete, em baixo estava a urna com seus restos cremados, rodeado por flores e incenso, que deixava um cheiro doce e enjoativo no local. O cheiro de morte.

Naruto deu meia volta, não suportando mais estar naquele lugar, não queria olhar mais para uma Sakura estática em uma foto. Não deveria ter vindo desde o início. Sem se importar em sair antes do que a educação dizia se aceitável ele deixou o local. Caminhando a passos rápidos para fora da casa.

“Você ai, espere!” Naruto virou-se automaticamente em resposta a voz autoritária.

Várias pessoas que estavam próximas fizeram o mesmo, mas o homem que falara as ignorara. Continuou andando em direção a Naruto que arregalou os olhos ao reconhecê-lo como sendo o marido de Sakura.

Ele se perguntou se o marido descobrira sobre o que acontecera entre Naruto e sua esposa; prendeu a respiração inconscientemente. Não queria brigar no velório de Sakura e tampouco sentia que tinha o direito de se defender quando o errado fora ele.

“Desculpe, mas não poderei ficar até o final.” Naruto murmurou uma desculpa quando o homem já estava perto o suficiente para ouvi-lo.

“Sou Sasuke Uchiha, eu sou… eu era…”

“Sei quem você é” Naruto o interrompeu, não querendo ouvi-lo dizer em voz alta. “Sou Naruto Uzumaki.” Ele se apresentou a contra gosto. Ouvindo a voz de Sakura em sua cabeça, dizendo que seria falta de educação não dizer seu nome em retorno.

“Eu gostaria de falar com você em privado.”

Naruto congelou, temia que o marido de Sakura tivesse descoberto tudo, mas não conseguia perceber nada em seu rosto. Sua expressão  não revelava nem um tipo de sentimento. Uma máscara fria  entalhada em uma pedra.

“Sasuke, Menma acordou.”

Naruto e Sasuke olharam para o homem parado no umbral da porta de entrada.

“Só um momento,” Ele falou para o homem e virou-se novamente para Naruto. “Por favor, não vai demorar muito.”

“Preciso ir embora, tenho um compromisso daqui à pouco.” Naruto mentiu, sentindo as bochechas corarem com o ato. Ele odiava mentir.

“Sasuke, ele está te chamando.” O outro homem insistiu. Ele olhava para Naruto de maneira inquisidora, fazendo o garoto se arrepiar.

Sasuke olhou para os dois, dividido sobre o que fazer, então virou-se novamente para Naruto, tirando o celular do bolso.

“Pode me dar o seu email?”

Não, Naruto queria dizer, definitivamente não! Mas ele era covarde demais para isso. Pegando seu próprio celular e enviando o seu endereço de email via bluetooth. Sasuke deu um meio sorriso e entrou na casa. Ainda sendo observado pelo segundo homem, Naruto foi embora, se recriminando mentalmente por ter ido lá. Agora o marido de Sakura tinha seu email e poderia encontrá-lo e matá-lo a qualquer hora.

Por dias Naruto saltava a cada vez que recebia uma mensagem em seu celular, temendo ser Sasuke, mas os dias se transformaram em semanas e Naruto começou a relaxar, percebendo que o outro não ligaria realmente. Por isso foi pego de surpresa quando quase um mês e meio depois recebeu um email dele.

‘Está livre hoje? Tenho algo importante para discutir com você. Pode vir a minha casa às 19h00?’

“Oh céus! Oh céus! É hoje que ele vai me matar, esquartejar meu corpo e jogar no ácido para apagar todas as evidências!”

“Vai se encontrar com uma garota?”

“GAARA!” Naruto gritou, levantando-se da cadeira com o susto. “Não olhe por cima dos ombros dos outros!”

“É que você estava murmurando umas coisas estranhas, fiquei curioso.” Gaara falou divertido, nem um pouco arrependido.

Naruto fez uma careta de desagrado. Percebendo somente naquele instante que a aula já havia acabado. Jogou todas as suas coisas de qualquer jeito na mochila e saiu da sala.

“Se você morrer hoje, posso ficar com sua coleção de jogos?” Naruto ouviu Gaara gritar na porta da sala.

“Eles serão enterrados comigo!” Naruto se virou para gritar em resposta e depois saiu correndo.

Ele não devia fazer brincadeiras sobre morrer, mas não era um assunto que ele conseguia tirar facilmente da cabeça. Tão concentrado estava que chegou na casa do Uchiha sem nem ao menos perceber. Naruto era um covarde e ele sabia disso, por isso não conseguia criar coragem para tocar a campainha.

“Você chegou cedo.”

Naruto virou-se assustado ao som daquela voz. Atrás dele, Sasuke estava com um bebê de mais ou menos três anos no colo, que agarrava fortemente um pequeno dragão de pelúcia.

“Ah… Eu… Estava pelas redondezas…” Mentira novamente, mas o que ele iria dizer? Que estava tão nervoso para não vir, que acabara vindo sem nem ao menos perceber? Que tipo de idiota faz isso? Eu, pelo visto. Ele respondeu mentalmente sua própria pergunta.

“Oh, bom, me ajude então.” Ele empurrou as sacolas de compras que estava segurando com a outra mão para Naruto, que as pegou por impulso. “Pretendia te convidar para jantar, mas ainda não é nem seis horas.” Sasuke comentou, colocando a chave na porta da casa e entrando.

Naruto o seguiu receoso, sentindo-se completamente desconfortável naquele lugar, na casa de um completo estranho.

“Não precisa…” Naruto murmurou, pensando se poderia sentir o gosto de veneno na comida.

“Vou preparar um chá pelo menos.” Sasuke disse, colocando o filho no chão e pegando as compras que Naruto ainda segurava. “Pode olhar ele para mim um instante? Não gosto de deixá-lo entrar na cozinha quando estou fazendo algo.”

Naruto assentiu com a cabeça, seguindo o menino que entrara na sala de estar. Com o garoto ali, ele poderia ao menos confiar que Sasuke não faria nada na frente do menino, certo? Ele se perguntou inseguro, enquanto se abaixava ao nível do menino para tentar conversar com ele. Era o filho de Sakura, ele sorriu com carinho e uma ponta de tristeza ao olhar para o menino, sentindo-se cativado por ele. Como não querer o filho da única mulher a quem amou na vida?


Notas Finais


Kyaaa muito ~liz pelos comentários e favoritos! Fizeram minha semana =3
Mais um capitulo que espero que esteja do agrado de vocês ^.^


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