História Uma nova e diferente vida - Primeiro dia - parte 2

As outras duas aulas foram normais, eu estava meio aérea na verdade, louca pra ir logo para o intervalo, estava planejando sair o mais rápido possível da sala antes que aqueles dois viessem falar comigo de novo, não que eu não tivesse gostado deles nem nada, só que eu estava querendo ficar sozinha, quem sabe explorar lugares onde eu pudesse me esconder nessa escola, acho que vou fazer isso mesmo.

Assim que bateu o sinal para o intervalo eu levantei logo levando apenas meu celular e meu fone e sai o mais rápido possível da sala, fui até o final do corredor e subi para o primeiro andar.

 Lá em cima eu comecei a andar mais tranquila, fui andando pelo corredor até o final onde havia duas escadas uma na direita e outra na esquerda. A escada da direita dava para o próximo andar das salas. A da esquerda estava muito escura, e lá em cima havia uma porta dupla que estava aparentemente fechada por umas correntes e cadeado.

Adivinhem pra onde eu fui? Exatamente!

Subi a escada da direita, chegando lá comecei a ver um jeito de abrir, mas assim que toquei no cadeado percebi que ele não estava trancado, apenas colocado lá para que pensassem que estava trancado. Tirei o cadeado e coloquei no bolso entrei e fechei a porta, havia um corredor não muito comprido, com algumas salas, como se estivesse em construção há muito tempo, e no final desse corredor eu pude ver uma porta que tinha uma janela telada de onde entrava luz do dia e iluminava o local, não muito, mas iluminava.

Eu fui andando pelo corredor e olhando para dentro das salas, algumas tinham mesas e umas cadeiras ali pelos cantos, alguns tijolos e materiais de construção, outras não tinham nada. Quando cheguei à porta vi que esta também estava destrancada, abri e passei para o lado de fora. Meus Deuses. Que maravilhoso esse lugar! O terraço da escola tinha ali algumas cadeiras, era bem ventilado, tinha uma vista muito bonita das casas que haviam ali por perto e uma vista mais bonita ainda do céu, o dia estava fresco, eu tinha uma caixinha onde guardava alguns cigarros escondidos, geralmente colocava no cós da minha calça, bem, escondida mesmo. Tirei um cigarro e acendi, traguei e fechei os olhos enquanto sentia o vento no meu rosto. Estava maravilhoso.

- Olha, eu realmente estou surpreso, então a senhorita também fuma? Que coisa, não?! As aparências realmente enganam, eu não imaginava... - Ouvi a voz vindo de trás de mim e me virei rapidamente assustada.

Lá estava ele de novo.

Castiel.

Em pé na minha frente, com aquele sorriso de canto de boca, sarcástico.

- Porra, garoto! Quase me mata do coração, tá louco??? - Falei pra ele meio alterada - E o que você está fazendo aqui? Tá me perseguindo por um acaso? Vai embora.

- HAHAHA o que eu estou fazendo aqui??? O que VOCÊ está fazendo aqui? - Falou apontando o dedo na minha cara - Esse é o MEU lugar! Você é a intrusa.

- Seu lugar? Não vi nenhuma placa com seu nome por aqui... - Dei um último trago e joguei o cigarro - Você é irritante, arrogante e metido. Alguém já te avisou disso?

- Tanto faz, como se eu ligasse pra opinião de alguém - Acendeu o cigarro que estava na boca e guardou o isqueiro no bolso, soltou a fumaça e olhou pra mim, me encarando.

- Que seja, você é quem sabe da sua vida, se quer continuar sendo um babaca... - Dei de ombros e fui andando em direção à porta, mas quando fui passar ao lado dele o mesmo envolveu minha cintura com o braço livre que não estava segurando o cigarro. Prendi a respiração sem querer.

Ele colou o corpo dele nas minhas costas, ainda com um lado do braço me envolvendo, chegou bem perto do meu ouvido e falou em uma voz bem rouca.

- Você sabe que está brincando com o perigo, garotinha? Não, acho que não sabe, se soubesse não me provocaria desse jeito me falando essas coisas - riu soprado - Veja bem onde está se metendo.

Foi bem difícil, porque nesse momento meu corpo inteiro estava arrepiado e estremecendo levemente. Ele havia me desmontado inteira. Mas eu não podia dar o braço a torcer, não mesmo! Empurrei com força o braço dele que me segurava, me virei de frente pra ele e pude ver que ele estava com uma cara de surpreso, mas ainda sorria pra mim aquele sorriso sarcástico, cínico e pervertido com o qual eu não sabia lidar. Levantou um lado da sobrancelha, como quem dissesse “e então?” e esperasse o que eu iria falar.

- Escuta aqui garoto, quem não sabe com quem está se metendo é você - Falei apontando o dedo para ele - Você é muito abusado mesmo, presta atenção que eu não sou que nem essas garotas que você provavelmente está acostumado a conhecer. Me erra, ou então você vai pagar muito caro!

- HAHAHA olha só, ela é perigosa hein... - Ele segurou a mão que eu estava apontando para ele, levou até os lábios e deu uma mordida leve na ponta dos meus dedos, saiu arrastando a boca levemente pela a extensão deles, tudo isso me encarando profundamente, parou a boca em cima da minha mão e deu um beijo - Então é assim? Tudo bem, baby... Que comecem os jogos.

Largou minha mão e saiu andando até a porta, quando chegou perto da porta virou para olhar pra trás, para mim, deu uma piscadela e se foi, rindo. Eu fiquei ali, parada, estática, sem acreditar, aquilo tinha sido muito surreal pra mim. Ainda é meu primeiro dia de aula?! Parece que estou aqui faz dias.

Quando consegui me acalmar resolvi sair dali, guardei meus cigarros e isqueiro e desci, com bastante cuidado pra ninguém me ver saindo dali, coloquei o cadeado de volta e fui em direção à minha sala. Entrei para assistir o último tempo, estava com receio de entrar e ter que olhar para a cara dele novamente, mas então vi que ele já não estava mais na sala.

Quando as aulas acabaram eu sai da escola e vi minha mãe ali na frente me esperando dentro de um carro, um carro preto bem bonito.

- Mãe? O que... Que carro é esse? A senhora não devia estar no trabalho? - Falei parada na frente da porta do carro, estava bastante confusa.

- Surpresinhaa! Dei uma saidinha do trabalho pra resolver umas coisas, aproveitei pra passar e pegar meu bebê na escola - Falou muito animada, estava com um sorriso enorme e muito feliz. - E sobre o carro... É nosso novo carro! Ele é lindo, não?

- Meus deuses, mãe! Realmente muito lindo, estou muito feliz por você! - Falei dando um grande sorriso para ela, dei a volta e entrei no carro no banco de passageiro.

- Por nós, filha! Por nós e para nós!

Nos abraçamos e logo em seguida fomos para casa, ela almoçou comigo lá e depois voltou para o trabalho, passei o resto da tarde sozinha, aproveitei para assistir um filme e arrumar umas coisinhas que ainda faltavam no quarto. Mas vez ou outra me pegava pensando naquele garoto, meus deuses, apesar de ser um babaca, lindo como um anjo e tinha aquele sorriso de derrubar até o diabo! O que eu vou fazer? E o que ele quis dizer com aquele papo de jogos?!

Eu vou acabar enlouquecendo.