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História Unbreakable - "E você faz parte desse legado, Angelique."


Escrita por: _sunnie_ e Baby_unnie

Capítulo 1 - "E você faz parte desse legado, Angelique."


"Mas há um grito interior que todos tentamos esconder
Nós suportamos tanto, não podemos negar
Nos come vivos, isso nos come vivos
É, há um grito interior que todos tentamos esconder." (Bird set free - Sia)

 

 

O som estridente do meu celular me faz abrir os olhos bruscamente, sendo arrancada de forma súbita do pesadelo agoniante. Eu olhei para os lados, ainda meio atordoada, até que peguei o celular que tocava insistentemente, era a minha mãe.

- Mãe? - Atendi, ainda meio desorientada.

- Ange? Pensei que já estava acordada! - Ela falava calmamente.

- Eu... Não dormi muito bem. - Admiti.

- Pesadelos? - Desta vez, percebi um tom mais preocupado.

- Sim... - Suspirei.

- Ah querida, eu não queria te acordar... - Ela começava a lamentar, mas eu realmente preferia estar acordada.

- Tudo bem mãe, não se desculpe! - Definitivamente eu preferia estar de olhos bem abertos, vivendo a realidade, do que estar presa em pesadelos gritantes.

- Ange, eu vou ficar fora o dia inteiro, então não saia de casa, hm? Tem que prometer isso. - Como sempre, ela conseguia ser bem paranóica, eu não podia entender isso.

- Unhum... - Foi tudo o que eu disse e desligamos o telefone.

Bem, eu tenho 18 anos, terminei o ensino médio ano passado, mas não consegui uma vaga na faculdade. Agora estou estudando para tentar mais uma vez esse ano, mas é tão difícil que quando eu paro para pensar na possibilidade, desanimo. Fora que minha mãe sequer me deixa sair para estudar, só o que me resta é Scott, meu melhor amigo desde sempre, ele é super dotado. Ele conseguiu vaga em 6 universidades diferentes mas decidiu que não era o que ele queria no momento... Idiota! Definitivamente não sabe aproveitar a própria inteligência.

Eu levantei da cama e calcei as pantufas de coelhinho, amarrei meu cabelo em um coque no alto da cabeça e coloquei meus óculos, eu não tinha um grande problema de vista, mas tinha dores de cabeça horríveis várias vezes ao dia, então por isso me foi receitado um óculos com pouquinho grau, apenas para descansar a vista. Eu estava passando pela sala, antes de chegar a cozinha, quando vi um papel posto por baixo da porta. Curiosa, fui pegar e ver o que continha.

"DOAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS , AQUELES QUE RESTAREM SERÃO QUEIMADOS POIS OS DONOS ESTÃO DE MUDANÇA E NÃO PODEM LEVA-LOS."

Eu fiquei observando o papel, o endereço estava no final da folha. "Rua dos anjos, n° 315" era o que dizia. Fiquei pensando por alguns momentos, livros didáticos seriam muito úteis para uma garota que precisa estudar e trabalhar duro por uma vaga na faculdade. Ainda com o panfleto em mãos, peguei o celular no bolso do moletom e disquei o número da minha mãe, chamou até que caiu na caixa postal.

- Ér... Mãe? Eu realmente precisei sair, estão doando alguns livros que vão me ajudar a estudar... Acho que não chegarei em casa muito tarde, provavelmente estarei aqui antes de você, mas preferi avisar... Um beijo. - Em seguida encerrei a ligação e desliguei o celular, sabia que assim que ela ouvisse a mensagem, iria ligar, pedir o endereço do lugar e ir atrás de mim, ou talvez até viesse correndo para casa para não deixar que eu saia.

Em menos de 30 minutos eu já havia tomado banho e me trocado, saí de casa com uma maçã verde em mãos e adentrei o primeiro táxi que vi. Passei para ele o endereço e o homem ergueu uma das sobrancelhas para mim, como se me julgasse por estar indo a tal lugar, eu preferi não fazer questionamentos nem comentários, apenas esperei até que chegássemos no local.

- Desculpe senhor... Deve haver um erro... - Eu comecei a falar assim que vi a casa onde ele havia parado. O lugar era digno de um filme de terror, parecia um mini castelo em uma rua deserta, deveria ter dois ou três andares, as paredes não tinham vestígios de já terem sido pintadas em algum momento, ervas daninha cresciam ao seu redor e outro tipo de planta envolvia boa parte das paredes, as janelas eram de madeira e estavam todas trancadas, e para completar, um portão gigante me impedia de adentrar a propriedade, não que eu quisesse por meus pés ali dentro.

- Não tem erro. Esse é o lugar do seu endereço. Anda garota, eu tenho que buscar mais pessoas! - Aquele homem parecia mal encarado, então eu o paguei logo e sai do carro.

A visão da casa/mini castelo era muito estranha, para ser um filme de terror, só faltava ser uma noite tempestuosa, mas ainda era de manhã, e o sol das 10 horas brilhava no céu. Eu já cogitava sair dali e voltar para casa, não havia a menor possibilidade de ter moradores em tal lugar, mas então um cachorrinho apareceu! Tão fofinho! Ele tinha o pelo bem branquinho, com uma mancha marrom na parte traseira, o pequeno animal latia de forma brincalhona para mim e eu coloquei a mão pela grade para poder lhe fazer carinho. E aí, a porta principal da casa se abriu, fazendo um rangido irritante e saiu de lá uma garota.

Ela deveria ter a minha idade, talvez um ou dois anos mais velha, tinha a pele tão branca quanto um papel, cabelo curtinho e laranja, olhos pintados com uma sombra preta muito forte e um batom vermelho sangue, suas vestes eram completamente pretas, uma blusa de manga longa e gola alta e uma calça justa. Ela parecia ameaçadora e eu logo recolhi a mão que usava para brincar com o pequeno cachorro.

- Ér... Eu vim... Pelos livros. - Falei, meio engasgada, enquanto ela parecia me estudar cuidadosamente com aqueles olhos frios e verdes.

- Ah... Entre. - Foi tudo que ela disse e isso me soou mais como uma ordem do que como um pedido. Eu já estava cogitando sair correndo dali, mas era um bairro muito estranho e dois caras estavam se aproximando, me olhavam fixamente. Talvez fosse pela falta de familiaridade com a rua, mas eu sempre desconfiava das pessoas e tinha medo, era horrível a ideia de ser roubada ou agredida por alguém.

Então, em uma análise mental rápida eu vi que tinha duas opções: Entrar logo, pegar os livros e esperar um táxi para chegar segura em casa... Ou ficar ali na rua, entregue a sorte. Decidi entrar. Eu passei pelo terreno até a porta e o pequeno cachorro me acompanhou. A casa por dentro era ainda mais estranha. Tinha uma decoração escura que dava uma sensação de tristeza, os moveis pareciam ser de outra época e aquilo conseguia ser tão desorganizado quanto o meu quarto. Eu cruzei os braços em frente ao meu corpo e fitei a garota estranha.

O clima estava bem estranho, ninguém falava nada, ela estava sentada em um sofá que eu poderia dizer que tem, no mínimo, 150 anos. O cãozinho, que estava perto de mim, saiu correndo até o outro lado do cômodo quando chegou um garoto. Ele é alto, muito branco, tinha o cabelo liso e azul, e os olhos puxados denunciavam sua herança asiática, ele se abaixou a afagou a cabeça do bichinho, mas logo se levantou e dirigiu os olhos puxados para mim, então eu percebi que ele tinha heterocromia, um de seus olhos era azul e o outro verde. Ele sorriu de forma brincalhona e acenou.

- Então você veio! - Ele falou e eu olhei ao redor para me certificar de que não havia mais alguém ali dentro, e ainda assim eu fiquei quieta, encolhida e assustada.

- Bem... Eu... Eu sinto muito incomodar - Minha voz saia quase engasgada - Mas mudei de ideia quanto aos livros... - Eles tinham o olhar fixo em mim, a menina estava um sorriso irônico e o menino ainda tinha um ar brincalhão, se aproximou de mim tão rápido que eu achei que a falta de sono talvez estivesse brincando com a minha cabeça, ele então passou por mim, chegou até a porta e a trancou.

- Aaah, mas você já quer ir embora? - Ele falava com uma falsa simpatia. Havia algo de negro em todo aquele humor.

- Eu... Eu tenho que ir a um lugar - Minha voz estava trêmula e eu sorria tentando mascarar o medo - Tchau... Tchau. - Mas assim que eu cheguei perto da porta ( e consequentemente, do garoto) ele agarrou o trinco antes de mim.

- Fique, fique mais um pouco. - Sua voz era melódica, mas me deixava ainda mais nervosa.

- Me deixe ir embora! - Eu pedi, claramente me desesperando, tentei tirar a mão dele da maçaneta, mas ele apenas riu.

- Eu não queria que as coisas fossem assim... - Ele suspirou com um falso desapontamento e outro sorriso brincou nos lábios carnudos do garoto. - Doug, pega ela.-

Estava claro que Doug era o pequeno cachorro com quem eu fiz amizade, quase ri na cara do garoto que achava que aquele filhotinho iria me por medo, mas assim que eu me virei, vi o cãozinho, tão frágil e brincalhão, se tornar um enorme cachorro, negro e ameaçador, eu dei alguns passos para trás, mas ele avançou em mim, me fazendo cair no chão e apoiando as suas patas pesadas em meu ombro, não aguentei mais e comecei a chorar. O que estava acontecendo? Era outro pesadelo? Eu iria morrer?

- Pare, por favor, mande ele sair, eu não deveria ter vindo... - As lágrimas quentes desciam pelas minhas bochechas, eu chorava como uma criancinha. Foi então que eu notei um par de coturnos pretos chegarem perto, era a menina de cabelos laranja.

- É o seguinte - Disse ela - Você para de chorar, para de querer fugir e fica bem, bem quietinha ou... Ou Doug pode ficar te segurando aí por muito, muito tempo. - A voz dela me causava arrepios, o que me deixava mais nervosa, fazendo com que eu chore ainda mais.

- Mas o que tá acontecendo aqui? - A voz atravessou a sala, o menino de cabelo azul e a menina de cabelo laranja se colocaram um do lado do outro e eu fechei os olhos com força. - Doug, já pode liberar nossa convidada. Obrigada por receberem ela tão bem. - Eu ouvia tudo, mas não entendia nada. Senti o peso do cachorro abandonar meu corpo, mas me mantive imóvel no chão, tremendo dos pés à cabeça - Vamos, Angelique, levante desse chão. - A voz era feminina e agora assumia um tom doce.

Eu abrir os olhos e tive que conter um grito ao me deparar com uma mulher estranha, de cabelos emaranhados, que trajava o que me pareceu ser um vestido de trapos, seus olhos eram negros e profundos e eu respirei fundo para manter a calma. Levantei, e fixei meus olhos no chão, me perguntando se tinha como as coisas ficarem piores.

- Como... Como sabe o meu nome? - Foi tudo o que eu consegui falar, mas na minha cabeça explodiam milhares de outra perguntas.

- Digamos que eu apenas sei. - Ela falou, eu podia sentir seus olhos em mim.

- Vocês são sequestradores? - Disparei.

- O quê? Não, não... Nós somos amigos! Seus amigos. - Ela tocou meu ombro e eu encolhi.

- Eu não conheço vocês. - Me pareceu a coisa mais lógica a dizer.

- Mas vai conhecer. - A mulher falou rapidamente. - Eu sou a dona dessa casa, Luna. - Então ela levantou meu rosto e me fez olhar para o menino de cabelo azul e a menina de cabelo laranja - Estes são Anne Marie e Aoi, ambos moram aqui. - Luna explicava com a voz calma e terna de uma mãe.

- E o que eu tenho a ver com isso? - Explodi e me afastei do toque dela, indignada. Eram loucos! - Eu não quero conhecer vocês! São loucos, pirados, estranhos! - Gritei e o cachorro rosnou - E... E esse cachorro?! Isso não faz sentido! -

- Cala a boca e nos escuta! - Anne Marie berrou e eu apenas gritei de volta, um grito desesperado e assustado. Então, Luna chegou perto de mim, a aparência assustadora dela me deixava ainda mais ansiosa, ela tocou minha testa e tudo ficou escuro.

***

Quando recobrei a consciência, me vi em um lugar completamente estranho. Era um quarto de paredes vermelhas, tinha um guarda-roupas, uma escrivaninha, e duas portas. Uma delas estava meio aberta e eu vi um banheiro, levantei e fui abrir a outra porta, que dava em um corredor, eu estava atordoada e meu óculos não estava mais em meu rosto, nem meus sapatos estavam em meus pés. Toquei meu bolso e repirei aliviada ao constatar que meu celular permanecia ali, sem pensar duas vezes, eu o peguei e liguei, não havia mensagens da minha mãe, o que era estranho, mas não esquentei muito minha cabeça com isso, fui logo discando o número de Scott. Ele atendeu no quarto toque.

- Ange? -

- Scott? - E antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, uma voz interrompeu.

- Eu não faria isso se fosse você... - Eu fui pega. Respirei fundo e me virei, dando de cara com... Como é o nome dele mesmo? Aoi? Mas ele estava diferente, no topo da cabeça, em meio ao cabelo azul, haviam orelhas de gato! Eu engoli em seco, no que estava pensando? Se fosse assim, acabaria colocando a vida de Scott em risco.

- Scott... Eu liguei sem querer... Nos falamos depois. - E eu desliguei. Continuei olhando as orelhas de gato do garoto, não poderiam ser de verdade!

- Fez uma escolha sábia, Angelique. - Ele disse por fim. Eu suspirei, isso estava passando de qualquer limite.

- Escute, minha mãe virá atrás de mim! Seria melhor para todo mundo se vocês apenas me deixassem ir. Eu não sou de uma família rica, minha mãe não poderá pagar uma grande quantia pelo resgate, mas ela com certeza irá revirar essa cidade atrás de mim. Se me libertarem agora, eu não vou acionar as autoridades. - Eu tentei parecer firme, mas ainda tinha medo do que poderia acontecer.

- O quê? Você não está sendo raptada, garota. Vamos, Luna estava esperando você acordar. - Como eu não saí do lugar, ele veio até perto de mim. - Você vai, ou quer que eu te arraste? - Engoli em seco.

- Me leve até ela... - Falei baixinho. Ele disse que não estão me raptando, talvez se eu fizer o que pedem, eles me deixem ir.

Aoi me guiou por um longo corredor, passamos por várias portas (o lugar parecia ser bem maior por dentro), até que chegamos a uma porta dupla, ele a abriu e eu notei que era mais uma sala. A decoração era toda em marrom, cores triste como no resto casa, e Luna estava sentada em um sofá, tomava algo que eu poderia dizer ser chá. Eu adentrei o cômodo e fiquei em pé, a observando, não tinha certeza sobre o que deveria fazer.

- Angelique, sente-se. - Ela pediu, sem sequer levantar os olhos para me fitar. Respirei fundo e atendi ao pedido, me sentando no sofá em frente ao dela.

- Me desculpe, mas... O que querem comigo? Eu realmente não consigo entender... - Eu falava mais para mim do que para a mulher, e também evitada olhar diretamente para ela, a aparência ainda me assustava.

- Todos temos um propósito, todos somos especiais a nossa própria forma. - Ela estava cheia de enigmas e eu não queria ouvir, mas tinha outra opção? Não.

- Hmm... - O fato é que eu não sabia bem o que deveria dizer.

- Você é especial, Angelique. Tem dons, e tem que aprender a controlar cada um deles. - A cada palavra, eu ficava mais confusa, e eu acho que ela notou. - Posso te contar uma história? -

- Acho que você pode fazer o que quiser... - Respondi, desconfiada, ela sorriu torto.

- Bom, pode parecer confuso, mas apenas escute, depois responderei todas as suas perguntas. - Ela disse naquele tom calmo. - Muito, muito tempo atrás, todas as espécies vivam juntas e prosperavam. Vampiros, bruxos, fadas, lobos, yokais, humanos e até animais. Claro, todos tinham suas diferenças, mas se respeitavam entre si. Havia apenas uma regra: Nunca, jamais, poderia haver mistura de raças, pois todos temiam o que poderia resultar disso. Porém, em determinado momento, uma jovem fada apaixonou-se por um mortal. Ambos se encontravam sempre na calada da noite, apenas com a lua e o mar como testemunhas de seu amor. A fada se chamava Flora, e o jovem rapaz, Trevor. Tudo parecia ir bem, e ninguém suspeitava de tal romance, mas... Bem, nenhuma mentira pode durar para sempre. Em uma de suas noites, Flora fora seguida por Lucius, ele a desejava mas não conseguia entender porque a mulher de seus sonhos o rejeitava, já que ele era um dos homens mais prósperos de sua espécie, e qualquer fada estaria lisonjeada em ser sua parceira.

"Lucius não era capaz de acreditar no que seus olhos viam, ele não poderia aceitar perder Flora assim, ainda mais para um mortal. A raiva tomou seu coração e ele não pensou duas vezes antes de ir até o casal e apunhalar Trevor com um punhal de caça. Dizem que os gritos de Flora puderam ser ouvidos há quilômetros de distância. Lucius fugiu, jurando que entregaria Flora caso ela não o aceitasse como seu marido. A jovem fada, em desespero e com medo, não pensou duas vezes em usar todo o seu sangue para curar Trevor, seu amor era tão intenso que ela morreu por ele.

"O que ninguém esperava, era que o sangue de uma fada pudesse ter efeitos tão grandes em um mortal. Trevor conseguiu curar-se em poucos minutos, e quando ele voltou a si, a vida já havia deixado o corpo de sua amada. Enlouquecido, Trevor jurou que mataria o culpado por todo aquele desastre. O sangue de fada em seu corpo lhe deu habilidades únicas! Ele agora era mais forte, mais ágil e tinha a capacidade de controlar o fogo e de absorver a luz. Infelizmente, tomado pelo rancor e cheio de vontade por vingança, Trevor exterminou o povo das fadas. Desde então, seus descendentes ainda possuem o sangue de fada, as vezes em doses maiores e as vezes em doses menores, o que os torna especiais...

"O sangue de fada reage diferente em cada pessoa, algumas desenvolvem telecinese, outras o controle sobre o fogo, algumas podem converter objetos em qualquer coisa que queiram... E você faz parte desse legado, Angelique."

Enquanto eu ouvia toda essa história, minha cabeça rodava e rodava, isso não fazia sentido algum! Agora sim eu tinha a confirmação que precisava, aquela gente era louca! Todos loucos e anormais.

- Desculpe, mas acho que você pegou a pessoa errada... Ou tá tirando uma com a minha cara. - Eu disse, sem acreditar.

- Eu sei que parece impossível, mas no fundo você sabe que é verdade, Angelique. Você sempre soube, mas não quis se deixar levar. - Ela continuava com aquele timbre irritantemente doce.

- Você quer que eu acredite nisso? Que todas essas criaturas existem? Ah, por favor. - Minha voz saiu mais alto do que o esperado.

- Tem mais pessoas como você. - Ela parecia me ignorar.

- Tipo você? Me poupe. Não passa de uma louca! - Proferi apontando o dedo para ela, e antes que eu pudesse continuar, fui interrompida.

- Olha a boca, Cooper. - Virei o rosto na direção da voz, e vi um garoto. Era Aoi, mas ali não estavam os cabelos lisos e azuis e sim cabelos cacheados e negros, e eu podia ver camufladas ali em meio a confusão que aqueles cachos formavam, as mesmas orelhas de gato.

- Trocou de peruca, Aoi? - Perguntei, sem me deixar intimidar. Levantei do sofá e fui até ele - Você tem sangue de fada também? Hm? O que faz? Controla a água? - Perguntei, irônica, ele manteve os olhos coloridos em mim e não disse uma palavra, então prossegui. - E essas orelhinhas de gato? Onde comprou? - E antes que ele pudesse dar qualquer resposta, eu agarrei em uma e puxei, mas, para minha surpresa, ela não saiu e Aoi gritou de dor.

- VOCÊ TÁ LOUCA? - Ele berrou e me empurrou, fazendo com que eu caísse no chão. - Olha aqui, Cooper, vou te dar alguns avisos. Primeiro: Nunca me confunda com Aoi! - Eu podia ver que ele estava com muita raiva -Segundo: Eu sou um yokai! - Eu podia ver através daqueles olhos um certo fogo. - E por último, nunca toque na orelha, garota suja! -

Eu estava perplexa, ainda no chão. O susto foi tão grande que eu nem consegui me mover, estava com medo outra vez, quem era ele? O rosto era idêntico ao de Aoi, mas os cabelos e a atitude eram opostas. Foi então que o verdadeiro Aoi entrou na sala, tinha uma expressão divertida no rosto.

- Uau, parece que os ânimos estão a flor da pele aqui! Vejo que Angelique já conheceu o meu irmão, Shu. - Ele dizia com um sorriso animado.

- O quê vocês são? Céus... Eu só posso estar ficando louca... - Eu estava a beira das lágrimas de novo.

- Calma, calma... - Luna levantou-se e veio até perto de mim, estendendo a mão. - Você só tem que nos dar uma chance. - Ele dizia enquanto eu segurava em sua mão, me apoiando para levantar. - Eu não sou como você, mas acho que por hoje já está bom de informações para sua cabeça. Então vá para sua casa, descanse e não fale sobre isso com ninguém... Nem mesmo com sua mãe, está bem?

Talvez eu tenha sido vencida pelo cansaço, ou as coisas estranhas que eu vi justificavam tudo o que Luna falou. Se um filhote indefeso poderia se tornar um cão enorme e ameaçador, porque não haveria a chance disso tudo ser verdade?

No fim das contas, cheguei em casa às 16:30 da tarde, Aoi me acompanhou durante todo o caminho. Vez ou outra ele fazia uma piada sem graça, mas eu me mantive calada durante todo o trajeto. Por sorte, minha mãe só chegou a noite e não questionou nada.

 


Notas Finais


Bem, toda essa história foi criada a partir de um sonho (literalmente, um sonho), talvez não esteja tão bom para um primeiro capítulo, mas espero que sejam pacientes pois tenho muitos planos!

Obrigada por ler!

Beijinhos e até o próximo capítulo.


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