História Una Nuova Possibilità - Capítulo 8

Acordei cedo, mas continuei deitada, rolando na cama e pensando sem parar no Matteo. Não conseguia esquecer nossos beijos, é como se ainda pudesse sentir o gosto dele em meus lábios, foi tudo tão perfeito.

Agora eu realmente sentia que o que tinha entre a gente é especial, único e não é nenhum reflexo do que ele algum dia sentiu pela minha irmã e ter essa certeza me deixa extremamente aliviada e feliz.

A cada segundo fico ainda mais apaixonada pelo Matteo, ontem ficamos até tarde falando no telefone e hoje ele passará aqui mais tarde para nos vermos.

Saber que em breve eu terei que ir embora começou a me deixar angustiada, não quero me afastar do Matteo e não sei se ele estaria disposto a continuar comigo apesar da distância, nem sei ainda como tocar nesse assunto com ele, só sei que não quero que o que estamos vivendo acabe, acho que eu não suportaria perdê-lo.

Miguel já tinha ido trabalhar, antes passou aqui no meu quarto para se despedir, eu estava feliz por vê-lo voltando a sua rotina.

Depois de mais um tempo rolando pela cama me levantei, tomei um banho, fiz minha higiene e me troquei. Voltei para o quarto e meu celular começou a tocar... Era Lilly, pensei em desligar, como sempre faço, mas num impulso atendi, uma hora nós teríamos que nos falar.

–Ah meu Deus, nem acredito que você me atendeu. – ela disse animada.

–É, nem eu acredito. – suspirei.

–Luna, nós precisamos conversar, você não faz ideia do quanto estou péssima, estou sem você aqui, sabendo o que aconteceu com sua irmã e...

–Você podia ter vindo pra cá. – a interrompi.

–Não podia, não conseguiria... – ela ficou em silêncio e depois de um longo suspiro voltou a falar. –Como você está? E seu pai?

–Estamos bem na medida do possível, vir pra cá foi à melhor decisão que já tomei em minha vida... Eu queria muito ter crescido aqui, com meu pai, minha irmã, com as pessoas maravilhosas que conheci.

–Me perdoe. – ela pediu num sussurro.

–Só te atendi agora pra dizer que estou bem, não precisa se preocupar, daqui uns dias vou para a faculdade. – eu ainda não estava pronta para perdoá-la.

–Quando você chegar conversaremos então. – ela disse.

–Okay... Mas eu vou ficar no alojamento na faculdade, já está tudo acertado e vai ser melhor assim, só vou passar em casa pra pegar umas coisas.

–Luna porque não conversamos com calma primeiro? – ela pediu.

–Isso já está decidido, mas quando eu chegar aí nós conversamos, agora preciso desligar.

–Se cuida, filha, eu amo você. – ela disse e então eu desliguei o celular.

Ainda fiquei com ele em minhas mãos por um tempo, meus olhos marejaram, imagino como Lilly deva estar sofrendo e sinto falta dela, mas eu ainda estava muito magoada, ela não tinha o direito de ter feito tudo que fez comigo.

Respirei fundo algumas vezes e me levantei indo até o lugar onde eu tinha guardado o diário da Sol e o peguei voltando para minha cama.

Eu ainda não tinha lido nada nele, nem tinha comentado sobre ele com alguém, mas agora que as coisas estavam se acertando e voltando aos trilhos está na hora de ler o que tem aqui, acho que assim será uma ótima maneira de eu conhecer mais da minha irmã.

Me acomodei na cama e abri o diário... No começo só encontrei relatos de seus dias, coisas banais, mas que me fizeram sorrir, li cada palavra querendo poder arrancá-las dali e vivenciá-las, o que eu mais queria era ter vivido tudo aquilo, mesmo as coisas mais banais, ao lado da Sol.

Mas quanto mais ia lendo mais o nome do Matteo foi aparecendo, passeios que os dois faziam, tardes inteiras na garagem da casa dele... Também comecei a ver coisas sobre o Simón, ela parecia bem feliz com ele, mas não tinham muitos detalhes...

Até que cheguei em uma página onde vi meu nome e parei, meu coração acelerou quando comecei a ler em voz alta.

“Hoje meu pai encontrou uma pista sobre onde Luna pode estar, ele ficou tão feliz, e eu também... O que mais desejo é um dia poder rever minha irmã, daria tudo para tê-la aqui ao meu lado agora.”

Lágrimas correram por meu rosto, mas as sequei... Passei mais algumas páginas e vi meu nome de novo então parei e li atentamente... Era de alguns dias depois daquele primeiro pedaço que li.

“A pista que papai achou dias atrás não deu em nada, mais uma vez chegamos perto, mas não encontramos a Luna... Sinto falta dela, ainda tenho algumas lembranças nossas... Também sinto falta da minha mãe, mas fico magoada por tudo que ela fez, por ter ido embora me deixando e carregando minha irmã com ela... Papai tem medo do que pode ter acontecido com elas, tem medo do que Lilly pode ter dito a Luna, de ela ter inventado alguma mentira para minha irmã... Também tenho medo disso! Agora papai se trancou no quarto e está chorando, assim como eu... Preciso do Matteo, vou ligar pra ele.”

Não consegui mais controlar as lágrimas... Isso tinha sido escrito alguns meses atrás. Não pude deixar de perceber que ao invés de citar o Simón ela citou o Matteo, disse que precisava dele, estava bem claro que Sol realmente sentia algo forte por ele.

Voltei a ler, pulando algumas partes, até que parei em outro trecho.

“Hoje passei o dia todo com o Simón e foi incrível, ele me trata como uma princesa e realmente o amo, mas no final do dia acabamos brigando de novo, e por causa do Matteo... Simón nunca vai deixar de sentir ciúmes... O pior é saber que no fundo ele tem um pouco de razão, acho que uma parte minha sempre vai ser meio apaixonada pelo Matteo, nunca vou conseguir me desligar completamente dele.”

Foi só a confirmação do que eu já sabia... Sol realmente foi apaixonada pelo Matteo. O diário era desse ano, não tinha detalhes do que aconteceu antes, de quando ela conheceu o Simón, mas ficou claro que ela o amava, só que também não conseguia se desligar completamente de seus sentimentos pelo Matteo.

Suspirei e voltei a ler.

“Ainda me lembro de quando comecei a perceber que estava apaixonada pelo meu melhor amigo, mas Matteo nunca me olharia desse jeito, eu sou só uma irmãzinha pra ele, apesar de Simón insistir em dizer o contrário, vivi muito tempo esperando algum sinal do Matteo, alguma declaração, mas esse dia nunca chegou e então o Simón apareceu e eu me entreguei... Amo o Simón, ele me conquistou e não consigo me imaginar sem ele, odeio quando brigamos, mas quando estou com o Matteo... Deus! É como se minha paixão por ele estivesse só adormecida! Às vezes fico tão confusa... Mas acho que tudo aconteceu como tinha que ser.”

Eu não sabia direito o que estava sentindo ao ler tudo aquilo, era inacreditável como ela e o Matteo foram cegos ao não perceberem o que um sentia pelo outro... Mas tem coisas que acontecem nas nossas vidas que simplesmente não tem explicação, acho que toda essa situação é uma dessas coisas.

Por um segundo imaginei como seria se eu tivesse voltado quando Sol estivesse viva, eu me apaixonaria pelo Matteo, ele por mim e como ela reagiria? Sacudi a cabeça afastando esses pensamentos, não ia me fazer nada bem ficar pensando assim.

Voltei a ler algumas páginas do diário, pulando algumas partes e me concentrando em outras.

Até que fui para a última página escrita, tinha sido no dia do acidente.

“Hoje vou ficar com o Simón na casa dele, ele disse que tem uma surpresa, estou ansiosa... Ultimamente ele vem falando sobre darmos um passo maior, transformar nossa relação em algo ainda mais sério... Perguntei se ele estava pensando em me pedir em casamento, mas ele só sorriu e ficou calado... Espero que essa ideia não esteja passando pela cabeça dele... Ainda somos tão novos, vamos para a faculdade... Amo o Simón, mas não me sinto pronta para algo assim...”

Sorri ao ler isso, pelo visto ela já tinha percebido as intenções do Simón e deu para entender o porque ela disse não, acho que eu também diria não no lugar dela, não consigo me imaginar casada tão nova assim, Simón quis atropelar as coisas e ela não estava pronta, pensei em mostrar isso a ele, mas achei melhor não, ali ela escrevia também sobre seus sentimentos pelo Matteo, e apesar do Simón já saber disso ele não precisava ler assim.

O tempo se encarregaria de curar as feridas dele e eu o ajudaria se pudesse.

Me acomodei melhor na cama, enxuguei as lágrimas que ainda corriam em meu rosto e me preparei para ler mais do diário, voltar nas páginas que eu tinha pulado... Mas antes mesmo de começar escutei baterem na porta.

Olhei para o relógio e me assustei ao ver que já tinha passado da hora do almoço, perdi a noção do tempo aqui e ainda nem tinha comigo nada ou preparado algo para o almoço, sorte que o Miguel avisou que não viria almoçar em casa.

Guardei o diário com cuidado, deveriam ter outros por ali, se tivesse eu os acharia.

E então saí do quarto e desci correndo para abrir a porta, meu coração já disparava, afinal só podia ser o Matteo.

Abri a porta e o encontrei parado ali, lindo como sempre e com um largo sorriso nos lábios.

Sorri me jogando em seus braços e suspirei quando ele me apertou contra seu corpo e me deu um beijo terno e suave, mas que se intensificou até nos deixar completamente ofegantes.

–Perdi a noção do tempo, nem almocei ainda. – sorri o puxando pra dentro e fechando a porta. –Já almoçou?

–Não, pensei em irmos até o centro comer alguma coisa por lá... Está tudo bem? – ele acariciou meu rosto e eu assenti. -Parece que você andou chorando.

Sua expressão ficou preocupada e ele me deu um selinho demorado.

–Estou bem, não se preocupe.

–Não é nada sobre a gente né?! – ele franziu o cenho. -Quer dizer, você não se arrependeu ou algo do tipo e...

–Matteo, claro que não. – ri me esticando na ponta dos pés para lhe dar mais um beijo. -Nunca vou me arrepender disso, eu estou apaixonada por você.

Corei um pouco e ele abriu um largo sorriso me erguendo e me abraçando com força.

–Não sabe como é bom ouvir isso Luna, eu também estou completamente apaixonado por você... Nunca me senti assim antes. – ele sorriu e comigo ainda em seus braços fomos para a sala e nos sentamos no sofá. -Quando cheguei em casa meu pai logo percebeu que tinha acontecido alguma coisa, ele ficou feliz quando eu disse que nós dois estamos juntos.

–Então nós dois estamos mesmo juntos?! – sussurrei pegando sua mão e entrelaçando nossos dedos.

–É claro que sim... Você aceita ser minha namorada, Luna Valente? – ele segurou meu rosto me obrigando a olhá-lo e eu ri.

–Sim, é o que eu mais quero. – lhe beijei e rimos. -Mas você sabe que logo eu terei que ir embora, como vamos fazer?

–Não se preocupe com isso, dará tudo certo. – ele disse e parecia bem confiante, o que me deixou intrigada.

–Como assim? – perguntei, mas ele só riu e me beijou.

–Confia em mim, okay?! E vamos aproveitar enquanto você ainda está por aqui.

Sem outra alternativa eu assenti.

–Então vamos sair para comer alguma coisa? – ele perguntou.

–Vamos sim, aproveito para passar numa livraria, preciso comprar um livro novo que estou querendo há um tempo. – me levantei.

–Vou me trocar rapidinho e já volto, me espera okay?!

–Tudo bem. – ele se acomodou melhor no sofá e eu subi correndo para meu quarto.

Me troquei e olhei para a escrivaninha onde guardei o diário da Sol, pensei em mostrá-lo agora ao Matteo, mas desisti, eu mostraria a ele sim, acho que é um direito dele ler, assim como mostrarei ao Miguel, mas num momento mais adequado. E no fundo acho que eu também tenho que estar preparada para a reação do Matteo ao ver que minha irmã realmente já foi apaixonada por ele também. Confio plenamente nele e nos sentimentos dele por mim, sei que o que temos é único, forte e especial, mas é claro que ele ficará abalado quando ler o diário da Sol e eu tenho que me preparar para isso.

Depois de já estar pronta desci e Matteo ainda estava no sofá. Ele se levantou sorrindo e me puxou para seus braços.

–Vamos?

–Vamos sim... Miguel não vem almoçar em casa? – ele perguntou enquanto íamos para seu carro.

–Ele disse que não. – falei e ele assentiu.

Entramos em seu carro e ele deu partida.

–Lilly me ligou hoje. – comentei e ele me olhou.

–Você atendeu?

–Sim, atendi por impulso, de qualquer forma não vou poder ficar fugindo dela para sempre. – dei de ombros.

–E como foi? – ele pegou em minha mão e a levou até seus lábios beijando-a.

–Nada bom, sei que ela está sofrendo e isso me parte o coração, mas ainda estou tão magoada. – sussurrei.

–Isso é completamente compreensível Luna, você precisa de um tempo e então vão conversar e com o tempo as coisas vão se ajeitar.

–Espero que sim Matteo, amo minha mãe, mas ainda não me sinto pronta para perdoá-la, não sei como as coisas vão ser entre a gente de agora em diante, ela costumava ser minha melhor amiga. – murmurei, isso tudo realmente me angustiada.

–Não fica assim, minha linda, vai dar tudo certo, e eu sempre vou estar ao seu lado. – ele sorriu voltando a beijar minha mão.

Isso me deixou mais calma, tê-lo ao meu lado realmente fazia tudo parecer muito mais fácil.

Ele ligou o rádio, uma música animada começou a tocar e começamos a conversar sobre assuntos mais leves e divertidos, estávamos indo para o centro da cidade, mas logo passamos em frente ao cemitério e fiquei calada, eu ainda não tinha ido até o túmulo da Sol, ainda não me sentia pronta, mas eu viria logo e traria lindas flores.

–Ei, tudo bem? – Matteo perguntou carinhosamente ao perceber que tinha me calado.

–Sim... – sussurrei. -Logo virei aqui.

Continuei a olhar para o cemitério enquanto passávamos por ele.

–Não precisa ter pressa, venha no seu tempo. – ele sorriu.

Assenti, me virei de novo pra ele e voltamos a conversar... Estando com o Matteo eu tinha a maravilhosa sensação de que tudo daria certo.