História Uma Rara Exceção. - Capitulo 4

Não sei porque disse a ele que iria pensar, era ridículo. Eu fazê-lo esperar quando já tinha aceitado no mesmo momento em que ele perguntou, era ridículo. No sábado pela manhã tentei ligar para ele, mas a ligação ia direto para a caixa postal e o mesmo aconteceu no domingo. Pensei em ir até sua casa, mas o alfa ao qual eu era ligado devia estar passando pelo seu cio, pois meu corpo fora tomado conta por todas as sensações do outro, eu suava e queimava de excitação e minha lubrificação natural escorria aos montes, sair de casa naquela situação, mesmo sendo marcado era loucura. Sempre que ele entrava no cio era assim, era como se meu corpo entrasse em transe em um pré cio junto com ele e se preparasse para receber o alfa.

Outro motivo pelo qual eu o odiava.

 Mas sempre tinha algo estranho em seus períodos, não era como um cio normal, até onde eu sabia um alfa comum passava três dias nesse estado, um alfa lúpus aumentava para 5 dias, ao contrário dos ômega que ficavam 7 dias sofrendo com aquilo, mas ele não, as vezes durava um dia somente, e muito raramente dois, eu sempre me sentia exausto e sonolento no dia seguinte, mas não tinha explicação para um cio tão curto, o médico do meu pai dissera que talvez esse alfa tomasse algum tipo de inibidor de cio que fazia todo o processo de 5 dias diminuir para somente um. Menos mal, assim eu não passava por aquilo com tanta frequência, meu cios vinham de três em três meses e o dele de seis em seis, mas era batata, assim que o dele vinha, na semana seguinte vinha o meu, pulava um, no outro ele estava lá certinho com o dele. Parecia que até nisso havíamos combinado.

Graças ao tal inibidor que ele usava, na segunda, apesar de exausto pelo efeito do remédio ainda consegui ir para a aula, já na primeira aula diria ao professor Uchiha que aceitaria sua oferta.

Cheguei um pouco atrasado, mas para minha sorte meu professor que nunca se atrasa, hoje fora diferente, todos estavam ali menos ele, assim que me sentei ele passou pela porta, hoje sem sua gravata somente de camisa social branca e calça jeans, ele parecia tão cansado quanto eu, mas não deixou que isso afetasse sua aula de modo algum.

  No final, após todos saírem, desci as escadas e fui falar com ele, ao chegar perto seu cheiro tomou conta de mim e tive que me segurar para liberar o meu cheiro e lubrificação ali, não lembrava que ele cheirava assim tão bom.

— P-professor? — maldição, eu tinha que gaguejar? Ele olhou por cima do ombro sem se virar e continuou a apagar o quadro, parecia não ter dado a mínima para o meu estado.

— Sim, senhor Uzumaki?

— E-eu... será que você teria uns minutos? Gostaria de falar com o senhor.

— Diga, minha próxima turma daqui a pouco estará aqui.

— Sim, claro, me desculpe por incomodar — eu o seguia enquanto ele se sentava em sua mesa — eu queria falar sobre a vaga de estágio que  o senhor me ofereceu.

— E o que tem?

— Ela ainda está de pé? — o modo como ele mal olhava para mim me fez cogitar a ideia de que talvez ele tivesse colocado outra pessoa em meu lugar.

— Sim, ainda está, espero que já tenha se decidido — respondeu seco.

— Nesse caso eu queria dizer que aceito e ficaria honrado em ser seu estagiário.

— Essa é uma ótima notícia, hoje eu tenho alguns compromissos pessoais, então seu estágio começa a partir de amanhã, creio que ainda tem meu endereço? — se referia ao cartão que havia me dado com seu número.

— Sim, tenho sim.

— Ótimo, então amanhã depois das sete eu lhe aguardo em minha casa e lhe explicarei como será sua carga horária e remuneração — os alunos começaram a entrar — agora preciso dar minha aula, se me der licença.

— Claro, nos vemos amanhã então, tenha um bom dia.

Saí da sala o mais rápido que consegui, além de não querer atrapalhar ainda estava atrasado para a aula de anatomia, descobri que Kabuto havia mesmo me vencido como estagiário de Orochimaru, mas tinha algo estranho no professor naquele dia, ele estava aéreo e sempre o pegava me encarando, se não conhece as atitudes de um alfa no cio diria que ele estava entrando ou saindo do seu pela forma como agia. Nos instantes que ele me encarava sentia meu corpo queimar, aquela sensação estava vindo do meu alfa, parecia coincidência meu professor e meu alfa estarem talvez no mesmo ciclo de cio. Claro que se alguém como Orochimaru fosse meu alfa seria ótimo, mas não queria que de fato fosse verdade, afinal eu o admirava e não queria que alguém que eu tanto estimava fosse capaz de fazer algo tão cruel como marcar outra pessoa e o deixar para morrer.

Ignorei tais pensamentos assim como fiz o máximo para fingir que não via meu professor me encarando de forma nada discreta. Nunca tinha ficado tão ansioso para uma aula de anatomia acabar logo, mas a forma como era observado estava me deixando muito nervoso e assim que o sinal tocou, saí o mais rápido possível dali.

   Consegui enfim esquecer o que aconteceu durante as outras aulas, apesar de me questionar sobre o que tinha acontecido e o porquê de Orochimaru me olhar daquela maneira. Enquanto voltava pra casa, minha ficha de que eu seria o estagiário de um grande nome na área da matemática começou a cair, comecei a ficar ansioso pelo que viria e por tudo que aprenderia, convenci a mim mesmo que devia me controlar melhor na frente de meu professor ou seria impossível me dedicar ao máximo em ajudá-lo e tudo que eu não queria era que ele se decepcionasse comigo. No dia seguinte após as aulas e após passar a tarde na biblioteca adiantando todos os trabalhos para poder dar total atenção ao que viria a noite, me dirigia para a casa de meu professor, conforme o endereço que me foi entregue. Estacionei em frente uma casa branca, nem muito grande nem muito pequena, a noite já começava a tomar o céu quando toquei a campainha, demorou um pouco para que ouvisse barulhos do lado de dentro, balançava minha perna freneticamente, seria mentira dizer que não estava nervoso, todos os meus esforços para tentar me controlar na frente do alfa pareciam estar indo por água baixo sem nem ainda tê-lo visto.

Tudo piorou quando ele abriu a porta apressado, sem camisa e apenas de calça de moletom. Parecia suado e seu corpo definido e branco fez meus olhos o devorarem.

— Porra... — praguejei sem me controlar, vendo quase todo meu auto controle ir pelo ralo.

— Desculpe, o que disse, Naruto? — perguntou, não entendendo.

— N-nada, bom… cheguei!

— É claro, entre! — deu passagem para mim — desculpe meus modos ou trajes, acabei de chegar da academia e ainda não tomei banho. Por favor sente e fique a vontade enquanto eu me visto de forma adequada —  concluiu apontando para o sofá.

— Tudo bem, eu espero! – queria que subisse logo, pois seu cheiro estava impregnado na casa e suado ficava ainda mais forte, ele tinha que se afastar ou eu não responderia por mim.

Sua casa era toda em tons de branco e pastel, tudo era extremamente muito organizado e limpo, minha casa era limpa mas não se comparava com aquela, me detive a olhar sua estante de livros para me distrair da presença sedutora daquele homem no segundo andar.

Após uns 20 minutos ele desceu, já totalmente vestido e com os cabelos molhados, mas agora com seu cheiro mais fraco.

— Bom, vamos ao que importa, sente-se vou explicar como tudo vai funcionar — sentei no sofá enquanto ele pegava sua pasta encima de uma mesa no hall de entrada, ele parecia muito mais leve e solto do que na sala de aula. — esse é o cronograma de carga horária que terá que cumprir para seu estágio ser validado no final do curso — me entregou vários papéis grampeados — claro que já digo de antemão que se quiser mesmo ser meu estagiário, ignore o cronograma, pois terá que fazer bem mais tempo que isso! Basicamente você será meu auxiliar durante a manhã, como está em período de aula será liberado, a tarde você irá comigo para minhas aulas ou aos lkmeus compromissos de trabalho e estará livre durante a noite, para que possa estudar. Será um ano puxado mas valerá a pena no fim. É um estágio de meio período, mas te servirá como experiência lá na frente, tanto para atuar na área biomédica quanto para quem sabe um dia se for do seu interesse também se tornar um professor. 

— Claro que valerá, como disse é um honra trabalhar com o senhor.

— Fico feliz que pense assim. — me entregou uma agenda de couro preta com varia marcações – essa é minha agenda, copie tudo para saber onde ir a partir de amanhã a tarde, espero que compreenda que não posso ir lhe buscar você onde estiver, você irá até mim ou esse estágio não faria sentido, sua remuneração será de meio período, nesses papéis contém o que terá que fazer e quanto receberá por seus serviços, mas como disse espero que não se apegue muito a isso, afinal acabará fazendo muito mais do que contém nesses papéis. Nesse primeiro mês você vai copiar minha agenda, no proximo você será responsável por ela —bdizia tudo olhando para mim — está entendendo tudo ?

— Sim, estou sim, e prometo não decepcionar o senhor!

— Não estamos na faculdade ou em horário de trabalho, Naruto, pode me chamar de Sasuke.

— Me desculpe, é força do hábito.

— Entendo, mas seria bom se  me chamasse de Sasuke fora desses horários, me chamar de senhor faz eu me sentir mais velho do que realmente sou, e mesmo sendo um alfa ainda sofro pela idade como todos — sorri com sua brincadeira, ele realmente parecia outra pessoa fora das paredes da universidade, falava tudo de forma calma e até tive a impressão de que tomava cuidado ao falar comigo — desculpe, mas não pude deixar de notar sua marca no pescoço — perguntou apontando para minha cicatriz — seu alfa não fica chateado por estar na casa de outro?

— Essa é uma longa história e muito pessoal, me desculpe, mas não gostaria de falar sobre isso — ele me olhava avaliativo como se esperasse ansioso pelo que eu diria, quando conclui minha fala, ele sorriu de leve e tive a impressão de estar um pouco decepcionado com minha resposta.

 — Claro, me desculpe a falta de descrição, afinal não é da minha conta sua vida pessoal, só fiquei curioso, como um lúpus, e vendo que sua marca é de um também, me perguntei como ele conseguia agir assim tão de bem com isso, já que eu não teria a mesma atitude.

— Tudo bem, é normal, todos me perguntarem algo parecido, porém como sabe que ele é lúpus e o que quis dizer com não teria a mesma atitude?

— Minha linhagem é de lúpus e sei como são as marcas da minha raça, digo que normalmente lúpus são extremamente ciumentos, acredito que não deixaria meu omega marcado ir sozinho a casa de outro, mas como eu disse, me desculpe por me intrometer, não é da minha conta.

— Imagino que seu omega também sinta ciúmes de mim ? — ele pareceu não entender minha pergunta — seu dedo tem uma aliança de vínculo, me corrija se estiver enganado, mas só alfas com laço de marca usam essa aliança, não é mesmo?

— Ah, isso — ele alisou o anel no dedo — como você disse, é uma longa história, deixemos ela para outro dia, só digo que no momento não se preocupe com meu ômega, sim? — a forma como ele disse meu ômega foi carinhosa e até um pouco triste, será que o seu ômega havia morrido? Os alfas lúpus só marcam um ômega durante sua vida toda, e se o mesmo morrer ele passará o resto da vida sozinho amando alguém que nunca mais verá — bom, acredito que com isso que lhe dei será o suficiente para que etenda tudo, caso haja alguma dúvida na minha agenda, tem meu email e meu numero. É só ligar ou mandar mensagem, como amanhã vou precisar da minha agenda, se não se incomoda, terá que copiar as primeiras páginas hoje mesmo até ter tempo de copiar tudo mais para frente, há papel e caneta encima da mesa, fique a vontade, eu irei preparar algo para comer, estou faminto, quer algo?

— Não, obrigado, comi antes de vir — ele se retirou enquanto eu começava a copiar, me doía pensar que com tantos alfas como Sasuke que parecia ser carinhoso, eu tinha dado o azar de achar um que não prestava.

Copiei tudo das três primeiras páginas, o resto da semana eu já tinha noção de para onde iria, fechei a agenda e deixei sobre a mesa, amanhã tiraria xerox de todas as outras. Sasuke estava cozinhando de costas para a entrada da cozinha, bati no batente chamando sua atenção.

— Já terminei tudo e amanhã o esperarei do lado de fora da sala do terceiro B, eu só queria saber se irei em meu carro ou no seu, ou vamos cada um no seus?  — ele comia um tomate quando se virou.

— Quando estivermos os dois na universidade não fará sentido ir um em cada carro, vamos no meu e no final do expediente o deixarei no estacionamento da faculdade para que pegue o seu, no dia que eu não estiver, você me encontra.

— Ótimo, então, algo mais para hoje? — perguntei me sentindo um intruso quando parecia que só o que ele queria era descansar.

— Por hoje é  tudo. Creio que terá muito o que ler ainda — ele se referia as folhas que havia me dado — obrigada por vir e espero que nos demos muito bem trabalhando juntos.

— Eu também espero, professor.

— Quanto tempo terei que insistir para que me chame pelo nome? Eu o acompanho até a porta — falou quando eu me dirigi em direção a saída.

— Juro que tentarei me acostumar, me perdoe por isso. 

— Não há razão para perdoá-lo por algo. Nos vemos amanhã cedo — ele se escorou na porta enquanto me via sair. Dei com a mão e quando entrei no carro o observei entrar em casa. Como ele conseguia ficar tão bonito até comendo tomate?