História Uma P... Vingativa - HoSeok, Crush de geral

Pode não parecer, mas sim, eu trabalho. Trabalho para a Jung’s Entertainment, apesar do nome, a empresa só com eventos tipo casamentos, aniversários e afins. Poderia ser um trabalho fácil… Poderia, reparem no verbo conjugado no passado.

Não era nem um pouco fácil, clientes queriam a maior festança, porém não queriam pagar o dinheiro necessário para isso. E era com esse tipo de cliente que estávamos lidando agora, um rico na conta bancária, mas bem pão duro.

Dentro daquela sala, além do cliente, estavam HoSeok, eu (óbvio), o presidente da empresa e uma mulher que organiza os eventos.

- Senhor, lamento informar, mas com essa quantidade, não poderemos nem alugar o salão. - Menti, daria para alugar o salão, mas apenas isso.

- Mas se eu estivesse organizando-

- Já que você pode tudo, já que você estala os dedos e tudo cai aos seus pés, faz essa merda você. - Quem é que estava a um fio e perder o emprego? É, eu mesmo! - Se a empresa pegar esse evento e ele não for um sucesso, nós vamos falir. Falir, entende? É um evento muito grande para pouco dinheiro, você não vai querer levantar essa empresa de novo se atingirmos o fundo do poço. - Eu ia ser despedido, mas aquele era meu dever. Eu não podia deixar a empresa se afogar em dívidas.

- Você vai deixar esse empregadinho falar assim comigo, seu cliente mais importante? - Caralho, estou tomando no cu cada vez mais. Talvez esse fosse o certo sabe? Talvez eu devesse comprar um classificados na volta para casa e ver quais empregos eles tinham disponíveis.

- Esse empregadinho - HoSeok começou a falar depois de encarar o presidente, apontou para mim e eu poderia apostar que estava vermelho de raiva. Porque, porra, não sou o mais importante na empresa, mas não precisa me rebaixar assim! - Está nos livrando de uma enrascada. Da última vez que não seguimos as palavras dele, nós quase falimos mesmo.

Rapaz, que moral é essa que eu não sabia que tinha? Nossa, mandei bem, arrasei viado.

- Eu vou procurar outra empresa! - Gritou irritado.

- Sinta-se a vontade. - O presidente falou.

O cliente foi embora e perdermos a oportunidade de produzir um ótimo evento, mas eu estava feliz. Eu não seria demitido. Poderia dançar Roll Deep da HyunAh nesse exato momento, olhei para os lados e não tinha ninguém. Sorri travesso e comecei a dançar e cantar de olhos fechados, me achando um máximo, a puta mais popular e desejada do mundo.

Um puta micão isso sim. Assim que abri os olhos e vi meu reflexo no vidro da janela, eu percebi que não estava sozinho e eu já queria me jogar dessa janela. Virei todo vermelho, curvei-me, saindo correndo.

-Preciso de você na minha sala. -HoSeok gritou enquanto eu fugia. Passei mico na frente do Crush, alguém me ajuda ou me mata. Sei lá, só me livra disso.

Como faltava pouco para o horário do almoço, decidir me xingar enquanto comia. Nada melhor que comida para nos fazer companhia, ele te ajuda em todos os momentos da vida, dos mais tristes aos mais felizes, sem esfregar teus erros na sua cara.

Enchi a barriga, eu seria despedido na certa, então precisava aproveitar. Quando é que teria esse banquete a minha disposição? Comi frango frito e empanado, arroz, Kimchi e mais umas duas coisas que eu não sabia o nome.

Voltei para empresa com uma puta dor de barriga, fiquei com a mão no estômago e fui até a sala do chefe/crush/dólar ou euro, porque real não poderia ser.

Dei uma batidinha leve na porta, esperei seu “entre” e entrei. Merda, merda, merda.

Vamos, JiMin, começa a pensar no seu discurso (“Pela amor de Deus não me demite *ajoelha* por favor, eu faço o que você quiser) e, se não funcionar, pensa no que por no seu currículo (“Moço, me dá um emprego”).

- Park JiMin. - Falou com aqueles lábios finos e aquela voz abençoada, eu estava tendo uns “coisos” por dentro sem prestar atenção no que ele falava. As palavras saíam tão lentamente da sua boca, entravam por um ouvido e saia pelo outro, e foi nessa paranoia que pensamento me veio a mente.

- Parece Deus ditando a bíblia. - Ok, agora é  oficial, se ele não me demitir, eu mesmo vou pedir as contas. Não é  possível, puta merda, só tô pagando micão hoje. Deveria ter ficado deitado na cama, hibernando até depois da próxima era glacial.

Abaixei a cabeça envergonhado, esperando um xingamento ou sei lá, mas ele riu. Pois é, gargalhou. Eu o olhei incrédulo e indignado.

Um pouco atrás dele, tinha uma janela de vidro aberta, deixando o ar circular pela sala. Eu poderia me jogar dela, mas ela estava longe, ele poderia me impedir. Olhei para o meu lado direito e uma cópia da janela estava lá, quase ajoelhei e agradeci aos céus.

- Park, Park, nós estamos no trabalho, mas a você continuar a agir fofo desse jeito e me cantar mais vezes, eu não respondo por mim. - Falou sério. Opa, gato, vem quente que eu estou fervendo.

- Eu assumo a responsabilidade então. - Falei, sorrindo malicioso e ele também sorriu. Eu daria para ele ali mesmo, depois iria para casa saltitando como uma borboleta. Sabe aquele ditado né, “Pica como uma abelha, voa como uma borboleta”, nada haver, mas ok. Nossos olhares estavam conectados, o clima exalava luxuria e eu mordia o lábio inferior.

- Responsabilidade pelo que? - Jesus, eu tremi na base lindo, olhei para a porta e vi o presidente lá. Era raro ele ficar conversando com outro funcionário sem ser o seu secretário, que estava atrás dele.

Olha, meu dia estava ruim, mas tinha acabado de ficar pior. Porque, você pergunta? De todos os dias que eu poderia descobrir que o CEO tinha um novo secretário, aquele dia foi o escolhido. Aquele maldito dia.

Kim TaeHyung entrou, cumprimentou a todos e fingiu que não me conhecia, eu estava impressionado como ele poderia ser tão falso. Não deveria né, mas tem vezes que as pessoas se superam.

Ele sorria com aqueles lábios que formavam um quadrado, eu queria era ter uma quadrada (um tipo de arma) para dá uns tiros na cara dele. Suspirei e percebi que ninguém tinha falado nada.

- Bom, nós perdermos uma ótima oportunidade de produzir esse ótimo evento por minha causa, então eu vou assumir a responsabilidade. Se quiser me demitir, não vou reclamar, recolho minhas coisas e vou embora. - Estou impressionado comigo, acho que sou bem falsiane também. Afinal, eu ia implorar, fazer protesto, preparar café para todo mundo, o que fosse necessário para manter esse emprego.

- Não foi para isso que eu te chamei aqui. - O crush falou com uma expressão confusa.

- Me chamou para que, então? - Também estava confuso, não vou mentir.

- Você não estava me escutando, né? - Perguntou passando a destra nos cabelos e disputando. Não gente, eu não estou devendo para micão, então eu deveria parar, mas não consigo controlar. - Eu apenas queria dizer para, por mais difícil que for, tratar bem os clientes. Tentar persuadi-los a aumentar a verba e não xinga-los. - Um sorriso enorme se formou em meus lábios, eu poderia dançar novamente, mas vou fazer isso na minha mente. Chega de mico por hoje. Já atingi a cota diária, ou até a anual se duvidar.

- Sim, senhor, eu vou dar meu máximo daqui para frente. - Curvei-me quase chorando de felicidade. Viado, o emprego ainda é meu.

- Você é um ótimo funcionário, não há motivos para ser demitido. - Sorri, olhando para o lado por causa da vergonha, mas eu esqueci tudo assim que vi TaeHyung vermelho de raiva e bufando. Ele olhou para mim nervoso, me fuzilando com os olhos. Uma pequena luz acendeu dentro de mim, meu sorriso agora era maldoso. Claro, como eu não percebi antes. Os sorrisos enquanto HoSeok falava, a raiva quando ele me elogia, meu Deus, ele é  apaixonado pelo meu chefe.

- Ah, não é para tanto, senhor. - Falei, fingindo modéstia e vergonha. Ainda estava olhando para TaeHyung disfarçadamente,  precisava comprovar que era verdade.

- Só estou dizendo verdades, não é presidente? - HoSeok pergunto e o CEO concordou. TaeHyung parecia soltar ar quente pelos ouvidos e talvez fosse explodir de tão vermelho. Eu só ria por dentro.

Depois todos voltamos para sua tarefas, cada um cumprindo com seu dever, menos eu, claro. Assim que sentei na minha cadeira, eu comecei a pensar, tentar ligar os pontos.

Se TaeHyung gostava do HoSeok, porque diabos ele e o JungKook foderam? Só por prazer e porque HoSeok não se tocou que o Kim gosta dele. Ok, se foi só por prazer e o HoSeok burro, uma vez era o suficiente, mas eles resolveram continuar. Então o Kim fazia algo que eu não estava disposto a fazer.

Eu podia sentir mais neurônios mandando um sinal vermelho, implorando para que eu parasse de pensar. “Nós não queremos morrer em vão” eles reclamavam e eu não podia revidar, sempre fui cego, mudo e surdo quando se tratava do Jeon. Eu ignorei o pedido de socorro, continuando a pensar o que é que poderia ser, mas estava difícil. “Querido Deus, me ajuda com essa marimba”.

Espera…

Deus?

Pai de todos?

Puta que pariu, é isso! Uma vez JungKook veio com a ideia de Daddy/BabyBoy e eu  falei que nem fodendo eu chamaria ele de “Papai”. Porra, é broxante. Pensa comigo, você está lá, todo bonitinho, com seu namorado sensual e tem que chamar ele de “Papai”... Eu não conseguiria olhar para cara do meu pai! Pô, ele é um cara tão trabalhador e  carinhoso.

Não, não, de pai já basta o que me fez!

Estava tão concentrado na cena dos dois transando que nem percebi que estava chorando, molhando os papeis que estavam na minha mesa. Puta merda, eu sempre fiz tudo por ele. Eu trabalhava para pagar a casa e colocar comida na mesa, pagava as roupas dele e aquele maldito  Playstation3 que ele me fez comprar. Eu dava carinho, nunca recusava fazer sexo e já até fizemos um menage com uma mulher, porque ele queria.

Meu Deus, eu sou babaca. Muito babaca.

Eu passei quatro anos da minha vida sendo escravo, atendendo todos os  pedidos daquele crápula para ele me trair. Eu me dediquei, aprendi a lavar roupa, cozinhar, limpar e ainda faço o  melhor oral do mundo. Agora eu sei como as esposas traídas se sentem, a única diferença é que eu descobri a infidelidade mais rápido que alguma delas. E eu não tenho filhos, claro.

Meus olhos ardiam e minha cabeça pesava, se era por causa do sono ou dos chifres fica a questão. Minha galhada deve estar tão grande que não me surpreenderia se alguém me chamasse de Alce.

- Alce? - Alguém falou.

- Eu. - Respondi sem intenção, levantando da cadeira e procurando o ser humano que me chamou. Ouvi uma risada escandalosa, olhei pra o lado e vi HoSeok esperniando no chão. Sentei-me novamente, emburrado. Não tinha mais ninguém na  empresa, só eu e ele. Eu chorei por tanto tempo assim? - Puta merda, HoSeok, levanta do chão. - Reclamei, vendo que ele não tinha parado de rir. - Eu não deveria ter saído da cama hoje. - Falei pegando minhas coisas e saindo do escritório.

Apertei o botão de chamar o elevador umas trinta vezes seguidas. Eu só queria chegar em casa, me fundir com os móveis ou dormir e nunca mais acordar. É muito mico e muita informação  para um dia só. Entrei no elevador, me olhando no espelho. O nariz escorrendo, olhos vermelhos e inchados e bochechas vermelhas. O elevador começou a se mover, olhei para  lado e quem estava ali? O crush vacilão.

“A culpa não é dele se você só paga micão, JiMin” Cala boca, consciência. Você deveria estar do meu lado!

- Desculpa por rir tanto. - Pediu, meio vermelho e olhando para seu sapato social. Awn, claro que eu te perdoo, crush. Apenas afirmei com a cabeça e voltei a olhar para o espelho, coloquei a mão na testa como se realmente fosse sair chifres dali. - Porque alguém te chamaria de Alce? - Perguntou.

- Minha galha está tão grande que eu acho bem capaz. - O que HoSeok tinha de bonito, ele tinha de burro. - Meu namorado me traiu. - Expliquei, HoSeok falou um  “Ah!” e voltou a ficar quieto. Chegamos ao térreo, cumprimentamos os guardinhas que  ficavam ali, ele mexeu no bolso e pegou um controle pequeno, apertou um botão e o carro dele destrancou. Não vou mentir, eu gostei. Quem sabe eu compro um carro e ponho isso? Mas ter um carro só por causa disso é  meio… Foda-se, vou comprar só para isso mesmo!

- Quando é que você vai assumir a responsabilidade?