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História Umbrella High School - Mais E Mais


Escrita por: PJ_Redfield

Notas do Autor


Boa tarde, galera!!
Mais um capítulo para vocês que a princípio começa no sossego, mas como todos nós aqui somos amantes de tretas, ele terminará do tipo!
Espero que gostem!
Boa leitura...

Capítulo 23 - Mais E Mais


Fanfic / Fanfiction Umbrella High School - Mais E Mais

* * * Jill * * *

 

Então é isso?

Esse aí é o irmão dela?

O CHRIS é o irmão dela?

Essa droga de casa é dele também?

A MINHA MELHOR AMIGA É IRMÃ DO CARA QUE ME USOU?

E COMO ESCONDEU ISSO DE MIM POR TANTO TEMPO?

Eu só posso ter nascido para ser otária.

Então por isso que no meu primeiro dia ele me guiou para mesa dela, mas se afastou antes que o vissem. Ele mentiu para mim desde lá e perpetuou a mentira mesmo depois de jurar sinceridade.

A Claire sem saber de nada estava com um sorriso doce de pura inocência sem sequer ter ideia de que eu conhecia MUITO BEM o irmão dela. O garoto que me usou e mentiu para mim fazendo eu me apaixonar... E que agora me deixou aos pedaços.

Mas ele me olhava com uma expressão nítida de culpa já que sabia que isso ajudava a detonar ainda mais com o que sobrou do meu coração. Ele não parecia querer falar alguma coisa em sua defesa, apenas me olhava parecendo saber que aquilo apenas fazia eu desprezá-lo mais.

Mentiroso...

Sempre um mentiroso.

O maior de todos.

Como tive um azar tão grande?

E com a Claire voltando os olhos em mim como se não entendesse o silêncio e a tensão que se formou, consigo sentir somente a dor intensa de saber de mais uma mentira. Então eu sorrio sem alegria nenhuma em me ver naquela situação e mesmo querendo acusá-lo mais pelas mentiras contadas, eu não conseguia... Afinal ele veio de atrás de mim, prometeu sinceridade e não me contou que ainda tinha mais este “detalhe” entre nós.

Mentiroso.

SEMPRE foi uma mentira.

Eu sorri desviando deles e querendo usar meu tele transporte, mas não funcionou. Então voltei meus olhos até ele que parecia saber o que se passava em minha mente.

-- Claro... Mais uma mentira.

Sinto meus olhos se umedecerem, mas eu não daria mais chances dele ver o estrago que causou em mim. Então olho para Claire que parece não entender nada e eu sorrio para ela agradecendo por eu ter trazido minha bolsa comigo.

-- Eu já vou... Obrigada, Claire. Até amanhã.

-- O quê?

-- Tchau, Claire.

Eu saio dali, mas ouço ela me seguir, só que aperto o passo em direção a porta e a fecho antes que me alcance. Então caminho a passos lentos de volta para casa rindo da minha própria desgraça, mas as lágrimas ainda escorriam.

Irmão da minha melhor amiga?

E se eu tivesse contado o nome dele para ela?

E quando ela souber que é ele?

Dá para acreditar nisso?

Já se passaram semanas e ele conseguiu esconder isso de mim... Como se esconde algo assim de alguém? A Claire comentou várias vezes do irmão, mas nunca falou o nome dele.

Destino ou brincadeira de mal gosto?

Tantas vezes comentou do irmão pegador... E ah, céus, ela falou dele com a Jéssica! E apontou para ele quando entrou no refeitório! Mas achei que era o Piers, que mancada. Tudo pareceu trabalhar contra mim para eu me encaixar ainda melhor no papel de “otária”.

Isso é sério?

Mereço MESMO isso?

Irmãos?

Minha melhor amiga e a minha perdição?

Eu não mereço isso...

Limpo meu rosto das lágrimas e aperto o passo de volta a minha casa, colocando na cabeça que infelizmente a Claire era alguém que eu não visitaria mais. Minha Nossa, quando ela souber... Souber que era pelo irmão dela que eu ficava toda boba e por quem me apaixonei. Eu morrerei de vergonha disso, mas em algum momento ela saberá.

E a Sherry...

Por que ela não me contou?

Reviro os olhos e ao ver que já estou em minha rua, respiro fundo para ver se melhoro minha expressão até dar de cara com a minha mãe que facilmente poderia surtar em me ver aos prantos. Procuro um bom pensamento, mas tudo que me vem são dois olhos verdes que encantam até a mulher mais fria.

Droga...

Preciso me esquecer.

Acabou, Jill, acabou de vez.

Preciso aprender a viver com esta decepção e encarar o fato de que não me verei completamente livre dele pelo menos até o final do ano. Me cruzarei com ele na escola e provavelmente junto coma aquela biscate.

Deus, dai-me forças, por favor.

Quando finalmente chego em frente de casa, respiro fundo diversas vezes, limpo o rosto e uso todas as forças do meu corpo para esboçar um sorriso. Então entro e a escuto com o rádio baixo na cozinha, mas ela cantarolava junto.

-- Olá, querida... Como foi na escola?

Péssimo.

Na verdade nem entrei em sala.

Se ela soubesse disso e soubesse o porquê disso, enlouqueceria... Ela não pode se preocupar, precisa ficar tranquila sem coisas sem sentido a atormentando. E como é extremamente preocupada, eu sei que iria surtar se soubesse tudo o que eu tenho passado naquele lugar.

-- Legal.

Me aproximo e dou um beijo nela sentindo o cheirinho de salgados quase prontos saindo do forno. E com os doces de ótima aparência sobre a mesa, minha barriga embrulhou de fome, mas eu sabia que se tentasse colocar qualquer coisa para dentro, não ia dar certo.

-- Não parece... O que aconteceu?

-- Nada, estou bem... Acho que é só cansaço.

-- Ah, sim, pode ser, então descanse, amor, suba e descanse.

-- Precisa de ajuda?

-- Consegui mais quatro encomendas! Vamos bem!

-- Legal... Quer ajuda?

-- Ah, não, me sinto ótima, está tudo indo muito bem!

-- Que bom, mãe... Qualquer coisa me chame.

-- O que quer para o jantar?

-- Ah... Nada. Só quero dormir, obrigada.

-- Ah, ok... Tudo bem.

-- Boa noite.

-- Boa noite, querida.

Eu saio dali e me fecho no quarto vendo que a noite tinha acabado de cair, mas eu apenas queria me concentrar em chorar tudo hoje para amanhã levantar de alma lavada e sem resquício de dor. Bom, claro que não estarei bem amanhã, mas pior eu tenho esperança que não possa ficar.

Largo a bolsa na cama e vou para o banho sentindo as lágrimas escorrerem de maneira automática. Permaneço mais tempo do que de costume, tentando tirar toda aquela sensação terrível do meu corpo. Quando saio, coloco um pijama confortável e vou para cama deixando a luz apagada e apenas encarando a pouca claridade que vinha pela janela.

As lembranças dele me invadiam completamente e a memória de quantas vezes deitei com um sorriso no rosto ao pensar nele, me atormentaram mais do que o necessário. Então ouço meu celular tocar sobre a bancada e o pego vendo uma nova mensagem de texto.

 

“Não vou desistir de você”

(Chris)

 

Minha visão embaça com aquelas palavras e recoloco o celular na bancada voltando a deitar e escondendo meu rosto entre as cobertas. Minhas lágrimas voltaram com tudo e meu soluço acompanhava mesmo comigo tentando evitá-lo para minha mãe não me ouvir.

Mentiroso...

Como eu poderia confiar nele de novo?

Como eu poderia me deixar levar de novo?

NÃO, NUNCA!

NUNCA MAIS VAI ME ENGANAR!

-- Acabou... Acabou, Chris.

As lágrimas saem descontroladamente pelos meus olhos e as lembranças voltam com tudo. E mesmo tentando me esquivar, eu não conseguia, elas permaneceram ali para me assombrar por horas sem fim.

 

...

 

Quando o despertador toca, levanto em um salto e coloco rapidamente as mãos na cabeça sentindo ela latejar. Espero um pouco e levanto desligando o barulho e indo ao banheiro, mas me assusto com minhas olheiras enormes.

Céus, pareço um zumbi!

Chorei horas a fio... Mas isso acabou.

Sem mais lágrimas!

Ele não me verá chorar de novo!

Nenhum deles me verá assim de novo!

Pensam que podem brincar comigo e ficará por isso?

Ficarei chorando e eles rindo as minhas custas?

Eles que pensam!

Faço o necessário por ali, lavo meu rosto três vezes e vou me trocar. As olheiras pedem uma boa medida de maquiagem para cobri-las, então foco nisso e até que dá meio certo. Mas se olhar de perto ainda me pareço com um zumbi.

Quando vou até a cozinha minha mãe já está ali e ao ver o tanto de guloseimas, meu estômago ronca. Ela ri ao notar isso e aponta algumas coisas separadas mais ao canto e pego para comê-las.

-- Com fome?

-- Sim... Bom dia, mãe.

-- Bom dia... Não dormiu muito bem, não é?

-- Por que diz isso?

-- Sua cara não está das melhores.

Eu desvio dela, mas a escuto suspirar.

-- Jill, não sou boba... Sei que tem algo acontecendo e não quer me contar.

Quando volto meus olhos nela, ela me observa com aquele olhar acolhedor que só as mães são capazes de dar. Então forço um sorriso e mesmo sentindo as lágrimas, consigo engoli-las bem.

-- Vou ficar bem...

-- Não quer conversar?

-- Não...

-- Tudo bem.

-- Eu já vou... Posso levar esses?

-- Claro, querida, não comeu nada ontem.

-- Obrigada... Tenha um bom dia.

Dou um beijo em seu rosto e ela acaricia meus cabelos ao retribuir.

-- Você também, filha.

Eu saio com a bolsa nas costas e coloco meus fones de ouvido com uma música agitada para tentar treinar meu auto controle. Nada de lágrimas, nada de olhares e nada de nada. O Chris morreu para você ou simplesmente nunca existiu. O maior castigo que posso dar para ele é mostrar que estou ótima e que não preciso dele para isso... Mostrarei que esqueci que ele existe e nem sequer ganhará um olhar meu, acabou, tudo acabou. E se algo for doloroso demais, guardarei as lágrimas para quando eu estiver sozinha e ninguém puder rir de mim por isso.

É isso, serei forte.

Chorei litros ontem e hoje estou mais forte.

Caminho pela rua enquanto ouço minhas músicas e como os salgados que peguei, mas ao chegar na rua da escola, já sinto uma negatividade intensa se aproximar.

Você consegue, Jill.

Você é forte, você pode fazer isso.

Respiro fundo, limpo minhas mãos e continuo em frente. Quando chego na área, vejo que tudo parece normal, cada um com seu grupinho de sempre e o foco permanecia apenas neles. Ninguém virou para me olhar, ainda bem. Pelo menos alguma ajuda alguém lá de cima resolveu me dar hoje.

Só que ao chegar perto da entrada, eu vejo... Ele. Meus pés diminuem os passos e meus olhos fixam nele que conversava com o amigo que eu achava que era o único decente, aquele tal Piers.

Dois mentirosos.

Como pude ser tão estúpida?

O Chris estava com uma expressão péssima enquanto falava com ele que parecia muito bravo por alguma coisa. Mas meus olhos ficaram apenas no garoto que deixou meu coração em frangalhos... Chris.

Por que fez isso comigo?

Você me deixou completamente louca por você... Por mais que eu tenha tentado lutar contra isso e tentado me esquivar de você, não teve jeito. E acho que nunca teria. Agora fiquei eu com meus cacos e você aí, podendo continuar sua vida como sempre e pegar geral como de costume.

Espero mesmo que seja feliz.

Faça o que sempre gostou e aproveite.

Mas bem longe de mim.

Quando ele vira subitamente e os olhos vêm em minha direção, eu desvio e entro apressada na escola respirando fundo.

O que tínhamos combinado?

Sem olhares, não é?

Respiro fundo tentando me conter, até que alguém toca em meu ombro e viro bruscamente para ele que estranha o meu jeito. Então recomponho minha expressão e dou um leve sorriso forçado.

-- Monitor...

-- Novata... Problemas?

-- Não, eu só... Me assustei.

-- Certo, bom, eu me lembrei que esqueci de te dar a chave do armário, então aqui está... Desculpe, me fugiu mesmo da cabeça.

-- Ah, tudo bem... Obrigada.

Ele estende a chave e a pego, então sorri e sai dali. Olho para chave e vejo “101” escrito, mas eu não estava a fim de andar pelos corredores agora com a chance de esbarrar no Chris.

Sigo para sala rapidamente, feliz por ser Química, mas infeliz por saber que o Chris estaria nesta aula com a idiota pomposa... E também porque não havia sinal do Carlos por ali.

Respiro fundo e sento colocando meus livros e caderno na mesa, deixando pronto para começar a aula. Abro o livro e começo a ler o capítulo novo, rascunhando no caderno os exemplos dados e os exercícios propostos, conseguindo desviar os demais pensamentos.

-- Jill?

Dou um salto ao ver o professor na minha frete e ele sorri.

-- Desculpe, não queria te assustar.

-- Tudo bem, eu... Eu que ando assustada ultimamente.

Talvez porque eu espere que alguém indesejado me procure... Ou porque lá no fundo eu queira que ele faça isso.

Droga!

O Chris já era, Jill... Acabou!

-- Bom, já que está por aqui, entregarei sua prova.

-- Ah, sim, obrigada.

Ele abre sua maleta e tira algumas folhas dali pegando a primeira colocada. Quando me entrega sorrio levemente por ver que tirei a nota máxima, mas ele senta apoiado em sua mesa e me observa.

-- Está tudo bem, professor?

-- Gosta de Química, Jill?

Opa... Será?

Carlos comentou do grupo dele e eu amaria participar.

-- Na verdade eu pretendo fazer faculdade de Química... Se eu continuar com boas notas, talvez eu consiga bolsa e talvez eu possa fazer.

-- Faculdade?

-- Sim...

-- Reparei que sempre tira boas notas e como esta prova foi surpresa, bom... Deu para ver que você é estudiosa. Também vejo que faz tudo o que peço e seus trabalhos sempre estão na maior perfeição desejada.

-- Obrigada, professor.

-- Se está precisando de bolsa, além das suas notas altas poderia entrar em algum grupo de estudos... Eu tenho um.

Bingo!

-- Seu parceiro está nele, o Carlos... Assim como minha filha e sua amiga, Sherry e mais alguns alunos brilhantes como você. Dificilmente faço este convite para alguém, mas você se mostrou muito digna, então eu gostaria muito que você aceitasse participar.

Eu finalmente sorrio sinceramente e ele me acompanha.

-- Eu ensino Química mais avançada, fazemos experimentos e tudo que for da curiosidade ou necessidade de algum de vocês, nós realizamos. É um grupo excelente e acredito que você seria de grande valia.

-- Puxa, professor...

-- Mas tem um detalhe... Os horários batem um pouco com algumas aulas normais, então terá que conversar com seu professor de Educação Física e ver se ele te libera, porque eu já olhei em seu horário e são nas aulas dele que minhas aulas estarão.

-- Então vou perder mesmo Educação Física?

-- Sim...

Ele fala meio receoso, mas eu rio totalmente feliz sabendo que a esperança sobre isso que o Carlos colocou em mim também se confirmou.

Educação física... NUNCA MAIS.

E mais uma chance de permanecer longe do Chris... Perfeito.

-- É perfeito!

-- Não gosta?

-- Na verdade é a matéria que não gosta de mim... Sou boa na matéria dada, mas quando me dão uma bola eu sou um horror.

-- Ótimo... E então, aceita?

-- Com certeza!

-- Excelente!

Ele levanta parecendo animado com minha resposta.

-- Eu escreverei um aviso ao seu professor e você conversa com ele... As aulas iriam começar esta semana, mas foram adiadas por problemas no laboratório, só que semana que vem começamos sem falta!

-- Muito obrigada, professor!

-- Eu que agradeço, Jill.

-- Prometo não decepcioná-lo!

-- Sei disso, tenho muita fé em você.

-- Obrigada.

Ele pisca gentilmente para mim e quando o sinal toca, alguns alunos já começam a entrar e ele se afasta separando as provas e voltando a expressão séria de antes.

Eu consegui!

Essas aulas farão muito bem ao meu currículo!

Finalmente algo que preste nessa escola!

Obrigada, Carlos!

Sorrio sozinha voltando aos meus exercícios me sentindo animada com a ideia, mas ao ouvir risinhos toscos se aproximarem levanto o olhar e vejo o time de futebol entrar e ir sentar no fundo sem nem olhar para mim. Mas a miss sensação me encarou com um sorriso vitorioso e revirei os olhos, só que dois segundos depois o Piers entra e o Chris vem junto.

Ele olha para mim...

A felicidade de poucos minutos atrás desaparece completamente.

Os olhos dele ao me encararem me dão a sensação de ser atingida por uma flecha em meu peito que rasga minha alma. Quando vejo que ele diminui o passo próximo a minha mesa, eu desvio e continuo a fazer os exercícios sentindo os olhos dele grudados em mim.

Assim que todos sentam, o professor começa a entregar as provas e a maioria faz cara feia. Ele me entrega a do Carlos para devolver a ele e não me surpreendo em ver que também tinha tirado nota máxima.

Onde você está, Carlos?

Minha preocupação está me comendo viva.

E algo me diz que é tudo culpa minha... Tenho medo de ver como ele está quando resolver voltar a frequentar as aulas.

-- Vamos começar!

O professor chama a atenção da turma que para variar a bagunça estava acumulada com o timinho de futebol e as líderes do piriguetismo. Ele se aproxima de lá e eu me viro para pegar meu caderno de anotações na bolsa, mas vejo a turminha nem aí e o professor a ponto de ter uma crise de nervos. Só que ao ver minha perdição ali sentado de olhos baixos e completamente calado, meu coração palpita no peito e sinto uma saudade avassaladora dele.

Seus olhos...

Seu sorriso...

Seu carinho...

Quando ele levanta os olhos ele olha diretamente para mim e posso ver a tristeza estampada em seu rosto. Mas volto a me virar e abro meu caderno de anotações novamente me punindo por deixá-lo ver meu olhar.

Controle-se, Jill.

Foque até em uma mosca voando, mas não nele.

Acabou...

Sim, acabou.

 

* * * Leon * * *

 

É claro que o Chris estava puto com todos nós. Apesar de não termos ajudado a Jéssica a inventar a brincadeira, estávamos lá, então já bastou para ele mal olhar na nossa cara desde que chegou.

Mas reparei no jeito quieto e na tristeza escondida por trás daquela expressão brava... E quando vi o olhar dele ir para Jill e ela olhá-lo totalmente indiferente e virar o ignorando, ficou mais do que na cara.

Eles brigaram.

E brigaram feio.

Porque nunca vi meu amigo nesse estado.

Eu já sabia há tempos que ele estava a fim da garota e com a sua insistência e olhares notei que era um pouco mais. Então o jeito bobo dele só foi aumentando e quando beijou a garota na festa no meio de todo mundo e ficou a olhando daquele jeito, estava mais do que na cara que ele se apaixonou.

Isso é muito bom.

O Chris é um amigo fantástico e eu torcia para que aquele tesão todo pela Jéssica fosse logo substituído por um sentimento mais concreto por alguma garota que valesse a pena. E a Jill fez isso. E parece que vale muito a pena.

Será que foi só pela brincadeira?

Ou tem algo a mais?

Eu poderia falar com ela e dizer que foi mentira da Jéssica, que o Chris não teve nada a ver e que eu a chamei a pedido dela e não dele. Talvez ajudasse, mas talvez ela me desse na cara assim que eu me aproximasse.

Será que ajudaria?

Me sinto péssimo vendo o Chris assim e sabendo que tenho grande parcela de culpa nisso... Ele finalmente gama por alguém bacana e olha o que nós, os “amigos” dele fazemos. É claro que a Jéssica foi a maior culpada, mas quando elas disseram “não podem perder a brincadeira da noite”, fomos todos para lá e com a cerveja já fazendo nossa cabeça, pareceu divertido. Só que quando eu vi a garota lá caída no chão chorando por pensar que foi o Chris que planejou aquilo, minha garganta ardeu e me senti um monstro.

Talvez se eu falar com ela ajude em alguma coisa.

Quando o sinal toca, a maioria levanta e reparo que o Chris olha novamente para Jill esperando alguma atitude dela, mas ela nem olha para o nosso lado. Ele a acompanha com o olhar até sumir de vista e respira fundo desviando e saindo desanimado da sala.

Preciso falar com ela.

Preciso ao menos tentar ajudar.

-- Eu já vou... Encontro vocês mais tarde.

Saio apressado dali e vejo o Chris ir para direção oposta da Jill, provavelmente tendo aulas diferentes, então aperto o passo em direção a ela e respiro fundo antes de tocá-la no ombro. Ela já vira com uma péssima expressão e ao me ver, consegue piorar mais a cara de raiva.

-- E aí, Jill...

Ela não responde, então decido ser rápido.

-- Olha, eu não vou me explicar porque acho que não adianta e você não vai querer me ouvir, mas... Eu preciso falar que o Chris não teve NADA a ver com aquela brincadeira idiota. E ele expulsou todo mundo da casa dele depois que soube daquilo, então não é certo você continuar a pensar que foi ele o responsável.

-- Ele pediu para falar comigo?

-- Não, ele mal está olhando na nossa cara... Eu sei que você deve me odiar e com toda razão, embora eu não soubesse do grau da brincadeira. O Chris jamais faria algo do tipo com você, ele está completamente na sua.

-- Já acabou?

Ela me olha entediada e quando vou abrir a boca, ela sai.

-- Desculpe...

Eu falo normal, mas ela já estava longe sem nem me olhar mais.

É, parece que ferrou...

Mas fiz o que eu podia, pelo menos até agora.

Então respiro fundo e saio dali em direção ao meu armário para pegar o livro do História, mas no caminho dou de cara com a Ada.

Ela finge que não me vê e eu faço o mesmo.

Não nos falamos desde aquela briga... Eu falei coisas muito ruins para ela, mas por pior que eu odeie admitir, ela mereceu. Não reconheço mais a garota sedutora, incrível e inabalável por quem me apaixonei como um louco.

Onde está minha Ada decidida?

Minha Ada com personalidade própria?

Ela sumiu.

Tenho medo de tê-la perdido para sempre.

E mesmo sabendo que ela está triste e magoada pela briga, sei que ela é orgulhosa demais para vir me pedir desculpas ou sequer falar comigo. Sempre fui eu quem correu de atrás, mas desta vez quero deixar como está para ver se ela ao menos uma vez vem tentar acertar as coisas entre nós.

Sou louco por ela!

Sinto uma coisa de outro mundo!

Ela é linda, sexy, decidida e incomparável.

Mas de uns tempos para cá ela começou a virar meio cópia da Jéssica e não gosto nada disso. Então ela que virá de atrás de mim desta vez ou ficaremos assim por um longo tempo, porque não estou a fim de ir de atrás dela como sempre.

Também tenho dignidade.

E também tenho orgulho próprio!

Desvio do pensamento e ao entrar no corredor do meu armário, levanto o olhar e vejo alguém enfiando algo nele. Ao me aproximar, vejo a garota enfiando um envelope semelhante ao da confusão toda da Helena com a Ada e paro diante dela que dá um salto ao me ver.

É a garota do jornal...

Ingrid, é isso?

-- L-Leon... O-Oi.

Não acredito...

Então foi ela a autora disso?

Minha briga com a Ada e aquela cena ridícula foi por causa dela?

-- O que enfiou no meu armário?

-- A-Ah... Nada!

-- Você que colocou aquela carta no meu caderno?

-- A-Ah... Q-Que cart-ta?

A expressão de culpa dela ficou mais do que óbvia, então reviro os olhos e a encaro feio vendo que ela se assusta.

-- Você sabia que eu tenho namorada?

-- S-Sim, mas...

-- E sabia que ela bateu em uma garota inocente achando que foi ela a autora daquela carta ridícula que você enfiou no meu caderno?

-- S-Sim, mas...

Eu me aproximo dela com um tom mais ríspido e vejo que ela se encolhe vendo minha atitude, mas olha como boba para minha boca.

-- Se eu achar mais alguma droga dessa você vai se dar mal... Porque vou falar para Ada e ela que vai se entender com você.

Ela me olha assustada agora e desvio abrindo meu armário a ignorando, então pego o livro e a carta, o fecho e amasso a carta a jogando no lixo bruscamente. Sei que ela vê tudo, mas não ligo, apenas sigo para sala de aula bravo em pegar aquela cena.

Dá para acreditar?

Aquela briga foi ridícula!

Mesmo se tivesse sido a Helena a autora daquela droga, jamais justificaria a atitude da Ada... Mas para piorar, a coitada não teve NADA a ver com isso. Preciso me desculpar com ela por tudo, porque fui eu quem interpretou errado e ainda por cima contei para doida da Ada.

Preciso me desculpar...

Droga, será uma completa humilhação.

Mas a garota apanhou!

E sem culpa alguma!

Vou falar com ela.

 

* * * Jéssica * * *

 

A mesa na hora do refeitório estava um porre... Os meninos do time mal olhavam para nossa direção, a Ada evitava a todo custo olhar para o Leon que estava sentado ao seu lado e o Chris não tinha aparecido ali.

Ele está nos evitando...

É claro que está.

Depois da “brincadeirinha” com a novata tão amada dele, parece que está nos vendo como completos inimigos. Idiota. Mas o que ele não sabe é que apenas o ajudei a criar um laço mais forte entre os dois, afinal, é disso que preciso, que se amem loucamente até eu destroçar aquela garota sem noção que entrou na MINHA escola achando que poderia ser o centro das atenções.

É apenas uma fase...

Eles brigaram, mas vão voltar e o sentimento estará mais forte.

Eu precisava que ela soubesse de algumas mentirinhas dele, porque então ele correria como doido de atrás dela fortalecendo o que sente da mesma forma que não a deixaria esquecê-lo. E em algum momento haverá uma hora em que os dois não se aguentarão mais e voltarão a ficar juntos... E estarão tão apaixonados que minha vingança será como tirar doce de criança.

Ela já sofreu tanto...

Talvez eu até sinta pena dela!

NÃO ME FAÇA RIR!

EU QUERO QUE ELA MORRA, DANE-SE, NÃO ESTOU NEM AÍ!

Ela vai sofrer... SIM, ELA VAI!!!

Sorrio para mim mesma enquanto coloco na boca um pouco do meu pudim e vejo ela pegando algumas coisas na fila de comida. Meus pensamentos correm me fazendo rir baixo agora, então quando ela se vira para nossa direção provavelmente para seguir para mesa daquelas garotas chatas e sem graça que também estão na minha lista, eu desvio.

Quando vejo com o canto do olho que se aproxima, eu levanto e ela dá de cara comigo parando e me encarando feio, então eu ri.

-- Ah... Novata... Foi mal, aí.

Ela apenas me encara feio e não fala nada, então quando vai desviar de mim para passar, eu me coloco na frente dela de novo e rio.

-- Foi mal de novo...

-- O que você quer, Jéssica?

-- Ah, nada de mais... Só queria conversar, querida.

Eu a encaro com um sorriso largo, mas ela me olha tão feio que sinto que queria me matar ali mesmo. Então quando vejo que minha mesa estava completamente em silêncio provavelmente assistindo a cena, eu cruzo os braços.

-- Mas e aí... Como vai a vida?

-- Ótima!

-- É mesmo?

-- Sim!

-- E o Chris?

-- Ué, ele não está aí escondido debaixo da sua micro saia?

Eu ri com a ironia dela, mas não pela piada em si, mas pelo jeito dela em querer me ofender ou algo do gênero, afinal, ultimamente não há o que me tire o bom humor... Tudo vai a mil maravilhas!

-- Conseguiu tirar toda a meleca do cabelo?

-- Não está vendo?

-- Hum... Mas me diz... Qual foi a sensação de ser humilhada no meio do grupo mais popular da escola, deles rirem da tua cara, sair novamente no jornal e ainda descobrir que seu amado Capitão não fez nada além de te usar para me agradar?

O olhar dela me passa exatamente a vontade de me estrangular, mas eu rio novamente sabendo que ela era “boazinha” demais para fazer algo contra mim, então ela sorri do nada desviando por um segundo e ao voltar os olhos em mim ela sorri forçadamente.

-- Olha... A decepção que ele causou em mim eu acho que você não entenderia nem se eu explicasse, já que parece que você não tem um coração para se apaixonar por alguém.

Eu rio do jeito dela, então ela sorri e olha para bandeja dela antes de me encarar.

-- Mas a questão de ser lamecada por algo gosmento e rirem da tua cara... Talvez eu possa mostrar bem qual é a sensação.

-- O que voc...

Antes de eu terminar a frase ela já havia pego o pudim dela e esfregado na minha cara e no meu cabelo, mas quando eu grito apenas escuto risadas e ela se destaca quando eu limpo meus olhos e a olho agora sem sorrir.

-- Foi mais ou menos assim...

Quando ela desvia de mim e olha para minha mesa, eu vejo que encara a Ada e o Leon, então ela sorri e se apoia para mais perto deles.

-- Ah, você é a amiguinha dela... Esse aí é seu namorado, é?

A Ada contendo um riso as minhas custas a olha desconfiada e apenas concorda, então a novata dá uma gargalhada e o Leon a olha estranha.

-- Então você deve ter ajudado essa idiota a me trancar no vestiário masculino também... Sabia que foi seu namorado que abriu a porta? E sabia que eu caí no colo dele enquanto estava apenas de cueca?

Ada perde o sorriso no mesmo instante e o Leon ri sem parecer se preocupar com a voadora que levaria da ainda namorada, então a Jill riu e se aproximou dela para cochichar, mas deixou que os demais ouvissem.

-- Entendo porque você está com ele!

Quando ela vai sair eu me meto na frente dela novamente e ela ri.

-- Quer mais alguma explicação?

Eu olho ao redor e vejo que agora todos nos encaram e escondem risos as minhas custas, então volto a encará-la sorrindo ao ver o Chris surgir lá atrás com o Piers que com certeza foi correndo contar a ele.

-- Tudo bem, se jogar pudim em minha alivia sua humilhação, eu deixo... Porque imagino como foi doloroso você confiar no Chris e depois descobrir que ele só mentiu desde o início... Você achou mesmo que o bam-bam-bam do colégio se apaixonaria por uma sem sal como você?

-- Jéssica!

Quando o Chris surge ele ri.

-- Gostei da nova maquiagem... Realça o seu eu.

Eu o encaro feio, mas ele me olha ainda pior e eu sabia que ele me colocaria no chinelo se eu continuasse a provocar a amada novata dele, então olho para minha bandeja e pego meu macarrão jogando na cara dela.

-- E eu gostei da brincadeira, querida...

-- GUERRA DE COMIDAAAA!!!

Alguém grita de alguma direção e toda a comida começa a voar em todas as direções, mas ao sentir mais alguma coisa tacada na minha cara pela Jill eu sinto meu sangue pulsar e vou para cima dela sem mais comida ouvindo a gritaria tremenda ecoando no lugar.

Só que mesmo comigo partindo para pancadaria, ela não se reprimiu e me acompanhou parecendo querer me fazer apanhar do mesmo jeito que eu queria fazer nela.

-- Ei, já chega!

O Chris se mete no meio de nós duas e nos afasta por meio segundo, mas nisso a Jill consegue pegar na ponta do meu cabelo e me puxar para perto me fazendo gritar. Mas ao sentir  um tapa forte no meu rosto eu gemo, só que volto para cima dela batendo até no Chris que se afasta.

A comida continuava a voar, a gritaria estava alta e as risadas também, Algumas pessoas corriam para fugir daquilo, mas eu e a novata tínhamos mais coisas para acertar. Só que alguém me agarra por trás me afastando dela ao mesmo tempo em que o Chris a segura e mesmo assim, tentamos nos soltar para nos pegarmos de novo, mas não nos deixam.

-- Calma, Jill... Calma.

Ele a segura e ela para de tentar vir em minha direção, parecendo extremamente brava enquanto me encarava. Mas quando eu invisto novamente para cima dela, os braços que me seguravam me puxam para longe.

-- Para, Jéssica!

Quando eu escuto aquela voz soar próxima a mim, eu congelo e meu coração palpita no peito de nervosismo e... O que ele faz aqui? Ele não estava na sala de aula, o que faz aqui? E por que veio me segurar?

Droga...

Os braços dele ao redor de mim me causam um arrepio que há tempos quase infinitos eu não sentia e toda aquela irritação se esvaiu deixando espaço apenas para uma aflição e dor incomparáveis.

-- JÁ CHEGA!!! QUE PALHAÇADA É ESSA DAQUI???

Quando a voz do inspetor ecoa pelo lugar, a comida para assim como os gritos e risadas. O lugar estava uma tremenda bagunça. Comida espalhada por todo o lugar e as pessoas imundas pelo feito.

-- QUEM COMEÇOU COM ISSO???

Ao perguntar, todos apontam para nós duas que desviamos da expressão incrédula dele ao se aproximar de nós. Os passos dele soam firmes e eu sentia a raiva dele emanando de seu corpo quando parou diante de nós.

Droga... Nos ferramos.


Notas Finais


BRIGA!
GUERRA DE COMIDA!
Como escrever um colegial sem colocar a “típica” guerra de comida?
E a Jill com a Jéssica precisavam se pegar, então foi!
Será que ficarão muito encrencadas?
E quem está segurando a Jéssica?
E voltando um pouquinho... Como será o papo do Leon com a Helena?
Será que ele fez bem em falar com a Jill?
E como ficará nosso casal Valenfield com ela querendo se fazer de difícil sem nem ao menos olhar para o galã que parece extremamente abalado?
MUITA COISA PARA ROLAR POR AQUI \o/ \o/ \o/
Espero que tenham gostado!
Até a próxima *--*
Bjooon :-)


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