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História Uma ressaca de nove meses. - Erros sem parar.


Escrita por: MaryAckerman

Capítulo 38 - Erros sem parar.


Eu tinha estragado tudo.

- Elizabeth? - Hauser tocou meu braço confuso quando eu permaneci calada com o lábio entre os dentes.

Me senti culpada e completamente idiota. Pisquei para afastar as lágrimas que embaçavam minha visão e as enxuguei rapidamente enquanto mudava minha linha de raciocínio para o homem ao meu lado.

- Tá tudo bem. - Disse e forcei um sorriso, meu lábio inferior tremeu e eu respirei fundo. - Só... Vai embora, por favor. 

As sobrancelhas loiras dele estavam arqueadas e ele balançou a cabeça, inclinando-se ele deixou um beijo na minha testa e partiu sem dizer mais nada. Eu mantive os olhos no chão até ouvir a porta do elevador se fechar.

Meu coração batia quase na garganta quando encostei a porta da minha casa e bati na porta ao lado. Ele tinha toda razão para não me atender.

- Meliodas, abra por favor! - Gritei e apenas ouvi Hawk latindo furiosamente lá dentro, porém seus latidos abafados por Metallica tocando no volume máximo.

Meliodas levaria uma multa do síndico pelo excesso de barulho e eu entendi aquilo como uma retaliação para qualquer conversa que pudéssemos ter. A vergonha e a culpa pesaram em meus ombros e eu soluçei alto, lágrimas quentes escorrendo pelo meu rosto.

Voltei para meu apartamento após alguns minutos ainda com o mínimo de esperança de ser atendida, eu fechei a porta em um baque alto abafado pela música vindo do vizinho e arrastei meus passos até o sofá onde me joguei lá. Ignorei as caixas vazias de pizza e as coisas que eu deveria levar para o lixo enquanto charfudava na minha própria miséria e vergonha.

A música permaneceu por quase uma hora, mesmo tempo que Mael chegou em casa e aí ver as luzes acessas não precisou pisar em ovos para não me acordar. Deixando sua jaqueta sobre o braço do sofá ele debruçou e beijou minha têmpora.

- O que está fazendo aqui ainda? - Ele questionou após ver toda a bagunça da sala, finalmente tirei a almofada de cima do meu rosto e olhei para ele. Provavelmente eu estava pior do que me sentia visto o quanto seus olhos se arregalaram. - Você está bem? Com dor?

Balancei a cabeça e abri a boca para respondê-lo, mas tudo que consegui foi emitir um ruído fanho e chorar novamente.

- E-eu estraguei tudo, Mael. Eu sou uma idiota.

- O que aconteceu? - Ele jogou-se sentado ao meu lado e eu apoiei minha cabeça em seu ombro.

- Hauser voltou.

- Eu deveria imaginar. - Mael grunhiu. - Você chorava sempre por causa dele.

- Não foi nada que ele fez, fui eu desta vez. - Enxuguei meu rosto com a manga da camiseta e funguei. - Droga, eu achava que já tinha superado aquela paixão.

- E já, olha pra você e Meliodas. Agem como um casal de velhos cheio de amor. 

- Estávamos todos reunidos aqui e quando Hauser foi sair ele me beijou, eu devia ter parado ele dito que não poderíamos mais fazer isso que eu não tenho mais dezesseis anos.

- Mas você o beijou de volta não é?

Assenti e Mael bufou.

- E onde você estragou tudo?

- Eu beijei ele no hall, Meliodas apareceu do nada e viu. Ele ficou muito bravo e com razão, eu pedi um tempo para ele e enquanto ele está sendo compreensivo eu vou e faço isso.

- Elizabeth. - Meu primo me segurou pelas bochechas e me olhou nos olhos com seriedade. - Tem muito tipo de merda pior do que beijar o cara por quem você foi apaixonada na adolescência. Você é adulta e Meliodas também, pare de graça e enfrente as coisas de frente. Se o que tem entre vocês acabar, siga em frente, se decidirem continuar finjam que isso jamais aconteceu e sigam em frente, entende? Não se culpe.

- Mas eu errei. 

- E eu quebrei o nariz dele.

- Isso não tem nada a ver. - Resmunguei e ele deu de ombros.

- Estou dizendo que se Meliodas agir como um babaca e te fizer mal eu estou aqui pra quebrar ele na porrada.

Revirei os olhos e sorri para meu primo enquanto ele fez careta.

- Mas logo o Hauser, Ellie? Porra de mau gosto o seu.

Tive que rir e segurei suas mãos entre as minhas, ainda estava me sentindo mal e provavelmente me sentirei até conversar com Meliodas. Mas é bom ter Mael por perto para ocupar minha mente.

- Vamos dormir prima. - Ele levantou-se do sofá e me puxou para ficar de pé, eu deixei ele me guiar até o quarto onde fui para o banheiro tomar banho.

Quando a água quente bateu na minha pele, fingi que ela levava junto com o sabão o erro que cometi hoje.

••• 

Pegar Meliodas em sua casa foi mais difícil do que pensei que seria. De manhã quando fui novamente bater em sua porta decidida a tentar esquecer o que fiz, ele já havia saído e desta vez Hawk ficou. Meliodas não retornou para casa o dia todo e foi horrível fingir para Diane e Elaine que estava tudo bem e que eu não tinha feito nada de errado.

Ao menos elas me ajudaram a arrumar o quarto dos bebês que agora estava todo pronto e senti orgulho de analisar o cômodo depois. Os berços brancos estilo americano estavam lado a lado e tinham protetores de berço e mosqueteiro em cores claras, as paredes pintadas com nuvenzinhas azuis, rosas e amarelas em meio a todo o branco.

Eu estava dobrando os cobertores dos bebês quando ouvi a movimentação no apartamento ao lado, engolindo em seco larguei as coisas como estavam e saí da minha casa. Bati na porta ao lado e aguardei resposta, demorou cerca de cinco minutos até ela se abrir e Meliodas me encarar com uma frieza que doeu o peito.

- Podemos conversar? - Pedi e ele piscou, ainda indiferente abriu a porta e eu entrei tímida. Sua sala estava revirada como se ele tivesse tido um surto de raiva e descontado por sua casa inteira.

- Vomite suas desculpas e saía. - Meliodas me deu as costas e seguiu até a cozinha, engoli em seco e o segui. Quando parei no limiar da porta ele tinha um copo de água na mão e havia acabado de tomar aspirinas, quis perguntar se tinha relação com a garrafa de vodka vazia dentro da pia.

- Eu sinto muito por ter visto aquilo. 

- Ah claro, se fosse dentro da casa e eu não visse estava tudo bem. - O loiro riu sem humor.

- Hauser foi alguém que eu achava já ter superado há muito tempo.

- E quando você vê que não superou decide transar com ele e relembrar os velhos tempos?

- Eu não transei com ele! - Retruquei e ele torceu os lábios. - Foi um erro, eu estava me sentindo confusa e vulnerável por nós dois.

- Eu te dei a porra do tempo que pediu, Elizabeth. - Meliodas gritou e ergueu os olhos estreitos em raiva para mim. - Você me rejeitou e não pensou em mim um momento sequer durante todo esse tempo. E sabe o que fiz? Pensei em você a todo momento quando abdiquei da minha liberdade e da minha sanidade pra manter você e nossos filhos seguros. - Ele tremia quando bateu a mão no mármore da bancada da pia. - Eu amei você cada momento idiota da minha vida nesses últimos meses, pensei em você mantive você segura e respeitei seu espaço para que você escolhesse o melhor para você e te encontro atracada em um homem no hall do apartamento. Foi imatura e egoísta!

Mordi meu lábio e encarei ele, Meliodas já não me olhava mais.

- E se fosse a Zanelli ou Merascylla resurgindo na sua vida no momento de maior vulnerabilidade? - Perguntei e parecia que eu havia enfiado o dedo na ferida mais profunda que existia nele. 

Meliodas ofegou incrédulo e me olhou num misto de incredulidade e raiva.

- Elas já são passado!

- Merascylla não! - Berrei e ele deu um passo para trás. - Estarossa estava certo não é? Você teve algo com ela quando chegou lá. - Sua falta de resposta me deixou zonza e a sensação me fez fechar as mais em punho. - Você ficou com ela não é? Enquanto eu estava aqui todo santo dia querendo falar com você e ter certeza que estava bem!

- Eu não fiquei com ela, Elizabeth! Eu não fiquei! Por que acha que fui drogado com ecstasy? Para ser a graça de Estarossa e ver se dessa forma eu seria manipulado por ele. - Meliodas bufou. - Mas olha você, nem pensou em mim antes de enfiar a língua na garganta de outro homem.

Respirei fundo engasgada com a vontade de chorar, mas me recusando a fazer isso.

- Eu... Me desculpe. Eu errei. - Murmurei e deu um passo para dentro da cozinha. - Eu...

- Não tem como dizer que fez por que queria? - Meliodas riu e franziu o cenho. - Você é a criatura mais ingrata que já vi. Eu fiz tanto por você, sacrifiquei minha vida por amar você e olha o que eu recebo em troca.

Apertei as mãos em punhos e o olhei furiosa.

- Eu não vim aqui implorar perdão e me rastejar aos seus pés. Estou aqui admitindo que errei e pedindo desculpas por isso. - Respondi. - Aceite-as se quiser.

Respirei fundo tentando não hiperventilar e por um instante tive medo de Meliodas tentar algo contra mim pela força abrupta que ele avançou e me agarrou pelo pulso.

- O que está fazendo? - Gritei ao ser arrastada para fora da cozinha, o aperto de ferro permaneceu em meu pulso quando ele me puxou até o corredor e senti meu estômago gelar. - Meliodas! - Tão de repente quanto me puxou ele parou e empurrou a porta do quarto onde era de hóspedes e onde eu o pedi em namoro.

O ar fica preso em minha garganta e meu coração caí aos pés com o que eu vejo. O papel de parede foi trocado para o branco e há nichos de pinguim e ursos do lado do menino e bonecas de pano e pandas do lado da menina. O mosqueteiro de ambos os berços é fixado na parede e o berço é um modelo retrô que eu havia visto na mesma loja onde comprei as coisas para os bebês, a cômoda com o trocador embutido separa os berços e eu olho para o tapete redondo e branco colocado entre os móveis.

- Mamãe me ajudou. Era para ser uma surpresa pra você. - Ele disse sério, os braços cruzados sobre o peito enquanto encarava o cômodo. - Eu ia te mostrar ontem, mas você me surpreendeu primeiro.

Ofeguei e olhei para ele em um misto de amor e culpa. Eu não o merecia. Nem em um milhão de anos a culpa do que fiz ficaria mais leve de carregar. Meliodas havia feito tanto e sofrido tanto por mim e me respeitado mais do que qualquer outro homem que me relacionei durante toda minha vida.

Ele não me olhou, permaneceu com suas defesas erguidas e eu o agarrei pelas bochechas tomando cuidado para não pressionar seu rosto um pouco inchado pelo nariz em recuperação. Suas pupilas dilataram ao me encarar e eu soltei o ar aos poucos antes de me inclinar e pressionar meus lábios nos seus.

- Eu não mereço você. - Choraminguei e o beijei de novo. - Desculpe, eu agi mal. Eu realmente amo você, mas tudo que passamos me assustou tanto, fiquei com medo de que o homem que você é tivesse se perdido com as atrocidades da Bratva.

Meliodas ergueu as mãos e segurou as minhas que estavam em seu rosto, as linhas firmes entre suas sobrancelhas e testa desapareceram e ele puxou-me pela nuca e me beijou com o mesmo fervor de quando me encontrou na sua sala na Rússia. Quando nos afastamos ele pressionou sua testa na minha e soltou o ar em uma lufada, tinha hálito de café e conhaque.

- Eu quero meu tempo agora, Elizabeth. Eu te dei o seu como me pediu, agora me dê o meu. 

Afastei e o olhei assustada.

- O que?

- Eu amo você, mas meu coração não é tapete para você pisar como fez.

Engoli a vontade de chorar e assenti balançando a cabeça furiosamente.

- Eu entendo. - Murmurei. - Quanto tempo...?

- Você saberá. Mas eu preciso só de um tempo para me recuperar de tudo.

Balancei a cabeça novamente e comprimi os lábios. Apesar de tudo a sensação de ter feito algo errado e de não ter recebido as desculpas ainda me corroía.

Meliodas piscou e suspirou.

- Se importa em ir agora? Estou com enxaqueca.

- Oh não, tudo bem. - Respondi baixinho e virei em direção para a saída do apartamento, Meliodas me acompanhou e abriu a porta, já do lado de fora olhei para ele. - Você irá para a despedida do Gil?

- Será na minha boate. - Ele respondeu e eu concordei. - Até mais, Elizabeth.

- Até. - Sorri e caminhei para minha porta, diferente de antes ele não me espera entrar antes de trancar sua porta, engoli em seco sentindo-me pior do que antes.

Eu  sequer tinha pensado em Meliodas durante está semana, não havia cogitado seus sentimentos e apenas pensei que ele estava desistindo de mim. Sendo que eu havia o empurrado para longe de mim primeiro e ele tinha respeitado minha decisão.

Eu havia o machucado demais, cometendo um erro após do outro sem parar e Meliodas relevando por me amar. 

- Sua idiota. - Grunhi e fui até o quarto dos bebês para continuar o que eu estava fazendo. Meu coração pesava tanto quanto chumbo no peito.






Notas Finais


Acho que essa é a última atualização da semana 🤣


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