História Uma Nova Vida - Capítulo 5

  Antes de entrar no ginásio, percebo que o irmão do Sans, Papyrus, está na mesma sala que a gente.

Quando entramos no ginásio, um robô aparece saltitando para perto da turma. Sans e Papyrus se posicionam ao meu lado

-Olá darlings!

-Que diabos é isso?- digo, não consegui me conter. Sans ri pela minha reação

 Percebo que disse alto de mais. A turma me encara e o robô vem rebolando em minha direção.

-Darling, eu não sou nenhum tipo de diabo- ele havia se abaixado para ficar do meu tamanho. Ele fica cara a cara comigo. Ele lança um olhar malicioso para o lado em que Papyrus está- A não ser que queiram- ele diz baixo, mas o suficiente para os dois escutarem, e passa a língua pelos lábios sugestivamente. Olho para o Papyrus e vejo que ele está corando e mexendo inquieto as mãos. Sans respira fundo, consigo sentir que ele ficou irritado, ele encara o robô e seu olho esquerdo parece ficar um pouco azul.

 -Ele se chama Mettaton- Sans responde minha pergunta- Ele organiza nossos eventos aqui, mas agora é nosso professor temporário- Ele continua, ainda o encarando. Mettaton está conversando com Papyrus.

-Temporário? O que houve com o outro?- pergunto curiosa.

-Bem, ela tirou umas férias para acalmar os nervos.

-Por que? O que houve?

-Digamos que, estávamos fazendo uma atividade para nosso reflexo, mas algumas pessoas- ele indica com o olhar a uma turminha que conversava, da qual Angelly estava- não conseguiam desviar das coisas mais fáceis, e nunca faziam a aula direito, então a nossa professora surtou e disse “se não conseguem aprender em um simples exercício, vão aprender tentando salvar suas vidas!”, e começou a lançar lanças em todo mundo. Mas ninguém foi parar na enfermaria, conseguiram correr a tempo.

 Nossa, essa professora deveria mesmo estar uma pilha.  Mas, se bem que se eu fosse ela, também estaria. Quem é que aguenta a Angelly?

 Mettaton vai para o meio da quadra, e para ao lado de um carrinho com bolas de basquete.

-Vamos, peguem uma bola e façam algum exercício, mas façam alguma coisa!

 Sans pega uma bola e volta ao meu lado.

-Vamos jogar?

-Vamos, mas eu...não sei muito bem.

 Eu não conhecia quase nada de basquete. Em casa, de vez em quando via algo na tv, ou nos livros.

-Tudo bem, você pode aprender com o melhor.

 Ele começa a bater a bola, eu tento pega-la, mas ele desvia. Ele é muito bom e rápido. Faço mais uma tentativa e consigo pegar a bola, ele a pega de volta sem muito esforço e faz uma sexta.

-GEEEEEET DUNKED ON- ele diz comemorando.

 O jogo de dois a dois se seguiu por mais algum tempo, ele me ensinou alguns truques, quase consegui fazer uma sexta, mas ele sempre pegava a bola, e toda vez que ele fazia uma, gritava get dunked on. Fazia muito tempo que não me sentia bem assim. Estava me divertindo muito. Consegui esquecer de tudo, a Angelly, meus pais... era só eu e ele se divertindo jogando basquete.

 Minha felicidade acaba quando uma bola atinge em cheio minha cabeça. Sans corre para ver se estou bem. Ele apoia minha cabeça em seu joelho. Tento me levantar, e vejo Angelly correndo para perto com uma péssima cara de falsa preocupação.

-Friskerida, desculpe, foi um acidente- diz pondo as duas mãos no rosto.

 Sans a encara irritado, de novo, seu olho esquerdo parecia ter ficado azul.

 Algumas pessoas perceberam, e pareciam ter ficado pouco a vontade, dando uma olhadinha para Angelly. Ela não demonstrou ter dado muita importância. Ela simplesmente passa graciosamente ao meu lado e pega sua bola.

 A multidão ao redor se afasta voltando a atividade.

 Mettaton e Papyrus vem conferir se estou bem, e só faço positivo com a cabeça, então eles se afastam.

 Eu me levanto querendo continuar o jogo, mas Sans insiste que eu não estou bem, digo que estou bem, mas eu e o Sans só ficamos jogando a bola um para o outro. Ele queria que eu fosse descansar, mas eu disse novamente que estava bem. E eu estava mesmo. Minha cabeça só doía um pouco. Fiquei descontando minha raiva da Angelly enquanto atacava a bola no chão para ele pegar.

 De repente ele para segurando a bola e encara o outro lado da quadra. Olho para ver do que se trata, e vejo Mettaton grudado atrás do Papyrus, passando seus braços robóticos pelo corpo esqueleto, demonstrando como segurar a bola.

Papyrus parecia estar muito corado, e algumas pessoas observavam e davam risadas discretas.

 Olho para Sans e vejo que o olho esquerdo dele fica cada vez mais azul. Ele aperta a bola com força e vai em direção a eles.

-Sans...-chamo, mas ele não dá bola e continua, então caminho atrás dele.

 Quando ele está a alguns metros, ele ataca a bola com toda a força na cabeça do Mettaton, muito bem calculado para não acertar a do Papyrus junto.

 Mettaton cai no chão e olha furioso para Sans, o mesmo da um grande sorriso satisfeito e bota as mãos pra cima e pisca com um olho.

-Desculpe Metta, foi sem querer.

 As pessoas assistiam interessados, menos Angelly, que ficava me encarando o tempo todo.

 Sans vai pegar a bola e Mettaton levanta com a ajuda do Papyrus.

-Muito bem pessoal, continuem, a aula ainda não acabou.

 Um fantasma vai até Mettaton e diz algo para ele, o mesmo suspira e fala novamente, abanando a mão.

-Na verdade ela acabou sim, vão se lavar e voltem para a sala.

 A não. Vou ter que ir tomar banho no mesmo momento que a Angelly. Olho para ela e ela me da um sorriso assustador. Já deve ter bolado um plano para ferrar comigo de novo.

 Sans me encara de longe, e eu olho para ele. Não sei se ele notou meu pânico. Papyrus chama o irmão, e Sans parece hesitar em ir, mas acaba indo, dando uma última olhada para mim antes de entrar no banheiro masculino.

 Olho o banheiro feminino. Só alguns passos para chegar no inferno.

 Mettaton aparece em meu lado.

-Vamos, se você ficar aí plantada vai começar a criar raízes.

 Solto um pequeno grunido e vou. A gravidade me puxa cada vez mais, minhas pernas parecem gelatina.

 Entro no banheiro, e fico nervosa. Não tinha box, só chuveiros uns ao lado dos outros com uma parede dividindo e todas as meninas tomando um rápido banho.

 Vou para um canto e tento criar coragem para tirar minhas roupas. Acho que vou esperar todas acabarem antes de eu ir, assim me poupo da vergonha.

Depois de alguns minutos elas acabam. Angelly foi a última a sair, pois ficou fazendo a maquiagem e não pareceu me notar sentada em um canto escondida.

 Tiro minha roupa e tomo um banho muito rápido, ainda com receio de alguém aparecer. Felizmente não veio ninguém e pude sair sossegada.  

 Visto roupas limpas que tinha botado no meu armário. Que bom que elas estão aqui ainda.

 Quando saio do banheiro, vejo Sans conversando com a Angelly perto da porta de saída. Ela parece estar um pouco assustada. Assim que ela me vê, sua expressão muda para raiva. Ela da um rápida olhada em mim, encara Sans novamente e sai batendo os pés e de punhos fechados.

 Eu me aproximo.

-O que aconteceu?

 P.O.V Sans

 Eu não consegui aguentar ver a Frisk sofrendo assim por causa da Angelly.

 Ela me olhara com tanto medo, e pelo que conheço da Angelly, ela não ia deixar a Frisk em paz. Angelly está aqui desde pequena, assim como eu e meu irmão. Ela sempre foi um pouco brigona com quem se metia com ela, mas era por defesa, e nunca os ficava atormentando. Mas então, ela foi crescendo e acabou virando um hábito tratar mal as pessoas. Ela começou a se achar melhor que todos. E era muito esperta. Sempre dava um jeito de se safar.

 Terminei meu banho muito rápido, e fiquei esperando a Angelly sair do banheiro. Como sempre, a última a sair.

-Eu quero falar com você- disse a ela.

-Que bom que quer, mas eu não quero- ela estava passando por mim, mas ponho a mão em seu ombro e a prenso com força na parede, prendendo-a com o braço.

-Eu não perguntei se você queria- digo num sussurro ameaçador.

 Ela me encara surpresa. Sinto seu coração acelerar.

-O que é que você quer?-ela diz, ainda com a cara fechada.

-Quero que você deixe a Frisk em paz.

 Ela empurra meu braço e se solta dele.

 Ela aproxima o rosto do meu.

-E por que eu faria isso?

 -Porque se você mexer com ela de novo, você vai ter um BAD TIME.

 Minhas orbes ficam completamente negras.

 Angelly hesita.

 Ouço a porta do banheiro abrir. Não preciso olhar para saber quem é. Continuo encarando-a.

 Angelly olha para ela e fica com uma cara irritada. Ela olha para mim novamente e sai batendo o pé.

-O que aconteceu?

 Frisk se aproxima devagar.

-Nada de mais só pedi pra Angelly te deixar em paz.

 Seus olhos pareceram brilhar.

-E ela vai?

 Eu sorrio.

-Vai.