Mark P. O. V.
Apertei o botão do controle descontroladamente tentando achar algum programa atrativo na Tv. Meus lábios formavam um bico entediado e manhoso, e meu corpo ocupava todo espaço do sofá.
Ouço a porta fechar e Jackson parar em minha frente, tampando a TV. Por sua expressão resisti a ideia de mandá-lo sair da frente quando finalmente encontrei algo legal, um episódio de Os Simpsons.
-Sério, qual é o seu problema?
-Nenhum, se quer saber. Mas, tédio é um sintomas de uma doença rara eu acho, e que poderia ser resolvida se você me desse licença- Ele lança um olhar cortante. - Ou não!
Jackson suspira e acena para eu tirar as pernas do sofá para ele sentar. Obedeço e presto atenção em todos os movimentos dele, não queria ser surpreendido por alguma loucura como eu mesmo geralmente cometo ao outros.
-Então agora nós namoramos? - Ele dá uma gargalhada, me surpreendo.
Um sorriso caloroso brota entre lábios dele. E aquilo não era o que eu esperava.
-Ãn, não sei. Era apenas uma brincadeira. - Arrisco justificar-me.
-Que vai ter consequências.
-Isso você já falou. - Reviro os olhos.
-Ouça primeiro, Mark.
Resolvo ouvi-lo.
-Como o mesmo começou com essa mentira de namoro, estais aqui sua consequência: esse namoro falso vai continuar sendo verdadeiro para os inscientes.
-Que?
Não sou tão burro, mas meu cérebro não conseguiu processar a fala dele.
-Vamos ter um namoro falso. - Ele declara.
-Oi? - Minhas células cinzentas pararam de funcionar por um momento. - O quê você quer dizer com isso?
Minha voz saiu meio estridente.
-Vamos fingir namorar? - Ele disse em dúvida.
-O quê? Por quê? - Comecei a gritar. - Como assim? Você é retardado?
-Não, eu não retardado. - Ele me responde pacientemente. - Porque, bem porque.. para de me olhar com essa cara assustada e se acalma!
Jackson me segura pelos ombros me sacudindo de leve. Parei de encará-lo e fitei o chão puxando ar.
-Ok, já estou calmo. Agora fala o motivo para que eu não corra do apartamento o considerando louco. - Falei apressado.
-Hum, ahn. Podemos dizer que você apresentou soluções para alguns dos meus problemas. - Ele começou. - Como pode ver, eu moro sozinho. Mas antes eu morava aqui com meus pais, que retornam à China sem mim milagrosamente.
Me arrumei no sofá ficando frente a ele, para não ficar com problemas no pescoço. E me perguntei aonde aquilo ia chegar.
-Mas, faz algumas semanas que minha mãe começou a me infernizar pedindo que eu retorne para a China para casar me com uma moça que ela achou apropriada para mim. Já que aparentemente, eu sou encalhado na visão dela.
-Encalhado. - Eu rio. - Quantos anos você tem mocinho?
-23.
-Hum. - Olho de cima a baixo de dormir bem sugestiva. - Ah, prossiga ainda não decidi se fujo ou não.
Ele dá uma risada gostosa e se apoia no sofá para continuar a falar.
-Então, daí vem a parte que eu não quero me casar com aquela garota. Ou seja, aí entra você. Se eu estiver namorando sério, minha mãe não terá o que falar e eu não me caso entendeu?
-É só esse o seu motivo? - Perguntei incrédulo
-É. - Me respondeu encarando a parede atrás de mim, sem me olhar nos olhos.
-Ok, agora minhas questões pendentes. Primeiro, por quê você não arranja uma namorada de verdade?
-Não estou afim de namorar de verdade. - Ele responde indiferente.
-Por quê simplesmente não diz para sua mãe que não quer se casar?
-Ah se fosse fácil assim. Ela não vai mudar de ideia.
-Ok. Por quê você acha que eu concordaria com tudo isso?
-Porque quem começou isso foi você, e eticamente falando você deveria concordar. E ainda eu cuidei de você.
-Ãn, então ok. Eu sou obrigado a dizer não. Não sou louco de particionar de uma farsa dessa.
-Ok. - Jackson concorda tranquilamente.
-Não vai tentar fazer eu mudar de ideia? - Eu perguntei não acreditando.
-Porque eu deveria? Deve ser respeitado as decisões das pessoas.
-Ah.
-Você queria que eu tentasse te convencer?
-Não, não. Seria um incômodo. - Sinto algo revira no meu estômago, como quando eu minto..
Um silêncio inicia-se na zona e é logo cortado.
-Quer comer algo? - Ele me perguntou se levantando.
-Sim, eu estou faminto. - Eu respondo.
Tento me levantar e sinto uma dor horrível no pé direito. Me jogo de volta ao sofá.
-Fique aí! Eu vou preparar algo e te trago para comer. E depois nos vamos ao hospital.
-Quê! Não! - Eu digo. - Eu tô bem.
-Claro, tanto que não consegue andar. FIca quietinho aí.
***
-Você não precisava ficar aqui comigo - reclamei fazendo cara feia.
-Eu sei - ele me respondeu, - mas o gostinho de solidariedade é bom às vezes.
Viro meu rosto e observo o pouco fluxo de pessoas de branco ou doentes. Tentei evitar encarar Jackson sentado no banco ao lado. Eu sabia que ele estava sendo legal me levando ao hospital e após cuidar de mim e ainda receber grande ingratidão, mas eu meu ego não permitia deixá-lo saber que eu gostei do que o mesmo estava fazendo por mim.
Fui logo chamado pelo médico e foi esclarecido minha lesão no tornozelo, que era apenas uma torção. Retirei-me do consultório agradecendo o médico e me apoiei na parede procurando Jackson que não estava naquele espaço.
Suspirei e decidi ir embora por minha própria conta. Apoiei-me na parede e manquei com o pé enfaixado. Num percurso realizado lentamente, consegui no fim chegar ao elevador depois de me arrastar no caminho.
Apertei o botão para chamar o elevador e esperei. Quem tem a genial ideia de pôr a área ortopédica no terceiro andar? Suspirei.
-Por quê demora tanto? - Questionou uma mulher irritada enquanto apertava descontroladamente o botão de chamada mesmo que isso não fosse acelerar nem um pouco o processo.
Vê-la reclamando porque não sabe esperar estava me irritando. E meu humor não estava um dos melhores, então apenas explodi.
-O idiota! Não importa se você continuar apertar esse botão como um louca e ficar reclamando que nem um velho mal amado, esse elevador não vai chegar mais rápido só porque você deseja. Não seja tão egocêntrica!
-Oi? Como ousa? - que voz irritante.
-Sim, eu ouso porque não sou…
-Mark! -Ela grita me interrompendo. - É você?
-Sim, mas eu não te conheço.
-Ah, claro que conhece! Sou sua prima Sowin!
Encarei ela melhor. O nariz fino, as bochechas coradas por óbvia maquiagem, queixo pontudo, pele clara, cílios postiços compridos e cabelos cor de mel, corpo fino e delineado. Essa não é a Sowin que eu conheço. Que tinha cara oval e bochechas rechonchudas, pele bronzeada, nariz comprido e largo e seios grandes e quadril largo demais para o padrão asiático geral, cabelo preto e escorrido. Quem é essa mulher em minha frente?
-Minha prima não se parece com você! - eu acuso.
O elevador abre e duas pessoas saem ficando vazio seu interior logo ocupado por nós dois.
-Sou sim sua prima! - Diz ela jogando o cabelo curto para trás. - Essa obra prima em sua frente é uma nova Sowin.
Apertei o botão de térreo e ela fez nenhum movimento para acessar algum andar então pouco me importava.
-Com quilos de maquiagem e cara falsa?
Seu olhar cravou minha pele. Mas que pessoa feia em todos os critérios.
-Não. Foi apenas uma realização plástica muito bem feita - exibi-se.
-Não tão bem feita. Esqueceram de colocar humildade e tirar o narcisismo.
-Pelo menos eu não tenho um pé quebrado. Mas no lugar uma face de dar inveja.
-Sim, as fezes sentem inveja da sua podridão. E só para você saber, meu pé está torcido, onde você viu gesso aqui?
-Ah, Mark. Não se ache o espertinho.
O elevador se abre e ela sai do seu interior batendo seu salto no chão.
-Pelo menos eu tenho um namorado doutor maravilhoso que cuida de mim e não fico invejando a beleza alheia só porque você não me alcança, nem vai com esse passo lerdo.
-Seu namorado é tão maravilhoso que deve ser cego e surdo para não ver e escutar tanta merda.
-Ah, Mark eu sei que é só inveja. Porque você sabe que sempre estarei em sua frente ganhando. Como aquela vez com Jonghyun.
Me arrasto para fora do elevador fervendo em raiva. Sim aquela vadia com certeza é a Sowin.
Eu ia falar algo para ela mas vi Jackson vindo para cá com dois copos em mãos. E ela também percebeu a presença dele, tanto que só faltava ela come-lo com o olhar. Não resisti quando ela deu a ideia de ir falar com ele.
-Jackson! - Gritei acenando.
Ele sorriu e meio que ignorou Sowin que tinha estendido a mão para iniciar uma conversa.
-Como você desceu? - ele encarou meu pé preocupado. - Não foi nada sério né?
-Não seu exagerado. Eu disse que estava tudo bem. Mas por que você sumiu? Tive que me arrastar sozinho.
-Desculpa, eu fui buscar café para mim e para você,. -Ele me estendeu um copo. - Quer?
-Sim… - me joguei para frente, saindo do apoio da parede - quero com seu gosto.
Me apoiei em seu peitoral e envolti a nuca com uma mão. Colei nossos lábios surpreendendo e aproveitando da surpresa aprofundei o beijo, sendo logo correspondido. Afrouxei o aperto em seu pescoço e mostrei o dedo do meio para quem quisesse entender para si.
Tão logo, ele me soltou e me lançou um olhar inquisitivo. E eu apenas sorri olhando por cima do ombro dele. Sowin ia embora do hospital com uma cara nada feliz.
-Eu aceito.
Eu não dava a mínima do que minhas escolhas acarretavam, na minha cabeça só se passava a idéia do triunfo sobre ela...
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