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História Uncover - Uncover


Escrita por: 5hinthewind

Notas do Autor


Oioioioi!!

Eu sei que eu devia estar atualizando Hold On To My Heart, - E EU VOU - mas há alguns dias atrás a ideia pra uma história me veio à mente e eu não consegui deixá-la de lado, então cá estou eu compartilhando ela com vocês.

No início a dúvida me consumiu e não conseguia decidir se faria dela uma One Shot, uma Mini Fic ou se daria continuidade, portanto, acabei opitando por fazer dela uma One (mesmo ainda pensando em escrever mais kkkk).

Para essa história, separei 3 músicas:

1. She Is Love – Parachute

2. Find Me (Live Acoustic) – Boyce Avenue

3. Nobody – Selena Gomez

Meu pedido para leitura seja que vocês deixem She Is Love tocar durante o capítulo, até que seja pedido que inicie as demais músicas (Don't worry, avisarei quando chegar a hora de troca-lás).

E para facilitar, fiz uma playlist no spotify com essas 3 músicas, caso queiram aqui está o link: https://open.spotify.com/user/yascpw/playlist/6uY2AJQGGqTbCFqU6Kckey

Sem mais delongas, vamos ao que interessa!

Boa leitura! :)

Capítulo 1 - Uncover


Flashback On

“- Então deixe-me tentar. – Arrisquei, procurando demonstrar certeza suficiente em meu tom de voz. – Uma única chance.

- Tudo bem, srta. Jauregui, você me convenceu. Seu pedido será avaliado. – Sorri em felicidade, e entreguei a enfermeira um pequeno papel onde descrevia o local e horário para nos encontrarmos.

- E como saberei se terá aceitado?

- Acho que já tivemos perguntas suficientes por hoje, srta. – Respondeu em tom brincalhão e eu sorri ao lado da cortina. – Não costumo recusar desafios como esses, portanto, acredite em mim, você saberá no momento certo”.

Flashback Off

5:15pm.

Ansiedade, um estado de agitação, preocupação ou angústia. Uma emoção comum, como o medo, receio e a felicidade.

Medo e felicidade, eram exatamente as palavras que poderiam definir a mistura de sensações que lutavam entre si dentro de mim. Obrigando uma e a outra a utilizarem-se de suas melhores armas afim de conquistar um espaço maior naquela batalha interna.

Não sabia dizer se toda essa ansiedade seria pelo fato de, dentre esses dias que se passaram, não havíamos visto o rosto uma da outra, ou seria por receio de ela achar que isso tudo não passara de uma brincadeira de mal gosto.

Flashback On

- Muito bem, campeão. – Paro de empurrar a cadeira de rodas e alguns enfermeiros logo chegam para ajudar-me a tirá-lo de lá. – Lá vamos nós, mais uma vez.

- Se não fosse pela beleza das enfermeiras daqui eu passaria todos os dias aqui reclamando feito um velho. – Resmunga.

- Você reclama por tudo, Josh. – Brinco. – Tire essa carranca da cara, mais um dia aqui e isso tudo acaba e a única coisa pela qual vai se lamentar será a falta que sentirá das enfermeiras.

- É verdade. Posso aproveitar para conseguir o número de algumas. Ou será que você poderia fazer isso por mim? – Olho incrédula para ele que abre um sorriso sapeca.

- Me poupe de seus trabalhos sujos, Josh. – Rimos juntos da situação até o momento que uma enfermeira aparece para iniciar mais uma sessão de “entoxicamento”, como Josh costumava dizer.

- Muito bem, rapaz. Você já sabe como tudo funciona. – Ela sorri para nós alguns minutos depois e logo se afasta.

- Eu não sei quanto a você, Jauregui. Mas eu vou dormir. –Josh fala antes de se ajeitar um pouco na cadeira.

- Qual é, Josh! Vai me abandonar?

- Com todas essas enfermeiras aqui, você pode encontrar o que fazer bem rapidinho. Me acorde quando tivermos que ir embora.

Ri com o que Josh havia dito e balancei a cabeça em negação. “Ele não tem jeito mesmo. ” Pensei.

Com meu amigo descansando, penso em procurar algo na mochila para passar o tempo. Mas algo me chama a atenção.

- Então você é apreciadora da beleza de enfermeiras. – Uma voz feminina soa do meu lado esquerdo.

Viro como em um reflexo, mas esqueço que nessa ala do hospital existem subdivisórias, no qual são separadas por cortinas. Portanto, não consigo saber quem seria a pessoa do outro lado que estivesse falando.

- Perdão. – Digo. – Deve haver um engano aqui.

- Então está dizendo que o seu amigo é um mentiroso?

- Não. É apenas que... Ele só estava fazendo uma brincadeira. – Respondo. – Desculpe, mas... eu te conheço?

Nesse momento me praguejo mentalmente por parecer um pouco rude com minha pergunta.

Um silêncio se faz presente e então eu tenho certeza que a garota havia interpretado a pergunta da pior maneira.

- Você tem razão. – Quebra o silêncio. – Não conheço você. Desculpe pela intromissão.

- Talvez eu tenha me expressado mal. – Tento reparar o erro de minha última frase dita. – Podemos começar novamente.

E tudo o que eu escuto é o silêncio, mais uma vez.

- Que tal, um jogo. – Tento mais uma vez. – Acredito que tanto eu quanto você precisemos fazer algo para passar o tempo.

- Um jogo? – Ela decide ceder e fala finalmente. – O que propõe?

Penso um pouco à procura de algo que pudesse divertir e entreter ambas.

- Perguntas & Respostas. Algo meio clichê, talvez, eu sei. – Digo. – Mas não custa nada tentar.

- Tudo bem.

- Insisto que faça as honras, srta. – Brinco.

- Se insiste. – Ela responde. – O que te trouxe aqui? – Ela pergunta e então eu solto uma risada leve.

- Você não quer nem saber meu nome? – Questiono.

- Respostas feitas com outras perguntas não são admitidas nesse jogo, srta. – Ela brinca. – E além do mais, seria clichê e óbvio demais.

- Então você gosta de ser imprevisível. – Digo e sorrio com o modo como sua resposta soou. – Acho que vamos nos dar muito bem...

Flashback Off

Passaram-se 15 minutos do horário marcado. E além de a ansiedade aumentar, o receio de que ela não viria mais começara a tomar conta.

- Realmente, Lauren, foi uma péssima ideia. – Iniciei um monólogo enquanto levantava-me da grama e pegava a cesta e colocava o violão novamente na costa. – Nesse momento ela deve estar pensando no quão maluca você deve ser e que faria algum mal a ela, parabéns.

Certifiquei-me de que havia pego tudo e antes que pudesse seguir caminho de volta para o carro, escutei uma voz tão doce que fez-me paralisar no exato momento em que observei o anjo que parava a alguns metros de mim.

- Hm... É seu aniversário? Poderia ter incluído essa pergunta no jogo She Is Love – Parachute, assim eu viria preparada para o momento.

E lá estava ela, um sorriso tímido pairava sobre seu rosto, as mãos no bolso do moletom denunciavam ainda mais sua timidez, o tecido em sua cabeça mostrava os efeitos do tratamento de tantos dias no hospital, arrumado de maneira que caísse até seu ombro direito, como um penteado. Seu estado lhe fazia parecer como porcelana, fazendo-me querer correr para não a deixar cair e quebrar-se por inteiro, da mesma forma que seu olhar dizia quão forte era e que nada a abatia facilmente.

Linda, ela é linda. Pensei.

- Um “olá” seria ótimo agora. – Falou novamente com uma risada fraca, fazendo-me sair de meus devaneios.

- Hey! – Disse um pouco sem jeito. – Então você é a famosa Camila, acertei?

- A não ser que tenha mais alguma por aqui, sim, sou eu. – Brincou. – E você é Lauren.

- Eu mesma. – Coloquei a cesta e o case do violão na grama novamente. – Realmente achei que você não viria mais. – Rapidamente espalho a toalha na grama e arruma os alimentos da cesta e volto para cumprimenta-la.

- Desculpe. Parte da culpa eu deixo a Dinah que demorou uma vida para sairmos do hotel, apenas para repassar os devidos cuidados que eu deveria ter e para colocar seu número na discagem rápida de meu celular caso algo acontecesse. – Riu ao relembrar o tratamento da amiga.

- Essa preocupação toda é por você está indo em um local que não seja aquele hospital ou por sair com uma desconhecida maluca que joga Perguntas & Respostas em um hospital sem a pessoa do outro lado da cortina conhece-la? – Brinco.

- Com certeza é por sair com uma desconhecida maluca. – Rimos em concordância. – Dinah sempre teve essa superproteção comigo, me sinto uma criança na maioria do tempo.

- Imagino que sim. Está com fome? – Questiono enquanto aponto para a cesta já previamente arrumada por cima da toalha. – Prometo que são apenas sanduíches e que não pretendo envenená-la, srta.

- Isso é uma informação muito importante. – Brincou.

Ela se aproxima e senta enquanto avalia os sanduíches e frutas e eu despejo um pouco de suco em nossos copos. Pego um sanduíche e começo a saboreá-lo. Comemos em silêncio e após nos darmos por satisfeitas, Camila quebra o silêncio e volta a falar.

- Esse lugar é lindo. – Falou admirada

- Eu também adoro. – Falo em concordância. – Mas o melhor ainda está por vir.

- E o que seria?

- Quer estragar a surpresa? – Pergunto e ela sorri. Eu adorava aquele sorriso. – Além do mais, não podemos apressar o que a natureza faz no seu próprio tempo. – Pisquei para ela que parecia não querer mais tirar aquele sorriso do rosto.

- Então, srta. Jauregui, diga-me. O que costuma fazer quando não está flertando com pacientes em hospitais por aí? – Ela brinca e eu solto uma risada.

- Bom, eu também costumo ser cupido de alguns casais na ala da terceira idade. – Entro na brincadeira. – Sabe, o cavalheirismo fica de lado quando a idade chega e não permite que atitudes como cumprimentar uma dama formalmente sejam feitas como antigamente. – Chego um pouco mais perto para que seja possível sussurrar. – Então, eu faço esse trabalho.

Nós rimos um pouco até que o sorriso de Camila foi ficando cada vez mais fraco e virou seu rosto para frente novamente, desviando seu olhar de mim.

- Queria que isso tudo fosse real... – Falou tão baixo que se meus olhos e ouvidos não estivessem voltados apenas a ela, com certeza não teria escutado.

- E o que te faz pensar que nada disso é real? – Nesse momento ela levanta suas pernas, com um pouco de dificuldade, de modo que possa abraça-los e eu tento me aproximar um pouco mais.

- Esse lugar, esse momento, você... – Olhou em minha direção ao deixar última palavra soar baixo e eu me aproximo ainda mais e fico na mesma posição que a sua, deixando nossos ombros lado a lado colados, e ela volta a olhar o horizonte à sua frente. – Seria possível alguém, em tão pouco tempo, arrancar de você o que demorou anos para construir?

Eu não soube responder, não sabia o que dizer, todos os meus músculos e sentidos pareciam se resumir a apenas uma coisa: observá-la. Observar a sua beleza, não só exterior, mas ainda mais a sua beleza interior. A maneira pela qual ela lidava com toda aquela situação, a força na qual lutava todos os dias para permanecer em pé. Deixando que todos os momentos ruins pelo qual passava a fortalecessem e a transformassem em uma mulher indescritivelmente linda.

- A realidade pode ir muito além daquilo que seus olhos podem ver. É aquilo no qual acreditamos, aquilo onde depositamos toda nossa fé e esperança para que, de fato aconteça, e que em algum momento, possamos desfrutá-la da maneira que preferirmos. – Percebo que sua atenção está voltada a mim agora. - Seja em uma viagem de carro ao admirarmos a vista pela janela, em uma cama de hospital ou ao nos embalarmos na rede em uma manhã de domingo no quintal de casa ao envelhecermos. Como esse momento, aqui, agora, se torna real a cada segunda que passa e que daqui a 5, 10 ou 15 anos, você irá se lembrar e dirá que, mais que uma boa lembrança, isso tudo foi real.

Vejo que uma lágrima cai teimosa de seus olhos no qual trato de tirá-la dali e então acaricio seu rosto, notando cada detalhe que ele possuía para que não pudesse esquecer nunca mais.

- Você é linda. – Deixo meu pensamento falar mais alto e me praguejo mentalmente por isso.

- Você mal me conheceu. – Ela solta uma risada leve enquanto limpa outra lágrima que escorria mais uma vez de seus olhos. – E além do mais, isso aqui – aponta paro tecido em sua cabeça. – Não é nada charmoso.

- Eu sentia que te conhecia muito antes de qualquer aparição física sua para mim. – Respondo. – Mesmo quando você se recusou a deixar-me te ver do outro lado daquela cortina. Eu já sabia que sua beleza e seu charme iam muito além que qualquer penteado de cabelo ou a maneira pela qual se veste. E sabe o que eu vejo aqui? – Ela movimenta levemente a cabeça em negação. – Eu vejo uma mulher forte, batalhadora, angelical e inegavelmente linda de todas as maneiras que ela quiser ser, pois nada disso – aponto para o tecido em sua cabeça. – importa quando se tem algo puro e verdadeiro aqui dentro. – Finalizo apontando para seu coração.

- Você não existe. – Camila fala com a voz um pouco embargada e eu sorrio enquanto ajudo a enxugar suas lágrimas. – Onde você esteve esse tempo todo, Lauren Jauregui?

- Escondida, apenas esperando você aparecer, srta. Cabello. – Nesse momento lembrei-me de meu violão, no mesmo momento em que vejo o pôr do sol surgindo, a melhor parte daquela tarde estava chegando. Então me afasto ao ter uma ideia.

- Onde você vai? – Questiona ao me ver saindo de seu lado.

Rapidamente pego meu violão e volto, posicionando-o corretamente e verificando se todas as cortas estavam afinadas da maneira que a música pedia.

- Eu quero que esse momento seja único. – Digo. – Quero que se lembre de hoje, daqui, de nós, a cada manhã que levantar.

[Find Me]

Dou início aos primeiros acordes no violão e dirijo meu olhar à Camila antes de começar a cantar a primeira estrofe, que lançou um sorriso tímido, mas ainda assim animado com o que estaria por vir.

So many nights trying to hide it
But now I stay awake just pleading for more
To think this heart was divided
I'm losing sleep cause I can't ignore...

Camila dividia sua atenção entre mim e o lindo pôr do sol que se iniciava em nossa frente. Seu olhar brilhando de admiração pelo momento fazia meu peito explodir-se em felicidade com a cena maravilhosa que eu tinha à minha frente, rezando aos deuses que cada minuto tornasse aquele momento eterno ou que fizessem parar o tempo para que ficássemos ali por mais tempo.

Find me, here in your arms
Now I'm wondering where you've always been
Blindly, I came to you
Knowing you'd breathe new life from within
Can't get enough of you

I want to be where you are
In times of need I just want you to stay
I leave a note on your car
When I can't find the right words to say

Queria que Camila entendesse, com aquela canção, que eu era aquela pessoa que permanecia escondida até o momento que soube de sua existência. Até o momento em que escutei sua voz do outro lado daquela cortina no quarto de hospital. Que eu seria aquela que daria tempo ao tempo, que salvaria a sua vida como um super-homem, se ela quisesse. Que a faria acreditar e sentir a boa garota que ela era.

Find me, here in your arms
Now I'm wondering where you've always been
Blindly, I came to you
Knowing you'd breathe new life from within

With you in time
There's nothing else
My life stands still
You are the will that makes me strong
Make me strong
If ever alone in this world I know I'll always

Fecho meus olhos para cantar o refrão uma última vez, procurando passar tudo aquilo que eu sentia naquele momento. E como em um filme, as lembranças de nossa conversa no hospital, e de como tudo se iniciou e onde viemos parar em tão pouco tempo, me atingiram.

E junto a ela algumas lágrimas se fizeram presente, mas dessa vez era uma sensação de satisfação que me atingira. Por ter aprendido tanto em um curto espaço de tempo com Camila e sobre como lidamos com nossas vidas.

Chegando a última estrofe da música, observo que agora Camila sorria de olhos fechados enquanto parecia apreciar aqueles últimos momentos da música e da brisa leve que agora atingia-nos o rosto.

- I can't get enough of you…

Sorrio com a cena e finalmente toco o último acorde, a fazendo abrir seus lindos olhos e dirigindo-os a mim.

Deixo meu violão de lado e volto a me aproximar e acaricar seu rosto, e ao sentir, Camila fecha os olhos e aprecia o carinho, fazendo-me sorrir com a cena.

- Você conseguiu. – Diz ela ainda de olhos fechados.

- O que eu consegui? – Questiono e sinto nossos rostos cada vez mais perto, de modo que nossas respirações fossem sentidas uma pela outra.

- Conseguiu quebrar a barreira que a Camila frágil e cheia de medos construiu. – Dessa vez ela olhava em meus olhos e eu não ousei tirar os meus dos dela. – Em tão pouco tempo você conseguiu o que nenhuma outra pessoa antes conseguiu. Me tornei vulnerável a algo novo que eu ainda não havia experimentado até encontrar você.

- Que seria? – Eu não conseguia tirar os contatos de meus olhos dos dela e de seus lindos lábios.

- O amor, Lauren. Você me mostrou o amor. E agora eu me encontro vulnerável a ele.

Encontrei-me sem palavras, mas sentia que naquele momento nada precisava ser dito. Então, com total delicadeza toquei em seu queixo e a trouxe para mais perto, quebrando totalmente os míseros centímetros que antes nos separavam e juntei seus lábios aos meus.

Todo aquele anseio que antes eu sentia, transformaram-se em alegria ao, finalmente, sentir seus lábios quentes e macios. Levei minha mão a sua nuca em busca de um contato melhor, mas ansiávamos por mais. E quando sua língua finalmente pediu passagem, deixamos aquele beijo delicado ser transformado em algo mais intenso.

Nossas línguas trabalhavam em uma sincronia perfeita e, se não fosse o calor do momento, poderia jurar sentir seu coração batendo tão forte quanto o meu estava.

A falta de ar nos pulmões começara a se fazer presente, nos fazendo separar nossos lábios deixando ambas ofegantes após o beijo. Mas, como em um desespero imenso por contato, mantive nossas testas coladas sentindo nossas respirações se misturarem. E apesar de permanecer de olhos fechados, podia sentir que ela sorria tanto quanto eu nesse momento.

- Eu não quero que acabe. – Camila quebra o silêncio entre nós, mais uma vez. – Isso tudo, esse momento, esse lugar. Nós.

- Não vai acabar. Eu prometo te fazer reviver esse momento, quantas vezes você quiser,

- Eu vou embora, Lauren. – Abro os olhos ao escutar o que ela acabara de dizer. – Volto para Miami amanhã, pela manhã.

- Por isso você resolveu aceitar meu pedido. – Digo.

- Uma única chance. – Repete a frase que usei ao pedi-la que se encontrasse comigo no dia anterior.

Mas eu sabia o que aquela frase significava. Uma única chance de viver algo bom antes de partir, uma única chance de se sentir viva e não como um ser humano dependente de medicamentos e acompanhamento todas as horas do dia.

Sinto Camila fraquejar e seus olhos ficarem marejados novamente. Então sem pensar duas vezes, a envolvo em um abraço e procuro confortá-la o máximo possível. Quero que sinta que pode contar comigo hoje e sempre.

- Foi eu. – Ela diz com a voz embargada. – Eu pedi deles. Dos médicos.

- Porque pediu isso? E seu tratamento? Não pode simplesmente abandoná-lo assim.

- Me sinto cansada, OK?! Passar por todo aquele tratamento por dias, e ainda esperar que um milagre aconteça torna tudo isso ainda mais cansativo para mim! E além disso... – Deixou a frase morrer.

- Além disso...?

- Além, disso – Continua. – Eles disseram que eu poderia ter esse tempinho de “folga”. – Fez aspas com os dedos e um sorriso fraco surgiu em seus lábios. Porque eu não acreditara totalmente em sua resposta? Pensei.

E então um arrepio e um medo repentino surge em mim, juntamente com inúmeros pensamentos.

Eu poderia chorar. Eu poderia gritar. De raiva, tristeza ou medo de perde-la para sempre depois que ela fosse embora. Mas eu não o faria, não na sua frente. Então tudo o que fiz foi segurar-lhe a mão e olhar no fundo de seus olhos antes de tomar a iniciativa de falar.

- Sabe, uma pessoa um dia me dissera: “Faça sempre aquilo que tema”. E eu nunca havia compreendido isso até esse momento. Nunca senti medo de algo, ou de fazer algo. Até o momento em que coloquei meus olhos em você há uma hora atrás. – Olhei no fundo de seus olhos que prestavam atenção a cada palavra minha dita. – Eu não havia reparado que, todo esse tempo, eu tive medo de amar. Eu tive medo do amor e de me entregá-lo a ele, como você se entregou. Portanto, hoje, eu quero fazer aquilo que eu temo, eu quero sentir o amor na sua mais pura e verdadeira forma. E eu só vejo uma maneira de fazê-lo: vivendo-o com a mais bela e corajosa mulher que eu já pude conhecer em toda a minha vida.

Com lágrimas nos olhos, aproximei-me de Camila mais uma vez e colei nossos lábios novamente. Dessa vez apenas para deixar-lhe claro que nada, nem ninguém nesse mundo mudaria o que criamos nesses dias.

Fomos obrigadas a nos separar apenas pelo toque no celular de Camila. Era Dinah pedindo para que Camila não demorasse a voltar, pois precisava descansar antes do vôo de volta à Miami.

Enquanto Camila esperava sentada na grama, rapidamente arrumei as coisas na cesta e guardei o violão no case. E antes que pudéssemos ir embora, sentei-me ao seu lado e tirei o celular do bolso de minha jaqueta, o ligando logo na câmera no modo selfie. Passei meu braço por seus ombros a trazendo mais para mim, de modo que deitasse sua cabeça em meu ombro esquerdo. Então posicionei a câmera em nossa frente, beijei sua cabeça e tirei a foto.

- Pronto, agora podemos ir. – Sorrio para ela que acena em concordância e logo caminhamos para o carro.

O caminho até seu hotel foi calmo, e o tempo inteiro procurava algum contato com Camila para que ela soubesse que ficaria tudo bem, mesmo que isso consistisse em segurar-lhe à mão para lhe passar segurança durante o caminho.

Sem muita demora, chegamos em frente ao endereço que Camila me guiou, desci do carro para busca-la no outro lado, a levando logo para a entrada.

- Está entregue, srta. – Camila sorri. Mas seu sorriso logo morre ao olhar a porta do prédio, denunciando sua tristeza por ter que ir embora.

- Não tenho palavras para agradecer por esta tarde, Lauren.

- E nem precisa, foi um presente. – Sorrio e beijo o dorso de sua mão. Mas uma lágrima escapa de meus olhos e cai, tocando o mesmo local anteriormente beijado por mim. – E seria uma honra poder fazer tudo outra vez.

- Ei!.. – Ela toca em meu queixo e o levanta na direção de seu rosto. – Eu quero que me prometa uma coisa, Lauren. – Fixa seu olhar em mim. - Me prometa que, ao entrar naquele carro, todo o seu medo e todas as inibições do seu coração ficarão da porta para fora essa noite. E que nada, nem ninguém vai fazer você derramar uma lágrima sequer dessa imensidão verde, que não seja de alegria.

- Se eu não prometer, talvez você fique mais tempo assim comigo... – Digo enquanto a puxo com delicadeza pela cintura para mais perto, fazendo-a passar seus braços delicados pelo meu pescoço.

- Você está dificultando essa despedida... – Reclamou. – Não vou querer te deixar aqui dessa maneira.

- Talvez não seja preciso. – Sorrio.

- O que quer dizer?

- Eu estarei lá com você. – Sorrio e afasto-me um pouco, apenas para pegar os dois cordões em meu bolso.

Ela sorri e olha curiosa para os cordões em minha mão, até que peço para que ela vire para que eu coloque um deles em seu pescoço. Fazendo o mesmo com o meu, em seguida.

[Nobody]

- Sabe, eu gosto muito da beleza de pequenos momentos, como o brilho do Sol e da Lua, por exemplo. – Digo. - E de como eles podem obter diferentes significados para as pessoas que as admiram, ou até mesmo para aquelas que passam desapercebido por eles diariamente.

Camila virou-se novamente e agora me observava sem dizer uma só palavra, e me fitava com seu olhar intenso que fazia-me ter coragem para dizer tudo o que meu coração ditava naquele momento.

- Nos últimos dias você me ensinou muita coisa. - Continuo – Hoje, em especial, você me mostrou, e me deu a certeza, de que as pequenas coisas podem significar muito mais que apenas valores materiais. Então, na tentativa de te mostrar isso, eu te entrego um pedaço de mim. – Aponto para o cordão em seu pescoço. - Não posso te dar um mundo inteiro, e isso tão pouco teria importância se tudo o que precisamos está bem aqui. Por isso, te entrego o sol, para que me tenhas sempre com você, a qualquer lugar que vá, a qualquer passo que der e a todo momento que a saudade se fizer presente. Dou ele a você para que te ilumine sempre que a escuridão de medos que nos assombram a todo custo perturbarem você, da mesma maneira que eu estarei sempre ao seu lado para não deixar que seu sorriso deixe de iluminar não só o seu dia, mas os meus também. Porque, não importa as circunstâncias, eu serei sempre o seu Sol, para te iluminar nos dias mais nublados. E você será sempre a minha Lua, - Aponto agora para o cordão em meu pescoço. - que sempre me trás a calmaria e a paz necessárias para minhas confusões internas e diárias cessarem, para que eu volte a sentir apenas a leveza que é te ter sempre comigo, hoje, amanhã e sempre.

Com lágrimas nos olhos, Camila colou nossas testas e deu-me um beijo leve, fazendo-me sentir o gosto salgado de suas lágrimas.

- Você não existe, Lauren Jauregui. Isso, com certeza, é um sonho e eu acordarei dele naquela cama de hospital novamente em poucos minutos. – Sorriu e balançou sua cabeça em negação.

- Então façamos desse sonho o mais lindo de todos. - Olho no fundo de seus olhos e mostro-lhe um sorriso. – Se sonhar te faz feliz, eu construirei milhões de sonhos, só para que nele eu possa te ver sorrindo novamente.

E naquele momento, naquele exato momento, eu soube: O que o destino aguardava para nós não importaria. Pertenceríamos uma a outra, em alma e coração, e que de mais nada eu teria desejo, que não fosse o seu amor. Pois ela havia me mostrado o seu melhor, e o melhor de mim eu mostraria a ela.

 


Notas Finais


Ayoooooooo!!

Vivos? Espero que sim. Hahahaha.

Bom, espero que tenham gostado tanto quanto eu adorei escrever. Criei um amor tão grande por essa one que vocês não imaginam! Confesso que tenho vontade de escrever mais dela, mas isso não depende apenas da minha boa vontade e, sim, também do tempo que possuo devido aos projetos de faculdade.

Se a história tiver agradado vocês, compartilhem pra todos que puderem e quiserem.

Então, é isso...

Caso queiram me xingar, reclamar ou falar algo sobre Uncover, chamem no tt @lmjokerr.

Beijos e até a próxima!

Xxxxxx.


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