História Uncontrollable - Esse é o gosto da liberdade?

Entrei no meu quarto e fui até a janela, abri a mesma e olhei para baixo, vendo que era deveras alto. Não sabia onde me esconder dessa vez, minha mente estava ligada a Jared e em se ele estava morto ou se teria chances de eu voltar e salvá-lo. Grace já havia tirado muitas coisas de mim, meu direito de ser uma criança normal, um adolescente normal, de ter um pai e de ficar com o cara que eu amo sem medo.

Eu não iria pular, não iria me esconder no armário ou no banheiro, ou arriscar debaixo da cama. Eu esperaria ela entrar naquele quarto e a enfrentaria. Então iriamos saber quem de nós sairia vivo.

Quem de nós sairá vivo.

Então veio.

Ela chutou a porta como um vilão de filme, me olhou bem nos olhos e apontou a arma para mim. Fechei os olhos e esperei que tudo viesse ou que tudo acabasse.

As pessoas explicam a morte de formas diferentes. Uma luz no fim do túnel, um grande clarão e logo anjos cantando, Deus segurando em suas mãos e as levando como um pai leva seu filho para a escola. E eu nunca soube como descrever a morte.

Nunca acreditei que eu veria uma luz no fim do túnel, a não ser que tivesse expresso no céu. Nunca pensei que veria um grande clarão, porque eu claramente ficaria cego e ficar cego depois que morre é uma baita zoação, nem achei que os anjos cantariam para mim, mas se cantassem, adoraria um pop rock. Deus provavelmente não seguraria em minha mão, porque ele saberia que apenas apontando para o caminho, eu iria.

Morrer nunca foi algo que eu passei a vida inteira almejando, mesmo que tudo estivesse indo mal, eu apenas esperava as coisas melhorarem. Foi por isso que quando eu fechei os olhos naquele minuto, não pensei em todas essas coisas.

Apenas me veio lembranças.

Lembranças de quando Zayn foi me buscar no aeroporto, de quando eu vi Louis na escola nova e de como Harry me fez rir naquela ligação. De repente a forma como conheci todos ou como reconheci e todos os momentos bons passaram pela minha mente.

Eu queria viver mais um dia com eles.

Queria ir até a casa de Louis e dessa vez entrar e jogar uma partida de Mario Bros. Queria ligar para Harry e ver como a vida agitada dele poderia ser engraçada. Queria falar com Liam sobre o final de algum livro novamente.

De repente eu queria viver tudo aquilo novamente, mais uma vez e repetindo até enjoar por completo.

Então apenas fechar os olhos e aceitar que estava tudo acabado soava ridículo, como pular no mar antes que o barco dê sinal de que está afundando. Talvez não fosse necessário, talvez houvesse outra saída.

Abri os olhos e fui para cima dela, a derrubei no chão e tentei desarma-la. Nunca me senti muito forte, mas naquele momento eu só conseguia pensar nos meus amigos e no cara que eu amava e pra falar a verdade, eles estavam me fazendo forte naquele momento. Como se todos nós lutássemos contra Grace e não apenas eu.

Ouvi um disparo na sala e tirei a arma de sua mão, jogando longe. Levantei e quando ia sair do quarto, ela me puxou. Tentei empurra-la, mas ela não soltava. Então quando estávamos perto da janela, a empurrei novamente e ela tropeçou caindo na janela e logo caindo dela.

Arregalei os olhos e fui ver imediatamente, vendo seu corpo caído na grama e sangrando.

— Niall! — Evan entrou no quarto com tudo acompanhado de Louis e Harry, ele veio até onde eu estava e olhou pela janela, então me olhou. — Tirem ele daqui, rápido!

Louis e Harry me tiraram de lá, eu ainda estava confuso e não sabia quem tinha atirado. Quando cheguei na sala, vi vários policiais locais e alguns do FBI. Os meninos me levaram para fora e Carter apareceu, colocando uma espécie de cobertor sobre meus ombros.

— Fique aqui, temos perguntas para você. — Ele avisou e eu assenti, então vi Jared passar em uma maca, ele estava ferido, mas parecia que ia sobreviver.

Olhei para o chão me sentindo parte culpado, mas eu não sabia exatamente de quê. Senti uma mão no meu ombro e levantei a cabeça, vendo Zayn.

— Estou aqui. — Ele disse e eu o abracei forte. — Vou te proteger agora.

                                                           **********

Eu ainda não tinha pensado direito sobre Zayn e eu. Era estranho não chama-lo mais de pai sendo que ele sempre foi meu pai. A diferença era que não tínhamos o mesmo sangue, apenas Grace, May e eu sabíamos disso.  Grace estava morta, May tinha ido embora e eu não fazia ideia do que fazer.

Dois dias depois da perseguição na mansão, Jared e Carter reuniu todos que estavam presentes nas antigas reuniões. Estavam lá Harry e Louis, Liam e Josh, Halsey e Evan, Ed e Ashton, Zayn e eu.

Eles esperaram todos se sentarem e começaram  falar.

— Obrigado a todos por virem hoje, Jared e eu vamos chamar esse dia de dia dos agradecimentos e esclarecimentos. — Carter explicou. — Gostaríamos de agradecer a todos por nos ajudarem a prender, bem, ela acabou morrendo, mas vocês nos ajudaram.

— Gostaríamos de agradecer por suas ideias e por terem se arriscado. Foi nobre da parte de vocês. — Jared agradeceu e sorriu. — Agora vamos começar os esclarecimentos.

— Niall e Zayn, estivemos na vida de vocês desde muito cedo. Assistimos o Niall crescer e o Zayn evoluir e foi fantástico, pois evoluímos junto com os dois. O que era apenas um trabalho ficou mais sério e acabei ganhando uma verdadeira família. Somos imensamente gratos por cada dia que vocês nos permitiram ao lado de vocês. — Carter fez um reverencia. — Vocês lembram das mensagens que receberam? Sobre nunca estar sozinhos nessa barra? Vocês nunca estiveram. As mensagens partiram de nós, que por hora não envolve apenas Jared e eu, mas todo um grupo de pessoas que estavam dispostas e que ajudaram, como por exemplo, Ed e Ashton.

— Ed e Ashton são agentes disfarçados do FBI, estão em nível mais elevado que Evan e Halsey. Essa missão era conclusiva para a entrada dos dois no FBI, agora eles são oficialmente agentes. — Jared disse e nossos queixos caíram. — Harry não é um agente, mas ele também nos ajudou nessa missão. Ele não encontrou você no café a toa, Niall.

Olhei para Harry que acenou envergonhado enquanto Louis o olhava incrédulo.

— Carter, Misha e eu somos agentes também em um nível mais elevado que todos. Comandamos essa missão há dezessete anos e conseguimos concluir graças a vocês, obrigado. — Jared disse.

— Aliás, me chamo apenas Jensen e não Carter Jensen ou Jensen Carter. Precisei inventar um primeiro nome para a missão ficar dez vezes mais secreta. Jared é realmente meu irmão e realmente se chama Jared e Misha não faz mais parte do FBI, pois ele traiu a missão. — Carter, que agora se chamava Jensen, disse. — Entendo que o queixo de todos estejam caído, mas essa missão era deveras importante, se não fosse, nunca teríamos passado dezessete anos nela juntando aliados e treinando adolescentes para pegar uma única mulher. Nós pensamos em desistir da missão diversas vezes, mas pensar no perigo que aquela mulher representava para vocês dois nos fez continuar.

— Espero que ainda possamos ser uma família. — Jared nos olhou.

Eu não disse nada, estava tentando processar todas as informações, até que ouvi uma voz. A voz que me acalmava, que afastava os monstros da minha cama, que fazia eu me sentir seguro.

— Nós nunca deixamos de ser uma. — Zayn disse e me olhou, sorrindo.