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História Uma quinta chance. - Primeiro nome


Escrita por: Pirataurbana

Capítulo 3 - Primeiro nome


Fanfic / Fanfiction Uma quinta chance. - Primeiro nome

— Shindou! Ei, capitão acorda!

Shindou balançou a cabeça. Onde estava mesmo? Ah, na sala do clube de futebol. Sua cabeça doía tanto, nem lembrava de ter saído de casa naquela manhã.

— Capitão, você está de ressaca? — Karita bateu uma prancheta na cabeça do pianista. — Acorda, começo de semestre, os candidatos a vagas no clube já chegaram.

— Ah, já estou indo.

Shindou passou a mão na cabeça despenteado seu cabelo.  Tinha esquecido totalmente que teria treino no sábado, nem lembrava o quanto tinha bebido na noite anterior.

— Shindou temos seis candidatos esse ano — explicou Kariya. — Um deles vai te deixar particularmente irritado...

— Ah, é o Ibuki? Eu já sabia, eu que o chamei.

— Você gosta de sofrer né?

Karya era bem irritante, mais um ótimo jogador da defesa e sabia ser um bom amigo. Ele é Tenma estavam aprendendo sobre o time afinal eles iriam assumir a liderança quando Shindou e Tsurugi se formassem no final do ano. O pequeno adorava irritar, principalmente Kirino, Shindou desconfiava que ele nutria algo a mais pelo rosado.

— Karya, não estou afim de discutir com você hoje. Pode ser irritante a vontade.

— Está de ressaca? Saiu para beber com o Ranmaru?

— Sai... O Ran adora fazer isso comigo, nem lembro o que conversei com ele ontem.

Karya respondeu com um murmúrio que Shindou não se deu ao trabalho de tentar entender. A luz do sol matinal queimou seus olhos, como ele tinha dirigido até ali? Ah preferia não saber.

O grupo de alunos novatos parecia promissor. Dois deles brincavam com as bolas de futebol fazendo embaixadinhas, os outros estavam fila perto da rede. Ibuki mastiga chiclete, conversa com um dos novatos e não esboçou reação ao ver Takuto.

— Muito bem, sejam bem.vindos a seleção — disse Shindou atraindo a atenção de todos.—  Temos quatro vagas no time principal que podem ser ocupadas por novatos ou por nossos veteranos na reserva. Eu sou Shindou Takuto, atacante e capitão. Esse aqui é o Kariya, joga na defesa. Vamos ver do que vocês são capazes de fazer...

Os garotos eram bons, com exceção de um que não conseguia nem correr sem tropeçar na chuteira todos pareciam promissores. Shindou apitou avisando o final do teste de resistência, observou rindo os novatos caírem no chão exaustos.

— Certo, agora vamos ver o chute de vocês — ele olhou para a prancheta com os nomes. —Munemassa, é o único tentando a vaga de goleiro, vá para o gol.

— Tem certeza, capitão? — provou Ibuki. — Sabe, não vou deixar nada passar, isso vai desmotivar os novatos.

— Se quer entrar no time faça logo o que eu mandei!

Infelizmente o desgraçado estava certo, nenhum dos garotos chegou ao menos perto de acertar um chute. Karya se retirou para não ver mais o massacre. Depois da terceira tentativa os novatos estavam no chão tristes e de cabeça baixa. Ah, ele não iria deixar as coisas acabarem assim.

— Volte pro gol Munemassa — ordenou.  Shindou. — Ainda não acabou.

—  Capitão, com todo respeito... — disse um dos meninos. — Não podemos dar mais nenhum chute, é impossível passar por ele.

— Eu vou dar uma pequena lição, olhos e ouvidos atentos — Shindou tirou seu colete e subiu a barra de sua calça. — Pro gol Munemassa, agora!

— Tudo bem...

Shindou respirou fundo, Ibuki já tinha pego chutes seus antes, mas aquela não seria uma dessas vezes. Desde o torneio de futebol internacional eles tinham jogado muito várias vezes, Takuto conhecia os tiques do maior.

— Fortíssimo! — gritou Shindou.

Ibuki não usou nenhuma técnica especial, parecia confiante de que iria pegar a bola sem precisar, que ideia tola, aquele chute de Shindou já tinha derrubado goleiros poderosos. A bola acertou Munemassa com tanta força que o mesmo foi arremessado na rede.

— Nada é impossível, você só não achou o jeito de fazer ainda — Shindou estendeu a mão para Ibuki. — Ninguém é tão bom que não possa ser superado. Vocês estão dispensados novatos, os treinos começam na terça, de manhã às oito será comigo, a tarde as três com o outro atacante, Tsurugi.

Os garotos levantaram com dificuldade, em meio a despedidas cheias de gemidos de dor Shindou e Ibuki ficaram sozinhos no campo.

— Já pode ir Munemassa, eu termino de arrumar tudo por aqui.

— Por que está me chamando desse jeito?

— Que jeito?

—  Do meu primeiro nome.

— Eu sempre te chamei assim.

—  Isso quando estávamos juntos e você dizia que era um privilégio e não direito seu chamar a pessoa que você ama pelo primeiro nome.

Shindou engoliu a seco. Nem lembrava disso, já tinha se tornado natural chamar o outro pelo primeiro nome. Parando para pensar ele não fazia isso com mais ninguém, bom apenas com Yuuchi mas era apenas para não confundi—lo com o irmão. Até mesmo Kirino ele raramente chamava de Ranmaru apesar do rosado sempre chamá—lo de Takuto. Aquilo queria dizer alguma coisa?

— Vou voltar a te chamar de Takuto então — sorriu Ibuki.

— Você sabe o que eu acho disso, o Kirino...

— O Kirino odeia que outros te chamem assim, eu sei, mas o Kirino não está aqui agora — ele piscou. — Vou tomar banho, seu treino é mais pesado do que eu lembrava..

Shindou não respondeu. Apenas agradeceu mentalmente por não precisar ir para o vestiário também,  sua mente podia estar tentando esquecer Ibuki, mas talvez seu corpo não tivesse entendido o recado, era melhor não arriscar.

— Capitão? — chamou Karya surgindo do nada. — Precisa de ajuda ou eu já posso ir?

— Interessante você aparecer quando já não tem quase nada para guardar...

— Eu chamo de infeliz coincidência.

— Pode ir Karya, eu termino isso aqui sozinho.

O menor não pensou duas vezes, sumiu de vista tão rápido quanto Tenma driblava em campo. Shindou suspirou, precisava terminar logo tudo ou iria perder sua aula de piano, ele poderia ter cem anos mas sua mãe ainda ficaria uma fera se perdesse a aula.

— Takuto!

Shindou pulou assustado, já estava quase acabando a limpeza, tinha a esperança que o outro já tivesse indo embora.

— O que você quer Mune... — ele se deteve. — Fala de uma vez, Ibuki.

— Estava pensando se você não quer vim almoçar comigo.

— Tenho aula de piano — respondeu Shindou arremessando a última bola no armário. — E não tínhamos combinado de nos ignorar? Vai desistir com menos de dois dias?

— Ah, se você não percebeu, eu nem tentei — riu Ibuki. — Falando sério, isso é ridículo, você também percebeu que temos uma sincronia forte demais para ficarmos sem nos falar.

— Hunf, odeio admitir que você está certo — Shindou bufou. — Porém, isso não muda o fato de que eu tenho aula de piano e não posso sair com você.

— Que tal um almoço amanhã? Será domingo...

— Algo vai fazer você desistir?

Ibuki sorriu confiante, ele sabia que Shindou iria ceder cedo ou tarde. Conseguia dobrar Takuto a fazer qualquer coisa quando queria, e ele parecia de bom humor. Munemassa rezava para que Shindou já tivesse esquecido  do mal entendido que os levou a terminar. Ele ainda demorava para acreditar que Shindou tinha entendido aquilo errado, mas talvez não devesse ter perdido a calma, deveria ter se explicado primeiro... Ah agora já era passado, ele nunca iria querer ouvir as explicações do mais velho.  Ele começou a caminhar para a entrada da faculdade, tinha vindo a pé, estava precisando andar e limpar seus pensamentos.

— Ibuki!

Munemassa virou devagar. Por que ele o tinha seguido?

— Shindou? O que foi?

— Eu...Parece que meu professor está machucado — ele abaixou a cabeça. — Pensei em aceitar seu convite.

— Por que?

— Acho que temos muito o que conversar e não vou conseguir dormir se adiar mais.

O maior não escondeu o sorriso de satisfação, estendeu o braço para o outro segurar, mas Shindou apenas bufou e seguiu em frente. "Igual a quando começamos a sair juntos", pensou Ibuki seguindo o Takuto. Queria poder segurar a mão dele ou colocar seu braço na cintura do pianista, antigamente eles só andavam assim, mas conseguiu se conter

— E então? Para onde vamos? — perguntou Takuto quebrando o silêncio.

— Não sei, você que mora aqui, estive fora por anos.

— Você me chamou para sair sem nem ter um plano?! Típico de você Munemassa...

— Ja voltou a me amar?

— Como é?

— Nada, nada.

— Munemassa...

— Não me chama assim, está bem? Ou você acha que só você está sem dormir por causa de tudo isso?

Shindou não respondeu, apenas virou o rosto envergonhado. Ibuki estranhou ver o cinzento daquele jeito, mas também não disse nada.

— Olha, um carrinho de sorvete! — apontou Ibuki quando atravessavam o parque. — Vamos. Podemos sentar em baixo de uma dessas árvores.

— Essa não é bem minha ideia de um almoço saudável.

— Takuto, seja mais o você legal, está bem? Está comigo, não precisa agir assim. Vamos, eu pago

Shindou se deu por vencido. Quando percebeu já estava sentado ao lado de Ibuki embaixo de uma frondosa árvore, internamente ainda se perguntava por que tinha aceitado sair com o outro. Uma voz na sua cabeça lhe dizia que tinha algo muito importante que ele tinha esquecido, algo da noite passada, a como ele queria não ter bebido tanto.

— Takuto? Ei você está me ouvindo?

— Hum? Desculpa, falou comigo?

— Você está muito desligado hoje — ele mordeu o picolé. — Pode voltar a ser o meu Takuto, por favor?

— Hum, e como é o "seu" Takuto?

— Ele está cansado de sempre ser o garoto perfeito, de nunca poder surtar ou falar palavrão, de todos os amigos o tratarem como um príncipe... Do melhor amigo não o conhecer de verdade...

Shindou suspirou, como ele podia conhece-lo e entende-lo tão bem? Que irritante. Ele deitou na grama, sua cabeça descansando sobre as pernas do outro.

— Esse Shindou parece bem irritante e inseguro.

— Ah ele é inseguro e muito irritante... Mas acho que isso faz parte do charme dele — Ibuki se abaixou e roçou seu nariz no de Shindou. — Aah Shindou... Por que nos terminamos?

— Eu não me lembro... — sussurrou Shindou.

Takuto sabia que devia se mover, que devia sair dali, que logo estaria caído nos braços de Munemassa de novo, que em segundos se perderia naqueles lábios novamente, porém seu corpo não o obedecia. O sorvete já derretido em suas mãos, de olhos fechados os dois apenas sentiam a respiração um do outro, o calor que ambos ansiavam com uma saudade difícil de admitir.  

— Munemassa...

— Eu adoro o modo como você diz meu nome.

— Não tinha dito para não chamá-lo assim?

— É por que dói, é horrível ouvir você me chamar de Munemassa e não poder te agarrar como fazia antes.

— E por que não pode?

Shindou foi quem puxou Ibuki. Foi um beijo rápido, quase um roçar de lábios, muito diferente dos beijos ardentes que os dois costumavam trocar. A troca de olhares seguintes e o sorriso também foi diferente, foi mais romântico, mais tranquilo.

— Aah, por favor não faça isso, é cruel dar esperança — Ibuki ergueu a cabeça. — Você faz ideia de como me afeta?

— Munemassa, só é cruel se a esperança for infundada...

— Takuto, o que...

— Vou voltar para a faculdade, deixei meu carro estacionado lá. Te vejo segunda.

— E o almoço de amanhã?

— Segunda, Munemassa.



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