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História Uma quinta chance. - Vamos nos ignorar?


Escrita por: Pirataurbana

Capítulo 1 - Vamos nos ignorar?


Fanfic / Fanfiction Uma quinta chance. - Vamos nos ignorar?

Era uma linda manhã. Shindou tinha dormido muito bem considerando a notícia que tinha recebido, era uma sorte está cansado do treino de futebol. Percorreu as paredes do seu quarto com o olhar até encontrar o mural de fotos. Talvez guardar aquilo fosse considerado “coisa de menina", mas ele tinha mais o que fazer do que se preocupar com isso. O mural estava cheio de fotos suas com seus amigos, nos jogos, na escola, nas viagens, mas ele estava procurando uma em especial, a única que guardou dele com Ibuki Munemasa, seu ex-namorado.

— Por que não jogo isso fora?

Ele levantou e puxou a fotografia do mural. Os dois estavam juntos em um festival no templo, ambos de yukata, Ibuki lhe abraçando por trás, os dois sorriam como o casal feliz que era na época. Shindou suspirou e esfregou o braço direito, o relacionamento dos dois não tinha acabado bem. Na verdade falar daquele jeito era até tentar amenizar, já que o término resultou em ossos quebrados e um nariz sangrando. Porém era nisso que dava duas pessoas tão temperamentais terem um caso.

— E ai, quando me falta só um ano para ir para morar no exterior você decide voltar para a cidade.

Ele sentiu vontade de rasgar a foto, já segurava a mesma em posição para isso quando seu celular tocou. Ele pegou o aparelho, era uma ligação de Kirino.

— Pode falar — disse o pianista atendendo o celular.

— Takuto, você vai para a faculdade hoje? — questionou Kirino.

— Mas é claro que eu vou, estamos na reta final, em um ano estaremos formados.

— Você estará.

— Ninguém mandou relaxar nos estudos e ficar devendo três cadeiras.

Kirino soltou uma risada. Ele dois não faziam o mesmo curso, Shindou tinha seguido para direito e Kirino para publicidade, mas frequentavam a mesma faculdade. Era ate estranho terem escolhido carreiras diferentes, os dois eram grudados desde o jardim de infância, uma amizade de dar inveja que não tinha enfraquecido apesar de ambos já terem vinte e um anos.

— Eu achei que você não ia... Não depois do Tenma aparecer com aquela notícia.

— Ele não me afeta em mais nada Ranmaru, minha rotina permanecerá a mesma. Além do que ele cursa educação física, nossos campus ficam distantes, talvez nem o veja.

— Como se o Tenma não fosse chama-lo para almoçar conosco.

— Você não quer que eu vá hoje? É isso?

— Ei, só estou preocupado com você, como qualquer melhor amigo estaria. Seu cabeça dura! Se for mesmo pra aula vem logo me buscar, estou te esperando.

Kirino desligou, Shindou jogou o celular na cama antes de começar a se vestir. Não estava com raiva de Ranmaru, entendia a preocupação do amigo, mas não gostava de ninguém lhe dizendo o que fazer. Ainda com cara de poucos amigos desceu as escadas correndo e entrou na cozinha.

— Bom dia, jovem mestre — disse uma das empregadas. — O que deseja comer essa manhã?

— Só vou pegar uma maçã — respondeu abrindo a geladeira e pegando a fruta. — Estou atrasado.

Passou rapidamente na mesa onde seus pais estavam e beijou o rosto de sua mãe antes de correr para a garagem. Olhou para o relógio de pulso quando saiu com o carro. Precisava pegar Kirino, Tenma e os dois Tsurugis, tinha pouco mais de trinta minutos para aquilo, teria que correr.

Pisou fundo. Ao menos dirigindo podia esquecer um pouco seu tormento e ele gostava daquela sensação, adorava poder ir para onde quiser sem depender mais dos motoristas da família, aquele tinha sido o melhor presente que seus pais tinham lhe dado.

Chegou à casa de Kirino cinco minutos depois, o rosado era sempre o primeiro, depois eram Tenma e Tsurugi, por último Yuuichi.

— Bom dia — disse Kirino sentando no banco da frente do carro.  — Isso é um saco, ir para a faculdade só para a cerimônia de boas vindas e palestra do reitor, em plena sexta feira! 

— Um mal necessário, eu acho — Shindou deu os ombros. — Por que está tão bem arrumado?

Kirino corou, usava uma camisa social branca com detalhes pretos na gola e nas mangas, sapato bege fechado e calça social preta, seu cabelo estava solto e muito bem arrumado. Era um visual diferente do normal desleixado do futuro publicitário.

— Bem... É que...— ele respirou fundo. — Eu sou líder de turma e como líder da turma de veteranos preciso apresentar a faculdade para os calouros.

— Aí pensou em parecer um engravatado? — brincou Shindou.

— Nem estou de gravata.

— Da próxima vez me peça ajuda, essa camisa faz sua cabeça parecer maior do que já é.

— Não enche — reclamou Kirino, mas sorriu mostrando que levou na brincadeira.

Finalmente chegaram à frente do apartamento que Tenma dividia com Tsurugi, por sorte Yuuichi também estava lá esperando a carona. Aquilo faria com que ganhassem tempo e não precisavam levar uma multa para não se atrasar. 

— Escolheu um ótimo dia para dormir na casa deles. Yuuichi — disse Shindou quando os três sentaram nos bancos de trás. — Animado com o primeiro ano como professor assistente?

Yuuichi era dois anos mais velho que os outros. Ele já morava sozinho e tinha emprego fixo há quatro anos, era como se fosse o irmão mais velho de toda a turma, sempre o conselheiro, sempre o maduro. Naquele ano ele tinha aberto mão de seu emprego em um escritório de advocacia para trabalhar na faculdade como assistente de professor, iria ganhar menos, mas era apenas até ele terminar seu doutorado em alguns meses e virar efetivo. Facilmente Yuuichi brilharia, com vinte e três anos já tinha casa e carro próprio, apesar de todos saberem que namorar um jogador de futebol conhecido ajudava no dinheiro, mas para que comentar?

— Tomara que eu pegue sua turma. — ele deu um tapa leve nas costas do pianista — Adoraria avaliar sua monografia no final do ano.

— Você não irá para a bancada no seu primeiro ano de trabalho — retrucou o Tsurugi mais novo. — Ainda terá que lamber alguns sapatos para chegar lá.

— Ah caro irmãozinho, me dê apenas seis meses.

Ninguém retrucou. Não havia por que duvidar da palavra do mais velho.

— Kirino, vai para algum casamento depois da aula? — perguntou Tenma. — Um velório talvez?

— Mas que... — Kirino bufou e cruzou os braços. — Não posso me arrumar uma vez na vida?

— Por acaso você já tá querendo chama atenção das novatas? — Tsurugi deu um sorriso maldoso. — Kirino Ranmaru, não perde tempo, hein?

— Não vou me dignar a responder — Kirino resmungou. — Ou vou falar um palavrão e o Takuto vai me bater.

— Vou nada — Shindou deu os ombros. — Pode xingar igual a uma líder torcida que caiu.

— Não seria igual a um marinho bêbado? — questionou Tenma.

— O Kirino tem mais cara de líder de torcida ou de marinheiro? — riu Shindou.

Entre essas e outras besteiras chegaram à faculdade. Shindou estacionou perto do centro de convivência, normalmente parava perto do ginásio já que ficava melhor para chegar os blocos, mas a cerimônia de abertura seria no palco aberto do centro de convivência.

— Pessoal, vocês demoraram.

Um garoto de cabelo castanho se aproximou do grupo e tocou um "toca aqui" rápido com cada um. Seu nome era Shinsuke e estava na mesma turma de Educação física que Tenma.

— Alguém aqui dormiu demais — Yuuichi apontou para Shindou. — Bem pessoal, preciso me juntar aos outros professores. Nós vemos mais tarde.

Tsurugi, Tenma e Shinsuke também se despediram e foram procurar seus amigos de curso.

— Takuto, preciso ir para perto dos outros líderes — suspirou Kirino. — A gente se vê mais tarde?

— Sem problema, vou procurar o Kariya e assistir a abertura com ele.

Eles se despediram com um aceno. Shindou começou a caminhar para as cadeiras ao redor do palco. Seria complicado achar Kariya ou qualquer outro amigo no meio de tanta gente, mas aquele maldito era visível até na rua mais lotada.

— Só pode ser brincadeira...

Takuto parou de andar, vindo em sua direção estava ninguém menos que Ibuki Munemasa e com um sorriso ridículo no rosto. Shindou respirou fundo, não podia surtar apenas por ver o outro.

— Takuto, eu não esperava ver você por aqui — Ibuki sorriu ainda mais. — Há quanto tempo.

— Não esperava? Eu estudo aqui — Shindou cruzou os braços. — O que eu fiz para merecer sua adorável companhia a essa hora da manhã?

— Nossa, o que eu fiz para receber tal tratamento? — Ibuki soltou uma risada. — Qual é Shindou, vamos conversar como as pessoas civilizadas que somos.

— Você não foi nada civilizado quando quebrou meu braço!

— Devo lembrar que você quebrou meu nariz? E olha eu nem sei como, sou bem mais alto, como seu punho me alcançou?

— Ah se quiser posso demonstrar de novo.

O punho de Takuto subiu, mas Ibuki o segurou.

— Chega, vamos conversar como gente, está bem? Não vim aqui pra isso.

Ibuki estava estranhamente sério, Shindou não conseguiu retrucar aquilo. Ele acabou seguindo o maior até uma das mesas de piquenique do centro cívico. Será que seus amigos perceberam sua ausência na cerimônia? Provavelmente Kirino sentiria.

— Está bem, me trouxe até aqui.

— Takuto, vou ser bem direto por nenhum de nós gosta de entrelinhas.  Eu voltei por que meu chefe mudou o escritório para cá e me chamou para vim junto, como eu conseguiria facilmente transferir meu curso para cá não vi motivos para não fazer isso.  Eu sei que não estamos no nosso melhor momento, mas achei melhor te chamar para conversar já que estamos na mesma sala de gestão esportiva.

Shindou se xingou internamente por ter escolhido aquela cadeira opcional, poderia ter ido para qualquer outra, mas não resistiu ao nome "esportiva".

— Quer selar um acordo de paz?

— Quase isso. Proponho um acordo de indiferença, vamos agir como se o outro não existisse, acho que seria a melhor estratégia para os dois.

Shindou ergueu uma sobrancelha, aquela não era uma ideia ruim, na verdade era exatamente isso que ele estava pensando em fazer desde o começo. Tinha esquecido-se de como Ibuki lhe conhecia, de como eles costumavam se entender como ninguém. Foi essa conexão que os fez namorar, foi essa harmonia de pensamentos. Por que mesmo tinha acabado? Ele não conseguia lembrar direito.

— Pois muito bem, parece mesmo ser a melhor solução — respondeu dando um pequeno sorriso. — Parece que, apesar de tudo, ainda conseguimos nos entender em certos pontos. Podem, tenho uma duvida, como vai agir quando o Tenma lhe chamar para sair conosco? Você sabe que ele fará isso.

— Eu vou aceitar, não da para negar algo a ele — Ibuki suspirou. — A gente pensa no que fazer quando acontecer.

— Isso é a sua cara, nunca planejar nada, esperar até o último segundo só pra ver a casa cair. 

— Se fomos começar a listar os defeitos um do outro... Seremos expulsos da faculdade.

— É. Tem razão.

Ibuki encarou Shindou, nem tentou disfarçar o olhar de incredulidade. Takuto corou ao ser observando daquela maneira.

— O que foi? — bufou o pianista.

— Achei que não viver o suficiente para te ouvir concordar comigo — Ibuki soltou uma gargalhada. — E então? Vamos seguir minha ideia?

— Como queira. A parti de hoje, para mim, você não existe.



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