História Under the truth - Interativa - 1x02 Strike team

Jade POV

Mais uma manhã chegava, eu já havia me arrumado, depois de certo tempo acordar cedo se tornou automático, o despertador só servia como uma segurança. Eu me olhei pela última vez no espelho antes de sair do meu apartamento, a camiseta azul era sobreposta por uma jaqueta de couro preta, que combinava com minha calça preta, também de couro, que tinha a mesma cor do meu salto. Morar em Nova York era bom, eu senti falta disso nos meus anos em Miami, eu olhei pela janela e avistei a mansão dos Harper, da minha janela era possível ver a área dos fundos, que ficava ao lado do pequeno cemitério da família, eu achava extremamente estranho saber que alguém tinha um cemitério em casa, "ricos costumam ser excêntricos", essa era a frase que meu irmão Daniel sempre usava quando nos referíamos aos Harper, para ser sincera eu gostava deles, afinal passei alguns anos morando na mansão e, conhecendo todos eles, era fácil de se dizer que eram boa gente.

Meu celular apitou me tirando dos meus devaneios e quando o desbloqueei vi a mensagem de Anastasia, aparentemente iríamos ter uma reunião emergencial com o chefe. Eu desci pelo elevador até o estacionamento e montei na minha moto, todos os dias eu me lembrava da surpresa no olhar de todos quando me viram chegar na minha moto branca pela primeira vez, eu obviamente atrai vários olhares, uma moto esportiva, uma garota de salto, combinação perfeita para os tarados de plantão.

O trânsito obviamente estava terrível, mas essa era uma das grandes vantagens de se ter uma moto, cheguei no grande prédio que era utilizado como sede federal, os escritórios do FBI, onde eu trabalhava, ocupavam os 3 últimos andares, a sala de evidências era o vigésimo primeiro, a biblioteca e as salas de interrogatório ficavam no vigésimo segundo e por último, no vigésimo quarto, ficava o escritório.

Eu subi pelo elevador até o vigésimo quarto andar ignorando certos olhares, algo que já havia se tornado rotineiro para mim, sai pela porta do elevador no vigésimo quarto andar e encontrei Hugo Skaangard III, ele carregava várias caixas de evidências e olhou para mim e sorriu, a diferença dele para os outros era essa, ele me via como uma amiga, ao contrário dos que me viam como um pedaço de carne.

  - Quer ajuda? - Perguntei observando que ele, apesar de alto, estava quase encoberto por caixas.

  - Obrigado - Ele sorriu me deixando pegar algumas caixas do topo - Vamos para a sala de reuniões principal.

Caminhamos pelas mesas dos agentes que ficavam naquele local, apenas os melhores da cidade trabalhavam ali, o resto ficava espalhado em outros escritórios. Subimos as escadas e passamos pela sala que anteriormente era usada por Rúben Hidelbrand, quando ele era o líder da equipe, quando Christensen se aposentou Rúben foi promovido a responsável pela divisão de Nova York, ele agora ficava na sala logo ao lado, que era pouco maior que a outra, a mesma visão panorâmica através da "parede de vidro", nós caminhamos até a sala de reuniões e deixamos as evidências encima da grande mesa oval. Cumprimentei Rúben, Anastasia, Tyler e Olivia que já estavam na sala de reuniões e a reunião se iniciou.

  - Primeiro de tudo é bom que todos vocês saibam que já temos a responsável por me substituir na minha antiga função - Disse Rúben com sua expressão séria de sempre, ele era um homem de pele negra e olhos castanhos, possuía um cabelo crespo e curto, além de uma barba rala que cobria as laterais de seu rosto.

  - Quem vai ser? - Perguntou Tyler, ele era um misto de pessoa, muito frio em situações sérias e um piadista em situações comuns, ele ajudava a tornar o escritório menos sério e consequentemente menos chato.

A pergunta de Tyler foi respondida com duas batidas na porta de vidro da sala, uma bela mulher loira entrou na sala.

  - Essa é Alysha Barret, ela vai assumir a minha antiga função, ela passou um ano comandando a burocracia da caverna e agora ela vai se juntar a nós.

  - Caverna? Isso pode ter te deixado enferrujada - Disse Olivia.

  - Eu te garanto que não, senhorita Warner - A voz de Alysha era calma, mas transmitía um certo tom de autoridade, me diziam que minha voz era assim, mas nunca dei atenção - Passei um ano na caverna lidando com burocracias, justamente para me preparar para esse cargo, então não se preocupe.

A forma com a qual ela falou poderia até parecer simpática, mas eu sabia que aquilo era a forma dela de marcar territorio e de ganhar respeito, ou medo.

  - Tudo bem, agora vamos começar a nossa reunião - Disse Rúben - O que nós conseguimos Skangaard?

  - McLean obteve alguns dados com seu trabalho interno, aparentemente eles pretendem fazer negócios aqui em Nova York.

Quando ele dizia eles, se referia ao grupo da família Bonucci, eles formavam uma família de mafiosos do século 21, traficavam drogas, bebidas e pessoas, nós tínhamos uma operação montada a mais de um ano, ele operava em Seattle e a informação da vinda do núcleo da família para Nova York a dois meses foi uma grande surpresa para todos nós, eles eram uma das nossas prioridades, por isso o caso foi mandado para Rúben, nós tínhamos a melhor média de eficiência de Nova York e por isso os casos complicados sempre eram direcionados para o nosso escritório, mesmo quando se tratava de uma cidade diferente, éramos chamados de "Strike team", ganhamos esse apelido quando prendemos um contrabandista chinês que tentava levar produtos roubados de um país para o outro, ele era chamado de "Jackie Chan", Anastasia era a responsável por dar os apelidos que acabavam se tornando os nomes das operações, no caso dos Bonucci ela deu o nome de "Operação Bounanotte".

  - Então eles realmente não estão aqui para aproveitar o trânsito - Disse Tyler - Isso não é nada bom.

  - Talvez seja - Eu disse - Vamos montar uma operação de combate para finalizar eles.

  - O que você tem em mente? - A pergunta de Rúben me fez sorrir.

  - Vamos ser tradicionais - Eu sugeri - Vamos criar um comprador falso.

  - Isso é manjado demais Genevive - Disse Olivia, ela era a única da equipe que não me chamava de Jenny.

  - Por isso eles não vão desconfiar - Foi a primeira vez que Alysha participou da conversa - É algo tão manjado que eles não vão desconfiar.

  - Exatamente - Eu estava gostando da nova agente especial.

  - Então vamos criar o background - Disse Anastasia. 

Desde aquela reunião se passou um mês, nós conseguimos infiltrar Tyler no mundo dos mafiosos do século 21 e ele era um potencial comprador britânico que estava em busca de pessoas para trabalhar em suas fábricas na Ásia, ele era muito bom e não demorou muito para conseguir a confiança dos Bonucci, aquele seria o dia onde iríamos acabar com toda a operação, era o dia da transferência, que seria feita através de um barco que iria deixar a ilha de Manhattan rumo a Ásia. Anastasia estava uma pilha de nervos, ela e Hugo eram os únicos que não percebiam o quanto se gostavam e ela estava morrendo de preocupação com ele, já que Hugo atuava como segurança de Tyler.

  - Vai ficar tudo bem - Rúben tentava tranquilizar Anastasia, nós estávamos dentro de um dos carros do FBI indo até o local da troca.

  - Já temos todas as equipes organizadas e prontas para agir - Eu disse observando a mensagem que havia recebido de Olivia, que liderava a equipe tática.

  - Excelente - Rúben tentava não demonstrar, mas estava claramente tenso, aquela era a última missão de campo dele antes de assumir a posição definitiva de chefe da divisão de Nova York.

Nós chegamos as docas e Rúben estacionou o carro a uma distância e a operação se iniciou na paciência, nós ficamos esperando por Tyler e por Luigi Bonucci, líder da família, ele surpreendentemente liderava a família com apenas 30 anos de idade.

  - Droga! - Exclamou Anastasia desligando o celular - O local da troca se alterou, temos que chegar ao outro lado da cidade em menos de dez minutos.

Eles saíram em disparada, Rúben ignorou o trânsito e costurou pelas ruas, a hacker oficial do FBI Valyria Casterly Targaryen que estava na sede ao lado de Alysha, alterava os sinais de trânsito e facilitava nosso caminho, nós conseguimos chegar dois minutos antes ao local correto, era um armazém de veículos e botes que ficava a céu aberto, Rúben estacionou em uma distância segura e nós fomos rapidamente para nossas posições, nós havíamos recebido uma imagem aérea do local, Valyria era impressionante ela conseguiu a imagem aérea e marcou os pontos cegos do local.

  - Eles estão chegando - Eu ouvi a voz de Valyria pelo comunicador.

Segundos depois eu consegui ver dois carros de luxo e uma caminhonete se aproximando, eu vi Tyler descendo de um dos carros acompanhado por Hugo e por Connors, outro agente que tínhamos infiltrado e que agia como outro segurança particular de Tyler.

Um brutamontes desceu da caminhonete e foi até a carroceria, com a ajuda de outro brutamontes ele retirou a lona.

  - São quatro pessoas - Disse Rúben posicionado em uma das prateleiras gigantes do armazém, ele olhava tudo de cima e tinha sua sniper preparada para qualquer emergência.

  - Vamos agir - Disse Anastasia.

  - Ainda não - Eu disse, Anastasia  estava ansiosa, mas não podíamos nos precipitar, o objetivo era pegá-los em flagrante.

  - Eles estão bem armados - Disse Valyria - A equipe tática vai chegar em cerca de três minutos.

  - Nós não temos tanto tempo - Eu disse - Assim que a troca se iniciar vamos ter que agir.

  - As câmeras de satélite já tem imagens para provar o crime - Disse Alysha.

  - Excelente - Disse Rúben - Se preparem para agir.

Eu já tinha minha arma em mãos e olhei para o outro lado e vi que a arma de Anastasia já estava preparada também.

  - Ação - Disse Rúben.

Nós agimos imediatamente surpreendendo nossos adversários, mas eles não estavam despreparados, um dos brutamontes sacou uma semiautomática, mas foi a última coisa que ele fez, um tiro silencioso acertou a testa dele, enquanto isso eu imobilizei o segundo com facilidade, ele era forte, mas não sabia usar seus músculos, qualquer um minimamente treinado saberia imobilizar ele, Bonucci se surpreendeu ao ver Tyler apontando a arma para cabeça dele, enquanto Hugo pegava um comunicador e orientava a equipe tática.

  - Foi mais um excelente trabalho - Disse Rúben.

Nós já estávamos na sala de reuniões e já havíamos recebido os parabéns dos nossos superiores, Bonucci havia entregado grande parte do cartel em troca de menos tempo preso, era mais um trabalho concluído com sucesso pelo "Strike team".

  - Vocês realmente honram o nome de Strike team, parabéns - Disse Alysha.

  - Esse foi meu último caso em campo, a partir de agora vem a burocracia - Disse Rúben.

  - O salário melhora consideravelmente - Disse Tyler arrancando risadas de Rúben, era raro ver ele tão descontraído assim.

  - Eu confio na Alysha, ela recebeu excelentes recomendações e vai de adaptar muito bem ao perfil da equipe - Disse Rúben.

Eu notei que Valyria estava calada, ela raramente participava de missões de campo e havia sido convidada para trabalhos esporádicos no FBI em troca de uma boa compensação financeira, ela era a única que se comparava a Hugo quando o assunto era hackear. Eu sabia bem que aquele jeito dela escondia alguém que representava perigo, por isso eu não era uma grande fã dela como pessoa, ela possuía uma aura assassina que poderia ser amedrontadora e eu custava a acreditar que ela era simplesmente uma mulher que trabalhava como modelo e ajudava o FBI nas emergências.

  - Inacreditável - Disse Tyler chamando minha atenção, ele olhava para a tela do notebook - Nós acabamos de capturar Luigi Bonucci e a notícia do dia é o retorno desse playboy babaca.

  - Retorno de quem? - Perguntou Anastasia.

  - Nicholas Harper - Disse Tyler - Aparentemente ele volta hoje para Nova York, qual é a importância desse tipo de notícia?

  - As pessoas adoram fofocas - Explicou Anastasia enquanto Olivia e Valyria deixavam a sala de reuniões acompanhadas por Rúben e por Alysha.

  - Isso é verdade - Concordou Hugo - Na verdade é esse tipo de notícia que realmente vende.

Saber dessa notícia sobre o retorno dele foi algo que despertou um sentimento estranho em mim, na verdade ele e o irmão dele adoravam mexer comigo quando eu era mais nova e aquilo me fez crescer e me tornar mais forte, apesar de sempre ter um relacionamento excelente com os Harper, já que eu tinha sido criada junto com o Nicholas, apesar de tudo eu fiquei com pena dele quando descobri sobre a morte do pai dele, nós fomos algo próximo de amigos quando Kevin começou a estudar em período integral. Eu fiquei ao lado do meu pai durante aquele período, nós já morávamos em Miami, mas voltamos para Nova York para o velório e aquela foi a última vez que eu vi Nicholas, ele estava desolado e foi triste vê-lo assim, mas eu não me aproximei dele, apenas fui embora.

Havia também um sentimento de revanchismo, eu queria ver a cara dele quando me visse, eu não sou modesta e sei muito bem que minha beleza atrai olhares, bem diferente de quando eu era uma adolescente que usava aparelho e era gordinha, um dos vários motivos pelos quais Nicholas e Kevin Harper me zoavam. Agora eu ia surpreender ele, ele provavelmente nem iria me reconhecer, mas quando descobrisse quem eu sou iria se arrepender de tudo que fez quando éramos mais novos.

  - Eu tenho que ir para casa - Eu disse me levantando.

  - Você é vizinha dos Harper, será que você está interessada em ver o gato playboy? - Perguntou Anastasia sugestivamente.

  - Ele nem é tão bonito assim - Resmungou Hugo enciumado.

Eu simplesmente lancei meu olhar ameaçador, que fez Anastasia levantar os dois braços em sinal de rendição, eu sorri de lado e fui para casa, quando cheguei no meu apartamento aproveitei para tomar um banho relaxante e peguei um livro de comédia, me sentei próxima a janela e comecei a ler, não sei quanto tempo se passou, quando eu começava a ler perdia a noção do tempo, mas olhei pela janela, o sol estava prestes a se pôr e eu vi um carro preto estacionando ao lado da mansão, o motorista desceu do carro e foi até o porta malas pegando algumas malas, logo alguns outros seguranças apareceram e ajudaram com as malas e então a porta de trás se abriu.

Ele desceu do carro e eu me surpreendi, ele não estava com seu visual de adolescente, o estilo despojado que fazia garotas suspirarem, ele tinha seu terno cinza dobrado em seu braço, ele usava calça social cinza e um sapato social preto, sua camisa branca era coberta por um colete cinza. Aquilo era uma surpresa, o efeito que eu desejava causar nele foi causado por ele em mim, eu percebi que ele também carregava uma sacola na outra mão e não foi em direção a entrada da casa, ele foi para área onde ficava o cemitério dos Harper, eu me surpreendi novamente quando ele tirou uma garrafa de whisky, eu reconhecia aquela garrafa, era um Macallan 1926, aquela garrafa custava mais de 70 mil dólares, ela valia um terço do valor da minha moto. Nicholas se sentou em frente ao túmulo que eu reconhecia como o túmulo do pai dele, depois se sentou na grama, abriu a garrafa e serviu dois copos, deixando um encima do túmulo e virando o outro, eu estava realmente curiosa com aquela cena, por isso peguei meu binóculo de investigação e olhei novamente, ele serviu outro copo e virou, eu novamente me surpreendi ao ver que lágrimas estavam caindo lentamente dos olhos dele, eu nunca havia visto ele chorar, nem mesmo no velório do pai dele, Steven Harper.

Aquele não era o mesmo Nicholas que havia ido embora, algo havia acontecido com ele, era claro para mim, ele tinha mudado. Meu celular tocou me tirando dos meus devaneios.

  - Jenny? - Perguntou a senhora Harper.

  - Oi tia Martha, tudo bem? - Respondi.

  - Está sim querida, eu não sei se você já sabe, mas Nick está voltando para casa hoje e eu gostaria de ter você conosco no jantar - Eu pensei sobre a possibilidade de ir, mas não tive muita escolha - Eu não vou aceitar um não como resposta querida. 

Não pude deixar de sorrir, a habilidade que Martha tinha para convencer as pessoas era algo impressionante, além disso eu não poderia rejeitar uma oferta dela.

  - Eu vou sim, tia Martha - Respondi.

  - Tudo bem, nos vemos às oito - Ela se despediu e desligou o telefone.

Voltei a olhar pela janela e percebi que Nicholas já não estava mais lá, decidi tomar um banho e me arrumar para o jantar com os Harper.

A mansão dos Harper não havia mudado nada, continuava com o perfil vitoriano de sempre, era um local elegante e refinado, os empregados da casa já me conheciam e me deixaram entrar, eu me sentia em casa ali, por isso fui com roupas informais, uma calça preta rasgada próxima a região do joelho e com uma camiseta branca, além de uma bota preta, quando cheguei na sala de jantar encontrei Martha vestida com um vestido azul e Charles usava um terno risca giz azul, ambos me cumprimentaram e nós nos sentamos na mesa. Poucos minutos depois ele desceu, Nicholas usava uma calça jeans preta, um tênis branco e uma camisa social preta dobrada até o cotovelo, eu me levantei, não só por educação, mas também porque queria surpreendê-lo com toda a mudança pela qual eu havia passado.

  - Bem vindo de volta - Charles foi o primeiro a cumprimentar Nicholas, logo depois ele e a mãe se abraçaram novamente, já que provavelmente já haviam se encontrado antes.

Ele veio até mim e me cumprimentou com um aperto de mão.

  - É bom ver você denovo - Eu disse esperando que ele não me reconhecesse.

  - Você mudou muito loirinha - Aquilo me surpreendeu mais do que qualquer outra coisa que eu havia visto naquele dia, era assim que ele me chamava quando éramos mais novos e aquilo significava que ele havia me reconhecido.

Quando o jantar era só familiar utilizavam a sala de jantar secundaria, que tinha uma mesa para apenas 8. Martha se sentou na ponta e Charles se sentou em um dos cantos, de frente para Nicholas, que se sentou ao meu lado, o jantar estava prestes a começar quando eu vi uma garota pouco menor do que eu entrando na sala de jantar, ela usava uma calça jeans preta, uma camiseta preta e uma jaqueta preta.

  - Nico? - A única pessoa no mundo que chamava Nicholas dessa forma era a irmã mais nova dele, Eloise Harper.

  - Oi Lusi - Nicholas se levantou e segundos depois foi atingido pelo abraço da irmã adolescente de 16 anos de idade, Eloise era uma garota legal e muito fofa, mas depois da morte do pai e da saída de Nicholas ela se tornou uma adolescente rebelde, que não tinha limites, tudo aquilo tinha o claro objetivo de chamar a atenção e ela conseguia exatamente isso.

  - Filha, junte-se a nós, vamos jantar juntos - Disse Martha.

  - Jantar em família - Eloise olhou para a mãe e se sentou ao lado de Charles - Uma vez na vida e outra na morte.

  - Eloise! - Martha repreendeu a filha.

  - Eu não estou mentindo, estou? - Perguntou Eloise, ela realmente gostava de chamar a atenção.

  - Como estão as coisas na empresa? - Nicholas interrompeu a possível discussão entre mãe e filha com maestría, já que ninguém esperava que ele fosse perguntar algo relacionado a esse tipo de assunto.

  - Excelentes - Disse Charles - Eu tenho ajudado sua mãe com o comando da empresa.

  - E com outras coisas também - Nicholas respondeu olhando para Charles.

Aquele jantar poderia ser constrangedor para muitos, mas eu realmente estava me divertindo com aquilo tudo.

  - Eu sinto muito por não ter te informado - Disse Charles segurando a mão de Martha.

Nicholas ia explodir, o velho Nicholas ia ser o adolescente denovo e ia causar um escândalo no jantar de família.

  - Eu passei muito tempo fora - Nicholas se levantou, caminhou até Charles e estendeu a mão para o padrasto, que se levantou e cumprimentou Nicholas - Eu agradeço por estar cuidando das duas pessoas mais importantes da minha vida. 

  - Elas também se tornaram as duas pessoas mais importantes da minha vida - Disse Charles.

Nicholas retornou para seu lugar e eu percebi que Martha estava claramente emocionada com a atitude do filho.

  - Eu quero ir à empresa amanhã, se não houver problemas - Disse Nicholas olhando de Charles para Martha.

  - Sem problemas - Respondeu Martha - A empresa é sua também.

O resto do jantar envolveu perguntas sobre onde Nicholas havia ficado, ele se resumiu a responder que viajou muito, o que eles haviam comprado, mas eu sabia que havia mais naquela história, o jantar se acabou e Nicholas me levou até a porta, nos despedimos com um aperto de mão e eu fui em direção ao meu apartamento, eu sabia que ele me observava enquanto caminhava, mas preferi deixar pra lá, tudo o que eu tinha em mente era que ele havia retornado e estava mais misterioso do que nunca. Eu adorava mistérios.