História Uncertain Destiny - Conhecendo

POV – Yuta

            Estava tendo um belíssimo sono quando sinto meu corpo ser empurrado e quase caio da cama. Acordei assustado e puto, mas depois que vi o Sicheng sentado na cama com o cabelo todo bagunçado, com uma cara de espanto e com um pijama fofo, minha raiva passou.

- Yu-Yuta, porque você ta aqui? – Ele falou assustado

- Eu moro aqui agora ue. – Falei sem entender a pergunta, eu tinha acabado de acordar e minha cabeça ainda não funcionava muito bem.

- Não to falando de estar na casa, mas sim de estar na minha cama.

- Na sua ca... O QUE?! – Gritei e me levantei imediatamente, eu realmente não sabia o que estava fazendo ali. – Me desculpa Sicheng, eu... eu não sei como vim parar aqui, eu achei que esta era minha cama...

*Explicação do que aconteceu*

            Yuta estava dormindo no chão, porém acordou na madrugada para fazer suas necessidades, como ele estava com bastante sono e era o primeiro dia na casa do Winwin, ele apenas se jogou na cama achando que era a dele.

-Tudo bem... – Ele falou baixo e desviou o olhar

- Porque você ta assim? Eu fiz alguma coisa?... – Eu estava inconsciente, e tava dormindo com uma pessoa que eu tenho uma queda de leves, eu realmente poderia ter feito algo que ele não gostou.

- Não, você não fez nada demais. – Ele parou por um instante e depois de pensar um pouco continuou, ainda sem olhar pra mim. – Na verdade você me abraçou e colocou uma perna por cima da minha...

- Ah, então é isso. Desculpa, não vou falar a seu namorado, não se preocupe. – Meu mau humor tinha voltado.

- Meu o que? Eu não tenho namorado!

- Não? E quem é aquele que vive com você?

- Meu melhor amigo, Jaehyun.

- Eu também tenho um melhor amigo, e ele não fica me abraçando e alisando meu cabelo.

- O quê? – Ele perguntou aparentando não ter entendido nada. Fiquei calado, estava arrumando o meu canto no chão e Sicheng continuava sentado na cama dele. Depois de um curto período de tempo ele continuou. – Pelo menos meu melhor amigo não segura meu rosto pra me dar um beijo na boca.

- O que? – Foi minha vez de perguntar, o Hansol nunca tinha feito iss... ah não, pera, ele viu quando o Hansol brincou que ia me beijar? Pqp... achei que ele nem tinha percebido minha presença. – Mas eu nunca beijei o Hansol!

- Hm – Foi a única coisa que ele respondeu e um silêncio se instalou no quarto.

            Minha mãe bateu na porta e logo em seguida entrou.

- Bom dia crianças!

- O café da manhã já ta pronto? – Minha mãe me fuzilou com os olhos. – Opa, desculpa, bom dia mãe! O café da manhã já ta pronto? Eu to com fome. – Fiz uma carinha triste

- Café? Você já olhou o horário? – Peguei meu celular e vi que eram 12:54

- Acho que dormimos demais. – Respondi sorrindo

- Bom dia Sra Nakamoto. – Sicheng falou com uma formalidade absurda, ele até se curvou.

- Nossa, para Winwin – Minha mãe sorriu. – Se não quiser me chamar de mãe, me chame apenas de Aika.

- Não é pra chamar de mãe. – Respondi seco. Ele poderia chamar de tudo, menos de mãe. Primeiro porque ela é só minha mãe (Talvez eu seja um pouco ciumento? Talvez), segundo porque a partir do momento que ele a chamasse de mãe, ele iria parecer mais que era meu irmão, e tornaria o fato de que eu sinto umas coisas por ele e de que dormimos juntos ainda mais estranho.

- Bom dia Aika. – Sicheng sorriu e eu por um momento esqueci que estava com “raiva” dele.

- Não ligue pra ele Winwin, vem, vamos almoçar.

            Eu revirei meus olhos e segui atrás dos dois. Estávamos os quatro sentados na mesa naquela tarde de domingo, parecíamos uma família... uma parte de mim gostou daquilo.

- Bom dia meninos, dormiram bem? – Yuan falou e eu e Sicheng nos olhamos por um milésimo de segundo e eu pude sentir meu rosto queimar, desviamos o olhar, eu decidi que encher minha boca de comida era o melhor a fazer.

- Sim pai, eu dormi super bem. – Sicheng respondeu

- Eu também dormi super bem – Respondi com a boca ainda cheia. Minha mãe e Yuan sorriram.

- Vejo que estão se dando bem. – Eu e Sicheng assentimos com a cabeça. – Eu e a Aika vamos sair daqui a pouco, e não vamos voltar com horário pra janta. Vou deixar dinheiro aí pra se vocês quiserem comprar algo, ok?

[...]

            Estava sozinho no quarto assistindo anime e minha mãe e o Yuan já tinham saído. Eu não estava muito concentrado no capitulo porque eu queria conversar com o Winwin, mas não sabia bem o que falar, só queria acabar com o silencio entre a gente e a distância. Bloqueei a tela do celular e coloquei em meu bolso. Caminhei em direção à sala e vi que Winwin estava deitado no sofá assistindo algum desenho que não consegui ver muito bem, pois passei pra cozinha fingindo que estava com sede. Meu estômago reclamou de fome e então achei o assunto perfeito pra falar com ele e fui em sua direção.

- Sicheng, você ta com fome?

- Um pouco, você vai cozinhar pra gente? – Comecei a rir. – O que foi?

- Eu não sei cozinhar, quando minha mãe faz comida eu sou apenas o assistente. – Ele sorriu. Eu amava o formato que o rosto dele ficava quando sorria. – O que foi?

- Acho que vamos ficar com fome, porque eu também não sei cozinhar. – Começamos a rir, queria tanto que isso se repetisse mais vezes... –

 - A gente pode chamar uma pizza então

- E que tal a gente tentar fazer alguma coisa? – Ele falou com os olhos brilhando, acho que ele queria muito cozinhar.

- Vamos acabar colocando fogo na casa Sicheng.

- Sim, mas eu quero, vamos por favorzinho. – Ele fez aegyo e eu obviamente não resisti.

- Ok, ok, mas se a gente tiver que ir morar em outra casa a culpa é sua. – Sorrimos novamente e o Winwin se levantou do sofá. – Sicheng, porque você não me chama de Hyung?

- Não sei, acho que porque você é japonês. Você quer que eu te chame de senpai então? – Ele estava de costas pra mim quando falou isso. Não pude deixar de sorrir com a pergunta, pois pensei em senpai com seu outro “significado”.

- Se você quiser, eu não me importo. – Adiantei meus passos e passei dele, olhei pra trás e dei meu sorriso mais malicioso, me virando logo em seguida.

            Chegamos à cozinha e começamos a abrir as portas do armário à procura de algo.

- E que tal se a gente fizer lamén? – Winwin perguntou.

- Pode ser, pelo menos é fácil.

            Pegamos os materiais necessários e começamos a cortar os temperos. Winwin parecia estar concentrado em cortar e aquilo me chamou muito atenção, não sei por que, mas eu estava achando ele lindo até cortando cebola, eu devo estar louco, só pode; decidi parar de olhar aquele ser incansavelmente fofo e comecei a ajudar ele.

- Aaaaai – Winwin gritou baixo e segurou o seu dedo indicador, pude ver que escorria um pouco de sangue e me levantei imediatamente.

- Deixa eu ver. – Me ajoelhei em sua frente, peguei em sua mão e observei o pequeno machucado. Aquele toque em sua mão era simples, mas algo dentro de mim queria ficar segurando pra sempre. – Vem, vamos colocar em baixo d’gua pra parar o sangramento.

- Relaxa Yuta, é algo simples, não ta...

- Vamos. – Interrompi o que ele estava dizendo e puxei o seu braço de leve, o levando até o banheiro. – Onde ficam os band-aid?

- Tem uns no meu quarto, na primeira gaveta do móvel.

- Okay, eu vou lá, deixe a torneira ligada enquanto escorre o sangue e eu já volto.

 Queria ter dado um abraço, um beijo, fazer algo do tipo, mas apenas sai correndo à procurar do curativo. Achei rapidamente, estava onde ele disse que estaria, peguei um band-aid do homem de ferro e levei pra ele.

- Deixa eu ver como ta. – O sangue já tinha parado de escorrer, dei um beijo no dedo e coloquei o band-aid. – Pronto, agora vai sarar rápido.

            Ele sorriu pra mim e me deu um abraço, retribui e ficaria o resto da noite ali se fosse possível.

- Obrigado Yuta. – Ele me abraçou com mais força

- Por nada Sicheng. – Ele se soltou do abraço e olhou para mim

- Pode me chamar de Winwin.

- Ok Winwin. Você agora vai ser meu assistente, porque eu não vou deixar você cortar mais nada. – Sorrimos e voltamos para cozinha.

[...]

- Pronto, o lámen já está cozinhando e agora é só esperar. – Falei e me sentei na mesa onde Winwin estava.

- O que vamos fazer por enquanto?

- A gente podia conversar sobre coisas que gostamos. – Eu queria conhecer mais sobre ele, então nada melhor que isso não é mesmo?

- Ok, vou começar. Eu amo dormir e comer, fico muito em dúvida de qual dos dois eu gosto mais. Eu gosto de fazer compras. Gosto de trocar mensagens. Amo morango e suco de laranja. Faço cinema na universidade. Morei na China até meus 15 anos. Tenho 19 agora e faço aniversário dia 28 de outubro. Meu melhor amigo é o Jaehyun desde que cheguei aqui na Coréia.  – Ele falava tudo sorrindo e olhando pro nada. – Não consigo lembrar de mais nada, é difícil pensar assim... Ah sim, nunca conheci minha mãe e não sei onde ela está, mas não é interessante falar sobre isso, agora é sua vez.

- Certo. – Sorri e comecei. Eu amo futebol, eu jogava em um time da escola lá no Japão. Minha fruta preferida é melancia. Eu gosto do natal. Eu gosto muito de cachorros, queria ter um. Faço Publicidade na universidade. Morei no japão até os 18 quase 19. Faço aniversário bem próximo ao seu, dia 26 de Outubro. Conheci o Hansol na faculdade, e ele é meu melhor amigo. E sobre o meu pai, bem, eu sinto falta dele, eu sempre olho sua foto quando sinto saudades...

- O que aconteceu?

- Ele fo... – Parei por um instante porque senti um cheiro estranho na cozinha. – Winwin, você ta sentindo esse cheiro?

- Isso é cheiro de queimado? MEU DEUS YUTA, O LAMEN TA QUEIMANDO.

            Corremos para o fogão e desligamos o fogo, o lamen grudou no fundo da panela, e quase não existia mais caldo. Começamos a rir da nossa própria desgraça.

- Vamos comer isso? – Perguntei

- Ah sei lá, vamos, ainda da pra aproveitar um pouco.

            Sentamos na sala e colocamos um filme para assistir enquanto comíamos, estava queimado, mas ou eu estava com muita fome ou realmente estava até que gostoso. Depois que acabamos de comer continuamos na sala, já estava tarde e nossos pais ainda não tinham voltado, então decidimos ficar esperando por eles enquanto estávamos assistindo. Depois de algumas risadas e comentários, percebi que o Winwin estava muito quieto e quando olhei para ele, o mesmo estava dormindo com a cabeça jogada pra trás, a boca meio aberta e os olhos... abertos?? O que? Não estavam totalmente abertos porque ele não é um peixe, mas tipo, estavam meio abertos (?), peguei meu celular porque eu precisava registrar aquela cena. Tirei a primeira foto, não me satisfiz e comecei a tirar a segunda, terceira, quarta, até que na quinta ele despertou e olhou pra câmera do meu celular e depois pra mim.

- O que você está fazendo?

- Nada, eu só... eu... – Guardei o celular no bolso e voltei a fingir que estava assistindo o filme.

- Você estava tirando foto?

- Não, porque eu estaria?

- Mas a câmera estava virada pro meu rosto. – Ele respondeu, mas acho que ele estava com bastante sono, as palavras quase não saiam.

- Não é porque a câmera estava virada pra você que eu estava tirando foto sua.

- Hm, ta bom.

- Winwin, vamos dormir?

- Não, vou esperar meu pai

- Ei, você ta com sono, vem. – Estendi a mão, ele pegou logo em seguida, e eu praticamente o arrastei até o quarto.

            Quando entramos ele já foi se deitando. Eu tomei banho e quando voltei pro quarto a luz ainda estava ligada, então eu desliguei e fui deitar novamente no chão do lado do Sicheng.

- Yuta?

- Oi?

- Meu dedo ainda dói um pouco. – Me sentei ao lado da cama dele, e dei um outro beijo no dedo machucado. Eu não sabia por que estava agindo assim, geralmente quando eu gostava de alguém eu me tornava um típico “bad boy”... Pera, eu falei que gosto dele? E se chamar de bad boy foi muito brega, mas não encontro outras palavras. – Obrigado Yuta, eu... Obrigado.

            Não dava pra enxergar muita coisa com a luz desligada, mas ainda podia ver um pouco do seu rosto graças à luz que entrava pela janela, depositei um beijo em sua bochecha e voltei ao meu lugar.

- Acho que vamos nos dar muito bem, Dong sicheng.