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História Uma mestiça em Hogwarts. - Capítulo 5 - Quadribol.


Escrita por: runbad

Notas do Autor


Oi, Pessoal!

Desculpem-me pela demora na postagem, é que esse capítulo ficou gigante e eu não queria dividir em dois.

Espero que entendam e comentem aqui embaixo o que acharam do capítulo.

Boa leitura. :)

Capítulo 5 - Capítulo 5 - Quadribol.


 

29 de Setembro de 1971.

 

A lua partiu, o sol já começava a aparecer nos jardins assim que um som agoniante adentrou o quarto escuro, que estava coberto pelas grossas cortinas avermelhadas. A primeira das garotas a abrir seus olhos foi Lily Evans, uma garota baixa de longas cabeleiras ruivas que permanecia sentada na cama de dossel com os olhos semicerrados, tentando lutar contra seu sono e vontade de voltar a dormir confortavelmente até o meio dia. Mas ela sabia que era impossível, então soltou um largo bocejo e levantou-se, seguindo seu caminho até o banheiro arejado e com forte aroma de ervas medicinais.  

 

Assim que Lily encarou seu reflexo no espelho redondo preso acima da pia, um grito ficou preso em sua garganta. Suas mãos seguiram para seus cabelos e tentou ajeitá-los, mas como parecia impossível naquele momento, a ruiva agarrou sua escova de dentes e passou a pasta, deixou três gotas de água cair no objeto e levou-os para sua boca, começando a escovar seus dentes, bochecha e língua, cuspindo a espuma acumulada. Lavou seus lábios e queixo, deixou a escova de lado e retirou seu pijama branco com laranja de flanela, guardando-o no armário próximo a porta. Lily adentrou o chuveiro e fechou o box, ligando a água quente enquanto passava suas unhas limpas entre suas madeixas ruivas tentando desembaraça-las, mas desistiu quando a água quente bateu em sua pele pálida, sentindo o sono voltando.  

 

Após alguns minutos de banho quente, Lily saiu do banheiro com os cabelos cobertos por uma grande toalha branca e trajando o básico uniforme de Hogwarts. Quando ergueu sua cabeça ainda com as mãos na toalha, Lily percebeu que Mareena já levantará. Seus olhos azuis estavam cheios de olheiras e a jovem não retirará a mão de seus lábios pequenos, que soltavam pequenos bocejos a cada cinco segundos.  

 

— Ah, vejo que você acordou. — falou a ruiva esfregando a toalha em suas madeixas claras — Bom, é melhor você tomar banho antes que as meninas acordem, você sabe como a Marlene é ao amanhecer. — murmurou encarando seu reflexo e evitando qualquer tipo de troca de olhar com a loira.  

 

— Lily, eu... — parou, pensou por um momento se era a coisa certa — Ah, tudo bem. — suspirou enquanto mexia em sua mala na procura do uniforme separado em um saco plástico. Agarrou-o e caminhou até o banheiro segurando sua toalha vermelha. 

 

Muito tempo passou desde que Mareena entrou no banho. Lily ajeitava suas madeixas ruivas em uma trança lateral enquanto Marlene, uma menina de cabeleiras loiras e infinitas sardas em seu rosto pálido, socava a porta do banheiro bufando sem parar, fazendo com que Dorcas risse de sua impaciência.  

 

— Relaxe Lene, ela já vai sair. — Dorcas disse.  

 

— Mareena está trancada ai dentro faz quase quarenta minutos. — bufou pela vigésima vez — Eu não sou igual a Lily que se arruma em dez minutos, eu preciso de mais tempo para ficar bonita. Mas com essa demora da Watson, eu, você e Alice perderemos o café da manhã.  

 

— Mas isso nã... — Dorcas parou quando viu a porta se abrindo — Ah, veja, ela saiu.  

 

— Graças a Merlin. — murmurou Marlene empurrando Mareena para o lado enquanto adentrava o comodo e batia a porta, trancando-a em seguida.  

 

— O que ela tem? — perguntou Mareena indo até a cama de dossel ocupada pela garota, guardou o saco plástico com o pijama dentro e sentiu seus pés nus tocando o chão de madeira frio. Um longo arrepio acertou sua espinha, fazendo com que seu corpo tremesse. Sem hesitar, Mareena agarrou um par de meias ¾ cinza e vestiu-as, sentindo o tecido da meia batendo dois dedos abaixo de seu joelho. A loira agarrou seus sapatos pretos de fivela e encaixou-os em seu pé, ajeitou seu cabelo loiro em um coque firme e colocou a gravata com as cores de sua casa. Por ultima opção, deixou a gravata solta da mesma forma que Sirius e James utilizava.  

 

— Você vai assim? — perguntou Alice encarando a loira com a sobrancelha arqueada.  

 

— Sim, por quê? — Mareena virou a cabeça e olhou a garota de cabelos negros.  

 

— Nada, ué. — Alice deu de ombros — É que você está bem.. Hum... Marota. 

 

Marota? 

 

— Marota? — estranhou.  

 

— Oras, você é uma pessoa marota, que tem amigos marotos. — respondeu. 

 

— Ah... certo.  

 

Assim que Alice adentrou o banheiro depois da saída de Dorcas, Mareena ajeitou sua bolsa lotada de livros, penas e potes de tinta, colocou-a em seu ombro e saiu do cômodo murmurando um tchau para Lily. Embora não tivesse percebido, Lily sussurrou um ''adeus'' para a loira, mas quando viu, a garota já tinha fechado a porta. 

 

Assim que saíra da sala comunal da Grifinória, Mareena começará a caminhar pelos corredores até o primeiro andar, onde aconteceria o café da manhã. Porém, ao alcançar o segundo andar, um grito fez com que seu corpo gelasse e pelos arrepiassem. Ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Assim que ouviu o grito novamente, Mareena não hesitou em virar o corpo e sair correndo até o lugar de onde vinha o barulho, pensando se tivesse acontecido algo.  

 

Quando alcançou o local de onde ouvia-se os barulhos, Mareena viu mais de vinte estudantes aglomerados ao redor de um espaço pequeno no fim do corredor empoeirado. A aluna precisou empurrar crianças do seu ano para conseguir enxergar o que acontecia, mas o sangue subiu para sua face quando viu seus quatro melhores amigos, James, Sirius, Remus e Peter, duelando contra um garoto alto de cabelos oleosos e um enorme nariz de gancho. Não demorou muito e Mareena percebeu que aquele menino com nariz de gancho era ninguém mais e ninguém menos do que Severus Snape, seu ex-amigo.  

 

— Ah, olá Mareena. — James sorriu ao avistar a amiga loira — Bem, como pode ver...  

 

— O que você está fazendo, Jay? — Mareena perguntou com os braços cruzados e olhos semicerrados.  

 

— O que você acha que eu estou fazendo, Mare? — retrucou com ironia na voz.  

 

— Azarando um sonserino sendo que sequer me convidou. — balançou a cabeça com falso desapontamento.  

 

— Não me culpe, Sirius tentou subir no dormitório feminino, mas a escada virou uma rampa e... — James parou de olhar ao ver Severus Snape tentando sair sem que os garotos reparassem — Onde você pensa que vai, Ranhoso? Impedimenta. — Severus, que antes caminhava com pressa até o mar de alunos, agora parecia petrificado no ponto que James Potter lançou a azaração. Após o ataque, James voltou para a loira, que encarava Severus sem conter o riso — Quer fazer as honras, Watson?  

 

— Com prazer, Potter. — Mareena retirou a varinha de castanheiro do bolso das vestes e apontou para Severus, que a encarava com choque — Furnunculus. — quando o rosto de Snape começou a encher de furúnculos, a loira abaixou a varinha, deixando-a na altura de seu tornozelo — Tarantallegra. — em um piscar de olhos, Severus começara a dançar sem parar, enquanto inúmeras bolas de pus penetravam seu rosto — Agora a próxima azaraç...  

 

— Não! Larguem ele! — um vulto ruivo passou empurrando estudantes, seus olhos verdes fuzilavam os cinco primeiranistas enquanto seu rosto ficava vermelho de raiva — Deixem ele em paz.  

 

— Ah, olá Lírio. — James se aproximou abrindo um largo sorriso enquanto colocava sua mão no ombro de Mareena.  

 

— É Evans para você, Potter. Evans! — Lily virou seu corpo para Severus, esticando a varinha na direção de seu corpo — Finite Incantatem. — os furúnculos sumiram de seu rosto, e com um baque, o Ranhoso caiu no chão após o efeito do tarantallegra desaparecer — Esperem só, isso não acab... Ah, ótimo. — um pequeno sorriso satisfeito apareceu nos lábios da ruiva quando o mar de estudantes abriu, deixando a mostra uma mulher alta de cabelos negros presos em um coque firme e vestes vermelhas, seu rosto estava fechado em uma carranca que deixaria Voldemort com medo. 

 

— Prof° Mcgonagall. — sussurrou Sirius abaixando a cabeça, assim como James e Mareena.  

 

— Srta. Evans, leve o Sr. Snape para o professor Horace Slughorn, diretor da casa dele. — seu olhar voltou para os estudantes que observavam a cena — Peço que todos se retirem imediatamente, os professores não gostarão de ver seus alunos observando uma briga ao invés de estudar. — assim que ela disse isso, os alunos se retiraram aos poucos junto de Lily e Severus, deixando a mulher sozinha com Mareena, James, Sirius, Remus e Peter — Agora...  

 

— Prof° Mcgonagall, a Mareena não foi a única á azarar o Ra... Snape, nós também fizemos isso antes dela chegar e... — começou Sirius.  

 

— Silencio, Sr. Black. — disse ríspida — Agora, — continuou — peço que me sigam até minha sala, onde eu verei o que eu faço com vocês. — a professora deu de costas e caminhou em direção as escadarias enquanto era seguida pelos cincos alunos, que mantinham a cabeça baixa. Mareena, que estava na frente de seus amigos e a poucos passos de distancia de Mcgonagall, pensava no que fez. Ela admitia que não se arrependia, mas não deixara de pensar nas consequências da brincadeira, e o pior, tinham enchido a sala comunal da Sonserina com logros. O que a professor ia fazer? Escrever para seu pai? Ela não conseguia não pensar na reação de sua mãe e de seu pai, isso a enchia de vergonha. — Muito bem, entrem. — quando Mareena percebeu, eles já estavam parados na frente de uma sala no sétimo andar, que se mantinha aberta e com a Prof° Mcgonagall parada ao lado. Sem hesitar, os estudantes adentraram o cômodo arejado, se sentaram um em cada cadeira que a professora criou e a encararam — Muito bem, podem começar a falar. 

 

Remus, o mais sensato entre os cinco, começou a falar o que acontecera desde que Mareena ouviu a confissão de Severus nas masmorras até aquele momento. Ninguém abriu a boca para falar algo até que a história tivesse terminado, e quando terminou, Minerva se sentou na sua cadeira e os encarou.  

 

— Não posso culpá-los por querer se vingar, mas como foi algo muito irresponsável, creio que terei que tirar 10 pontos de cada um e dar duas semanas de detenção.  

 

— O QUE? CINQUENTA PONTOS? — gritou James com a boca entreaberta, assim como Sirius, que estava chocado. 

 

— Quer perder mais, Sr. Potter? — franziu o cenho, recebendo um balançar de cabeça como resposta — Pois bem, podem se retirar. Depois eu mandarei um aviso com o horário da detenção.  

 

Mareena foi a primeira a se levantar, e saiu da sala sem olhar para trás enquanto seu rosto ficava vermelho de vergonha. Porque tinha feito aquilo, ela não sabia, mas ia fazer a detenção e acabar logo com isso. Ela não podia se meter em mais encrencas, mas ela sentia que, sendo amiga de James e Sirius, isso seria comum no seu dia-a-dia. Quando estava próxima do segundo andar, ela sentiu seu braço sendo segurado e virou sua cintura, encarando os amigos com a sobrancelha arqueada.  

 

— Oi. — falou Mareena. 

 

— Você... Você está bem? — perguntou Sirius se aproximando.  

 

— Sim, só estou indo para o Salão Principal. — apertou seu dedo indicador enquanto falava — Vamos? Estou faminta.  

 

Após um aceno de cabeça, Mareena deu de costas e caminhou em direção ao Salão Principal, onde a escola inteira tomava o café da manhã antes do começo das aulas daquele dia. Assim que alcançara o primeiro andar, Mareena ajeitou a bolsa cheia de livros no ombro e passou pelas enormes portas que levava ao Salão, percebendo que muitas pessoas os encaravam enquanto andavam até a mesa da Grifinória. Mareena não conseguiu não lançar um olhar a Lily antes de sentar-se na ponta da mesa junto dos meninos, serviu três panquecas em um prato raso e começou a comer, se mexendo sempre que percebia um olhar nela.  

 

— Por que raios estão nos encarando? — sussurrou Remus para Mareena e Sirius, recebendo um dar de ombros da menina e um sorriso sarcástico do garoto.  

 

— Não é obvio? Nós enfrentamos um sonserino. Ninguém da grifinória fez isso desde... bem, desde sempre. — falou James, trocando um olhar com Sirius, ele parecia adorar toda aquela atenção.  

 

— Somos demais, não vai demorar muito e a escola inteira saberá nosso nome. — disse Sirius para Peter.  

 

— Acho que já sabem. — uma voz feminina soou atrás do Black, com um impulso, Sirius virou seu corpo junto de Remus e encarou a garota, que pressionava o livro em seu peito e os encaravam — Eu vi dois garotos da lufa-lufa do sétimo ano chamando vocês de... Hum... marotos. Bem, é assim que a escola os chamam agora, desde que fizeram aquilo no salão comunal da sonserina.  

 

— Como sabem do que fizemos no salão comunal, Fawley? — perguntou James se levantando e a encarando com a sobrancelha arqueada, embora fingisse estar bravo, era obvio que ele estava adorando aquilo. Então Alice virou a cabeça e encarou uma pessoa próxima deles, James seguiu seu olhar e encarou a cabeleira ruiva — Lírio te contou? 

 

— Lily. — corrigiu — Ela viu vocês indo pras masmorras, e bem, alguns sonserinos apareceram sujos no café da manhã falando de uma armadilha. Ela disse que era obvio que foi vocês quem fizeram, então é isso. Até na aula de feitiços, marotos. — sorriu enquanto saia de perto deles e se aproximava de um menino moreno.  

 

— Marotos. — disse Sirius para si mesmo — Gostei. 

 

— Ela me contou hoje cedo sobre o título. — sussurrou Mareena enquanto bebericava o chá, recebendo olhares dos quatro garotos — O que foi?  

 

— Você sabia? — perguntou Sirius.  

 

— Oras, não é grande coisa. — deu de ombros, em seguida comeu um pedaço de panqueca e bebeu o chá gelado enquanto sentia o olhar dos meninos — Ah, certo... Ela estava falando sobre bem... minhas vestes, e dis... — parou quando inúmeras corujas coloridas sobrevoavam as mesas, uma coruja negra de olhos azuis parou no ombro de Mareena, ele pendia uma carta bege com o símbolo de Hogwarts em sua pata. Sem hesitar, Mareena desamarrou a carta, puxando o pergaminho ao mesmo tempo que a coruja passara pela janela, desaparecendo. Quando ela sumiu, Mareena passou os olhos sob a carta, lendo silenciosamente o que estava escrito: sua detenção começa hoje a noite, esteja ás dez horas no portão de entrada — Oh, é a carta da Prof° Mcgonagall.  

 

— O que está escrito? — perguntou Sirius se aproximando da mesa.  

 

— Nossa detenção começa hoje, temos que estar no portão de entrada ás dez horas. — amassou o pergaminho e deixou de lado, alimentando-se enquanto ouvia Remus e Peter conversando sobre a primeira aula daquele dia. Nem começara o dia e ela já tinha que cumprir uma detenção. Ela sentia que aquele dia seria horrível, se continuasse assim.  

 

— Droga. — murmurou o moreno — Ela nem ao menos espera o dia começar. Se continuar as... — quando continuaria xingando Minerva, um menino loiro se aproximou com um largo sorriso — O que foi, Shafiq?  

 

— Vocês não... não vão acreditar. — soltou um largo suspiro antes de continuar falando — A capitã do time de Quadribol da Grifinória formou um time, eles estão treinando faz duas semanas. E... e terá um jogo dela contra a Sonserina amanhã.  

 

— Um jogo de... de Quadribol? — um brilho sinistro apareceu nos olhos de James ao ouvir o nome — Isso é demais.  

 

— O que é Quadribol? — perguntou Mareena com a sobrancelha arqueada, recebendo um olhar ofensivo do tal Shafiq.  

 

— É um esporte, o maior esporte bruxo. — disse Shafiq com orgulho na voz — Você é nascida-trouxa, certo? Bom, para não conhecer Quadribol... 

 

— A...Aham. — mentiu.  

 

— Watson não é um sobrenome incomum para mim, eu já ouvi ele em algum lugar. — disse Sirius pensativo.  

 

— Isso não importa agora. — atrapalhou James — Vamos Zane, me diga quem é a capitã do time. — falou o garoto pro menino.  

 

— Se eu não me engano, o nome dela é... Espere... — parou por um segundo para pensar — Oh, lembrei! Lyanna Paddington! E o irmão dela pertence ao time também.  

 

— Paddington? Não é uma família bruxa puro-sangue, é? — perguntou Sirius para Zane Shafiq. 

 

— Família não é importante. Qual é a posição dela? — interrompeu e perguntou James. 

 

— Não, acho que não. Se eu não me engano, apanhadora.  — respondeu olhando diretamente pro Potter — Bem, eu vou indo, até mais. — e saiu correndo em seguida.  

 

— Quem é ele? — sussurrou Mareena para os meninos assim que Shafiq se afastou.  

 

— Zane Shafiq. — James respondeu dando um grande gole do suco de abóbora — Ele mora na mesma vila que eu, Godric's Hollow. Quando éramos pequenos, sempre brincávamos perto do cemitério. 

 

— Perto de um cemitério? — Sirius ergueu a sobrancelha — Por quê?   

 

— Eu não sei, — deu de ombros — acho que era pela adrenalina.  

 

— Ah, certo. — então Sirius voltou a comer antes do começo da aula. 

 

— Você não acha isso estranho? — perguntou Mareena encarando Sirius com os olhos arregalados.  

 

— Sinceramente? Não. Minha mãe já fez coisas piores comigo e com meu irmão. — um pequeno avermelhado acentuou o rosto frio e pálido do Black, que encarava o nada silenciosamente.  

 

— Que tipo de coisa? — perguntou Peter enfiando um enorme pedaço de waffle na boca, começando a mastigar com brutalidade enquanto recebia um olhar frio de Mareena.  

 

— Em famílias bruxas muito antigas, os pais costumam treinar seus filhos ainda jovens para, bem, para o futuro. — sussurrou — E normalmente, os pais... Hum... torturam seus filhos, para que eles sejam imunes ao cruciatus. 

 

— Cruciatus? A maldição imperdoável? — Mareena entreabriu a boca e arregalou mais ainda os grandes olhos azuis. 

 

— Exato. — confirmou voltando a comer, mas um waffle que ele levava a boca caiu no prato quando o som do sino adentrou seu ouvido — Droga, eu mal tomei café da manhã. — resmungou.  

 

— Não se preocupe, teremos tempo no almoço. Vamos? — perguntou guardando seus pergaminhos na bolsa de couro de dragão.  

 

— Sim. — concordaram, então se levantaram e seguiram seu caminho até a aula de feitiços, que começaria dali cinco minutos, porém ficaram paralisados ao perceber que Mareena parou de andar — O que houve?  

 

— Eu... eu esqueci meu frasco de tinta no Salão Principal, eu encontro vocês na sala, okay? — respondeu a loira.  

 

— Hum... tudo bem, nós vamos dizer para o Flitwick o porque do seu atraso. — disse Remus.  

 

— Obrigada. — sorriu agradecida — Nos vemos depois então. — e saiu correndo até a mesa da grifinória, que começará a se esvaziar, seus olhos seguiram de um lado para o outro á procura do frasco de tinta preta, e seu olhar parou no lugar que estava sentada antes na companhia dos amigos, onde tinha um frasco largo e ainda lacrado — Ah, aqui está você, fujão. — a loira agarrou o frasco e colocou-o cuidadosamente na sua bolsa, deu de ombros e virou-se para sair, mas o susto atingiu o rosto da mesma ao ver a garota ruiva e pequena, que a observava em silencio — Bom... Hum... Com licença. — Mareena rapidamente abaixou a cabeça e passou por Lily encarando suas sapatilhas pretas, e levantou ao alcançar a porta. 

 

Não demorou muito para Mareena chegar ao terceiro andar, onde se localizava a sala de feitiços. Assim que dera dois socos na porta de madeira e colocou a cabeça para dentro da sala, a loira conseguiu ouvir a voz fina e pouco masculina do reconhecível mestre de feitiços.  

 

— Srta. Watson! Vamos, entre, a senhorita chegou bem á tempo da explicação sobre um novo feitiço. — Mareena precisou erguer uns trinta centímetros a cabeça para encarar Filius Flitwick, o meio-duende que estava posicionado acima de mais de 10 livros grandes e empoeirados para ficar na altura da mesa — Srta. Watson? Está tudo bem? 

 

— Ah, sim, claro. Desculpe-me pelo atraso. — murmurou, caminhando em seguida até os quatro amigos, que conversavam entre si na ultima carteira próxima a porta, após se sentar, Mareena deixou seu rosto próximo ao de Remus — Então, o que houve enquanto eu estava fora?  

 

— Só a Lily saindo da sala assim que o professor entrou. — deu de ombros.  

 

— O que? Por que ela saiu? — arqueou a sobrancelha.  

 

— Segundo a Dorcas, foi porque ela tinha esquecido o livro de feitiços no salão principal. — respondeu.  

 

— Oh... entendi. — balancei a cabeça — Bem que eu vi ela no salão no caminho para cá. — esfregou a mão pequena e esbranquiçada no queixo pensativo, mas o momento acabou quando a voz fina do professor soou no fundo da sala.  

 

— Hoje aprenderemos um novo feitiço. — falou — Para aqueles que ainda não conseguiram o efeito desejado com os feitiços anteriores, sugiro que continuem treinando. — Mareena olhou de soslaio para Peter, que abaixou a cabeça desapontado — O feitiço chama-se... — todos se calaram — Depulso. Não peguem suas varinhas ainda, vamos começar apenas pronunciando o nome. Repitam comigo: Depulso.  

 

— Depulso. — todos repetiram, incluindo Mareena.  

 

— Isso, isso. — Filius Flitwick bateu palmas animado — Agora, venham até minha mesa calmamente pegar uma noz. — quando todos se levantaram apressados, Flitwick ficou com rosto avermelhado — Eu disse calmamente. — todos pararam — Ótimo, podem vir agora.  

 

— Vamos esperar todos pegarem as nozes para irmos buscar as nossas. — sussurrou James para os quatro amigos.  

 

— Tudo bem. — respondeu Sirius, e James recebeu um aceno de concordância vindo de Mareena. 

 

Demorou quase cinco minutos para todos saírem do redor a mesa larga de Flitwick, Mareena levantou-se e pegou as cinco nozes que restará na caixa, então voltou para sua carteira no fundo da sala, onde os meninos a esperavam. 

 

— Agora que todos pegaram as nozes, — Flitwick olhou para o grupo de James no fim do corredor — podemos treinar o feitiço com as varinhas. É incomum alunos do 1° ano conseguirem o efeito desejado na primeira tentativa, mas boa sorte. 

 

Lily, que estava na cadeira próxima ao quadro na primeira fileira, retirará a varinha as vestes e apontou para sua noz enquanto ouvia outra primeiranista da corvinal, Emmeline Vance, tentando empurrar sua noz com o feitiço Depulso.  

 

— Depulsio. — falou a Vance.  

 

— Hey. — chamou Lily, conseguindo a atenção da morena — Desculpe-me por me intrometer, mas é Depulso e não Depulsio. 

 

— Ah. — abaixou os olhos — Obrigada.  

 

— Você é Emmeline Vance, não? — perguntou a ruiva.  

 

— Sou, e você é... — pensou por alguns segundos — Lílian Evans, estou correta? 

 

— Isso — sorriu calorosamente —, mas você pode me chamar de Lily. Sabe... meus amigos me chamam assim. 

 

— Tudo bem, Lily. — retribuiu o sorriso.  

 

Nos próximos vinte minutos de aula, os alunos tentavam ao máximo conseguir empurrar a noz utilizando o feitiço. Porém, no fundo da sala, um grupo com cinco garotos conversavam sussurrando entre si. 

 

— Eu já te disse, Mare, eu não sei porque os sonserinos apareceram limpos. — falou James.  

 

— Droga, eu achei que ia dar certo. — a loira abaixou a cabeça entortando seu lábio, um sinal de concentração, enquanto anotava algo em um pedaço de pergaminho. 

 

— Relaxa Mare, nós temos um plano B. — Sirius sorriu confiante enquanto passava a mão em seus cabelos negros e longos.  

 

— Plano B? — a loira arregalou os olhos enquanto apertava um lábio contra o outro — Pera... Que plano B? Não planejamos nenhum. — arqueou a sobrancelha enquanto olhava confusa para os dois amigos.  

 

— É segredo. — sussurrou James.  

  

— Que? — franziu o cenho — Aff, tá. Mas eu quero ser a primeira á ver o resultado desse plano. Me ouviram?  

 

— Sim, sim.  

 

— E você sabia disso, Remmy? — Mareena jogou o cabelo para o lado quando virou-se para o menino de cabelos castanho, olhos cor âmbar e duas enormes cicatrizes no rosto. 

 

— Não, eu juro. — balançou a cabeça negativamente.  

 

— É claro que não contamos para o Remus, nós sabíamos que ele iria te contar o que planejamos em algum momento. — falou James — Sinto muito Remus, mas foi pura precaução.  

 

— Ahn... Tudo bem, acho. — o garoto de olhos amarelos deu de ombros. 

 

— Continuando aquele assunto de ant... — antes que Sirius continuasse seu discurso sobre os sonserinos, Filius chamou a atenção de todos com uma simples frase.  

 

— Sr. Black. — o menino de olhos cinzas e cabelos negros virou-se para o homem pequeno e barbudo — Como o senhor está conversando, creio que já tenha terminado de treinar o feitiço, não estou certo?  

 

— Sim, professor. — ergueu os ombros largos e encarou o homem de queixo erguido.  

 

— Pois bem, então mostre para a sala o efeito correto.  

 

— Tudo bem. — Sirius retirou sua varinha negra do bolso da capa e apontou para a noz média, e então, após tossir, o Black recitou o feitiço — Depulso. — como o desejado, a noz foi empurrada para trás, caindo próximo ao quadro do professor.  

 

— Muito bem, Sr. Black. — Flitwick abriu um pequeno sorriso escondido pela barba branca — Quinze pontos para a Grifinória pelo feito. Ag... — um som estridente adentrou o cômodo aberto — muito bem, podem ir. Nos vemos na quinta feira. 

 

Mareena guardou suas coisas na bolsa de couro de dragão e se retirou da sala ao lado de Remus, que folheava um livro verde com uma estampa de folhas na capa. Mareena não prestou muita atenção no que ele sussurrava até que Sirius parou de andar e olhou para James.  

 

— Qual é a próxima aula mesmo? — perguntou olhando pro menino de cabelos negros e naturalmente bagunçados.  

 

— Hum... — retirou a folha branca com os horários do bolso da mochila, lendo-o por alguns segundos até voltar o olhar para o amigo Black — Transfiguração, e em seguida voo.  

 

— Certo. — concordou com a cabeça — Então vamos, Minerva vai nos comer vivos se chegarmos atrasados.  

 

— Concordo, ela me olhou brava durante o café o da manhã por causa do ocorrido com o Ranhoso. — James revirou os olhos enquanto voltava a andar ao lado de Sirius e um Peter silencioso. 

 

Quando Mareena começara a andar novamente, a loira percebera na metade do caminho que estava sozinha quando tentou conversar com o Remus. Preocupada, Mareena deu de costas e seguiu o caminho anterior, vendo Remus encostado numa parede de pedras esfregando sua coxa.  

 

— Hum... Remmy? — chamou, puxando a atenção dele para a loira — Você está bem?  

 

— Sim, estou ótimo. — concordou retirando a mão da perna e agarrando a mochila preta que estava posicionada em seus pés.  

 

— Certeza? — arqueou a sobrancelha.  

 

— Absoluta. — Remus desgrudou-se da parede e virou seu corpo para a amiga, que estava parada próxima a ele — Então... Vamos?  

 

— Claro, claro. — Mareena esperou Remus se aproximar para começar a andar até a sala de transfiguração, que ficava no primeiro andar, o que significa que eles precisavam descer dois lances de escadas — Eu estou nesse colégio faz quase cinco semanas e eu continuo me perdendo por esses corredores. — murmurou enquanto caminhava de cabeça baixa.  

 

— Não é a única. — sussurrou Lupin, chamando a atenção da garota — É sério! James e Sirius podem até conhecer quase todos lugares da escola, mas eu não faço ideia de onde fica certos comodos. Chega a ser irritante.  

 

— Ahn, eu entendo. — riu pelo nariz. 

 

Quando Mareena percebeu, os dois garotos chegaram em frente a sala de transfiguração, que ainda mantinha a porta aberta. Com um suspiro de alivio, a loira adentrou o cômodo e sentou-se em uma mesa com dois lugares vagos ao lado da carteira onde estava James e Sirius, que sorriam e conversavam entre si. Demorou cerca de dez segundos para os dois morenos perceberem a presença dos amigos, que já estavam postos.  

 

— Hey, onde vocês estavam? Sorte que a professora Mcgonagall não chegou ainda. — perguntou James.  

 

— Acabamos nos perdendo no corredor do terceiro andar, mas já está tudo b... Shhh... — a loira parou de falar quando Minerva adentrou o cômodo carregando com um feitiço sua maleta.  

 

— Bom dia. — a turma respondeu ''bom dia'' em uníssono — O feitiço que vocês aprenderão esse ano era para ser ensinado apenas em seu segundo ano, porém, devido ao avanço de vocês, eu irei ensiná-los hoje. O nome do feitiço é Avis, ele serve para conjurar pássaros. Se vocês fazerem o feitiço corretamente ainda esse ano, o número máximo de pássaros será três, e com o passar do tempo esse número irá aumentar, chegando até mesmo á cinco, oito... Entenderam? 

 

— Sim, Prof° Mcgonagall. — responderam.  

 

— Pois b... — o olhar de Minerva voltou para a carteira onde Mareena estava sentada com Remus — Sr. Lupin, entendeu o que eu disse? — foi ai que Mareena percebeu o que aconteceu: Remus estava com a cabeça deitada sobre suas mãos, escondendo seu rosto — Sr. Lupin, acorde! Sr. Lupin! Hum... Srta. Watson, você pode...?  

 

— Ah, claro professora. — Mareena encostou sua mão no ombro de Remus, balançando-o levemente enquanto sussurrava próximo ao seu ouvido — Remmy, acorde! Remus! Remus? — sem querer Mareena empurrou o corpo do amigo para o lado, mas a surpresa chegou quando o corpo de Remus encostou no chão. De imediato, Remus começou a tremer sem parar enquanto ficava de olhos abertos encarando o nada e seus membros balançavam. Mareena levantou-se rapidamente e arregalou os olhos, levando as mãos a boca enquanto segurava as lágrimas.  

 

— Remus! — gritou Sirius tentando tocar no garoto, porém foi afastado do corpo por James, que segurava seus ombros, Sirius virou-se para Minerva e não hesitou em dizer o que pensava quando encarou a mulher com mais de trinta anos — Vamos, ajude-o! O que está esperando?  

 

Minerva Mcgonagall retirou a varinha das vestes e pronunciou um feitiço não-verbal, criando um gato prateado que a encarava. Como um sussurro, Minerva disse algo para o gato, que saiu pela porta e em seguida desapareceu de vista. Passou quase dez minutos e uma mulher com cabelos brancos e um avental adentrou o corredor ás pressas, que Mareena percebeu ser Poppy Pomfrey, a curandeira da escola.  

 

— Droga, eu disse que ele não deveria ter vindo estudar nestas condições. — murmurou Madame Pomfrey criando uma maca com um simples aceno de varinha, e em seguida, retirou uma pedra do bolso do avental, enfiando-o cuidadosamente na boca de Remus Lupin, obrigando o garoto a engoli-la. Passou quase um minuto até que o corpo de Remus parou de tremer, fazendo com que ele desmaiasse devido ao impacto. 

 

— Ele... ele vai ficar bem? — perguntou Mareena quase como um sussurro, quebrando o silencio da sala.  

 

— Sim, não se preocupe. — sorriu ligeiramente para a loira, que não tirava os olhos do amigos — Daqui umas duas horas ele acorda, enquanto isso eu vou cuidar de seus ferimentos graves. Ótimo, agora com licença alunos. — murmurou Madame Pomfrey enquanto caminhava até a porta sendo seguida pela maca flutuante de Remus, até que desaparecem de vista. 

 

— Hey, vai ficar tudo bem com Remmy. Vamos atrás dele, não me importo de esperar duas horas até ele acordar. — James disse confiante enquanto caminhava até a ala hospitalar sendo seguido por Sirius, Mareena e Peter, que continuavam de cabeça baixa e com um aperto no peito. 

 

— Mas e a aula de transfiguração? — perguntou Peter sem tirar os olhos do chão. 

 

— Não se preocupe Peter, a professora Mcgonagall deve estar tão preocupada com ele quanto nós, se é possível. — respondeu Sirius sem se importar com os cabelos negros que grudavam em seu pescoço.  

  

— Ah, okay então. — deu de ombros, seguindo-os pelos corredores vazios e escuros, cheios de quadros velhos, empoeirados e adormecidos — Esses quadros me assustam. 

 

— O que? Não tem porque. Muitos quadros da escola são sociáveis e gentis. — falou James enquanto mexia nos cabelos negros, um costume que pegou de Sirius. 

 

— O que? Como você sabe disso? — Mareena arqueou a sobrancelha enquanto subia pelas escadarias que levavam ao quarto andar. 

 

— Meu pai era amigo de quadros na época da escola. — Mareena arregalou seus enormes olhos enquanto o ouvia — Ele não tinha amigos, sabe? Então a única coisa que ele podia fazer era estudar muito, na verdade, o único amigo dele na escola era Albus Dumbledore.  

 

— O que? Seu pai era amigo do diretor? — perguntou Sirius. 

 

— Dumbledore era professor na época. — explicou.  

 

—  E você, Mareena? Seus pais são trouxas, o que eles fazem? — olhou James para a loira. 

 

— Minha mãe é médica, e meu pai policial. — falou, mas ao ver a expressão confusa dos amigos continuou — Médico é igual curandeiro, sabe? E policial, bem, auror. Ah, veja, chegamos na ala hospitalar.  

 

— Viram? Conversar funcionou, e diminuir nossa dor... — James balançou a cabeça enquanto encarava-os — Então, quem bate na porta? 

 

— Ah, se afaste. — Sirius revirou os olhos enquanto jogava os cabelos negros e brilhantes para trás e dava dois pequenos socos na porta de madeira, em seguida, uma fresta abriu-se e uma mulher de cabelos brancos e presos apareceu sob o buraco — Bom dia, Madame Pomfrey, a Prof° Mcgonagall nos autorizou a vir ver Remus, podemos entrar? — Madame Pomfrey abriu a porta inteiramente enquanto resmungava o quão ridícula era aquela visita, já que não tinha como conversar com um garoto inconsciente.  

 

Assim que atravessaram um corredor estreito enquanto seguiam Poppy Pomfrey, os quatro garotos chegaram á uma sala larga recheada de camas, porém uma delas estava fechada por largas cortinas azul-água, que escondiam seu interior. Assim que Madame Pomfrey se aproximara da mesma, ela arrastara a cortina, deixando a mostra um menino baixo de cabelos castanhos, olhos escuros fechados e duas enormes cicatrizes em sua face. Remus. Quando Mareena avistou o corpo desacordado do melhor amigo, passou lentamente ao lado de Poppy e sentou-se ao seu lado enquanto olhava confusa para o corte enfaixado em sua perna, pensando em mil e uma possibilidades de como ele teria se machucado.  

 

— Ele vai poder sair ainda hoje, certo? — perguntou James encarando Madame Pomfrey por cima do ombro de Sirius.  

 

— Bom, eu dei algumas poções para a infecção se curar. Então, se ele estiver bem ao acordar, sim. — falou Madame Pomfrey, recebendo um pequeno sorriso animado de James. 

 

— Hum... como foi que Remus se machucou? — Mareena virou a cabeça e encarou a mulher com as sobrancelhas juntas. 

 

— Eu... Eu não sei. — balançou a cabeça — Certo, agora vão embora. Eu irei avisar vocês caso o Sr. Lupin acorde.  

 

— Ah, certo. — abaixou a cabeça decepcionada enquanto se levantava da cadeira de madeira e se aproximava dos amigos — Vamos, Remus está bem. Nós veremos ele daqui duas horas.  

 

— Ok, então vamos. — concordou James enquanto segurava o cotovelo de Sirius e o arrastava para fora da Ala Hospitalar enquanto seguia Mareena e Peter.  

 

Diferente de outras manhãs comuns no castelo, aquele dia estava frio, inúmeras nuvens tampavam o sol, deixando um clima desagradável no ar. Mareena, após o fim do período de poções e o almoço, saíra do castelo e começara a descer as escadarias de pedras até o jardim vazio, onde ficava o lago, a floresta proibida e uma cabana de madeira que passava a maior parte de seu tempo trancada. Mas naquele momento, a porta não só estava aberta, como tinha um homem com mais de três metros sentado próximo da entrada, junto de um cão grande e preto que babava nas vestes surradas do homem.  

 

— Xô, Canino. Para dentro, anda. — com o rabo entre as pernas, o cachorro correu para dentro da cabana enquanto seu dono retirava uma gaita de alumínio do bolso e o assoprava, porém, ao perceber que a menina o encarava, o homem parou a musica e abriu um pequeno sorriso por baixo da barba volumosa — Ah... Quem é você?  

 

— Mareena, senhor. — começou — Desculpe-me por ter lhe atrapalhado. 

 

— Não seja tão formal, Mareena, me chame de Rubeus. Ou Hagrid, se preferir. E não tem problema ter me atrapalhado. 

 

— Tudo bem, Rubeus. — sorriu desculpando-se, jogando uma parte das madeixas loiras para trás de sua orelha — O cachorro... Ele é seu?  

 

— O Canino. — falou olhando para dentro da cabana, onde estava o cão adormecido em uma almofada — Sim, eu conheci ele quando era ainda um filhote. E bem, eu o adotei.  

 

— Isso é legal. Eu adoro animais.  

 

— Então você vai gostar de Trato das Criaturas Mágicas.  

 

— Trato de Criaturas Mágicas? — os olhos de Mareena pareciam brilhar só com a menção do nome — O que é isso?  

 

— É uma matéria que você pode fazer em seu terceiro ano. — explicou — Normalmente, os alunos que fazem essa matéria aprendem sobre dragões, lobisomens... até mesmo unicórnios.  

 

— Unicórnios? Eu nunca vi um.  

 

— Não se preocupe, Mareena, você não é a única. Muitos bruxos poderosos nunca viram um ser tão puro quanto esse. 

 

— E você já viu um, Rubeus? — a loira arqueou uma sobrancelha curiosa enquanto encarava o homem. 

 

— Ah, bem... — suas bochechas gorduchas e com fiapos acastanhados ficaram avermelhadas — Não, mas eu gostaria muito. 

 

— Não tem unicórnios na floresta? — perguntou. 

 

— Tem, mas... Espere! — ele parou de falar — Como você sabe que tem unicórnios na floresta? Foram aqueles meninos Potter e Black que te contaram? Ou foi aquele... qual o nome dele mesmo... Remus Lupin! Isso! Foi o que Remus Lupin te c... — assim que viu a expressão de Mareena mudar, ele virou a cabeça confuso — Algum problema, Mareena?  

 

— É que Remus está na ala hospitalar. — quando viu os pequenos olhos de besouro de Rubeus se arregalarem, continuou — Ele está bem, sério, mas não tem como não ficar preocupada, entende? 

 

— Entendo, claro. — concordou — Se isso for te alegrar, não gostaria de vir tomar uma caneca de chá comigo mais tarde? Eu faço bolinhos de chocolate. 

 

— Ah, é claro que eu gostaria Rubeus. — sorriu animada — Eu pas... — Mareena continuaria planejando seu chá da tarde com o guarda-caça se um garoto baixo de cabelos negros despenteados não aparecesse correndo escada abaixo até a cabana, onde seu ''alvo'' estava — James? O que houve? Você não estava arrumando uma pegadinha com Sirius?  

 

— É o Remus. — Mareena ajeitou a postura ao ouvir o nome do amigo — Madame Pomfrey me disse que ele acordou. Vamos, Sirius está nos esperando.  

 

— Rubeus... — virou-se para o homem de três metros, sorrindo — Eu venho tomar aquele chá com você de tarde, tudo bem?  

 

— Não tem problema, te vejo de tarde. — Hagrid olhou para James — Você e seus amigos podem vir junto, se desejarem. 

 

— Tudo bem, obrigado. Até de tarde, Rubeus. — então James saiu correndo enquanto era seguido pela menina, que olhava para o homem acenando, voltando seu olhar para a estrada até o quarto andar.  

 

Demorou cerca de dez minutos para Mareena e James alcançarem a Ala Hospitalar, que diferente de antes, estava com as duas portas abertas, mostrando o lugar iluminado. Quando Mareena atravessara o corredor junto de James, a loira avistou Sirius e Peter perto da cama, que antes estava tampada pelas cortinas, e sem hesitar, aproximou-se, enxergando por cima do ombro de Peter um menino de cabelos castanhos, que agora não trajava mais a roupa de hospital, e sim as vestes normais da escola. 

 

— Ah, Remus. — a loira sorriu assim que os olhos amarelos do amigo pararam nela — Como você está? — perguntou se aproximando da cama, ficando ao lado de Sirius enquanto o encarava.  

 

— Bem, obrigado. — assim que respondeu, Remus abaixou a cabeça — Eu irei pedir desculpas para a Prof° Mcgonagall por ter... Bem... atrapalhado a aula.  

 

— Não se preocupe com isso, Remmy, ela entende o que aconteceu. — James deu dois tapinhas no ombro de Remus, fazendo com que um pequeno sorriso aparecesse nos lábios do garoto — Então, hoje tem o ultimo treino de Quadribol para o jogo de amanhã. Você vem conosco, não é?  

 

— Sim, é claro. — concordou.  

 

— Bom. Então vamos, você precisa comer alguma coisa. — falou James saindo da ala hospitalar junto de Remus, Sirius, Mareena e Peter.  

 

— Mas o almoço já acabou. — Sirius olhou para James. 

 

— Eu sei o caminho para a cozinha. 

 

— Onde fica? — Mareena correu para alcançá-los. 

 

—  Você verá. — sorriu.  

 

O caminho fora silencioso, James caminhava na frente de todos enquanto os amigos o acompanhavam. Mareena, a mais quieta dos cincos, esfregava as mãos na saia preta que batia dois dedos acima de seu joelho, um sinal de impaciência.  

 

— Para onde estamos indo, Jay? — perguntou a loira quando seguiram James, que descia as escadas para os porões.  

 

Não deu tempo de James responder, porque eles logo pararam na frente de um quadro de cestas com frutas pintadas. James, recebendo olhares curiosos dos amigos, estendeu sua pequena mão e tocou a pera, começando a fazer cócegas nela. Para a surpresa dos quatro garotos, a pera começou a rir, transformando-se em uma maçaneta verde em seguida. A porta abriu-se, e a imagem fez com que os olhos de Mareena brilhassem: mais de noventa elfos domésticos corriam de um lado para o outro com suas pequenas pernas, carregando bandejas de prata. Um dos elfos parou o que estava fazendo e olhou para os cinco meninos, chamando a atenção dos outros.  

 

— Sr. Potter! No que o velho Eared pode ajudá-lo? — um elfo, o mais velho entre os que se aproximaram, perguntou. 

 

— Eared, pode me chamar de James. Esses são Sirius, Mareena, Remus e Peter. Bem... nós não almoçamos e queremos fazer um lanchinho.  

 

Quase cinco elfos correram de um lado para o outro enquanto preparavam algo que, no final, não era um simples lanche. Em cima de uma enorme bandeja, estavam cinco pratos de ouro, em cada um tinha duas coxas de frango, um pedaço de bolo de carne e rocambole de frango. Ao lado de cada prato, tinha uma taça dourada recheada com suco de abóbora. Eared transfigurou uma larga mesa com cinco cadeiras, onde os cinco amigos se sentaram e conversaram entre si enquanto comiam. 

 

— Hummnn... — Peter mastigava a coxa do frango enquanto levava a taça de suco á boca, engolindo o líquido enquanto continuava a mastigar a carne branca, recebendo um olhar acusador de Mareena, que encarava seus atos com puro nojo — O que foi? 

 

— Nada Peter, nada. — revirou os olhos bebericando o suco de abóbora, que aquecia seu corpo. 

 

Assim que fizeram o lanche, os amigos se despediram dos elfos com os bolsos das vestes cheios de doces enquanto caminhava pelos corredores até a torre da Grifinória, porém, ao alcançar o quadro da mulher gorda, James parou de andar e virou-se para os meninos quando um garoto passou por eles.  

 

— O que foi agora? — Mareena bufou impaciente, cruzando os braços.  

 

— Vocês não viram? — arregalou os olhos.  

 

— Vimos o que? — Sirius arqueou a sobrancelha confuso.  

 

— Aquele menino faz parte do time de Quadribol da Grifinória, com certeza terá treino agora. — James se afastou do quadro ouvindo os resmungos da Mulher Gorda, mas virou-se para eles — O que estão esperando? Vamos!  

 

— James, eu nem ao menos gosto de q... — antes que Mareena pudesse responder, ela recebeu um belisco de Sirius, que murmurou um ''Shh...'' no ouvido dela — Ah, certo. — revirou os olhos enquanto o seguia até o lugar que Mareena desconhecia até aquele momento — Campo de Quadribol? Eu não sabia que tinha um campo aqui. 

 

— Esse campo não é nada perto do usado nos campeonatos mundiais. — James gargalhou enquanto olhava o campo pela janela larga do castelo — Veja! — James disse para os amigos quando se aproximaram da porta. Assim que os amigos se aproximaram do garoto, James apontou com a cabeça para o céu, onde se podia ver sete vultos voando de um lado para o outro enquanto bolas voavam junto com os mesmos. Sem hesitar, James correu escadarias acima e sentou-se na ultima fileira da arquibancada, observando-os.  

 

— Paddington! — um menino de cabelos loiros gritou paralisando sua vassoura no ar, chamando a atenção da pessoa que dava ordens para uma menina de cabelos negros — Estamos com problemas. — apontou com o ombro para a porta e arquibancada, onde os observavam — Devem ser espiões do Rosier.  

 

— Não seja ridículo, Collombus. — a tal Paddington murmurou, aproximando-se do garoto em poucos segundos — Não está vendo as vestes vermelhas deles? São grifinos. Agora, vamos voltar ao treino, falta menos de vinte e quatro horas para o jogo. — Lyanna deu um giro no ar com a Nimbus 1001 — Thompson! — a ruiva chamou um garoto moreno que estava próximo do chão — Durante o jogo não saia de perto das balizas. É seu trabalho como goleiro proteger os aros. Ou seja, se eles marcarem algum ponto enquanto você estiver no comando... Bem, coisas acontecerão.  

 

— Lyanna. — uma voz masculina soou acima da ruiva, que precisou levantar a cabeça para encarar de onde vinha — Ameaçando um jogador de novo? — gargalhou — Você nunca perde uma chance. — o garoto ruivo, assim como a capitã, balançou a cabeça enquanto tentava esconder o riso. 

 

— Ah, cala a boca Fleston. — murmurou Garey Thompson — Lyanna, eu sugiro que você vá falar com aquelas... Hum... Crianças, sabe, para eles saberem que não podem aparecer aqui durante os nossos treinos.  

 

— Ok, ok. — revirou os olhos enquanto ia até a grama, onde desmontou da sua Nimbus e caminhou até as cinco crianças agora juntas nas arquibancadas — Hey, vocês. — gritou, chamando a atenção dos quatro meninos e a única garota entre eles, que era pequena e com uma longa e cacheada cabeleira loira — Para mim não tem problema, mas meus colegas de time acham que vocês não devem ficar aqui durante os treinos.  

 

— O que? Por quê? — perguntou o menino de cabelos despenteados e óculos redondos.  

 

— Bem... Eles acham que vocês são espiões de Rosier. — deu de ombros. 

 

— De quem? — o menino de cabelos compridos e negros arqueou a sobrancelha.  

 

— August Rosier. Ele é o capitão do time da Sonserina. — só de pronunciar aquele nome Lyanna tinha vontade de vomitar. 

 

— Acredite, não somos espiões da Sonserina. — falou a garota loira — Na verdade, nem somos muito fãs dessa casa. 

 

— Bom saber. — Lyanna sorriu — Prazer garotos, eu sou Lyanna Paddington.  

 

— Sou Mareena, e esses são James, Sirius, Remus e Peter. — Mareena retribuiu o sorriso. 

 

— Muito Prazer, de novo. Nos vemos amanhã no jogo? 

 

— Sim, claro. — Mareena jurou ter visto os olhos de James brilharem com a menção do jogo.  

 

— Okay, até amanhã então. — Lyanna abriu um segundo sorriso antes de voltar para o campo carregando sua vassoura polida.  

 

— Ela é muito gata. — falou Sirius, fazendo com que Mareena revirasse seus olhos azuis e James soltasse uma pequena risada. 

 

— Ela é areia demais para seu caminhãozinho, Black. — Mareena falou, fazendo com que olhassem para ela confusa — O que foi? 

 

— O que é um caminhão? — perguntou Remus.  

 

— É um automóvel, tipo uma vassoura, só que... Diferente. — explicou. 

 

— Oh... Certo. — deu de ombros.  

 

— Está começando a escurecer. Precisamos entrar, daqui a pouco é a ultima aula do dia, e depois o jantar. — Mareena levantou-se enquanto ajeitava a saia que batia em seu joelho. 

 

— E qual será a aula? — perguntou James enquanto desciam as escadarias da arquibancada até o portão para voltar a escola. 

 

— História da Magia. — respondeu a loira. 

 

— Ótimo, posso colocar meu sono em dia. — falou Sirius. 

 

Ninguém falou nada enquanto caminhavam até a sala de História da Magia, que jazia no primeiro andar. Assim que se aproximaram da sala, o sinal bateu, deixando a mostra vários estudantes indo para suas respectivas aulas.  

 

— Droga, eu odeio essa matéria. — murmurou James quando adentraram o cômodo  largo e cheio de mesas ocupadas por primeiranistas quase adormecidos. 

 

— O que vocês tem contra História da Magia? — perguntou Mareena quando se sentaram no fundo da sala e Sirius jogou sua mochila sob a mesa, caindo no sono em seguida.  

 

— A aula é muito, muito maçante. E aquele professor... Bruurf... — bufou James — A voz dele parece ter um feitiço do sono que quem ouve ela cai no sono. 

 

— Eu não acho. — falou Mareena enquanto retirava uma barra de chocolate do bolso das vestes de James e mordia um grande pedaço, mas a loira não percebeu quando James pegou um pedaço grande do doce.  

 

Assim que o professor Cuthbert Binns adentrou a sala pelo quadro, começou a ler suas anotações com sua voz de aspirador velho enquanto metade da turma dormia e Mareena anotava o que ele dizia enquanto ouvia James falando sobre o jogo que aconteceria dali dezessete horas. Mareena fingia o ouvir enquanto encarava o pergaminho impregnado de pequenas letras finas e pequenas, que ouvia Sirius elogiar constantemente.  

 

— Mare, está me ouvindo? — perguntou o garoto baixo com óculos.  

 

— Uhum. — murmurou.  

 

— E qual foi a ultima coisa que eu te disse, então? — o menino levantou a sobrancelha negra. 

 

— Que você está muito ansioso para o jogo da Grifinória versus Sonserina e que você não espera para ver Lyanna destruindo o time do tal Rosier. — chutou, era fácil saber o que James falava, ele só sabia falar sobre aquilo desde que saíram do campo de Quadribol. 

 

— Ótimo, você está me ouvindo. — James sorriu antes de voltar a falar sem parar de Quadribol e todos os campeonatos mundiais do jogo que ele foi.  

 

Por um momento Mareena desejou que Remus e Sirius não estivessem dormindo, assim ela não precisaria ouvir sem parar sobre um esporte que ela desconhecia, afinal, a loira cresceu como uma trouxa, embora não fosse nascida-trouxa. Mas seus colegas bruxos não poderiam saber sobre a linhagem de seu sobrenome. Ela não queria ser uma Sirius Black, ou seja, ''uma traidora do próprio sangue'', como os Sonserinos falam. Sua mão esquerda que segurava a pena de Pavão deslizava automaticamente sob o pergaminho, não prestando atenção em nada que acontecia ao seu redor, nem mesmo nos roncos excessivos que Peter soltava ao seu lado.  

 

— Mareena? Está tudo bem? — a loira acordou de seus pensamentos com um toque em seu ombro, Mareena ergueu a cabeça e balançou a mesma para James, que a observava silenciosamente — Você vem? Temos que deixar nossas coisas na Sala Comunal antes do jantar. 

 

— Sim, claro. — concordou — Eu tenho que passar lá para ver Georgie, de qualquer forma. — completou se levantando e guardando seu material na mala.  

 

— Georgie? Sua gata? — perguntou Sirius recém-desperto e coçando seus olhos cinzas tampados pelos cabelos negros.  

 

— Sim, eu não vejo ela desde ontem. — explicou enquanto seguia com os garotos até o sétimo andar, onde ficava sua Sala Comunal. 

 

— Ah, entendo. — soltou um largo bocejo enquanto andava.  

 

— Si, você não quer dormir um pouco antes do jantar? — falou Mareena preocupada. 

 

— Eu estou bem. — sorriu— E ''Si''? De onde você tirou esse apelido? — estranhou. 

 

— Nem eu sei. — riu — Não me pergunte. 

 

— Hum... certo. — deu de ombros. 

 

— Ah, ótimo! Chegamos. — sorriu James assim que avistou o ocorrente quadro da Mulher Gorda na entrada da sala comunal de sua casa. 

 

— Senha? — perguntou a mulher com vestes rosas.  

 

— Muito bem... Qual é mesmo? — falou James pensativo — Claro! Focinho de Porco. — uma passagem abriu-se, mostrando um lugar rodeado com as cores dourado e escarlate. — Vamos, não tem muito tempo. 

 

— Certo, eu vou subir para meu dormitório colocar a bolsa lá e procurar Georgie. Em seguida nós vamos jantar, ok? — assim que viu James balançando a cabeça, Mareena correu escadarias acima até o lugar que dividia com Lily, Mareena, Dorcas e Alice. Um suspiro de alívio saiu dos lábios da loira quando avistou o quarto vazio, exceto por uma bola de pelo branca que estava adormecida em cima de Mareena. — Ah, aqui está você. — sorriu assim que avistou Georgie, sua gatinha, adormecida. Mareena guardou sua bolsa em cima da mala com suas vestes normais e as de Hogwarts e deu uma cocadinha atrás da orelha da gata, recebendo um ronronado em resposta.  

 

                                                                                   *** 

 

30 de Setembro de 1971.

 

O jantar fora calmo, Mareena passara a maior parte de seu tempo comendo o bolo de carne moída enquanto ouvia James e Sirius falando sobre o futuro jogo desde a ida para o Salão Principal até a volta pro dormitório, que ficava na Torre da Grifinória. Assim que atravessaram o quadro da Mulher Gorda, Mareena sentou-se em uma poltrona próxima a lareira enquanto bebericava uma caneca recheada de chocolate quente e sentia as patas de almofadas da Georgie em sua coxa enquanto a gata se preparava para mais uma hora de soneca demorada. Quando a ultima pessoa fora os marotos subiu para seu dormitório, o sono chegou, fazendo com que um largo bocejo saísse de seus lábios rosados. A loira virou-se para James, Remus e Sirius, e sussurrou: 

 

— Ei garotos, eu vou dormir agora, okay?  

 

— O que? Por quê? — murmurou Sirius enquanto passava as mãos pelos cabelos negros e perfeitamente arrumados — Está cedo ainda. 

 

— Estou cansada. — um outro bocejo saiu — E também, amanhã tem o jogo da Grifinória versus Sonserina, embora eu não goste de quadribol, vocês estão no meu pé desde hoje mais cedo para ir nesse jogo.  

 

— Deve ter outro motivo para você querer ir ver o jogo. — disse Remus olhando para a loira pensativo. 

 

— Argh, Okay! Eu quero ver a Lyanna derrotando a Sonserina, satisfeitos? — franziu o cenho enquanto deixava a caneca de lado e passava os braços pela barriga de Georgie, levantando-se junto com a gata — Até amanhã. — e saiu em direção á escadaria. 

 

Assim que passara pelos corredores até a porta do dormitório, Mareena empurrara a mesma levemente, sentindo o cheiro comum de ervas atravessando o comodo enquanto encostava a porta e seguia até a sua cama. Mareena retirou seu pijama da mala junto de sua escova de dentes e foi para o banheiro, onde tomou um banho quente e trocou-se, vestindo a camisola vermelha com dourado e escovando o dentes. Estava pronta. Em seguida, Mareena voltou para o quarto, percebendo que Georgie já se acomodara na cama e dormia confortavelmente, ocupada com seus sonhos felinos, com um sorriso a loira puxou a coberta com cuidado e deitou-se, pensando na possível vitória de sua casa enquanto adormecia.  

 

                                                                                   *** 

 

Estudantes passavam de um lado para o outro dos corredores enquanto vestiam as vestes comuns de suas casas e falavam sobre o jogo que aconteceria dali uma hora. Mareena, que estava sentada na mesa de sua casa mordiscando uma torrada, ouvia Lyanna Paddigton, a capitã do time da Grifinória, de frente para um menino ruivo tentando convence-lo de algo.  

 

— Vamos lá Fleston. — murmurou a ruiva — É só uma mordidinha, eu juro. Vamos, coma um pedaço da torrada. Você nunca ficou tão nervoso para os jogos, irmão.  

 

— Acontece que naquela época você não era a capitã do time. — falou Fleston, recebendo uma risada em resposta. 

 

— Eu sei que não sou a melhor capitã do mundo, mas não tem porque ficar nervoso por minha causa. — respondeu — Olha, tome pelo menos um gole do suco de abóbora. — ofereceu a taça com o líquido amarelado.  

 

— Aff, okay. — aceitou, pegando o copo e dando um longo gole — Você é igualzinha a mamãe. 

 

— Mas é claro, eu preciso cuidar do meu irmãozinho. — sorriu.  

 

— Você só é três minutos mais velha que eu, não fique se achando. — murmurou o garoto ruivo.  

 

— Ah, cale a boca e continue tomando. — falou Lyanna mordendo uma torrada recheada de geleia de uva.  

 

— Paddington. — uma voz masculina soou atrás da ruiva, que levantou-se e olhou para o garoto.  

 

— Selwyn. — murmurou Lyanna com nojo. 

 

— Preparada para sua derrota? — um sorriso minúscula apareceu no canto do lábio do loiro.  

 

— Estou preparada para isso faz muito tempo. — respondeu irônica — E você, está preparado para a sua? Acho que se esqueceu da sua derrota no ano passado. — com raiva, Lorcan Selwyn saiu andado para a mesa da Sonserina enquanto Lyanna o observava — Babaca.  

 

— Deixe-o, Lyanna. — falou Fleston — Nós teremos o prazer de ver o time da Sonserina perdendo. — sorriu, fazendo com que a ruiva ficasse mais calma á respeito do jogo.  

 

— Onde estão Collombus, Gaston, Thompson, Felixon e Gudgeon? — perguntou Lyanna enquanto comia seu cereal.  

 

— Se preparando para o jogo. — deu de ombros.  

 

— Mas é claro, aqueles garotos nunca comem nada antes dos jogos. — revirou os olhos.  

 

— Lyanna, já são dez e cinquenta. Precisamos ir para o vestiário nos trocar. — falou Fleston se levantando.  

 

— Ah, tudo bem. — concordou jogando as pernas para fora do banco e se levantando, caminhando com o irmão gêmeo até o campo de Quadribol segurando sua Nimbus.  

 

— Ei, vai ficar tudo bem, okay? — Fleston colocou a mão no ombro da irmã, fazendo com que um sorriso aparecesse em seus lábios.  

 

— Obrigada, Fles.  

 

Demorou cerca de cinco minutos para chegarem no vestiário, que estava lotado de garotos e uma garota se trocando enquanto conversavam entre si sobre o jogo.  

 

— Ah, ai está ela. — falou Davey.  

 

— Esperem eu me trocar e conversaremos sobre o jogo. — quando concordaram com a cabeça, Lyanna adentrou no banheiro e retirou as vestes de hogwarts, vestindo a calça cinza, a blusa da mesma cor e a capa vermelha com dourado, vestiu a bota de couro preto e soltou os cabelos do coque, ajeitando-os sob seu ombro enquanto encarava sua imagem pronta no espelho — Não se preocupe Lyanna, nós vamos ganhar esse jogo e esfregaremos nossa vitória na cara do Rosier e do Selwyn. Você consegue, okay? — falou para si mesma enquanto preparava a vassoura no punho e saia do banheiro em direção aos colegas do time. 

 

— Então, tem algum discurso motivador? — perguntou Andreas Felixon.  

 

— Apenas que iremos naquele campo, jogaremos com todo nosso coração e, seja qual for o resultado, iremos aceitá-lo com honra. — falou. 

 

— Tudo bem. — todos concordaram.  

 

— Vamos, está na hora. — respondeu a loira caminhando até a porta enquanto ouvia os gritos que vinham de todas as casas. 

 

— Com um time totalmente novo junto de uma nova capitã... GRIFINÓRIA! — falou o locutor, Luke Jordan.  

 

O time de Grifinória adentrou na quadra enquanto ouvia os vivas. 

 

— Quero ver um jogo limpo, meninos. — falou a juíza, mas Lyanna duvidava que isso poderia acontecer vindo da Sonserina.  

 

Lyanna Paddington percebeu que August Rosier, o capitão do time da Sonserina, a encarava com fúria em seus olhos verdes. Irônica, a ruiva abriu um largo sorriso para o garoto. 

 

— Montem nas vassouras, por favor. 

 

Lyanna montou em sua Nimbus 1001, e em seguida Madame Hooch soltou um viso forte em seu apito prateado. Quinze vassouras se ergueram no ar, e a partida fora dada.  

 

— E a goles fora rebatida por Lucius Malfoy da Sonserina. Um passe perfeito para Thor Rowle. A Grifinória tomou a goles! Andreas Felixon, a nova artilheira, roubou a goles e saiu voando com a mesma. Será que ela vai marcar? E.... PONTO PARA A GRIFINÓRIA! — ouvindo os vivas da Grifinória, Luke Jordan continua narrando — Rosier não foi rápido o suficiente para proteger o aro. E a Sonserina fica com a goles, no lance o artilheiro Timothy Gibbon voa com a bola pelo campo, mas antes que possa arremessá-la no aro, Fleston Paddington lança um balaço bem em seu ombro e ele perde a goles. Essa deve ter doído. Agora Lucius pegou a goles novamente e voa até o aro, mas Garey Thompson faz uma intervenção perfeita e a Grifinória fica com a goles. Um segundo balaço arremessado por Lewis Wilkes acerta em cheio a artilheira Andreas, fazendo com que a goles fique com a Sonserina. Rowle desvia de um balaço lançado por Davey Gudgeon, será que ele vai marcar? Thompson voa até a baliza, mas não é rápido o suficiente... E PONTO PARA A SONSERINA!  

 

Entre ovações e lamentos da Grifinória, berros da Sonserina enchem o campo. James Potter encarava o jogo com os olhos brilhando, enquanto Mareena observava o jogo atentamente. Ela nunca tinha visto algo desse tipo.  

 

Lyanna, afastada do jogo, observava tudo ao seu redor á procura de algum lampejo dourado. Desde o ano anterior a Paddington usava essa estratégia: não se meta no jogo e faça seu trabalho que é procurar o pomo. Ela observava a cabeleira loira próxima ao chão, aparentemente Lorcan Selwyn estava usando a mesma estratégia. Por um momento ela parou de se focar em seus colegas e lembrou-se do porque de seu ódio pelo também apanhador da Sonserina, mas quando ouviu a voz de Jordan ela acordou de seus pensamentos e o ouviu.  

 

— Grifinória da posse da bola. — narrava — O artilheiro Gaston desvia de um balaço lançado por Travers e voa em direção ao aro, espere ai, será que aquele lampejo é o pomo?  

 

Lyanna a viu ao mesmo tempo que Selwyn. Enquanto os dois apanhadores voaram em direção á minuscula bola dourada, todos artilheiros pareciam ter esquecido do que deviam fazer e observaram a disputa entre os dois apanhadores. Porém, antes que a ruiva pudesse pegar a bola, ela desaparecera entre os jogadores, fazendo com que a ruiva tivesse que parar a vassoura ás pressas antes que ela batesse em Selwyn. 

 

— Grifinória ainda com a posse da bola. — continuou Jordan — Gaston desvia de Malfoy, de Gibbon... Será que ele vai marcar? E PONTO PARA A GRIFINÓRIA.  

 

A torcida da Grifinória vibrava.  

 

— Vinte contra 10. Malfoy agarra a goles e voa até o aro enquanto desvia Gaston, mas perde a bola quando recebe um balaço no rosto lançado por Paddigton. Felixon rouba a goles e voa até as balizas enquanto desvia dos balaços lançados por Travers e Wilkes. Se aproveitando da confusão de Rosier, Andreas lança a bola no aro. PONTO PARA A GRIFINÓRIA.  

 

Lyanna dá um giro no ar quando ouve os vivas da Grifinória, e seus olhos param no brilho dourado próximo da orelha do Thor Rowle. Antes que Selwyn pudesse vê-lo, Lyanna voa em direção á cabeça do artilheiro, aumentando a velocidade e esticando a mão. Quando Rowle percebeu o que acontecia, já era tarde. 

 

— LYANNA PADDINGTON AGARROU O POMO! GRIFINÓRIA GANHA DE 180 CONTRA 10.



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