História Uma vida juntos - O por do sol

O sol do meio da tarde batia na janela da sala dos meus pais. Ao fundo eu ouvia a gargalhada de Nick, minha mãe era apaixonada por ele. Eu sorri imaginando a cena, sinto o pincel de maquiagem pelo meu rosto. Fecho os olhos e encosto minha cabeça no encosto. 
Pela janela consigo ver um pouco das pessoas chegando, se sentando, através das cortinas. O riso de Nick é o único barulho que escuto além da batida surda do meu coração, martelando nas minhas têmporas. Fazia muito tempo que eu não me sentia assim, nervosa, ansiosa.

O coque baixo foi feito, os brincos foram colocados, o anel, o sapato.
Minha respiração saia pesada, minhas mãos tremulavam, eu mordia o canto da minha bochecha. Tudo iria dar certo.

O sol estava começando a ficar baixo, iria se pôr perto do fim da cerimônia, como Spencer tinha planejado. 
Sim.
Tudo sairia perfeito.

A noite tinha voado. Em um momento estávamos lendo os nossos votos ao por do sol e no outro estávamos indo pro aeroporto rumo à Veneza.
Spencer planejou tudo, por que se eu falasse que não, era capaz de ela ter tido um negócio do coração. Ela escolherá uma roupa refinada, mas confortável para eu ficar durante o voo. 
Ezra sorri muito, não para de beijar o topo da minha cabeça, me afundo em seu peito e a melhor sensação é conseguir sentir o seu cheiro. Nunca me cansaria do cheiro dele, nunca. 

Acordo com o baque do pouso do avião, Ezra dorme com a cabeça apoiada na minha. O sol se põe no horizonte, o aeroporto fica a alguns quilômetros de Veneza. O avião vai esvaziando aos poucos, quando somos um dos últimos beijo Ezra nos lábios e ele acorda, sorri. Como se eu fosse a melhor cena do mundo, sinto meu rosto corar um pouco. Sei que é tolice, somos casados. Nos conhecemos e namoramos por anos, mas ainda assim. O jeito como ele me olha, faz eu me sentir a pessoa mais especial.
Ainda em silêncio damos as mãos e descemos, não queríamos quebrar a magia do momento. Então, apenas continuamos a andar, de mãos apertadas, braços colados, sorrisos estampados.

O hotel era rústico e não ficava no centro de Veneza, parte histórica. O conforto pra gente, no momento, era mais importante do que conhecimento histórico. 
Tínhamos a suíte. A recepcionista magra e esguia me sorri maliciosamente o que faz meu rosto pegar fogo, eu engulo em seco e desvio o olhar.
- Aria? Pode subir enquanto eu faço o check-in - Ezra diz beijando a minha bochecha.
- Ok - é tudo o que eu falo.

O nosso quarto era voltado pro jardim do hotel, um jardim muito, muito grande. Eu estava nervosa, não é como se fosse a primeira vez, mas ainda assim minha cabeça girava, minhas mãos tremiam. Troco de roupa, Hanna foi a responsável pela minha mala e devo dizer que não sei se fico grata ou constrangida. Coloco uma lingerie preta, uma que eu saberia que ele gostaria e que me deixaria menos constrangida.
Estou me sentindo totalmente boba por essa vergonha do meu marido. De Ezra. 
Éramos os únicos no andar, me dei o direito de colocar um robe e ir na varanda, o céu estava muito estrelado, reconhecia algumas de tanto Spencer apontar pra Nick durante as noites que comíamos na rua. Meus pensamentos começaram a vagar.
Eu sabia que era extremamente abençoada por sei lá o que, que rege esse universo. Obrigada, por sinal. Eu tinha um afilhado lindo, amigas incríveis, pais presentes e agora o amor da minha vida junto comigo. Tudo parecia tão certo, tão lindo, tão justo depois de tudo o que me aconteceu.
A porta se abre num click e eu dou um pequeno pulo da cadeira.
- Tem café da ma.... - Ezra começa a falar mas para no meio assim que me vê - você está maravilhosa!
Eu sorrio, vou em sua direção, tiro todas as coisas de sua mão e a reação é instintiva, elas voam pras minhas costas e nossas bocas se encontram.
- eu te amo, Aria Marie Fitz!
- Eu te amo, amo como meu nome soa - digo ofegante.
Essas são todas as palavras ditas, depois nós perdemos entre os lençóis, nós e os nossos corpos.

A janela está aberta, abro Meus olhos e viro para olhar ele. Seus olhos me encaram, um sorriso bobo que eu retribuo. 
- Eu estou... - ele diz
- Sh! Não diz nada - digo colocando o dedo em seus lábios.
Não tinha nada pra ser dito, depois de tanto tempo juntos já sabíamos ler as entrelinhas.
Nos amamos de novo.