(22/07/16)
Acordei com a luz do Sol, adentrando meu quarto.
Apertei minhas pálpebras e me sentei na cama. Esfreguei os olhos e logo observei em volta. E logo me lembrei de que hoje não haveria aula.
(...)
Desci as escadas já arrumada, para tomar café. Encontro minha Dinda preparando o café.
- Oi.- Digo sorrindo.
Ela simplesmente vira e da um "oi" seco. Com certeza eu fiz algo errado, ela só fica assim quando fiz algo que a deixou chateada.
- Vai ficar em casa hoje?- Pergunto me sentando na cadeira e pegando um pão francês.
- Pretendo.- Disse ela sem virar para mim.
Murmuro. Pelo jeito ela não quer papo.
(...)
Estávamos tomando café, quando ela simplesmente deixou o talher cair e falou algo, uma reclamação.
- Está tudo bem tia?- Pergunto olhando para ela.
- Ta tudo ótimo Raquel!- Disse ela se alterando.
- Calma tia, eu só quero ajudar.- Digo sem entender porque dela ficar alterada.
- Não ajuda Raquel! É o melhor que você pode fazer.- Disse ela saindo da mesa e logo eu me levanto bruscamente.
- O que foi que eu fiz hein?- Pergunto já cansada daquilo.
- Tudo Raquel! Eu faço tudo pra você, e como você me agradece? Não Raquel! Você não me agradece!- Disse ela já alterada.
- Caramba, eu não estou entendendo nada!- Digo quase no mesmo tom.
- Você nunca entende né Raquel! Agora sei, o que a tua mãe passava! Você se faz né Raquel, só pode.- Disse ela, agora séria.
- Tia, por que está dizendo essas coisas?- Digo com a voz reprimida pelo choro.
- Olha só Raquel, só me deixe em paz. Estou cansada de tudo isso. Você se acha madura o suficiente pra fazer o que quiser. Faça o que você quiser. A partir de hoje, eu não sou mais responsável por você.- Disse ela dando as costas.
Ouvir aquilo, da única pessoa que me importava, me machucou por dentro. Eu não estava entendendo, o porque dela falar tudo aquilo. Mas talvez seja o fato, deu estar saindo bastante e não avisar ela.
Simplesmente corro para o quarto e me tranco por lá, começo a chorar com lembranças me presenteando na memória.
(Flashback ON)
- O que você achou filha?- Disse minha mãe mostrando a bolsa que ela acabara de ganhar.
- Mãe namoral, eu to ocupada. Depois eu vejo isso.- Digo mexendo no computador.
- Tudo bem, então...- Ouço minha mãe dizer e logo ela sai do meu quarto.
(Flashback OFF)
Aquilo tudo estava preso na minha gargante, ainda quero que tudo seja um sonho.
Começo a chorar lembrando de todas as frases que tive que ouvir, durante tudo isso.
(Flashback ON)
- A tua mãe deu a vida por você! E como você correspondeu? Você nem ligou! Então não venha chorar achando que tenho pena.- Disse Letícia.
- Para! Eu amava minha mãe, daria tudo para ter ela aqui! Por favor, não diga essas coisas...! Eu quero a minha mãe!- Eu suplicava.
- Chama-la, não vai traze-la de volta.- Disse Letícia e deu as costas.
(Flashback OFF)
Eu já estava em prantos, soluçando, eu não havia chorado daquele jeito fazia tempo.
(Flashback ON)
- Filha, faz tempo que você não conversa comigo. O que está acontecendo?- Disse minha mãe entrando no quarto.
- Bate na porta antes de entrar mãe por favor. E eu estou ótima valeu.- Digo passando por ela.
- Olha só Raquel. Você não pode agir assim comigo.- Disse minha mãe.
- Mãe eu to ocupada agora. Não posso conversar.- Digo pegando um casaco.
- Onde você vai?- Perguntou ela.
- Vou sair. Espairecer a memoria.- Digo.- Não posso falar com você.- Digo pegando minhas chaves.
- Cansei disso Raquel!- Gritou ela!
Arregalo mais olhos com sua atitude. Suspiro e quando vou lhe responder ela começa a tossir. E logo coloca a mão no coração.
- Mãe! Mãe, calma. Por favor mãe desculpa!- Exclamo ajudando ela a se sentar e logo ligo para o médico.
(Flashback OFF)
Eu que fiz a saúde da minha mãe ficar daquele jeito... Eu que fui a culpada. Se eu tivesse ajudado ela...
Começo a chorar e seguro meus braços, sentindo as cicatrizes dos mais antigos cortes. E lembro que essa era, e é minha única saída agora.
Vou até minha comoda, abro minha pequena gaveta e levanto o fundo da mesma. Revelando varias lâminas soltas, algumas enferrujadas, outras sujas de sangue e outras que nunca usei.
Pego uma limpa e respiro fundo.
- Mãe... Você sabe que eu te amo tanto... Mas me perdoe por isso...- Digo entre lágrimas, e pressiono a lâmina contra meu braço, um pouco acima do pulso. Deslizo devagar a lâmina sobre minha pele clara e começo a chorar.
Sangue pingando de leve no chão, misturado com gotas de lágrimas.
Eu estava desesperada. Não parava de chorar. Para conter o gritos de agonia, mordia meu braço(Isso se chama "Dacnomania"), deixando marcas dos meus dentes.
(18:45)
Meus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, minha boca estava ressecada. Olhei para os meus braços percebendo o estrago que fiz.
Marcas de cortes e marcas de mordidas profundas, dando um tom roxo.
Molhei meu braço, e passei meu creme para evitar qualquer tipo de pergunta. Coloquei meu casaco. E abri a porta do banheiro e me deparei com minha tia. Seus olhos estavam vermelhos, a ponta do seu nariz se encontrada da mesma cor. Ela molhou os lábios e me olhou nos olhos.
- Me perdoe Raquel...- Disse ela e abaixou a cabeça.- Eu te amo tanto minha querida. Acabei falando coisas sem pensar.- Logo ela me olhou e vi que uma lágrima escapou.- Eu amo cuidar de você. Você para mim é como uma filha. Só me perdoe, e vamos esquecer tudo isso... Por favor querida.- Disse ela segurando firme minha mão pálida.
- Tia... Eu te amo, você foi a única coisa boa que aconteceu comigo até agora. É claro que te perdoou. Não vou mentir. Aquilo me feriu, mas acho que sei que não foi de coração.- Digo e a puxo para um abraço.
(...)
E lá esta eu, escrevendo outra música. Devo admitir eu estava inspirada.
Escuto alguem batendo na minha porta do quarto.
- Entra!- Exclamo fechando minha agenda. E me viro.- Rosa?!- Me deparo com a platinada na minha porta.
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