História Uma vida sem sentido - A menina que sobreviveu

Realmente não acreditei. Como eu, a pessoa mais desajeitada do mundo, poderia ser uma bruxa? Quando fui para o Beco Diagonal, pensei que meus olhos estavam me enganando. Eram tantas cores e magias diferentes, que percebi que o mundo não se resumia só a fazenda que vivia com meus meio-irmãos. Sim, eu sou adotada. Segundo meus pais adotivos "alguém simplesmente bateu na porta e nos deparamos com a coisinha mais fofa do mundo". Mas, enfim, eu tenho poderes! Não tenho a menor ideia de como pô-los à pratica ou quais são, mas é para isso que Hogwarts serve, não? 
Já ouvi boatos de um garoto que derrotou o bruxo das trevas mais poderoso, embora nenhum livro tenha o nome dele: o chamam de Você-Sabe-Quem. Ah, os livros. Também achei bem curiosos, esperava um pouco mais de livros bruxos! São quase iguais aos dos trouxas (eu acho que é assim que se fala). Mas voltando ao caso do garoto, eu estarei na turma dele e estou realmente ansiosa para vê-lo, embora de um jeito diferente.
Me acomodei em uma cabine vazia no Expresso de Hogwarts, um trem que iria me levar direto para o desconhecido. Peguei um livro para me distrair, mas como não estava conseguindo me concentrar, acabei desistindo e olhei pela janela. O clima estava bem chuvoso, provavelmente quando chegarmos estará tudo alagado. Acabei me perdendo em pensamentos, quando ouvi ao longe uma voz rouca e doce gritar: "Carrinho de guloseimas", ou pelo menos foi isso que eu entendi. Sai correndo da cabine porque meu estômago já começava a reclamar (e também porque queria conhecer os doces bruxos). Enquanto estava comprando, algo chamado tortinhas de abóbora, olhei para a minha direita.
Foi aí que vi.
Um garoto com cabelos negros despenteados, com uma expressão feliz é um pouco ansiosa, naquele rosto magro. Naquele mesmo rosto que tinha uma cicatriz.
A mesma cicatriz que eu.
O meu irmão.