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História Uma jóia Austríaca - Máscaras


Escrita por: LadyDuMaurier

Capítulo 4 - Máscaras


Fanfic / Fanfiction Uma jóia Austríaca - Máscaras

— Ainda penso que é uma idéia arriscada. Bonifácio debatia com Leopoldina as últimas decisões de Pedro.

— Estamos nos tornando independentes, e é um passo que teremos que dar. A Constituição é uma realidade iminente.

— Esse documento deve ser elaborado com muito cuidado princesa, abrir espaço ao povo pode limitar o poder da monarquia.

— Sim, vi o que houve com os demais países que se tornaram independentes.

— Temos que pesar, dar esse poder a um povo sem estudo ou cultura pode ser muito perigoso, não sabemos se eles saberão escolher seus representantes e se esses governaram por eles ou para seus interesses.

— Sim é uma decisão complicada. Porém vamos falar de assuntos mais alegres. Suas filhas .

— Devem chegar na próxima semana. Estou ansioso para vê-las. Acho que crianças sempre fazem as preocupações menores, elas são ingênuas e alheias às preocupações que estamos constantemente presos.

— Sim, posso dizer que meus filhos são meu maior tesouro.

— Estava pensando se aceitaria me acompanhar hoje ao teatro. Hoje após a apresentação haverá um pequeno baile de despedida pois a companhia irá para Minas Gerais.

— Eu adoraria, faz tanto tempo que não piso em um teatro.

— Passarei aqui para irmos.

— Acho que é melhor eu ir começar a me arrumar se quisermos chegar no horário.

— Nos vemos à noite princesa. Ele lhe sorri.

— Sim senhor ministro. Ela lhe responde com o mesmo sorriso doce o vendo partir após a despedida.

Enquanto subia para seu quarto Leopoldina passava a mão a cruz lhe dada de presente, desde que ganhará não mais deixará de usar, ao contrário do colar de Pedro que se tornará mais um enfeite em sua cômoda. Escolhendo um vestido e se banhando ela se permiti desfrutar da água morna cantando uma canção de sua amada Áustria.

Terminando o banho, se vestindo e colocando suas jóias, Leopoldina ria de si mesma no espelho, sentisse como quando criança tentando impressionar os outros, porém agora os únicos olhos que desejava em os de Bonifácio.

— Princesa a senhora está linda. Diz Dalva entrando no quarto com Lurdes .

— Vai ser a mulher mais bonita naquele teatro.

— Obrigado minhas queridas, espero não ter exagerado.

— Não, tenho certeza que todos ficaram encantados com sua presença.

— Obrigada.

— Princesa o senhor ministro acaba de chegar.

— Então vamos descer Lurdes. Descendo acompanhada das duas amigas Leopoldina encontra com Bonifácio na sala a sua espera.

— Princesa você está linda, estou lisonjeado que tenha aceitado meu convite.

— Obrigada Bonifácio, mas acho melhor irmos ou chegaremos atrasados.

— Sim. Lhe oferecendo o braço rumando para fora onde uma carruagem os esperava os dois partem.

— Para onde a estrangeira está indo com o senhor ministro? Pergunta Patrício atrás de Lurdes assustando as duas .

— A princesa está indo ao teatro com o ministro Patrício não a nada de errado pra você fofocar. Responde Dalva.

— Espere, ela não pode ir pra lá . Dom Pedro está com a senhora Domitila.

— Meu Deus isso vai ser um desastre. Diz Dalva.

— Coitada da princesa ela estava tão feliz. Diz Lurdes com pesar.

Ao chegarem frente ao teatro um homem de cartola e terno os recepciona.

— É um prazer tê-la conosco Princesa. Senhor ministro.

— Estou muito feliz em poder assistir o espetáculo de vocês.

— Me perdoe alteza mas devido a um acidente com nossos dois protagonistas, tivemos que cancelar a apresentação sendo assim teremos apenas o baile.

— Oh, é uma pena.

— Para alegrar essa noite decidimos fazer nosso baile diferente, estamos entregando máscaras.

— Um baile de máscaras que ideia maravilhosa.

— Tenho duas muito especiais espero que os agradem. São as únicas que não precisam ficar segurando.

— Obrigado.

Vestindo as máscaras os dois entram a música já tocava e alguns casais se encontravam dançando. Não demorou muito tempo para os olhos de Leopoldina encontrarem com Pedro e Domitila os dois se beijavam e riam de algo.

— Leopoldina você está bem?

— Sim, essa mulher não vai estragar nossa noite.

Aceitando os aperitivos oferecidos os dois observam a decoração e a música, sem notar os olhares que se voltavam a eles, em especial Leopoldina que parecia ter se tornado o objeto de curiosidade. “ Quem serás​ a dama por trás da máscara?”  “Serás tão linda , quanto seus olhos e lábios revelados?”

Trocando um rápido olhar com Pedro que parecia curioso pela dama, Leopoldina chama Bonifácio para dançar.

Seguindo para o centro do salão os dois iniciam, qualquer um que batia os olhos neles diria que haviam ensaiado os passos a dias pois a sincronia fluía como se já conhecem o ritmo um do outro.

— Me faça voar. Ela sussura.

A erguendo pela cintura os dois continuam sendo observados como o centro das atenções.

— Quem é essa mulherzinha ? Diz Domitila ao ver os olhos de Pedro encantados.

— Não faço ideia Titila.

— Vamos dançar Pedro. Não era uma pergunta mas uma afirmação.

Deixando as máscaras sobre uma mesa os dois começam a dançar lado a lado sendo em seguida acompanhados por mais casais.

Terminando a terceira música que dançavam Leopoldina sorria enquanto Bonifácio ria dos rostos os examinando sair.

Bebendo cada um uma taça de vinho os dois observavam os demais.

— Você é realmente a mulher mais bela entre todas. Todos devem estar se perguntando​ quem é e porquê não retira sua máscara.

— É engraçado ser desconhecida entre tantos rostos. Ainda mais dadas as circunstâncias presentes.

— Se não se sentir bem, podemos ir.

— Não, eu realmente estou me divertindo. Eu não preciso ser a princesa agora, apenas Leopoldina ou melhor, a desconhecida.

— Mesmo que não lhe visse vestir vossa máscara, ainda assim reconheceria o brilho de vossas íris.

— Saberia porque seria o motivo por meus olhos brilharem.

— Noites como está são como sonhos que não desejamos despertar.

— Se isto for um sonho por favor não me desperte.

— Creio que seremos despertos em breve. Olhando para o lado Bonifácio vê Pedro e Domitila vindo em direção a eles.

— É muita ousadia.

— Dançaram muito bem. Diz Pedro chegando aos dois.

— Obrigado majestade. Responde Bonifácio.

— Mas és tu Bonifácio, não esperava que viesse.

— Sim sou eu majestade.

— E vejo que veio com uma conquista que não sua esposa. Diz Domitila.

— Não, não vim com uma conquista e minha esposa faleceu senhora.

— Bonifácio veio comigo. Não frequentamos os mesmos ambientes mas deve me reconhecer,  Princesa Leopoldina do Brasil e arquiduquesa da Áustria.

— Leopoldina! O rosto de Pedro se choca.

— Não são todos os homens que trazem amantes, mas acho que nunca conheceu um. Mulheres como você nunca conhecem. Ela rebate o olhar de Pedro.

— Princesa acho… Bonifácio tentava amenizar a situação.

— Já realizamos as apresentações, vamos voltar a dançar é para isso que viemos.

— Leopoldina.

— Não me dirija a palavra Pedro.

Seguindo novamente ao centro dançando mais duas músicas, Leopoldina não conseguia não se incomodar com o olhar de Pedro. Que parecia querer bufar.

— Acho que é melhor irmos, Pedro não está com cara de muitos amigos e não quero lhe causar problemas.

— Você nunca seria um problema.

— O que faria sem suas doces palavras.

Se retirando os dois passam por Domitila.

— Boa noite princesa. A amante diz em tom debochado.

Pegando uma taça de vinho na mesa ao lado Leopoldina se volta a ela.

— Uma excelente noite. Jogando a bebida no rosto da mulher, a princesa envolve o braço em Bonifácio partindo para Quinta.

— Me perdoe por essa noite, eu não esperava que…

— Foi uma noite maravilhosa apesar da presença daquela mulher e de Pedro.

— Eu lhe fiz um presente espero que goste. O ministro entrega um envelope.

— O que é ?

— Leia apenas antes de dormir.

— Boa noite.

— Boa noite. Lhe depositando um beijo terno na testa Bonifácio parte.

Subindo para seu quarto Leopoldina começava a retirar suas jóias ao ouvir o estrondo da porta batendo. Guardando o envelope dentro de uma bíblia, em poucos segundos ela se depara com Pedro na porta do quarto.

— O que significa isso ? Eu já lhe disse para não entrar mais em meu quarto.

— O que significa você dançando com Bonifácio em público?! Acha isso certo Leopoldina?!

— Bonifácio é meu amigo Pedro e um homem de princípios, ele apenas aceitou me acompanhar no teatro hoje, não tinhamos ideia de que a peça seria cancelada e de que você e sua meretriz estariam presentes.

— Não fale assim de Domitila.

— É o que ela é Pedro! Você nem ao menos está preocupado comigo, com a humilhação que eu senti e poderia ter vivido se não estivesse de máscara. O príncipe regente beijando em público sua favorita!

— É diferente…

— Não Pedro não é, você age como um moleque que não se importa para imagem ou responsabilidades. E é por isso que eu estou aqui, para te ajudar a governar porque o que você faz altera a vida das pessoas que eu adotei como meu povo! Sabe Pedro por muito tempo eu achei que eu fosse o problema, mas o problema é que você é incapaz de amar. Você vive uma conquista atrás da outra mesmo com Domitila sendo sua favorita. Você é vazio Pedro.

— Eu sei amar Leopoldina, amo a ti, amo nossos filhos, o povo…

— Sim você nossos filhos, mas significa que eu esteja errada sobre as mulheres em sua vida. Você só me amou de uma maneira distorcida me fazendo feliz e triste. Eu não mereço esse amor Pedro.

— Eu sei que erro Leopoldina e admito, porém você tem qualidades que nunca terei é isso me deixa confuso. As vezes é tudo claro e depois tempestuoso.

— E você se alivia com amantes.

— Leopoldina por favor… Os olhos do príncipe começavam a se preencher com lágrimas.

— Nosso relacionamento será apenas o beija mão e os assuntos do governo, você pode ver nossos filhos quando quiser.Mas não sou mais sua esposa Pedro, o que existia de nós dois acabou.

— Nosso amor não pode ter acabado.

— Eu cansei das humilhações Pedro. Se você se sentiu constrangido comigo apenas dançando com meu amigo Bonifácio , imagine como me senti todos esses anos sendo constantemente traída e frequente humilhada.

— Eu sinto muito.

— Não, não sente Pedro. Quando as pessoas se arrependem elas não tornam a cometer o mesmo erro e nos dois sabemos que cometera.

— Leopoldina eu…

— Boa noite Pedro. Abrindo a porta e lhe indicando a saída ela o observa sair com lágrimas lhe escorrendo​ o rosto.

Porém dizendo aquelas palavras e fechando a porta atrás de si, a princesa se sentia mais leve como se tudo que por anos ficará preso em sua garganta fosse liberado. Trocando de trajes, ela se deita pegando o envelope deixado na bíblia, Bonifácio não assinará como uma forma mais segura.

Era um poema, e por mais que gostasse de suas pedras preciosas as palavras dedicadas lhe valiam mais.


TEU NOME

           Teu nome foi um sonho do passado;
           Por um murmúrio eterno em meus ouvidos;
           Foi som de urna harpa que embalou-me a vida;
           Foi um sorriso d´alma entre gemidos!

           Teu nome foi um eco de soluços
           Entre as minhas canções, entre os meus prantos;
           Foi tudo que eu amei, que eu resumia:
           Dores... prazer... ventura... amor... encantos!

           Escrevi-o nos troncos do arvoredo,
           Nas alvas praias, onde bate o mar;
           Das estrelas fiz letras - soletrei-o,
           Por noite bela, ao mórbido luar!

           Escrevi-o nos prados verdejantes
           Com as folhas da rosa ou da açucena!
           Oh! quantas vezes na asa perfumada
           Correu das brisas em manhã serena!

           Mas na estrela morreu; caiu nos troncos;
           Nas praias se apagou; murchou nas flores;
           Só guardado fícou-me, aqui, no peito
           — Saudade ou maldição dos teus amores



Sorrindo guardando o poema novamente no meio da bíblia Leopoldina adormece sentindo no peito. Sou amada, verdadeiramente amada.


Notas Finais


Gente este poema é de autoria do sobrinho/neto de Bonifácio, batizado com o mesmo nome.
O poema do segundo capítulo é de autoria do ministro e naturalista José Bonifácio.


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