História Uma Nova Primavera - Abandono

Sakura

         Eu sabia que tinha que fazer isso. O Sasuke sempre fez de tudo para manter o nosso relacionamento estável e feliz, e me sinto a pior pessoa do mundo ao decepcioná-lo. Estou realmente frustrada com a minha reprovação na faculdade de Medicina. Por que tudo teve que ser tão difícil pra mim?

        Respirei fundo e me atrevi a entrar no lugar que havia jurado que nunca mais voltaria: minha antiga casa. E com um sorriso imenso a me ver estava a minha mãe, sentada na varanda com um olhar vitorioso.

        - Aqui estou. – disse sem rodeios. – O que eu tenho que fazer?

        - Muito bem, filha.

(...)

        Após a longa conversa que tive com a minha mãe, peguei a Sarada e voltei pra casa. Fiz o almoço em meio às lágrimas. O que eu tinha que fazer para conseguir me sentir a altura do Sasuke era muito difícil. Extremamente difícil. Mas eu não podia viver desse jeito, me sentindo a derrotada, fraca e inútil. Eu precisava renunciar para conseguir vencer.

        Durante o almoço, Sasuke comia apressadamente para voltar ao trabalho com o Itachi. Tinha que terminar tudo em poucos dias para ter disponibilidade ao iniciar seus estudos da faculdade.

        - Você está calada. – ele disse.

        - Não estou não.

        - Aconteceu algo que eu deva saber? – neguei com a cabeça. – Ok.

        Tentei parecer normal, mas acho que minha aflição estava exposta. Assim que terminou o almoço, Sasuke deu-me um beijo e na Sarada também e logo se retirou. Ele vivia assim. Acostumou-se a jogar toda a responsabilidade de nossa família sobre si e isso estava me matando.

        (...)

        Pedi a minha mãe o prazo de uma semana. E foi a semana mais difícil da minha vida. Era sábado e estávamos no parque com a nossa filha. A Sarada estava dando seus primeiros passos e Sasuke a cercava de todas as maneiras impedindo-a de cair.

        - Muito bem meu amor. – amava ver o sorriso da minha princesa. Ela era minha vida e meu coração chorava ao saber que teria que estar longe da minha garotinha.

        - Que tal uma foto de família? – Sasuke sugeriu. Concordei e tiramos uma belíssima foto. Ficou tão boa que decidi levar uma cópia antes de partir.

        Quando voltamos pra casa, eu sabia que o Itachi precisaria do Sasuke em seu escritório, pois ouvi uma conversa e decidi que esse seria o momento para ir embora sem precisar dizer nada ao Sasuke. Eu não conseguiria.

        Assim que ele saiu, liguei para a babá da Sarada e aguardei a sua chegada em nossa casa. Entreguei em suas mãos um envelope e pedi que o repassasse ao Sasuke, somente a ele, ninguém mais. Abracei e beijei muito minha filha, liguei para a minha mãe com uma dor imensa em meu peito e disse que estava pronta. Segui suas orientações saindo apenas com a roupa do corpo e meus documentos. Abracei novamente minha filha e saí de casa em meio as lágrimas. Era muito difícil. Em poucos minutos, minha mãe chegou em um carro e relutei em entrar. Olhei para o meu lar e respirei fundo. Não podia voltar atrás. Decidi partir.

Sasuke

- Droga... Esse trabalho está me matando! – reclamei ao olhar toda a papelada em cima da minha mesa.

- Não reclame, irmãozinho... Lembre-se que hoje é um grande dia! Já pensou no que dizer?

- Um pouco. A Sakura anda bem triste com a sua reprovação na faculdade... Me sinto um idiota por não poder fazer nada, afinal, a culpa é minha.

- Por que diz isso?

- Se eu tivesse tido mais cuidado, a Sakura não teria engravidado tão nova e não teria passado por toda essa situação.

- Mas, pense pelo lado positivo, hoje vocês tem a Sarada.

- Você tem razão, e eu amo a minha filha... Mas, eu queria ver a Sakura sorrir novamente, não um sorriso comum, aquele sorriso que está preso em meio a tanta frustração que ela sente. Isso é uma droga.

- Não se preocupe. Tudo vai mudar, afinal, um pedido de casamento alegra qualquer mulher! E cadê o anel?

Peguei a caixinha em meu bolso e mostrei ao meu irmão. Tenho que admitir que é um belíssimo anel. Esperei meses para que ficasse pronto e o entregassem a mim tal joia rara.

- A Sakura tem muita sorte, irmãozinho... E você também...

(...)

Assim que a noite chegou, voltei pra casa o mais rápido que pude. Já havia pensado em tudo. Iria aproveitar o jantar para fazer o pedido de casamento. E tenho que confessar que já estava mais que atrasado e eu não podia mais adiar. Seria uma vida nova. Faculdade, trabalho e família. E escolhi a Sakura para estar ao meu lado.

Cheguei em casa e fui recebido pela babá que estava com a Sarada em seus braços. Peguei a minha filha e perguntei imediatamente pela Sakura. Ela não sabia me informar nada a respeito da minha mulher e apenas me entregou um envelope.

Fiquei um pouco assustado, mas coloquei a Sarada dentro do seu cercadinho de brinquedos e mandei a babá ir para a sua casa. Assim que ela foi, me sentei no sofá e abri o envelope. Meus olhos percorriam cada linha com muito temor e surpresa. Por que ela faria isso? Insegura? Perdida? Não admitiria isso.

Assim que terminei de ler, peguei a Sarada e a levei em meu carro até a antiga casa da Sakura. Fui o mais rápido que pude. Assim que cheguei, não havia ninguém pra me atender. A casa estava com os mesmos móveis velhos e um vazio assustador. Ainda não havia caído a ficha. Ainda não parecia real. Não estava entendendo.

Dirigi até a casa dos meus pais e procurei o Itachi para me ajudar. Assim que me viu com a Sarada chorando em meus braços, ele se assustou e logo veio em minha direção juntamente com o meu pai.

- Sasuke? Aconteceu alguma coisa? Cadê a Sakura? – ambos perguntavam muitas coisas.

- Eu não sei. – as palavras simplesmente saíram.

- Não sabe? Irmãozinho, o que houve?

- Ela... – estava perplexo e nem sabia o que dizer. – Droga! – meu corpo doía e minha filha chorava ao sentir toda a minha tensão. – Preciso que fique com a Sarada!

- Eu?

- Por favor... Ligue pra alguém te ajudar... Não sei, pense em algo... Eu preciso ir atrás da Sakura.

- O que houve, Sasuke? Diz de uma vez!

- A Sakura me deixou... Deixou a mim e a Sarada... Ela foi embora.

Todos ficaram em silêncio. Abaixei a cabeça e me senti um inútil. Um completo idiota. Não sabia o que fazer, muito menos o que dizer daqui pra frente. Acabou tudo?