Acordei-me com o grande ranger estridente que o carro de meu pai fazia sempre ao desligar o motor. Olhei a minha volta ainda sonolento, minha visão turva somente atrapalhava o reconhecimento do território.
━ Chegamos meu filho. ━ Indagou-me meu pai de forma carinhosa, enquanto se locomovia sutilmente até a porta traseira do carro onde eu estaria, abrindo-a para mim. Sem pestanejar, removi meu sinto e coloquei meu corpo para fora do automóvel rapidamente. Me deparei com a aparência desastrosa da casa, as janelas aparentavam estar sujas a anos, e a porta de madeira prestes a cair. Haviam dois andares, não muito grande, tão pouco bonita, mas ignorei relembrando o a situação no qual meu pai se encontrava.
━ Não tem perigo de desabar ? ━ Cutuquei meu pai com o cotovelo esquerdo, enquanto minha voz embargava entre risadas pausadas. Percebi sorri-lo de canto meio sem jeito, nós não éramos e nunca fomos ricos na antiga cidade, mas nossa casa era mil vezes mais adequada que aquela. Fui até a traseira do automóvel onde peguei diversas caixas sem muita dificuldade, eu pratiquei muitos esportes e meu corpo era de certa forma formidável. Adentrei a casa e o estado de lá dentro era menos deplorável. Coloquei as bagagens encostada perto a uma escada que dava para o segundo andar. Arfei procurando ar por alguns segundos.
━ Você não vai no primeiro dia de aula Ryan ? ━ Direcionou a mim, encostado sobre a porta, com seus olhos fixos ao seu relógio de pulso.
━ Há... Sim, obrigado por me lembrar. ━ Retruquei-o agarrando minha mochila sobre algumas caixas que ali se encontravam. Me locomovi até meu pai o abraçando delicadamente, sem brutalidade alguma. Logo em seguida comecei a caminhar em direção à porta. Já do lado de fora avistei algumas placas informando a localização do colégio, era uma cidade bem pequena, eu poderia ir a pé para lá sem problema algum, dito e feito. Ao chegar no colégio fiquei boquiaberto, a imensidão do campus me surpreendeu por total, não esperava nada grandioso após ter visto meu novo lar. No entanto, a estrutura era enorme, embora antiga, sua pintura branca e janelas aparentavam estar mais novas do que nunca. Haviam algumas pessoas ali paradas, um grupo de garotas, magras, e três delas eram loiras, todas usavam roupas de líderes de torcida, elas eram atraentes mas algo me dizia que não que tão amigáveis. Logo à frente estariam mais alguns garotos, visivelmente jogadores de futebol americano, seus moletons azuis com mangas amarelas dava-se a entender isto. Eles me fitavam de forma intimidadora, e me deixei desviar os olhos turvos para o chão enquanto adentrava o colégio. Já lá dentro a multidão tomava conta, eram tantas pessoas que sequer me ousei a encara-las. Me perdi em pensamento até sentir um baque bem forte no ombro direito, lançando-me nada delicadamente sobre um armário qualquer em minha esquerda. Me virei furioso em busca do culpado, eu nunca fui "O oprimido" em colégio alguém, este não haveria de ser o primeiro. Após virar-me bruscamente me deparei com três rapazes, ambos com moletons azuis com mangas amarelas, e um deles o exato a esquerda olharia para trás. Sua pele era pálida como um floco de neve, haviam sardas quase não notáveis em suas bochechas, e seus cabelos eram ruivos, um belo alaranjado. Seu olhos azuis claros me fitavam quase intimamente e um sorriso carinhoso era formado em seus lábios. Ok, ok, ele era atraente, mas seu corpo era magro, não escandalosamente, apenas pequeno, eu não diria que o mesmo seria do time. Ele ergueu a mão esquerda ainda caminhando e acenou como quem pedisse desculpas. Aquilo me acalmou por completo, me senti arrepiar levemente. Aquele colégio não seria como os outros, arfei contente por um instante.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.