História Uma nova e diferente vida - Má segunda impressão

Depois que saímos daquela lanchonete, como ainda ia dar 13hrs da tarde, fomos dar umas voltas ali por perto do hotel mesmo, andamos bastante, entramos em algumas lojas onde minha mãe acabou comprando algumas besteirinhas, e fomos indo até que chegamos a uma praça. Eu logo vi ali um tiozinho vendendo sorvetes, disse a minha mãe que eu iria comprar um sorvete e perguntei se ela queria também, ela disse que não que iria ficar ali em um banco sentada enquanto eu iria lá comprar o sorvete pra mim.

Me aproximei e pedi um sorvete de chocolate, paguei e comecei a andar de volta ao banco onde minha mãe estava sentada me esperando. Estava caminhando tranquilamente quando senti um baque, não deu tempo de me equilibrar nem nada, só senti e parece que foi tudo em câmera lenta, fui caindo no chão e só vi um negócio enorme em cima de mim me cheirando e lambendo e depois indo lamber minha mão que estava toda suja de sorvete e com tudo melado ao redor. Ouço uma voz gritando e vindo em direção a mim e aquele ser que estava em cima de mim me prendendo ao chão e me cheirando e lambendo loucamente.

- DRAGON, NÃO! DRAGON, SAI DE CIMA! – gritava enquanto puxava o animal.

Finalmente conseguiu tirá-lo de cima de mim, eu me sentei ainda no chão, estava toda babada e cheia de pelos.

- MEUS DEUS, O QUE FOI ISSO! – falei ainda tentando me recompor, levantando devagar e limpando minha roupa.

- Ah, foi mal. Ele está um pouco empolgado por finalmente ter saído do castigo e poder voltar a passear – falou a pessoa que até então eu ainda não tinha visto quem era.

- Tudo bem, ele não me machucou, me sujou um pouco talvez, mas tranquilo. Mas, você deveria ter mais cuidado, sabe que o bichinho está nessa situação e não o repara direito, ele não tem culpa. Se fosse outra pessoa, e ficasse brava e quisesse machucar ele, a culpa iria ser sua e... – falava tranquila enquanto estava limpando minha roupa com as mãos, quando fui levantando a cabeça finalmente me dando conta de com quem estava falando. 

 - Tá, ok ok. Eu já pedi desculpas, garota. Não preciso de uma lição de moral, não sou burro. – falou com arrogância.

Era aquele garoto da lanchonete, em quem eu passei a ultima hora pensando. Me olhava com a cara fechada enquanto segurava  o cachorro enorme pela coleira.

- Olha, você é sempre assim arrogante com as pessoas? Eu só estava dizendo que você deveria ter um pouco mais de cuidado!

- Não sou eu que sou arrogante, as pessoas que são idiotas e me forçam a ser assim.

- Você por um acaso está me chamando de idiota?

- Se a carapuça serviu a culpa também não é minha... – falou com um sorriso sarcástico no rosto.

- Você é um babaca mesmo, estou perdendo meu tempo! Quer saber?! Vou até sair de perto porque vai que essa babaquice é transmissível né. Passar bem. – virei e saí andando em direção onde estava minha mãe me perguntando se ela teria visto essa cena toda.

Minha mãe estava entretida mexendo em seu celular e rindo sozinha, aparentemente não viu nada do que havia acontecido.

- Podemos ir embora? Estou cansada, andei muito e sinto como se tivesse sido atropelada – falei pensando em que realmente eu tinha sido, mas acabei não comentando nada.

- Já minha filha? Ah, então tá bom, você bem que está com uma cara bem amassada mesmo hein. – falou rindo.

- É né. Pode zoar, não tem problemas. É porque eu não passei o vôo inteiro dormindo que nem uma pedra de boca aberta e babando que nem certas pessoas sabe... – falei rindo e olhando para os lados me fingindo de desentendida.

- Que absurdo! – falou fingindo cara de ofendida – Eu não babo e nem durmo desse jeito ai viu, mocinha! Você está com calúnias para cima de mim, logo de mim, sua própria mãe! – fingiu uma cara de decepção enquanto balançava a cabeça negativamente.

Nós nos encaramos por alguns segundos e logo começamos a rir.

- Vamos logo sua palhaça, vamos voltar para o hotel porque eu também quero tomar um belo banho e descansar naquela cama enorme e maravilhosa. – disse sorrindo enquanto se levantava para que fossemos embora.

Chegamos finalmente ao hotel, fui para o meu quarto e tirei minhas roupas, coloquei em uma sacola para lavar quando estivesse em casa. Tomei um banho bem demorado, e em momento algum aquele ser saiu da minha cabeça, quem ele pensa que é?! Só porque é bonito, e tem aqueles olhos... Acha que pode ser um imbecil com as pessoas?! Af, sinceramente hein, o que o garoto tem de lindo ele também tem de babaca.

Saí do banho vesti apenas um pijama para ficar bem confortável, deitei na cama, peguei o controle da tv e procurei algum filme pra assistir, porém estava tão cansada que acabei adormecendo. Acordei com o barulho do meu celular tocando, era minha mãe dizendo que estava um pouco enjoada e que se eu quisesse pedir algo pra comer no quarto era só eu ligar para a recepção. Terminei de conversar com ela e decidi que iria pedir alguma coisa para comer.

- Hm, alô?... Oi, aqui é do quarto 610, eu gostaria de pedir algo para a janta... Vocês tem macarronada?... Sim, sim... Ótimo... Um refrigerante também... Sim, pode ser... É, na conta do quarto... O que você tem para sobremesa?... Ótimo! Mousse é perfeito!... Tá ok, muito obrigada, estarei aguardando. Boa noite. – falei desligando o telefone logo em seguida.

Fiquei sentada a beira da cama por uns segundos, então levantei e peguei minha mochila e procurei algo ali, havia me dado vontade de fazer algo que não fazia tinha umas semanas: fumar. Sim, eu fumo, não é todos os dias, mas às vezes me dá vontade. Faz uns dois anos desde que eu comecei creio eu, fiquei meio “rebelde” uma época por conta de alguns problemas, mas enfim. Peguei um cigarro e um isqueiro e fui me sentar na cadeira que tinha na varandinha. Meus Deuses, aquele idiota não saia da minha cabeça, a formava como ele olhava e sorria de canto de boca, eu não conseguia tirar da cabeça, fechei os olhos e comecei a imaginar como seria beijar aquela boca...

- AH NÃO, tá louca Beatrice??! Nem pensar!! Você não pode estar apaixonada por alguém que nem conhece, e que ainda por cima mostrou de primeira ser um babaca. Para! Só está atraída pela beleza, só isso! Pode parar! Eu me recuso. – comecei a falar para mim mesma, aquilo não poderia acontecer, eu mal cheguei na cidade, eu hein. Talvez seja porque eu vi nele algo familiar, ele me faz lembrar alguém, não muito, mas faz.

Minha janta finalmente chegou, apaguei o cigarro e deixei ali em uma xícara que eu estava usando como cinzeiro, peguei a comida e levei para a varandinha também, comi e deixei as louças em cima da mesinha para depois pedir que viessem pegar, me deitei novamente e procurei um filme para assistir, eu tinha dormido bastante à tarde então algo me diz que a noite vai ser longa, espero que ao menos meus pensamentos me deixem em paz.