História Uma nova e diferente vida - Quem é ele?

Enfim, depois de muitas horas de vôo, pousamos na cidade que seria meu mais novo lar. Fomos atrás das nossas bagagens. Quando já estávamos com tudo, minha mãe decidiu, antes de pegar um táxi, ligar para a responsável pela nossa nova casa para confirmar o endereço. Sentei-me em umas poltronas que havia ali pelo aeroporto e fiquei jogando no meu celular.

De repente percebi minha mãe bem nervosa falando ao celular, levantei e fui em direção a ela para tentar saber o que estava acontecendo, quando fui me aproximando pude ouvir algumas partes da conversa.

- ... era para já estar tudo pronto, vocês haviam me dito que estaria tudo ok quando chegássemos... sim, mas agora já estamos aqui... vocês deram a palavra, o que faremos agora?... Não... Não... Não conheço... também não conheço ninguém na cidade... hm... ótimo! É o mínimo que podem fazer... e logo... sim, quero pronta logo... dois dias? Ok... Por mensagem, mande-me por mensagem... Ok, passar bem.

Minha mãe desligou o celular, passou a mão no rosto, aparentava estar chateada, me aproximei mais e toquei em seu braço, ela se virou em minha direção e deu um longo suspiro, ela também estava bem cansada da viagem, assim como eu.

- O que aconteceu mãe? – perguntei a ela.

- Houve um problema com a casa, filha. Parece que ainda estão ajustando uns últimos detalhes e ainda não podemos ir pra lá. Pediram dois dias para que concluíssem tudo. Até lá ficaremos em um hotel que eles mesmos vão pagar. Poderemos ir para a casa apenas no sábado.

- Mas mãe, eles não falaram essa semana mesmo que já estava praticamente tudo pronto?

- Pois é, parece que esse “praticamente” não foi tão prático assim, já que ainda tem coisas para arrumar por lá...

- Que saco... Mas ok, né?! Não podemos fazer nada agora. Vamos logo para esse hotel, estou com vontade de tomar um banho beeeem demorado. – bocejando logo em seguida.

- Olha, eu também viu. Vamos logo atrás de um táxi que eu estou louca para tomar um banho e relaxar.

 Logo pegamos um táxi, minha mãe mostrou o endereço ao motorista para que ele nos levasse até lá, já que não conhecíamos nada da cidade. Enquanto o carro andava eu olhava pela janela e reparava nos lugares, nas ruas, pessoas... É uma cidade bem bonita, aparentemente bem cuidada. Já consigo ver várias lojas em que eu quero dar uma olhada, lanchonetes também, inclusive foi só ver as lanchonetes que eu lembrei que inda não tinha comido, e estava morrendo de fome! Vou esperar chegar ao hotel, lá deve ter algum restaurante, ou podemos ir a algum lugar por perto para comer, acho uma ótima ideia, quando chegarmos vou sugerir isso a minha mãe.

O hotel era bem bonito, grande e tinha um ar bem aconchegante. Quando chegamos um rapaz do hotel nos ajudou com as malas, minha mãe foi fazer o check-in enquanto eu fiquei dando uma olhada pelo saguão, assim que ela terminou veio falar comigo.

- Filha, parece que o pessoal acabou reservando dois quartos, eu pedi pra eles mudarem colocarem só um para duas pessoas, mas não teve jeito, então vamos ficar em quartos separados, tudo bem pra você?

- Ah... Por mim tudo bem, sem problemas. – acho que eu até estava feliz por poder ficar sozinha no quarto, privacidade é tudo. – eu não me importo, não se preocupe. Mas mãe, depois que tomarmos banho podemos ir comer algo? Estou com muita fome, juro.

- Então está bem, menos mal! Ah minha filha, eu também estou azul de fome, vamos tomar um banho e ir atrás de comida, deve ter algum bom lugar aqui por perto. – falou sorrindo.

Subimos então para os quartos, que ficavam no 6° andar, praticamente um de frente para o outro, o meu era o 610. Entrei no quarto e levei minhas malas para dentro com ajuda do rapaz que trabalhava no hotel, que logo em seguida foi ajudar minha mãe. Fechei então a porta, e comecei imediatamente a tirar as roupas, porque meus deuses eu precisava de um banho maravilhoso. Fui para o banheiro apenas com as minhas roupas intimas, logo as tirei e entrei no box, ligando o chuveiro e tomando o tão desejado banho.

Ao sair do banho foi que eu pude reparar no restante do quarto, era bem agradável, havia uma cama de casal com lençóis de cores claras e uns quatro travesseiros, um criado mudo, frigobar, poltrona, as paredes em um tom de bege com uns detalhes brancos, tudo bem simples e bonito, nada extravagante, o quarto tinha uma porta de vidro que dava acesso a uma varandinha onde havia uma mesinha de ferro branco e duas cadeiras, bem aconchegante. Minha barriga roncou alto, lembrei que tinha combinado de me arrumar e ir ao quarto da minha mãe para que fossemos atrás de um lugar para comer, apesar de no hotel ter um restaurante nós queríamos ir comer em algum lugar por aqui, comer fora.

Abri minha mala para procurar uma roupa bem confortável para sair, estava um clima bem agradável na cidade, tinha sol aparente, mas não estava calorento. Peguei uma camisa do AC/DC que eu gosto muito, uma calça escura com uns pequenos rasgos na perna, meu chinelo preto da Vans, e uma bolsa de lado escura com uma alça comprida, e quanto a acessórios resolvi só pôr um óculos escuro e uns anéis, nada demais. Peguei algumas coisas e coloquei na bolsa juntamente com o meu celular, sai do quarto, tranquei, e fui bater na porta do quarto da minha mãe que já estava pronta me esperando.

Descemos e saímos do hotel, resolvemos ir andando para o lado direito da rua, porque ir primeiro à direita sempre né, atravessamos uma rua onde avistamos na próxima esquina o que parecia ser uma lanchonete, fomos andando até lá, entramos e sentamos em volta de uma das mesas, uma de frente para a outra. Logo chegou uma moça bem simpática trazendo os cardápios e perguntando o que iriamos querer. Eu pedi uma Pepsi com um hambúrguer e batatas, minha mãe pediu um suco com uma salada com peito de frango grelhado e uns molhos lá que eu não sou muito chegada.

Quando estávamos esperando nosso pedido, vi sentando ao redor da mesa que ficava ao lado da nossa, atrás de onde minha mãe estava sentada. Logo pude perceber que se tratava de um casal, mas não conseguia ver seus rostos, apenas conseguia ver por cima do ombro da minha mãe os cabelos castanhos da garota. Passados mais uns 5 minutos, aproximadamente, chegaram nossos pedidos, minha mãe falou que precisava ir ao banheiro e se levantou e pediu a moça para indicar a ela o caminho. Quando ela se levantou a garota do cabelo castanho levantou-se quase junto a ela, pegou a bolsa que estava pendurada na cadeira onde estava sentada e foi embora, aparentemente chateada, só então eu pude ver quem a estava acompanhando...

Era um garoto, eu só conseguia ver que estava vestido com uma camisa preta básica, tinha um colar com um pingente de guitarra, um cabelo um pouco grande em um tom de vermelho vibrante e olhos acinzentados, e que olhos... Os meus olhos acabaram encontrando os dele, nós nos encaramos por alguns segundos até que ele deu um sorriso leve de canto de boca e eu me dei conta de que estava olhando para ele e rapidamente desviei o olhar para o janelão de vidro que tinha na lanchonete, de onde dava para ver grande parte da rua. Enquanto olhava pela janela e provavelmente estava tão vermelha quanto o cabelo daquele garoto, senti alguém passando do meu lado e virei para ver ele saindo da lanchonete, olhei pela janela e vi ele em pé na beira da rua, ele tinha colocado um óculos escuro e estava amarrando o cabelo em um coque esperando passarem uns carros para atravessar, pude perceber que ele usava também uma calça escura e um tênis preto, e tinha uma camisa xadrez vermelha e preta amarrada na cintura. Meus deuses, como ele era lindo, como tinha olhos lindos... Ele atravessou a rua e sumiu.

Minha mãe voltou do banheiro e sentou-se na minha frente, eu estava totalmente aérea, ela falava muitas coisas e eu apenas sorria, concordava ou algo assim, enquanto comia meu lanche devagar e tentava tirar da minha cabeça aquela pessoa. Meu primeiro dia aqui e já sou pega de surpresa por um tiro desses?! Que complicado hein.

Na minha cabeça estavam se passando muitas coisas, entre elas a mais frequente: quem será aquele garoto?