História Uma vida juntos - Um - parte 1

Era o amanhecer do dia mais especial do ano, aniversário de Emma. O primeiro de muitos. Abro os olhos lentamente, minha cabeça deitada no peito nu de Ezra, que sobe e desce lentamente no ritmo da sua respiração.
Acaricio seus cabelos, beijo a ponta do seu nariz e depois a sua boca, um pequeno sorriso se forma em seus lábios. Seus olhos se abrem, um azul profundo que eu nunca me canso de olhar, agradeço a força superior do universo que fez Emma herdar esses olhos lindos.
- Bom dia - ele diz me beijando.
- Bom dia - digo um pouco sem fôlego o que faz ele rir.
- Um ano.
- Um ano - repito.
- Passou muito rápido - ele diz me puxando mais para perto - daqui a pouco ela já tá falando de namorados.
- Espero que ela não se apaixone pelo professor de inglês - digo e Ezra ri.
- Eu também - ele diz - aqui está maravilhoso, mas temos que levantar. Daqui a pouco Hanna chega aqui, ninguém quer atrapalhar os planos de Hanna.
- Não mesmo - digo me erguendo - ainda mais que ela está nesse espírito toda maternal.
Hanna descobrira dois dias depois do natal que estava grávida de quase três meses, sim, como ela passou todo esse tempo sem saber? Ninguém sabe.
- Pelo menos eu pude planejar essa festa - digo
- Você ainda guarda rancor daquela festa do ano passado - ele diz escovando o dente, só de cueca. Mordo o lábio ao ver a cena 
- Você deveria parar de andar só de cueca, não é nada prudente - digo fingindo estar brava.
- Certo, colocarei na lista de propostas a serem analisadas - ele diz indo no closet e colocando uma blusa - melhor?
- Na verdade... Não - digo e ele sorri. Escutamos um resmungo vindo do quarto do lado.
- A aniversariante é exigente - digo indo até o quarto de minha filha.
Os cabelos bagunçados, os olhos grandes e azuis me encaravam. Ao me ver ela solta gritinhos de felicidade. Se apoia na grade do berço e levanta sozinha.
- Bom dia, Emma - digo indo até ela, sinto Ezra atrás de mim.
- Quantos anos você está fazendo, filha? - Ezra pergunta e ela mostra um dedinho gorducho pra gente, Ezra faz cócegas com a barba rala e nossa filha ri. A melhor melodia do universo.
- Olha pra você, já está tão grande - digo me segurando pra não chorar, eu não sabia o por que eu queria chorar, mas era quase incontrolável.
- você faz a mamãe, chorar Emma. Sua mãe é muito fácil de chorar, sabia? - ele estava certo sou uma manteiga.
- Ma... - ela diz e eu congelo.
Por um momento eu achei que tinha inventado coisa, mas então ela repete e abre e fecha as mãos pedindo meu colo. Eu a agarro e a abraço muito apertado e ela ri. Olha pra Ezra e fala:
- Pa...
- Aria? Ela...ela?
- Sim, ela está começando a falar - digo ainda abraçada a Emma. Ezra também se envolve e ficamos ali por um tempinho.
- Alguém queria mesmo nos emocionar hoje, não é querida? - Ezra pergunta é Emma sorri, ainda meio banguela.
- Muito bem, café da manhã - digo - antes que a gente morra de fome!
- Pa... - Emma diz apontando pra Ezra.
- Isso mesmo querida, papai! Podemos considerar uma fala? Por que não foi a palavra completa.
- Ezra!!!!
- Só queria tirar a dúvida.