Rosie separava alguns itens para a salada, Emily e o irmão arrumavam a mesa na sala de jantar e eu ouvia gargalhadas e provocações entre eles; enquanto isso, me ocupei com o cordeiro assado. Às oito da noite em ponto, Thomas, Suzan e Vincent Marshall subiam os degraus da varanda chamando por nossos nomes, então fomos recebê-los.
Thom e eu trocamos socos nos ombros enquanto nos xingavámos “afetuosamente”, o que mesmo depois de tantos anos ainda fazia Suzan revirar os olhos e dizer que nós nunca cresceríamos. Ela e Rosalie se abraçaram, e pude ver algumas lágrimas caírem de seu rosto.
O casal Marshall era amigo de infância, meus e de Anne. Desde as minhas memórias mais antigas, eu não conseguia lembrar de uma única ocasião em que eles três não estivessem juntos comigo. E eles também eram padrinhos da minha filha, o que explicava o afeto entre eles. Suzan foi a figura materna de Rosie; foi quem a viu nascer e crescer, esteve sempre por perto para auxilia-la em questões que eu não fosse capaz de faze-lo, e a amou como teria amado a própria filha, caso esta tivesse sobrevivido ao parto prematuro.
Vi Vince cumprimentar Rosie e em seguida minha neta, com um beijo na mão. Confesso ter me surpreendido com o gesto, pois tanto cavalheirismo chegava a parecer meio caipira, ainda mais entre adolescentes criados na capital. Nunca vi aquele menino parecer tão tímido, e o mesmo valia para Emily, que não era bem o tipo “donzela recatada” e sim “travessa e meio desleixada”. Tive que trocar piscadelas com os outros.
- Edwin, seu asno velho! Já que não nos deixou vir mais cedo para ajudar a preparar a comida, trouxemos ao menos um vinhozinho – disse Thom.
- E a sobremesa! – acrescentou uma sorridente Suzan. – Eu fiz aquela torta de pêssegos que a Rosie ama!
- Eu estava prestes a dizer que vocês não deveriam ter se incomodado, mas Suzan acaba de me convencer a ficar quieto! – respondo passando os braços pelo pescoço deles, um de cada lado, e nos levando em direção à sala de jantar.
Os mais novos vinham atrás de nós e tentavam manter uma conversa aleatória, porem estavam introvertidos demais. Até que o pequeno Elias, inocente, começa a interrogar Vincent.
- Você gosta de futebol?
- Claro. Gosto sim.
- E pra qual time você torce? – ele continua.
- Chelsea.
- Humpf, eu prefiro o Arsenal – ele faz uma careta. – Mas meu pai tambem torce pro Chelsea. Você tem namorada?
- N-n-n-não! – Vince gaguejou embaraçado, e lançou um olhar para Emily, que mirava o teto como se nele tivesse algum segredo importante para a humanidade.
Eu tentava segurar o riso diante da incoveniência do menino, e Rosie cogitava se devia intervir ou não na conversa. Enquanto isso, eu o vi prosseguir com as perguntas.
- Quantos anos você tem?
- Tenho 17 anos, Elias – Vince tinha o semblante de alguem que já havia desistido da vida.
- É quase a mesma idade de Emily! – meu neto exclama alegre. – Ei, nós podemos jogar videogame depois do jantar! Você já teve tpm? Porque minha irmã as vezes tem, e fica super mal-humorada, aí a mamãe uma vez me explicou...
Thomas e eu explodimos numa gargalhada, as mulheres ainda tentaram aparentar indiferença, mas não conseguiram. Vincent estava mortificado, Emily estava vermelha até a raíz dos cabelos e parecia a ponto de matar o irmão. Antes que ela assim o fizesse, Suzan e Rosie foram em direção à cozinha, chamando o menino junto para ajudar com as travessas.
Embora o jantar tenha transcorrido sem mais nenhum incoveniente – pois sentamos os meninos o mais oposto possível uns dos outros – rimos bastante. Tudo estava muito bom, as conversas foram postas em dia, e no fim da noite nos despedimos já combinando uma próxima reunião. Ficamos ainda mais um tempo acordados limpando a cozinha e jogando conversa fora, e após tudo organizado, banhos tomados, beijos de boa noite e etc, cada um subiu para seu respectivo quarto para dormir.
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