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História Uma nova vida em Sweet Amoris - Mother Earth


Escrita por: Bryhanny

Capítulo 95 - Mother Earth


Fanfic / Fanfiction Uma nova vida em Sweet Amoris - Mother Earth

Minha cabeça continuava rodando, mas percebi que já não estava mais no quintal da Íris. Na verdade, era como se eu tivesse sido arrastada para alguma parte mais fechada do bosque, um lugar estranhamente familiar. E aquela macieira?

Eu estava de alguma forma, de volta ao lugar onde Lysandre me mostrara pela primeira vez sua marca de nascença e aquilo deixou-me aturdida. Por que eu estava sonhando com aquele lugar?

De repente, notei que do emaranhado de árvores algo ganhava forma. Não era algo, mas parecia estranhamente humano na figura que se formava à minha frente.

Seu corpo fundia-se com toda a natureza ao seu redor. Seus cabelos, seus braços, seu tronco era um misto de cores e formas como se a própria floresta saísse dela em direção ao resto do mundo.

Vê-la saindo de entre o caule da árvore confundiu meus sentidos e meu cérebro recusava-se a processar aquela visão. Ela tomava forma à medida em que ia se distanciando da árvore e aproximando-se de mim. Seu sorriso era resplandecente, mas seus olhos traíam-lhe as feições. Lindos olhos dourados como a luz do sol, mas tristes como uma tarde solitária de chuva. Seu cheiro era de terra molhada e seus cabelos como trepadeiras entrecruzando-se infinitamente caindo até o chão com doces florezinhas brotando aqui e acolá.

-Olá pequenina! –ela falou e sua voz era doce como o murmurejar de um regato.

-Esse é o sonho mais lindo que já tive! –murmurei admirada com aquele ser divinal. –Devo lembrar-me de agradecer às meninas por terem colocado drogas na minha bebida.

Ela sorriu e por um momento seus olhos se fecharam com tamanha graça como se quisessem espreguiçar-se.

-Pensas que sonhas, pequenina? –ela perguntou docemente. -Não bebestes mais do que suco de limão com soda.

-Se não é um sonho, então o que é? –perguntei-lhe.

-Chames do quiseres. –ela respondeu, pondo-se de pé.

Sua transformação estava completa e vê-la extasiava-me. Em seu corpo pequenos galhos cruzavam-se em seus seios e abaixo de sua cintura como se fossem vestes feitas da própria natureza.

-E como devo eu chamá-la?

-Por muito tempo já chamaram-me de muitas coisas. Teus pares me chamam de... –ela sorriu.

-Gaia. –eu completei estupefata e isso fez com que seu sorriso aumentasse.

-Perdoe-me se te roubo de seu mundo por um ínfimo instante, mas já não via outra forma de parolar contigo. Caminhe ao meu lado, minha criança e permita-me que compartilhe contigo um ou outro segredo.

-Mas por que comigo? O que eu tenho que a faz pensar que mereço sua confiança? –perguntei enquanto corria a fim de alcança-la.

-Exatamente por quem és. Criança, não tens ideia do quão parecidas somos! –ela falava com aquela postura sublime enquanto mal tocava o chão com seus delicados pés. –Fui criada pelo criador com a simples vontade de seu coração. Pensada e criada para continuar criando. E criar é o que eu tenho feito através dos séculos, sem descanso. Eu aplaco a ira do meu pai e dou-lhe motivos para sorrir. Eu o amo e ele me ama.

Ela obviamente falava como se quisesse convencer a si mesma de suas palavras. Por um momento ela parou e respirou fundo.

-Criança, meu pai nunca me perdoou por ter poupado os traidores. Sua família. Eles começaram uma guerra que quase destruiu-me e ainda assim eu os poupei dando-lhes apenas a responsabilidade de vigiar. –ela me encarou e já não havia um sorriso em seu rosto. –Mas quando o Véu foi erguido muitos humanos preferiram ficar do outro lado. Eu os tenho observado, mas já não tenho forças para interferir. Eles clamam por liberdade, por justiça, por comida. E morrem à mingua. Diga-me criança, como posso eu suportar ver tamanha barbaridade se eu gero vida? Um certo dia, há muito tempo atrás, contra a vontade de meu pai eu decidi limpar o mundo etéreo de toda a escuridão que ali reinava. Assim eu escolhi Gael, um elfo de luz, portador de uma Marca e, portanto, um dos seres mais puros do universo, e lhe dei boa parte dos meus poderes, a fim de que ele em forma física pacificasse o mundo e a luz pudesse mais uma vez brilhar e curar as criaturas do meu pai. Gael era forte, valente e justo e esteve à frente da maior batalha que seu mundo já viu. Ele era perfeito, um ser mais poderoso que seus pares. Eu pensei que finalmente a paz reinaria no mundo etéreo e eu poderia descansar, mas eu estava errada e Gael não foi forte nem sábio o suficiente para resistir às trevas. Elas o arrastaram para longe e o transformaram naquilo que hoje ele é.

-Mãe Gaia, ainda não entendo o que isso tem a ver comigo. –falei aproximando-me dela.

Ela olhou-me com lágrimas douradas brilhando em seus olhos.

-Não entendes, criança? Um dia Gael lembrou da terra onde nascera e percebeu                que precisava tornar-se mais poderoso a fim de governar os dois mundos e logo quis encontrar alguém semelhante a si, mas quem ousaria aproximar-se de um elfo das trevas cujo coração gotejava maldade e arrastava a escuridão e o caos através de si? Só havia alguém tão forte quanto ele no mundo etéreo: os últimos descendentes de Eldoran, o Traidor, os únicos que poderiam enfrentá-lo. Astra era filha do líder da revolução que libertava humanos do jugo dos etéreos e a mais forte da família. Foi ela quem ele escolheu, subjugou, torturou e usou como cobaia em suas experiências. Ele pretendia criar um ser tão poderoso quanto ele que carregasse em si todos os poderes que eu dei à Guilda e que fosse forte o suficiente para reinar ao seu lado nos dois mundos. Gael queria derrubar o Véu, mas Astra foi mais forte e fugiu com a criatura deixando o mundo etéreo em direção ao mundo humano. Sabes quem era a criatura feita por Gael? Compreendes agora?

Eu não conseguia responder, não conseguia pensar, não conseguia acreditar.

-Astra então... é minha... eu sou...–não consegui formular a pergunta, mas Gaia sabia disso.

-Um receptáculo. Herdaste toda a variedade de dons que eu dei à Guilda, bem como os poderes dele. Reinando ao seu lado, nada e nem ninguém poderia detê-los. Astra fez o que achou certo e pagou com a vida. Por isso, se tens gratidão a ela e ao Guardião das Chaves do Dia a quem chamas de pai, eu suplico que não te deixes enredar pelos argumentos de Gael. Saiba que apenas tu podes restabelecer o equilíbrio antes que meu pai volte-se em ira e destrua a tudo. Eu o impedi uma vez, mas já não posso fazê-lo novamente.

-Mãe... como posso fazer isso? –perguntei em desespero já sentindo o peso do mundo nas costas.

-Tu tens a resposta, pequenina. Basta saber onde procura-la.

Aquela magnífica visão foi turvando-se bem na minha frente enquanto eu a chamava e lhe implorava para que não se fosse, não me deixasse. Eu ainda tinha tantas perguntas a fazer-lhe.

-Volte, mãe! –eu sussurrei.

Senti uma mão que tocava em meu ombro e despertava-me do meu devaneio.

-Bryhanny, você está bem? –chamava-me Isabelle delicadamente. –Parece que a comida, a dança e meu ponche não lhe caíram muito bem.

Permaneci em silêncio, visivelmente confusa. Boa parte do pessoal já tinha ido embora, restando apenas Nathaniel, a Rosa o Lysandre e o Lefin que não se aguentava de vontade de sorrir.

-Pelo visto dançar com o Lysandre foi arrebatador. –falou como se isso pudesse explicar tudo.

-Na verdade, foi bem divertido. –concordei.

-Que bom que você gostou. Pena que não deu para você nos presentear com a sua voz. Íris me disse que você é muito boa com o violão também. Mas deixa para a próxima então.

Despedi-me dos outros e arrastei Lefin para longe da cozinha onde ainda sobraram alguns quitutes e para fora da casa da Íris que nos seguia contentíssima por conhecer meu maravilhoso “primo”.

Nathaniel já estava na porta e resolveu esperar-me.

-Parece doente, Bryhanny. O que está havendo com você?

Eu dei de ombros, sem querer dar corda para o assunto.

-Não é comum que pessoas desmaiem ao tomar suco de limão. –ele completou.

-Sabe quando algo acontece e você sabe que precisa resolvê-lo, mas não tem ideia de por onde começar? E você sabe que se não fizer nada a respeito as coisas só piorarão?

Ele encarou-me por um momento e depois falou:

-Na verdade, eu sei. E sempre me pergunto o que fazer, mas a resposta é dura demais para ser dita em voz alta.

-É exatamente isso o que eu penso. Requer sacrifícios, e você sabe que alguém acabará se machucando. –falei aliviada por finalmente alguém compreender.

-Sempre há sacrifícios e alguém sempre se machuca. –ele falou melancólico.

-E o que você faz quando isso acontece? –perguntei eufórica.

-Nada. –ele respondeu colocando as mãos nos bolsos e dando de ombros.

-Como assim nada? – perguntei murchando o balão que era a minha euforia.

-O preço seria alto demais se eu fizesse. –falou tristemente.

Do que ele estava falando? No começo, pensei que sua hipótese fosse somente isso, mas agora percebia que estava enganada. Alguma coisa acontecia na vida do meu amigo que o tolhia, o machucava e o amedrontava. Eu não sondaria sua mente atrás de respostas. Penso que no momento certo, ele me confidenciará, isto é, se ele me considerar merecedora de sua confiança.

 

 



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