Quinto mês de gestação
Camila pov.
Eu nem consigo acreditar que hoje, em algumas horas, vou descobrir o sexo do meu pequeno bebê, Lauren está muito mais nervosa que eu, sobretudo porque ela fez questão de convidar os pais para a consulta e nenhuma de nós sabe se os mesmos virão, na verdade Taylor já afirmou que os dois não estão bravos e que se arrependem do show de meses atrás, isso é passado e estamos dispostas a perdoa-los assim como eles vão perdoar nosso “pequeno esquecimento”.
Estou sentada na cama esperando Laur se trocar quando a porta se abre minimamente e pelo canto do olho eu posso ver Alice entrar no quarto com a vergonha estampada no rosto, me arrasto para a ponta da cama e a chamo com o dedo indicador, minha pequena latina vem até mim com a cabeça baixa e eu a pego no colo enquanto sorrio, dou em beijo molhado em sua bochecha e sussurro.
- o que foi, pequena? – a pergunta a faz suspirar e de feliz eu passo a ficar preocupada, viro seu pequeno corpo para que nossos rostos fiquem quase colados e ela me olhe nos olhos.
- eu e o Bry queremos falar com você – ela disse com um medo visível e eu franzi o cenho confusa.
Por quê Alice estaria com medo?
- e o que querem me falar, amor? – pergunto preocupada.
Ela olha em volta e eu sigo seu olhar que vai diretamente para o closet onde Michelle está, provavelmente, muito concentrada em se maquiar para ouvir qualquer coisa vinda do quarto, mas isso não me importava no momento o que me importa é o quão minha filha estava tensa por essa suposta conversa, seus ombros tencionaram quando Lice voltou a abaixar a cabeça para murmurar quase inaudivelmente o pedido seguinte.
- pode ser lá no nosso quarto? A mamãe anda muito brava e a gente queria falar só com você – suspirei em um misto de curiosidade e preocupação.
Me levantei com seu corpinho no colo e sai do quarto silenciosamente, a casa parecia abandonada pois a mudança de humor de Lauren inevitavelmente afastou os adolescentes que agora dormiam muito mais fora de casa do que dentro e os gêmeos faziam de tudo para não sair do quarto de brinquedos, isso era completamente compreensível pois a única que é obrigada a suportar a instabilidade emocional da grávida mais imprevisível do mundo sou eu, mas não seria nada mal se alguém nos apoiasse um pouco mais.
Ao entrar no quarto, totalmente bagunçado e cheio de brinquedos no chão, me sentei na cama e Alice imediatamente saiu do meu colo para ir se sentar ao lado de seu irmão, que estava tão ou mais apreensivo que ela, tentei relaxar os ombros e me encostei na parede antes de murmurar que eles podiam falar o que tanto queriam.
- mama, hoje nós vamos no médico da mamãe, não é? – Bryan se pronunciou e eu apenas assenti.
- e é hoje que vamos descobrir se esse bebê é menino ou menina? – dessa vez quem perguntou foi Alice e sua feição de desprezo me preocupava cada vez mais.
- sim, querida. Mas, por favor, vão direto ao ponto – pedi chegando um pouco mais perto.
- nós não gostamos desse bebê – Bryan falou me encarando.
Meu queixo imediatamente foi ao chão, não podia acreditar que eles não gostavam do próprio irmão e nem mesmo tinham o conhecido, mas era compreensivo o fato de estarem com ciúmes.
- mas vocês nem o conhecem – disse de modo carinhoso.
- mama, você não vê o que ele faz com a nossa mamãe?! – Alice quase gritou ao perguntar aquilo mas assim que fui responder a mesma me interrompeu. – se ela não está brava e gritando com todo mundo, ela está chorando feito uma doida!
A forma como ela mexia os seus bracinhos histericamente me lembrava o Austin e a capacidade de argumentação vinha dele também, era obvio que ambos podiam manipular qualquer um e incrivelmente faziam isso comigo, mas não hoje, não com relação a minha mulher e ao nosso filho, até porque não era verdade, por muitas vezes Lauren estava excitada, alegre ou até eufórica, mas isso quase nunca acontecia perto deles. Deixei de lado o fato de terem xingado a própria mãe pois eu estava precisando de alguns pontos com ambos.
- isso não é verdade, pequena. Além disso, quando conhecerem o caçula da família aposto que vão adora-lo! – disse com firmeza e ambos reviraram os olhos.
- não é sobre isso que estamos falando. Se vamos gostar ou não dele é algo imprevisível! – o quão adulto Bryan ficou ao fala aquilo me fez arregalar os olhos surpresa.
Talvez eles tivessem treinado essa conversa no espelho. Era o que eu fazia quando precisava contar algo sério para Mama ou Papa.
- estamos falando sobre o sexo do bebê – Alice continuou no mesmo tom sério.
- eu já falei crianças. Vamos descobrir hoje – disse confusa.
- mama, você tem que nos prometer uma coisa – Bryan me direcionou seus olhinhos pidões e eu assenti imediatamente.
- se for menina, me prometa que nunca, em hipótese alguma, você vai chama-la de “pequena sereia” – Lice aparecia magoada ao pedir aquilo.
- claro Ariel! – quase gritei. – você é a única sereia dessa casa, Alice Cabello Jauregui!
- e eu? Sou o único capitão dessa casa? Vocês não vão achar ele mais parecido com o capitão America ou mais fofo? Eu também sou único? – o desespero em sua voz me fez ficar igualmente desesperada.
Ergui meus braços e fiz com que ambos se aconchegassem em meu corpo, os abracei com a maior devoção, amor, carinho e compreensão. Eu os amava como nunca havia acontecido, eles eram meus filhos e mesmo que eu tivesse duzentos filhotinhos Jauregui´s cada um deles seria especial e insubstituível, era um amor indescritível e enorme.
- pelo amor de Deus, pequenos! Eu, assim como a mamãe de vocês, sei que vocês são únicos. Por favor, não duvidem disso muito menos achem que, porque vão ter um irmão mais novo, serão esquecidos – falei ainda abraçada a eles.
Continuamos nos abraçando até que a porta se abriu, nós três olhamos para lá imediatamente, Michelle estava nos encarando com um sorriso enorme cobrindo seus lábios pintados de vermelho.
- que cena mais linda! – ela disse animada. – o que eu perdi? – perguntou se aproximando e sentando ao meu lado.
- nada! – Bryan foi rápido em responder e eu soltei uma risadinha baixa.
- bom, estamos atrasados para a consulta do bebê – Lo passou a mão pela barriga enquanto sorria.
Olhei para os gêmeos que, ainda mais parecidos que no mês passado, reviraram os olhos em conjunto, não seria nada fácil fazê-los gostar do nosso pequeno, mas somente os apertei em meus braços.
- vão estar todos lá, quer dizer as meninas vão estar pelo menos. Tay disse que não poderia ir por causa da faculdade e mamãe e papai ainda não falaram comigo – dessa vez o tom de Laur passou a ser triste e imediatamente me levantei para abraça-la.
- quanta atenção para esse bebê, não é mesmo? – Alice murmurou e eu logo tratei de mudar de assunto.
- vamos para o carro logo! – disse indo na frente dos três.
Saímos de casa e eu fechei a porta, o caminho até o hospital foi lento entretanto nada cansativo, fomos todo ele conversando e eu agradeci mentalmente por não termos comentado sobre a gravidez, afinal nossa vida não podia rodar em volta do bebê ou nossos outros pequenos iriam ficar exageradamente emotivos e chatiados.
Já na clínica encontramos todas as garotas, Dinah, Mani, Demi, Sel, Ally, Vero, Lucy, Kea, Miley, Bianca, Luna e por fim Sofia. Não posso nem descrever o quão animadas todas estavam, exceto Sofia é claro, entramos na sala e como sempre o doutor albino nos cumprimentou com o máximo de educação possível, respondemos algumas perguntas rotineiras e finalmente Laur foi até o vestiário colocar aquele roupão demasiadamente constrangedor.
- essa é a única parte que eu odeio em vir ao médico – Lern disse do modo mais sôfrego que eu já havia ouvido.
Meu corpo começou a suar assim que vi Michelle saindo daquele vestiário, ela não estava linda como sempre e com certeza essa não era a sua melhor forma mas o modo como caminhava a deixava graciosa e o sorriso em seu rosto era o mais perfeito do mundo.
Eu a amava de todas as maneiras possíveis, eu a amo tanto por estar carregando o nosso filho!
Então seu corpo foi posto na maca com a minha ajuda e o doutor se sentou em sua cadeira, tudo era tão lento e tortuoso que eu pensei que iria desmaiar assim como aconteceu com Laur no meu primeiro ultrassom, mas eu sabia que precisava ficar aqui, por mim, por ela e por todos.
- nossa amor! Não me contou como isso era gelado. – Lauren pegou na minha mão ao dizer aquilo em forma de brincadeira mas a tensão de meu corpo não me permitiu rir.
- vinte dólares que é uma menina – uma voz bem conhecida surgiu no fundo da sala e a minha única reação foi sorrir.
- papai! – minha morena gritou como uma verdadeira criança e, como nos filmes, todos deram passagem para que meus sogros viessem até sua filha.
- dou cinquenta por um menino! – dessa vez foi Clara quem disse enquanto me abraçava de lado.
- setenta e cinco que são gêmeos – Dinah fez a pior piada que eu já ouvi, minhas pernas tremeram e eu soltei a mão de Lo mas logo voltei a agarra-la.
- meninas! Chega de apostas, vocês estão deixando minha norinha em estado de pânico – a mais velha ali presente fez com que todos nos acalmássemos enquanto me dava um sorriso cúmplice.
- então, vamos lá! – o doutor branco demais para os meus próprios olhos debochou do meu nervosismo com o olhar e entrelacei minha mão livre com a de Sofi. – esse é o primeiro bebê da família?
- por que a pergunta? – Demi lhe direcionou um olhar mortal que foi desviado rapidamente.
Os gêmeos, que já estavam desconfortáveis o suficiente, se levantaram do sofá e murmuraram que iriam comer algo na lanchonete, eu nada disse mas tenho certeza que Lauren me mandaria busca-los se o doutor não tivesse, graciosamente, nos interrompido.
- bom, não é comum esse número de pessoas no meu consultório – ele riu e eu acabei rindo junto.
Todos falam algo desse tipo. Sempre!
- temos muitas crianças na nossa família, mas amamos crianças e quanto mais melhor – Ally sorriu daquele jeito que só ela conseguia e acariciou sua enorme barriga.
- mas esse é o ultimo, não é? – Miley olhou de forma desesperada para suas mães que assentiram freneticamente.
- espero que estejam todos de acordo com isso – Luna olhou para Sel que revirou os olhos.
Foi aí que eu soube que, provavelmente, outro bebê estava a caminho mas me calei totalmente, afinal eu não previa o futuro só lia maravilhosamente bem as pessoas.
Vinte minutos, foram angustiantes vinte minutos até que finalmente o branquelo me olhasse e dissesse que já sabia o sexo, graças ao meu bom Deus, e eu nem sou tão religiosa assim, estava confirmado o fato de ser apenas um pequenino, o que pelas palavras dele era um milagre, em quase todas as inseminações artificiais que funcionam, mais de um espermatozoide é fecundado.
- qual é a preferência de vocês? – ele perguntou ainda pressionando a barriga de minha mulher com o aparelho.
- qual a importância dessa merda?! – Lauren quase gritou e eu apertei sua mão para acalma-la.
- contanto que venha com saúde está ótimo – menti porque na verdade eu tinha, sim, uma preferência.
- perfeito, porque o bebê de vocês não podia ser mais saudável – ele riu e eu suspirei aliviada.
Aquela imagem na pequena televisão ainda não tinha me feito chorar mas assim que os batimentos do pequenino preencheram o silêncio da sala meus olhos se encheram de lágrimas, Laur já chorava há alguns minutos e Ally estava se debulhando sentada ao sofá que antes meus filhos ocupavam, por mais que eu soubesse que não seria vergonha alguma chorar de emoção tentei controlar minhas lágrimas, e consegui quando Sofia me abraçou também aos prantos, minha filha podia não demonstrar ou até mesmo desprezar nosso caçula mas eu sabia que, no fundo, ela o amava muito.
- por favor, Doutor! Eu não estou aquentando mais esperar! – Mike roia as minúsculas unhas e no fundo eu sabia que ele compartilhava a preferência de sexo comigo.
- eu tenho uma tradição que sempre faço nesse tipo de ultrassom, mas vou entender perfeitamente se não quiserem fazer – olhei para Laur que assentiu com um pouco de pesar.
- claro Doutor, prossiga – pedi educadamente.
- com exceção das mães, quem quer que seja uma garotinha levante uma das mãos – ele pediu sorrindo.
Mani, Demi, Ally, Miley, Luna, Vero e Clara levantaram suas mãos eufóricas e eu ri junto de minha mulher. Depois foi a vez de quem preferia que o bebê fosse menino, ou nas suas palavras “um garotinho”, e Dinah, Sel, Bianca, Sofi, Keana, Lucy e Mike levantaram as mãos um pouco menos animados, provavelmente estavam pensando que iríamos perder mas eu também pensava nisso, já começava a imaginar o quarto rosa.
- bom, então são sete contra sete, vamos ver quem ganhou. Assumo que nunca tinha visto um número tão grande. – ele riu alto e dessa vez eu fiz uma careta, cada vez mais estranho e inevitavelmente mais engraçado, parecia ser uma boa pessoa.
- já chega de palhaçada! É menino ou é menina? – Lauren apertou minha mão e eu a tranquilizei retribuindo o aperto.
- meus parabéns, mamães! Vocês terão um menininho grande e saudável – os gritos invadiram o lugar que deveria estar completamente silencioso e o albino nem se deu o trabalho de repreender minha família.
Eu e Michelle nos olhamos com lágrimas nos olhos e sorrisos enormes, nós teríamos um filho, um menininho, nosso pequeno amor, e eu com certeza não conseguiria descrever o quão emocionada eu estava, dessa vez deixei que minhas lágrimas descessem sem controle enquanto escutava as comemorações e lamentações atrás de nós.
O grupo “do menino” estava comemorando aos gritos enquanto os “da menina” parecia realmente lamentar aquela notícia e o médico, tão profissional quanto eu desejava, apenas limpava o gel da barriga branquinha e rechonchuda da morena linda deitada naquela maca, ele estava sorrindo assim como todos da sala.
Eu conseguia ouvir ao fundo o quanto o Doutor nos parabelizava, mas nesse momento eu e Lauren estávamos no nosso próprio mundo e ninguém, absolutamente ninguém, consiguiria nos tirar dele, nem mesmo os gêmeos entrando na sala com olhares mais do que magoados, isso me cortava o coração mas esse não era momento para dramas de crianças.
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