História Uma Última Música - A Orquestra da Obscuridade

A Orquestra da Obscuridade. Parte 2

Nao repara que os últimos vestígios do sol os abandonara. A alguns minutos que eles passaram pela última estrada e após deixa-la seguiram mato a dentro do que parecia um horizonte infinito mais ou menos plano, a cidade aos poucos ficara para trás, por isto a falta de iluminação os obrigaram a seguir a luz de duas lanternas.

Calculando que se passara umas duas horas que caminhavam Nao toma a partida de começar um dialogo, já que dês que saíram da casa do Otosaka trocaram mínimas palavras necessárias:

-Você lembra exatamente onde é?_Questiona a prateada enquanto segue o moreno a sua frente.

Yuu que parecia totalmente focado em seu trajeto balança a cabeça algumas vezes como se estivesse espantando fantasmas invisíveis, logo em seguida ele responde sem vontade:

-Sim, eu sei por onde passei...quando fugi._Ajeitando a mochila em suas costas ele segue firme a caminhar.

Tomori aceita essa resposta e o segue sem outras perguntas, o trajeto inteiro pareceu um breu de silêncio até Yuu parar próximo a um galpão de lata velho, este tinha uma cor velha vinho em sua lataria, porém estava tão enferrujado que mal se notava uma pintura. Nao pôs os olhos a sua volta e percebeu que aquele galpão era a única coisa a milhares de metros da cidade naquele matagal, além de que a sua frente só se tinha mais mato e a alguns quilômetros uma estrada, "Deve ser uma rodovia" pensou Tomori já que praticamente se localizavam nos limites da cidade.

Otosaka ainda mudo se pôs a frente do galpão no mesmo momento que tirava sua mochila das costas a colocando no chão apoiada a sua perna, ele se abaixou e pegou um pé de cabra.

Quando Nao se coloca pronta para interroga-lo, Yuu a interrompe:

-Não se preocupe, em breve você entendera..._Ao falar isto ele vai em direção a enorme porta de lataria do galpão e acerta com tudo o cadeado enferrujado dali que sem precisar de duas chances se desmonta.

Yuu entra no local assim que pega sua mochila, Tomori fica desconfiada, mas o segue em sequência.

Dentro do mórbido galpão cheirava a mofo e ferrugem, tais aromas que fizeram Nao contorcer o nariz, Yuu parecia menos incomodado pelo cheiro, então somente continuou iluminando seu caminho com a lanterna até chegar no fim do galpão.

-É aqui._Sibilou o moreno depois de parecer contar mentalmente onde ficava o local.

-Tá._Falou puxando o ar de leve Nao; assim que ela iluminou as redondezas do interior do galpão e viu algumas caixas de madeira pelos cantos, percebendo que onde eles estavam se tinha uma bem grande:

-Legal...pretende tira-la do lugar, certo?_Tomori deduz após um minuto de silêncio do garoto.

Yuu só acena que sim, ainda que focava a caixa.

-Beleza!_Disposta Nao se põe ao lado dele e começa sem dificuldades a empurrar a caixa que já se movimenta para o lado, Otosaka faz menção de ajuda-la, porém desiste disto quando que a caixa já está totalmente fora de seu lugar original.

-Depois me chama de exibido..._Resmunga sério Yuu.

-Me desculpe, não foi com intenção!_Sorrindo Nao se volta para ele.

-Agora me ajude aqui..._O moreno se abaixa e agarra uma argola de ferro que se via iluminada pela lanterna dele no chão.

Tomori se abaixa também colocando a mão sobre as dele e juntos eles puxão a pesada entrada do chão até ela se erguer:

-Caramba que pesado..._Murmura Nao entre os dentes, quando eles finalmente abrem a porta esta faz um enorme barulho sobre o silencioso lugar.

-Pois é, imagina o quanto tive que fazer de força para abrir isto do lado de dentro..._Ofegante Yuu diz com um olhar perdido na escuridão do ambiente.

Nao não conseguia ver o rosto dele, entretanto podia sentir sua amargura. Ela então se aproxima do recente buraco que descobriram e o ilumina, logo ficando pasma ao ver uma longa escada que leva ao subsolo:

-Tá de sacanagem...

-Não mesmo, vamos!_Otosaka já com sua mochila sobre um ombro vai descendo lentamente a entrada da escada, suas únicas fontes de luz eram as humildes lanternas e estas a qualquer hora podiam os deixar na mão.

Nao respirou fundo, o que não foi agradável graças ao lugar mal arejado, logo abanou a cabeça e o seguiu sobre as cinzas escadas de cimento.

*******

Assim que os lances de escada acabaram Nao podia sentir o chão plano sobre os pés, isto lhe aliviou brevemente já que não aguentava mais os infinitos degraus.Quando buscou algo mais a sua frente só se deparou com paredes cinzas pelos quatro cantos, estavam num longo corredor escuro onde não se via o fim:

-Não poderia ficar melhor!_Argumenta se alongando para continuar sua caminhada Nao.

-Isto porque você ainda não viu nada; mais a frente daremos de cara com mais corredores, estes bem mais confusos, é quase como labirinto aqui dentro, claro, isto se você não souber aonde vai._A informa Otosaka que ainda a esperava se mover.

-Por favor, não estraga meu humor agora._Resmunga Nao.

-Achei que já tivesse o perdido só nas escadas._Rebate Yuu.

-Ainda não, sou resistente!

-E eu também espero que continue sendo._Fala em tom baixo o garoto.Nao não o questiona, contudo entende que ele está estranho e distante desde que entraram ali.Afinal depois de tantas experiências naquele local não era a toa esses sentimentos.

Eles voltam a andar, Tomori se perde em pensamentos enquanto Yuu só tenta focar em guia-los certo.

Ulteriormente a passarem pelos complicados corredores e suas saídas e varias entradas, eles finalmente podem ver um iluminado e desta vez caminham mais devagar até atingirem a beirada dele, ao olharem para dentro se agacham:

O ambiente era oval e alto, suas paredes eram brancas, Nao e Yuu pareciam estar em um dos vários corredores que davam aquela central, pois quando se olhava vias as entradas sombrias em volta do ambiente cheio de lâmpadas brancas, no centro deste se via um enorme telescópio e vários computadores acoplados a volta, algumas pessoas estavam sentadas na frente destes indo e vindo em suas cadeiras giratórias:

-Eles devem ter concentrado toda energia neste setor...isto explica os corredores que não estão em funcionamento._Murmura o moreno com os olhos estreitos a observar o lugar.

-Parecem ser poucos, damos conta deles!_Incentivou Nao erguendo o pescoço para ver melhor dentro dali.

-Não, está maluca?Eles são poucos, mas devem ter armas e mais preparos que a gente...temos que ter um plano!_Brada Yuu a focando, ainda sim ele mantinha voz baixa.

-E qual seria?_Pergunta impaciente Nao.

-Eu vou pensar..._Yuu volta seus olhos ao centro.

Tomori revira os olhos e fita na mesma direção, ela se surpreende ao ver a mulher que a ameaçou a um tempo atrás, a mesma do chapéu listrado, desta vez ela estava com seus cabelos longos soltos, eles não eram mais pretos e sim louros, ela trajava calças e uma blusa comprida pretas, porém seu jaleco branco cobria quase tudo:

-Eu quero os relatórios ainda hoje! Não admito demoras...como são incompetentes!_Berra ela para o que parecia ser os homens de jaleco a frente dos computadores.

-Eu lembro dela, foi a agente da CRPUE que me atacou..._Diz boquiaberta Nao.

-Isto significa que estamos no lugar certo então._Desfere sombrio Yuu.

Neste momento somente se ouvia o tilintar das cadeiras abaixo e as ordens da mulher de preto, tudo observado em total silêncio por eles, isto até um som alto de uma música tocar:

"I got all this love, waiting just for you

Can't keep running boy in and out my life

--Be Right There--

Yuu arregala os olhos ao ver Nao toda atrapalhada tentando desligar o celular que se encontrava na tela a ligação de uma certa loira:

-Meu pai do céu..._Tomori finalmente desligou o dispositivo, porém era tarde demais e o som se exalou como um eco por todo o ambiente.

-Merda!_Sibilou fechando os olhos e querendo se bater logo que pôs o dispositivo no mudo.

-Não á o que fazer, vamos correr!_Diz Yuu ríspido.

Entretanto antes de poderem se levantar eles ouvem o estralo de uma arma sendo recarregada atrás de si.

-Fodeu..._É tudo que Yuu diz ao ver alguns homens de roupas negras com armas de material incomum em mãos.

Tomori reconhece o do meio que lhe apontava a arma em sua direção, era o tal homem que esbarrara neles e o qual Nao teve o infeliz prazer de se deparar na rua:

-Nós esperávamos que viessem, eu disse a eles que vocês viriam uma hora, era só questão de tempo até os ratos sentirem o cheiro do queijo no ar._Fala o barbudo que Nao já conhecia, naquele momento ela queria soca-lo muito.

Sem demoras uma ideia lhe passa enquanto o homem continua desferir suas bobagens olhando rostos amedrontados, "Sim! Que ele perca tempo!" reflete, logo em seguida ela se inclina para trás disfarçadamente em direção a Yuu, ela conta nos dedos de cinco a um, ela realmente espera que o moreno já tenha entendido o recado:

-Então já esperava por nós, não imagino onde falhamos..._Nao entra num estado de encenação enquanto ainda conta nos dedos, já se encontrava no quatro.

-Você falhou em confiar em nossa isca, realmente..._Ele balança a cabeça se divertindo.-...aquele moleque que deixamos fugir foi muito mais útil que imaginava.

-Erick..._A voz de Tomori some um pouco.-...todo este tempo tudo que queriam era só me atrair para cá?_Nao faz três com os dedos.

-Obviamente, nunca encontramos algo como você, pode até ser melhor que sua mãe..._O homem ri.

-Minha mãe?_Nao se exalta um pouco, mas mantém a formação, já se mantinha no dois.

-Sim, ela foi nossa melhor cobaia, não me surpreenda que você esteja no mesmo nível.Oh, não faça essa cara de desentendida, sabemos tudo sobre você Nao Tomori._O homem temeroso crava os olhos em Nao que estoura de raiva.

E assim sua contagem termina, a prateada levanta rapidamente e estica suas mãos em direção a eles, sem demora os sete homens armados são empurrados pela onda, eles voam para trás com um força paranormal.

-Vamos!_Grita ela, sem precisar falar mais o moreno de prontidão corre no mesmo instante.

Sem demoras eles pulam para o andar principal e correm entre os cientistas confusos, a tal mulher de chapéu fica irada e ordena para agarra-los, porém Nao é mais rápida e com um movimento das mãos joga todos os cientistas contra o piso do chão.

Eles dão passos largos até atingirem outro corredor:

-Espero que saiba de outra saída!_Fala em plenos pulmões a prateada.

-Eu também espero!_Rebate entrando em outro corredor escuro.

*******

Nao já tinha perdido a noção de quanto tempo eles ficaram andando de corredor em corredor, Yuu parecia cansado com sua respiração alta e irregular, e ela não poderia estar pior; ali no escuro a prateada não conseguia ver nada pois perderam suas lanternas na corrida, aos poucos ela se praguejava mais e mais por tê-los colocado naquela situação:

-Me desculpe Yuu, eu fui muito estúpida...não deveria ter te envolvido nisto!_Esbraveja para algum canto que olhava a prateada.

Ela ouve os sons dos passos dele cessaram e sua voz sai estridente:

-Não se culpe por isto, eu não fui obrigado a vir._Responde controlando a respiração.

-Mesmo assim, eu coloquei nos dois em sérios problemas agora...uma hora nos acharão..._ Nao tentava se distrair nos pensamentos de sua mãe, nessa ação viciante ela alisa o anel de Jōjirō no dedo, o qual agora era sua última esperança.

-Relaxe, nós daremos um jeito!_Incentiva Yuu, provavelmente ele estava mais amedrontado que Nao, mas sabia ocultar isto.

-Eu não quero mais te colocar em perigo..._ Ao tempo que a prateada se agacha até tocar o chão com suas mãos, ela se concentra em seus instintos e gira o pequeno arco do anel, ela aperta de leve a esmeralda o centro, porém, não consegue descer seu dedo, pois no mesmo instante ela sente uma dor muito forte em sua espinha e solta um grito alto.

-Nao?_O moreno tenta no escuro achar ela e quando sua perna encosta no joelho dela ele se abaixa.-O que foi?_Pergunta calmo, mas ainda preocupado.

-E-eu não sei, mas do nada minha coluna...tá doendo muito!_Argumenta se inclinando devagar sobre o próprio corpo a prateada, sua espinha parecia feita de ferro, este simulava rasgar sua carne.

-Acalma-se, você consegue se erguer?_Yuu põe as mãos sobre os ombros dela após alguns segundos.

-Eu...vou...tentar!_Com muito esforço Nao se põe de pé, entretanto quando faz isto sente uma onda de dor nas costelas a inundar pior que nas costas, resultado disso foi outro grito de dor.

Otosaka sente que ela vai cair e a segura antes disto:

-Isto é mal...eu acho que seu corpo está pagando o preço de você usar seus dons tão excessivamente._Reflete Otosaka.

-Provavelmente..._Concorda Tomori.-...Mas, eu ainda consigo andar!_Se apoiando nele ela da leves passos a frente com uma enorme carranca de dor em face já que sentia o corpo ardentemente dolorido, Yuu que não poderia vê-la sabia que ela estava se esforçando mais do que devia.

-Tão teimosa..._O moreno revira os olhos e para de costas na frente dela.

-O que..._Nao sente o corpo dele a sua frente.

-Suba, eu te levo até melhorar!_Explica esperando a ação.

-Yuu isto não é..._Antes de terminar ela sente seu corpo amolecer de novo, outra dor a preenchendo.-Eu aceito a carona!_Fala relutante, ela sobe nas costas dele que parecia não ligar para o peso sobre si.

-Yuu...

-Hm.

-Obrigada._Sem dizer mais nada Nao afunda seu rosto envergonhado no pescoço do rapaz, ela agradeceu mentalmente por ele não poder ver como estava seu rosto no momento.

Yuu engole seco a aproximação dela, mas guarda para si suas reações, afinal ali não era o momento.

Após mais tempo se passado em total silêncio eles ouvem o barulho de passos vindo do corredor a sua frente, sem pensar duas vezes Yuu muda de direção, porém mais sons vem de trás deles, era o fim, estavam cercados.

Nao desce das costas dele, assim que julgou se sentir melhor; mesmo que não estivesse apta a usar seus dons ainda sim tinha forças para lutar.

Então a volta deles se preencherão lasers vermelhos que tocaram suas roupas, logo o local estava com mais de dez homens de preto a sua volta, as lâmpadas que outros traziam iluminaram seus rostos rapidamente, não demorou para um deles informar por uma espécie de comunicador, tinham avisado que os encontraram:

-Então acharam que poderiam fugir...uma pena realmente!_Ri com escárnio o barbudo já reconhecido então, Nao julgou que ele fosse o líder deles no caso.

-Cale a boca!_Brada Yuu que tinha o rosto iluminado por uma lanterna, o semblante do garoto não passava de ira total.

-Nervosinho está o murmurador...que coisa não, você sempre foi problemático, mesmo assim o receberemos bem, já que é sempre bom rever os velhos amigos!_As armas a volta deles continuavam apontadas para suas cabeças, estas desta vez pareciam armas normais e letais, Nao ficou apreensiva no mesmo tempo que pensava freneticamente em uma saída.

-Desgraçado!_Os punhos do moreno já tremiam de tanta raiva que ele acumulava, assustada com aquilo Tomori pós as mãos sobre as dele e o forçou a fita-la.

-Não os escute Yuu, eles são só os monstros que querem lhe invadir...não deixe que eles dominem seu coração de trevas, liberte se disto e verá que eles não passam de vermes ao seus pés!_A feição raivosa de Yuu desmancha ao olhar para Nao que permanecia séria ao lado dele, só então Otosaka respira fundo e volta ao controle de si.

-Como ela é linda não é mesmo?_Zombou o homem.-Será mais ainda quando a estudarmos, agora pegue-os!_Ordena o barbudo sem expressão alguma, os demais se põem em posição.

Nao levanta os braços e tenta concentrar suas ondas para ataca-los, uma parte de seu poder vem, com isto ela joga alguns homens contra a parede e outros estavam atirando entre si quando Yuu hipnotizou um.

Tiros jorravam por todos os cantos, por sorte nenhum foi neles pois Nao usava um campo de força para rebater as balas, "O treinamento está dando efeito!" pensa rapidamente a prateada, já que ela mesma tinha trocado o judô pela concentração só em seu dons.

Quando a batalha parecia vencida, a prateada sentiu então uma terrível picada no pescoço, no mesmo segundo suas pernas perderam as forças e ela foi aos poucos ao chão, sem entender Nao tocou o local que doía e sentiu o formato de um dardo, eles tinham a lançado um tranquilizador, entendendo o que aconteceu ela ouviu o moreno gritar seu nome enquanto caia sem ter mais controle sobre seu corpo, ela percebe sua visão se tornar borrada até tudo nublar de vez, dando algumas lentas piscadas Nao adormeceu com a última imagem de Yuu lutando fisicamente com os homens restantes, isto até ele receber uma forte cotovelada na nuca e cair com tudo no chão.

-Eu sinto muito..._Nao menciona já com os olhos fechados.

Continua...