História Under Pressure - Only Fools Fall For You

Minha cabeça ainda doía um pouco, devido aos drinks que tomei na noite passada, em razão de conseguir olhar para a cara de Justin por três horas seguidas. As palavras dele se repetem na minha cabeça "não nos conhecemos", isto não deveria suar tão ruim quanto está, mas não consigo deixar de olhar para a situação da melhor forma. Eu o conheço, e ele eventualmente também me conhece, quero dizer, não como conheço minhas amigas e, um pouco menos do que os próprios amigos dele, mas ainda assim sabíamos quem o outro era, o que ele negou. Talvez eu espera-se uma outra reação, mas sinceramente não acho que tenha pensado sobre isso, estou tão confusa agora quanto antes, tão irritada agora quanto no momento que achei que vários drinks me fariam esquecer isto no dia seguinte, e estou eu aqui, remoendo e confirmando a mim mesma o quão estúpida sou.

Deveria odia-lo exatamente por não conseguir. O que achei, que ele fosse me ligar de manhã para tomarmos café juntos? Quem estou tentando enganar, isso jamais aconteceria. Não é como se eu estivesse apaixonada, seria uma loucura uma coisa dessas, é apenas a consideração que esperei que ele tivesse, a mesma que esperaria de qualquer outro. Mas tudo bem, com certeza não será a última vez, e sobreviverei a isso.

Pela cortina aberta da janela ─ que me amaldiçoei por não tê-la fechado ─ pude ver o tempo lá fora: um céu negro demonstrando que logo choveria, e não seria pouco. Minha vontade era de ficar debaixo do edredom o dia inteiro, certamente também estaria frio, e minha cama era o maior acolhimento para esses dias. Mas a faculdade falava mais alto, e eu precisaria comparecer hoje, ou se não atrasaria meus conteúdos e, com isso as férias de verão. Ainda que minha preguiça fosse tão grande, arrastei-me para fora da cama com muito sacrifício. Normalmente não sou tão preguiçosa como hoje (na verdade nunca tive uma ressaca), procuro sempre adiantar o relógio para dez minutos antes do horário de acordar, assim sempre estou pronta pontualmente. 

A água quente do chuveiro fez com que meu sono saísse, deixando-me mais disposta e encorajada para mais um longo dia. Tirei do fundo da pilha de roupas quentes a minha tão adorada meia-calça preta, eu não a usava desde o inverno passado, apesar disso ela ainda servia muito bem e continuava em um bom estado, pelo menos o bastante para sair à rua. Vesti meu vestido azul marinho de mangas curtas, e por cima o casaco beje que quase me engolia.

O cheiro de café estava forte, até me assustaria se não soubesse que era por causa da cafeteira. Acho que Vanessa a entupio de tanta pó que quando a ligamos enche o apartamento com o fedor de cafeína.

── Você precisa desmontar essa cafeteria antes que ela exploda ─ aviso Vanessa enquanto encho minha xícara.

── Não tem nada de errado com ela, está em ótimo estado ─ rolo os olhos para mim mesma. Até parece que elas me ouviam.

── O que aconteceu com você ontem? ─ questionou Lucy olhando para mim.

── Do que está falando? ─ faço-me de desentendida, porque o que mais havia eram motivos para desconfiar.

── Voltou do banheiro todo esquisita, e até encheu a cara ─ ela parece irritada, mas sei que é só o seu jeito agitada de quando precisa urgentemente de respostas.

── Se não bebo você reclama, quando bebo sou esquisita ─ recordo-me rapidamente de como foi fácil ontem enrolar elas dizendo que só queria me divertir. Realmente havia sido fácil de mais, como não suspeitei que não tinham acreditado.

── Teve alguma coisa haver com o Justin? ─ questiona Vanessa sinuosa. Tento fazer minha cara mais confusa, ainda evitando contar a elas que ficamos.

── O que está sugerindo? ─ pergunto.

── O que poderíamos sugerir? ─ rebate Lucy apressada.

Intercalei meu olhar entre elas, que encaravam serias. Suspirei ponderando a opção de não falar sobre isso. Sei que não é algo tão inaceitável, aliás não sou nenhuma criança que foi obrigada a fazer o que não devia, no entanto não quero falar sobre isso, não pela ação, mas sim por causa de com quem a comiti.

── Nos beijamos se é o que querem saber ─ confirmo. Lucy arregalou seus olhos, como se fosse algo que já não suspeita-se. ── E ele fingiu que nem me conhecia ─ completo, demostrando que aquilo não foi nada. Vanessa parece decepcionada, não tanto quanto eu.

── Não acredito que você ficou com aquele idiota, e ele ainda te tratou mal ─ seu tom é de desaprovação e ojeriza. ── Você nem o conhece ─ rolo os olhos não crendo que ela viria com isso agora. Por favor, Lucy.

── Você também não ─ as palavras saem surpreendo-me pelo modo que o defendi, ele é um babaca comigo e ainda assim o defendo, realmente sou um tola completa.

── Vocês se viram quando fomos a boate juntas? ─ agora Vanessa parece atordoada, extremamente atordoada.

── Sim, mas foi tão rápido, não achei que ele me reconheceria ─ antes isso tivesse acontecido.

── Por que não nos contou? ─ ela torna a me questionar.

── Não tinha o que contar... ─ o que eu diria? Que vi um cara, sendo que haviam vários.

── Como ter o beijado ontem ─ Lucy volta a me por contra a parede.

── Não preciso que você me jogue na cara que agi feito uma boba, já estou sozinha fazendo isso o bastante ─ não sei por que, mas me senti magoada por logo Lucy ter essa reação. Ela tinha razão, e eu não negaria isso, mas às vezes só vou descobrir as coisas quando quebrar a cara.

── Estou apenas tentando fazer você enxerga as coisas. Caras do tipo do Justin não merecem garotas como você.

── Não precisa se preocupar com isso, foi um erro e sei disso.

Eu realmente tinha total consciência disso; mas em partes a culpa também era minha, por entender de outra forma as ações dele. Não poderia ser injusta e somente culpá-lo por me iludir sozinha, sendo que em nenhum momento ele fez isso.

── Eu vou para aula ─ levanto da bancada e, depois de pegar minha bolsa no sofá, deixo o apartamento.

Eu não estava chateada, apenas não queria continuar aquela conversa, que indubitavelmente tomaria um caminho o qual eu não estava pronta para ouvir. Não queria e não precisava saber nada sobre Justin, um beijo não significa que tenhamos algo. Não é porque ele mexeu comigo que sentia o mesmo por mim, e eu teria que aceitar esse fato.

[...]

Peguei um táxi até o campus para evitar uma carona com Lucy, já que agora Vanessa ia para seu estágio e comprar um carro estava fora de cogitação. Ela logo esqueceria sua cisma com Justin e esse assunto morreria entre a gente.

A manhã correu rápida e logo nossa aula havia acabado, levando em compensação que hoje fizemos uma redação, e como eu adoro fazer relações o tempo ficou curto. Como suspeitei logo cedo, a chuva já havia chego. Os corredores não estavam tão cheios, alguns ainda se encontravam em aula, mas como hoje seria impossível ficar pelo pátio, todos se localizavam pelos imensos corredores de vidro. Me enconstei em uma das pilastras divisórias das janelas, esperando a chuva passar para ir até à lanchonete e comer alguma coisa, estava morrendo de fome e não aguentaria até a hora do almoço. 

O homem de roupas sociais e pasta pendurada por um dos ombros comprimentou os outros alunos que por ali estavam, e depois veio em minha direção. Meu professor de Neuroanatomia facilmente poderia ser confundido com um dos alunos, ele parecia tão jovem que me fazia questionar sua idade. 

── Ashley Benson? ─ perguntou ele parado a minha frente.

── Sim ─ o que ele fazia aqui? Nossa aula seria daqui uma hora.

── Sua amiga Senhorita McKean falou comigo sobre sua bolsa de estudos. Ainda está enterresada? ─ meu coração quase saiu pela boca. 

── Sim..., claro que sim ─ mal pude conter minha felicidade.

── Posso ajuda-la, mas antes gostaria de esclarecer algumas coisas importantes do procedimento ─ concordo.

── Quando podemos fazer? 

── Teremos a tarde de hoje livre, se puder me encontrar na cafeteria da esquina ─ sugeriu.

── Não, sem problemas. Estarei lá por volta das sete ─ ele sorriu e passou por mim.

A chuva já havia acalmado, e aproveitei essa brecha para correr até a lanchonete. Candice possivelmente estaria em seu horário de trabalho, e eu agradeceria a ela pela grande ajuda.

Pus minha bolsa sobre o balcão e sentei-me, bem de frente para a ruiva.

── Hey, como vai? ─ ela esboçou seu grande sorriso para mim.

── Vou muito bem e melhor agora. Obrigada pelo que fez por mim ─ sem que eu precise citar ao que me referia, Cand entendeu perfeitamente.

── Não foi nada, afinal, amigas se ajudam ─ ela apertou uma das minhas mãos que estavam sobre a mesa. ── Vai querer alguma coisa? 

── Vou sim, um café sem açúcar e um croissant.

── Levou sorte, acabamos de tirar uma fornada ─ piscou Candice e saiu pela porta em direção à cozinha.

Segundos depois Lucy sentou ao meu lado, tão apressada que achei que cairia da banqueta. Seu casaco cinza tinha pingos de chuva, deduzindo que ela veio correndo. Que bom que minha primeira aula tinha sido no prédio perto a lanchonete.

── Estou odiando esse clima, até semana passada estava um calor infernal e agora estou até usando meias ─ ela disse raivosa tirando seu casado e o colocando sobre o balcão.

── Olha quem apareceu... ─ disse Cand trazendo meu prato com croissants. Ela olhou para Lucy notando o cabelo escuro molhado e um pouco grudado ao rosto. ── Parece que está chovendo ─ a outra olhou para ela esboçando um sorriso cínico. Quase ri da cara de Lucy pelo banho que tinha tomado.

── Você terá aula hoje a tarde? ─ a perguntei olhando Cand mexer minha xícara de café.

── Não. Vou querer o mesmo que a Ash ─ avisou à atendente.

── Podemos ir fazer compras ─ sugeri.

── No shopping? ─ me olhou animada, seus olhos chegavam a brilhar, e me surpreendia por uma pessoa gosta tanto de shopping.

── No supermercado ─ respondi desmanchando seu sorriso.

── Vai com a Vanessa, isso não é para mim.

── Então não precisa comer ─ ela deu a língua para meu tom sarcástico.

Mandei um torpedo para Vanessa mancando de nos encontrarmos no supermercado. Já tínhamos feito uma lista dias atrás de tudo o que precisaríamos, mas a rotina não ajudou para fazermos as comprar.