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História Undercover - Anger


Escrita por: loudestecho

Notas do Autor


Oiii, gente! Finalmente aparecei, né??? Eu sei, me desculpem mesmo!

Boa leitura! <3

Capítulo 20 - Anger


Abril. 

Aquele dia não terminou bem. E não era apenas Travis que começou toda a confusão. Os meninos e Melanie não pararam de alfinetar Brad durante a noite toda, mesmo quando ele se afastava se sentindo desconfortável. Era injusto com ele e Valerie e eu éramos sensatas presentes naquela sala. Tudo bem, eles pensam que foi ele quem fez aquilo com a Katie, mas ela mesma repetiu diversas vezes que não foi ele. Tinha uma implicância muito maior ali e eu queria saber o que era; desde quando eles - além de Travis - são tão péssimos com uma pessoa inocente? Me irritei tanto com as maldades jogadas no ar, que mandei todo mundo ir embora. E não me arrependo. Ficaram apenas Valerie, Brad, Scarlet, Sierra, Grace e Wyatt. Todo o resto eu expulsei e Jordan foi embora por conta própria. Pude ficar em paz conversando com todos eles e no dia seguinte, os chamei todos de volta para eu esclarecer algumas coisas. Inclusive chamei Katie. Eu odiava atitudes tão imaturas vindo deles; principalmente quando era o Brad que estava sendo julgado. Ficamos duas semanas saindo juntos e curtindo ótimos momentos juntos, mas nenhum de nós rotulava o que estava acontecendo entre nós. 

Fiz a prova da bolsa na semanada passada e o resultado - urgente - sairia na sexta-feira. Eu sabia que não receberia 100% de bolsa, mesmo que gabaritasse a prova. Além de analisar as notas do ensino médio - ok - e ser boa o suficiente em um esporte - ok -, ainda era analisado as condições financeiras dos seus responsáveis. Eles nunca me dariam bolsa de 100% vendo o quanto o meu pai recebe por mês, mesmo que eles não saibam como é a nossa relação em casa. Eu estava ensaiando um discurso para ao meu pai desde que fiz a prova; ia fazer súplicas e as promessas que ele quisesse. Eu poderia até sair de casa se o fizesse se sentir mais confortável, poderia morar com Valerie... desde que ele pague meu passe verde para me livrar desses atrasos na minha vida. É isso que Charles e Alexia são desde que a minha mãe morreu. Me surpreende tanto que Alexia seja tão fria a ponto de não se sentir falta da nossa própria mãe. 

- Ei, Jazz! Você está aí? - Scar estalou o polegar no indicador para me despertar dos devaneios. - O seu cofrinho particular está aqui. 

- Meu cofrinho particular, Scarlet? - levantei as sobrancelhas, rindo. - Eu vou deixar bem claro que não vou aceitar mais nenhum dinheiro tão alto vindo dele. 

- Não seja orgulhosa, Jazz. Você precisa do dinheiro para sair de Atlanta. Me diz, quanto você tem só pelo o que ele te dá cada vez que você vem aqui? 

- Voltei a trabalhar quando? - tentei recordar quando meu ombro ficou completamente bom. 

- Faz duas semanas. 

- Ok. Levando em conta que ele vem aqui três vezes por semana, ou seja, seis nessas duas semanas. Duzentos vezes seis é igual a 1.200. 

- Nossa, sua calculadora ambulante! - Scar ainda estava contando nos dedos. - 1.400, contando com a primeira vez. 

- Você não acha bizarro esse cara me dar duzentos dólares cada vez que vim aqui? Tudo bem, ele é rico. Mas... 

- Amiga, deixa eu te explicar uma coisa que eu aprendi nesses meus vinte anos: se a vida te da dinheiro, você nunca recusa. - disse, me abraçando de lado. - Como você mesma disse, ele deve te conhecer desde que você era criança. 

- Vou perguntar por que ele está fazendo isso. - falei, decidida. - Já volto. 

Caminhei até a mesa onde o homem sempre se sentava quando vinha aqui e sorri quando ele levantou o olhar. 

- Oi. Então, eu queria saber. - comecei a dizer. - Por que você sempre me dá duzentos dólares cada vez que vem aqui? Não estou reclamando, até porque eu preciso do dinheiro, mas... por que? 

- Não sei. Eu simpatizei com você e valorizo muito quando vou com a cara de alguém. - disse. - Eu nunca vou com a cara de ninguém. 

Comprimi uma risada. 

- Certo. - assenti, ainda segurando o aparelho que eu anotava e mandava os pedidos. - Obrigada mesmo pelas gorjetas. Isso pode me ajudar muito. 

- Quanto você ganha de salário aqui? 

Franzi as sobrancelhas com a pergunta inconveniente e ele pediu desculpa no segundo seguinte. 

- Desculpa. Não queria me intrometer. Foi só uma curiosidade e pensei alto. 

- Tudo bem. - dei de ombros. - Você quer mais alguma coisa? 

- Só a conta, por favor. 

Assenti e voltei para a cozinha. Fiz um sinal para o Wyatt mostrando que era para ele fechar a conta da mesa doze e ele assentiu, indo até o lugar que Joe estava. Passei um tempo conversando com a Scar e com a Valerie - que chegou de repente dizendo que queria acompanhar minha noite de trabalho. Amanhã é sexta-feira e eu terei o resultado da prova que fiz para a bolsa. Dependendo da minha pontuação, eu poderia conseguir bolsa em Yale. Nossa, meu coração palpitava só de imaginar. 

- Joe está te olhando feio. Acho que você não pode ficar aqui dentro. - avisei a Valerie. 

- Eu notei! Nossa, como ele consegue fazer cara feia quando quer. - ela disse, saindo da cozinha e sentou em uma das mesas mais próximas a nós. 

Chris me pediu para ajuda-lo no bar e eu soltei uma lufada de ar, pelo fato de odiar ficar no bar. Fica em outro ambiente da hamburgueria e na maioria das vezes tem apenas bêbados reclamando de suas vidas. Bartenders são ótimos ouvintes, eles devem imaginar. O máximo que eu aprendi a preparar no bar foi uma margarita mixuruca. Chris não me deixava preparar nada - para a sorte de todos os clientes -, então eu apenas me encarregava de passar os pedidos a ele. 

- Olá. O que vai querer? - perguntei para um garoto familiar sentado em um dos bancos. Ele não me olhou, nem respondeu. Parecia estar com a mente em outro mundo. - Ei! - passei a mão em frente de seu rosto. - Alguém morreu, moço? 

Sua atenção foi voltada para mim e ele sorriu sem descolar os lábios. Sabia que o conhecia! Ele era aquele garoto que me cantou enquanto estava com os amigos e depois aqui nessa parte do bar. 

- Ninguém morreu. 

- Nossa, ainda bem! Eu me arrependi de ter feito essa pergunta. Vai que alguém tivesse morrido mesmo, né? Bate na madeira. - dei três toques na madeira, fazendo-o rir. - Por que está com essa cara de luto, afinal? Dia ruim? 

- Semana ruim. - ele balançou a cabeça. - Devo ser uma pessoa péssima por não aguentar conviver com o meu próprio irmão. 

- Ah! - soltei uma risada irônica. - Eu também não suporto a minha. Uma pena que não escolhemos quem partilhará do nosso sangue. - apoiei o cotovelo no balcão e o queixo na mão. 

- Você estava com o ombro machucado nesses dias, não é? Ouvi por aí que foi a sua irmã quem fez. Senti falta de te ver nesses dias, Jasmin. 

- É, pois é. - olhei para minhas unhas com o esmalte preto descascado. - Nós brigamos e ela ficou louca o suficiente para pegar uma faca. Você acredi... - parei de falar ao me dar conta do que ele havia dito. - Você é o cara dos bilhetes! 

- Que bilhetes? - perguntou com um sorrisinho. 

- Nossa! Eu estava agoniada sem saber quem era, sabia? Por que você simplesmente não sentou aqui e me chamou para sair? 

Ele ficou me olhando por um tempo. 

- Tudo bem. Você quer sair comigo? 

- Viu? Era muito mais fácil do que deixar a garota aqui curiosa. - falei. 

- Depende. A garota curiosa vai aceitar? 

- A garota curiosa ainda nem sabe o seu nome. 

- Logan. Logan Campbell. - ele estendeu a mão. - Prazer te conhecer, Jasmin. - pressionei os lábios com um sorriso enquanto ele beijava o dorso da minha mão. 

- O prazer é meu. Sorte a sua que me pegou em um dia bom hoje. - falei. - Ou eu ia te mandar pastar. 

- Realmente. Sorte a minha.

- Jasmine, ajuda aqui, caralho! - Chris disse. 

Pedi desculpa e fui atender os outros clientes pendurados perto do balcão. Após todos serem atendidos, peguei um papel em cima da mesa e uma caneta dentro do meu bolso. Anotei meu número no pedaço de papel e deixei na direção do Logan. Dei uma piscadela quando nossos olhares se encontraram e dei as costas para atender um homem que parecia estar louco para encher a cara. 

- Você não pode simplesmente deixar o seu número, piscar desse jeito e cair fora, Jasmin. - Logan disse enquanto eu passava por ele mais uma vez. 

- Estou trabalhando, você abe. 

- Sei. - ele se apoiou no balcão o suficiente para ficar perto de mim. Seu sorriso mostrava o quanto ele poderia ser galanteador. - Sai comigo amanhã. 

- Não posso. Trabalho o dia todo. 

- Sábado? 

- Dia todo também. - o olhei por cima do ombro. - Único dia que não trabalho é terça-feira. Foi estipulado ontem. 

- Então, terça-feira? 

- Eu estou mesmo ocupada agora. Eu te dei meu número por um motivo, tá? 

- Pode deixar que vou usar bem isso. 

- Bom saber. - sorri. - Chris, posso ir embora do bar? Eu odeio ficar aqui. 

- Nem sei porque Joe me pede pra te chamar aqui. Eu consigo ouvir os pedidos e fazer as bebidas. 

- Não é?! - falei como se fosse óbvio. - Tchau, Logan. Não encha muito a cara, viu. 

- Te vejo terça, Jasmin. 

Sorri sem descolar os lábios e voltei para a cozinha.

- Descobri quem é o meu admirador secreto. - comentei com a Scarlet. 

- Mentira!!! Quem é?!

- Está vendo aquele moreno gato perto do balcão do bar? É ele. - falei. - Se não consegue ver daqui vai lá dar uma voltinha como quem não quer nada. 

- Já volto. - ela bateu palminhas e saiu da cozinha, me fazendo rir. 

Voltou alguns minutos depois com a boca entreaberta. Não contive a gargalhada por sua reação congelada e espontânea. Logan realmente era bonito, não tinha como dizer que não. Talvez seja interessante sair com uma pessoa diferente, levando em consideração que o último cara que eu saí foi Brad. E esse está ausente faz dois dias. Antes ele falava comigo todos os dias, se preocupava em mandar mensagens, mas não tenho notícias sobre ele se não puxo assunto. Sei que estamos a um pouco mais de dois meses da faculdade e deve estar corrido para ele, da mesma forma que está para mim. Criar uma relação e assumi-la agora é estupidez, pensando bem. Brad me contou que não pretende ficar em Atlanta, inclusive já conseguiu uma bolsa para entrar em Princeton - a universidade que seus pais queriam que ele fizesse. Sua sorte é que ele também sempre quis entrar em Princeton. Sua vida seria frustada igual a minha se seu sonho estivesse bem longe dessa universidade. 

- Hei! - ouvi a voz de Paris e a olhei por cima do ombro. - Está cheio hoje para uma quinta-feira, né? 

- Oi, Paris! - sorri. - Muito cheio. Meus pés estão me matando. Vou contratar um massagista particular. 

- Aí, queria. - ela inclinou a cabeça para o lado. 

- Espera aí. - apertei os olhos ao ver que tinha um garoto esperando-a em uma mesa. - Você seguiu o meu conselho e chamou o bonitão intocável para sair?!

- Eu não teria coragem. Ele me chamou para sair. - disse com um sorriso. - Nossa, você estava certa sobre o lance de dar corda e depois puxar a corda. 

- Só toma cuidado, hein. Não o deixe te fazer de gato e sapato. Muito menos de step. - falei, arrumando seu cabelo loiro. 

Paris tem vindo muito aqui nas últimas semanas. No dia em que a conheci, ela estava com alguns problemas envolvendo o coração e, como eu também estava, passamos horas conversando. Eu ia ajudar a Scarlet a fechar a hamburgueria naquela noite e Paris ficou conosco até o último minuto. Ela tem quinze anos e me lembra muito a Lacey. Talvez por isso que simpatizei com ela logo de cara. 

- Até parece. - ela deu risada. - Eu só estou um pouco nervosa. Ele tem dezoito anos. 

- Eu também estaria nervosa. Ele é enorme! - comentei e ela me olhou com os olhos arregalados. - Desculpa. Mas não fique nervosa! E nem pense em concordar com tudo que ele diz se discordar. Seja você mesma, por favor.

- Só espero realmente que ele faça comentários machistas, senão eu simplesmente levanto da mesa e caio fora. 

- Boa! - levantei a mão e nós fizemos um high-five. - Vai lá. Boa sorte. 

- Obrigada, Jazzy. - ela sorriu antes de ir em direção a mesa que ele escolheu. 

- Essa menina é uma fofa, né? - Valerie disse quando parei perto de sua mesa. - Ela me lembra você quando tinha quinze anos. Nossa! Ela é muito parecida com você. 

- Então todas as loiras dos olhos azuis são parecidas comigo? 

- Mesmo padrão, né? - ela deu de ombros. Soltei uma risada. - Estou brincando. O sorriso de vocês é bem parecido. 

- Imagina se o terrível Charles Maddox tem outra filha perdida por aí? - ironizei enquanto balançava a cabeça. 

- Qual o sobrenome da Paris? 

- Não sei. Se ela não for embora com o cara, eu pergunto depois. - dei de ombros. - Ela não é filha do Charles, Valerie. Foi uma brincadeira. Você sabe, certo? 

- O seu pai é um otário que vivia pulando a cerca, Jasmine. Não me surpreenderia. - ela disse. - Apesar que você não tem nada do seu pai. É o clone da sua mãe. 

- Ainda bem. 

- Amanhã saí o resultado, né? - assenti, lembrando do quanto estava nervosa. Valerie segurou minha mão e sorriu confiante quando nossos olhares se encontraram. - Vai dar tudo certo. E se não der, nós fazemos o possível para seu pai te chutar daqui. 

- Se ele me chutar daqui eu não vou ter para onde ir. 

- Claro que vai. Você vai comigo! Dã. 

- Você ainda não sabe para onde quer ir, mas eu não me importaria mesmo de ir para onde você for. 

- Nem eu! 

- E você vai manter a sua promessa de não armar nenhum fuzuê amanhã? - perguntei e ela comprimiu os lábios, assentindo. - Mentirosa.

- Jasmine, você vai fazer dezoito anos. 

- Foda-se. Não vou fazer festa até ir embora daquela casa. - falei. - Aliás, se o resultado da prova foi ruim eu nem vou... - parei de falar. Não gostava nem de pensar. - Eu calculei. Preciso ter bolsa de 85% para conseguir passar o resto com o que eu já tenho e um emprego como garçonete.

- Você vai conseguir 85%. Amém? 

- Amém! - sorri, me abaixando para abraçá-la. - Preciso voltar. 

- E eu vou embora. - ela levantou, me entregando o dinheiro do seu hambúrguer e refrigerante. - Vou te buscar amanhã. Tudo bem? 

- Tudo bem. - assenti. - Te amo! - cantarolei mais alto do que eu esperava. Valerie riu ao ver que um homem que passava pensou que era para ele. 

- Também te amo! - ela mandou um beijo por cima do ombro e foi em direção a saída. 

Nem comentei nada sobre o meu aniversário com os meus amigos que trabalham aqui. Eu não estava com a mínima vontade de fazer qualquer tipo de festa para celebrar os meus dezoito anos. Ia comemorar aqui se no dia seguinte tudo voltaria a ser uma merda? Eu estava tão cansada dessa situação toda que parece que perdi completamente a Jasmine que morava no internato. Antes eu gostava de me divertir - claro que antes as responsabilidades não eram entrar em uma universidade, sair de Atlanta e ser alguém - e agora tinha dias que eu mal conseguia pregar os olhos a noite pensando em como seria o meu futuro. E para ficar pior, minha mente me torturava dramatizando tudo que poderia acontecer. 

***

Despertei mais cedo por conta própria no dia seguinte, talvez pela ansiedade que me consumia há mais de uma semana. Lembrei que era meu aniversário apenas quando esbarrei com Max no corredor e ele me deu um abraço tão apertado que me deixou sem reação. Se eu conseguir sair daqui vou levá-lo comigo, não tenho dúvida alguma disso. Nosso pai não vai querer mais sua custódia de qualquer maneira. Para falar a verdade, acho que ele nunca quis a nossa custódia. Para ele seria muito mais cômodo e confortável se Max e eu ficássemos com os nossos avós em Chicago. Se fosse os meus avós maternos eu até preferia morar com eles, mas tinha alguma coisa que me impedia de ter um laço afetivo com qualquer pessoa da minha família paterna. Perdi a conta de quantas vezes briguei com uma tia ou prima enquanto minha mãe estava viva e nós ainda precisávamos ir às reuniões de família apenas para manter as aparências. Ridículo. 

- Obrigada, Max! - o abracei mais forte após ouvir os inúmeros desejos incríveis que ele tinha para mim. - Espero que você consiga tudo o que quer também! 

- Podíamos dar o fora daqui sem olhar pra trás nesse exato momento, né? - ele me abraçou de lado enquanto descíamos as escadas. 

- Eu adoraria! 

Alexia e Charles estavam tomando café quando descemos. A ideia de que poderíamos ser uma família feliz e unida me revirava o estômago. Nunca queria que isso acontecesse, pelo menos não desde que a minha mãe não está mais aqui para estabelecer a paz entre as nossas desavenças. Max e eu nos juntamos a eles pelo simples fato de estarmos com fome, mas nenhuma palavra foi dita. Alexia não dirigiu uma palavra a mim desde que voltou de sua viagem desesperada para não precisar me encarar após me deixar uma cicatriz no ombro. Era a bem a cara dela. Ela mal conseguia me encarar; sempre que nossos olhares se encontravam ela desviava no mesmo instante. Aquilo foi um ato desesperado e eu sabia que se ela pudesse voltar atrás nunca teria coragem de repetir. Ela late, mas não morde. Sempre foi assim, desde que éramos crianças. 

- Ah! Feliz aniversário, Jasmine. - Charles disse quando levantei. 

- Obrigada. 

- É hoje? - Alexia se fez de sonsa e sorriu ao me encarar. - Feliz aniversário, maninha. 

Tentei me controlar, mas quando percebi já havia levantado o dedo do meio em direção a minha querida irmã. Sorri cínica, mesmo ouvindo a repreensão do meu pai pela "falta de educação". É, me fala mais sobre isso. 

- Quer carona com a Valerie, Max? - perguntei ao ouvir a buzina do carro da Valerie. 

- Sim. 

- Por que você não vai com a sua irmã, Max? - Charles questionou, fazendo que ambos olhássemos para ele. 

- Eu estou indo com a minha irmã. A única, só pra deixar claro. - retrucou sem nem olhar para a Alexia e nós saímos de casa. 

- Booom dia, aniversariante! - Valerie me deu um abraço apertado e um beijo na cabeça. - Não comprei nenhum presente porque sou pobre e não trabalho, mas... - ela tirou algo de dentro de uma sacola. - Tcharam! 

- Que isso, Valerie? - gargalhei ao ver que era um golfinho de pelúcia. 

- Você queria me roubar o Mrs. Dolph desde o internato! Resolvi te dar. - ela sorriu genuinamente enquanto me entregava o golfinho. 

- Obrigada, amiga. - a abracei apertado. Eu sempre queria roubar o seu golfinho mesmo. - Eu te amo.

- Por que você está rindo, Max? O que você deu pra ela? - Valerie olhou feio para o Max, que riu mais ainda. 

- Eu dei um abraço. 

- Ah! Então um abraço é um presente? Dei dois presentes e você só um, há! 

Max me abraçou do nada, me dando um susto. 

- Dois também, há!

- Aí merda! - falei quando notei que eles viraram crianças. - Sai! - Valerie me abraçou de novo e Max logo depois. - Saaaaai! Muito contato físico! Sai! 

- Viu só, Max? Ela não quer contato físico. - eles sorriram um para o outro. 

- Eu vou pular desse carro! 

- Tudo bem, vamos para o colégio. 

- Amém, Jesus! 

O caminho para o colégio foi cheio de risadas e conversas descontraídas. Valerie deixou Max contra a parede sobre a Lacey e o meu irmão ficou completamente envergonhado de falar sobre o assunto. Nossa! Ele ficou todo sem graça, dizendo que não queria falar sobre e que a Lacey era pra frente demais comparando às outras garotas da idade dele. A sua definição de "para frente de mais" queria dizer que ela era madura, bem mais madura do que todas as suas amigas. Não é a toa que Lacey prefere andar com a gente do que com as pessoas da sua sala; e ela não suporta meninos imaturos. Já me contou que tinha preferência pelos mais velhos, até que conheceu seu irmão de dezoito anos e quis morrer ao pensar que todos são iguais a ele. Não em questão de maturidade, mas de futilidade. Os garotos que se formarão comigo esse ano tem em mente apenas uma coisa: comer mulher. São poucos que não deixam isso como prioridade e digo pelos meus próprios amigos - exceto Leon, que foi flechado pela minha linda amiga Valerie. 

- Você não contou para todo mundo que é meu aniversário. Certo? - encarei minha melhor amiga. 

- Não. Relaxa. 

- Ótimo. 

Entramos no colégio e eu fui direto para a minha primeira aula. Encontrei Travis conversando com Katie de forma mais íntima que o normal perto de seu armário e senti meu estômago se revirar. Eu sabia que com Alexia era tudo fingimento, mas o que o impediria de se envolver de verdade com qualquer outra garota? Nada. Nada o impediria, nem mesmo eu. Travis, certamente atraído pelo meu olhar, virou a cabeça em minha direção e nossos olhares se encontraram. Sustentei por um tempo, apreciando aquela montanha russa de emoções que eu não sentia há muito tempo. Katie olhou para trás ao notar que ele havia desviado sua atenção dela e eu apenas sorri sem descolar os lábios antes de entrar na sala. 

"Brad: Feliz aniversário, Jazzy! Posso ir te buscar no colégio para irmos almoçar juntos? Tô com saudade."

Ok. Brad era outro que eu não compreendia. Ele some como se não fôssemos nada além de amigos e reaparece como se fosse meu namorado de longa data. 

"Jasmine: Obrigada, Brad! Infelizmente não vou poder ir, mas obrigada pelo convite. Nos vemos outro dia?"

"Brad: Já combinou de almoçar com alguém?"

"Jasmine: Sim. Minha melhor amiga." 

"Brad: Ahhh! Fico aliviado."

"Jasmine: Você é estranho. Maluquinho."

"Brad: Sou? Por que? 

"Jasmine: Tô com preguiça de digitar. Outro dia te falo, beijinhos!" 

Deixei o celular de lado, mas o outro - que eu usava para falar com Owen - apitou dentro da minha mochila. 

"Owen: Você pensou que eu ia esquecer, né? Feliz aniversário, Skye. Ainda tô esperando você vir até Atlanta." 

Abri um sorriso ao me lembrar do meu aniversário de dezessete anos. Valerie passou o dia inteiro no meu dormitório do internato e nós conversamos com Owen por ligação durante horas. Sentia saudade desses momentos, mesmo que o sinal fosse péssimo dentro do colégio interno. A ligação picotava, mal dava para ouvir a voz do Owen ou entender o que ele dizia, mas ele se fez presente naquele dia e eu sempre me lembro disso. Quem passaria o dia inteiro conversando comigo só para me deixar feliz além da Valerie e do Owen? Ninguém. Eu tinha os meus motivos para não gostar de comemorar o meu aniversário e um deles é que a minha mãe adoeceu dias antes. Até o ponto em que tudo que havíamos planejado - festas, presentes e surpresas - não pudesse ser executado no dia pelo fato de ela mal conseguir respirar. Foi a última vez que conversei com ela antes de perdê-la para sempre. Sinto paz quando me lembro de tudo que ela me disse e de tudo que eu disse; deixei claro o quanto eu a amava e como sempre me lembraria de todos seus momentos bons. Ela me fez prometer que sempre que eu me lembrasse dela, era para lembrar de nossos momentos rindo e felizes juntas. É assim que me lembro dela. 

"Skye: Obrigada, Owen, sério! Eu estava me lembrando do meu aniversário do ano passado e que nós passamos horas nos falando! Sinto saudade daqueles momentos." 

"Owen: Porra, eu também! Você não faz ideia do quanto. Você vai se formar em Julho, certo?"

"Skye: Certo. Por que?"

"Owen: E você vai voltar para a Atlanta?"

"Skye: Não sei. Tem muito em jogo. Sabe como meu pai e minha irmã são, certo? Eles me odeiam e eu não quero ficar vivendo de caridade."

"Owen: Já te falhei milhões de vezes para você se encontrar comigo. Eu abrigo você, linda. Só me dizer sim."

Sorri enquanto balançava a cabeça. Ele sempre me dizia isso mesmo. 

"Skye: Você sabe que eu tenho medo. Tenho medo de me decepcionar com você. Vai que você é um velho pedófilo?! Eu tenho medo de velhos pedófilos."

Em meio ao barulho da sala, a risada de Travis invadiu meus ouvidos e olhei em sua direção. Ele também mexia no celular. Levantou o olhar para mim ainda com um sorriso e revirei os olhos por saber que sua conversa com qualquer outra garota estava sendo interessante demais. Voltei minha atenção para o celular. 

"Owen: Eu deveria ter contado quantas vezes você me chamou de velho pedófilo. Se você considera alguém de dezoito anos velho, então..."

"Skye: E a parte do pedófilo? E se eu ter treze anos de idade?"

"Owen: Aí a louca seria você né, linda kkkkkkkk. E se você for a velha tarada?"

"Skye: Ata."

"Owen: Vai que nós dois somos velhos tarados e vamos ficar tão apaixonados quando nos conhecermos que a única coisa que vai acontecer é um casamento e muito leite em pó em nossos lençóis."

A gargalhada que eu dei foi tão alta que a sala inteira ficou em silêncio para prestar atenção em mim. Opa, sou louca.

"Owen: Você entendeu, né? Lerdinha."

"Skye: Eu não consigo parar de rir. Caralho, Owen. Essa foi demais! Merece palmas." 

"Owen: Mano, pensando bem... que nojo, né? kkkkkkkk."

"Skye: Nossa, demais! Cruzes!" 

O professor adentrou na sala e eu avisei Owen que pararia de responder, mas eu ainda estava rindo. E comecei a rir ainda mais. Como se para um ataque de riso?

- Está tudo bem, Srta. Maddox? - o professor se dirigiu a mim. 

- Não. - falei, rindo. - Desculpa. Tô passando mal. Posso ir no banheiro? Eu não... - meu Deus, que vergonha, eu não conseguia parar. 

E no minuto seguinte estava todo mundo rindo também por causa da minha risada e da minha tentativa de ficar séria. 

- Pode ir. - o professor disse rindo um pouco também.

- Desculpa. O bichinho do riso me atacou. - passei por ele séria e todos pararam também, mas assim que dei as costas voltei a rir e voltaram me acompanhar. Acho que estavam pensando que eu endoidei.  

Minha barriga e minhas bochechas estavam doendo enquanto eu ia até o bebedouro mais próximo. Meu corpo obedeceu o comando do meu cérebro para o ataque parar e consegui respirar novamente. Caramba! Tomei água, fiz xixi e após lavar as mãos eu voltei para a sala. 

- Se recuperou, Maddox? - o professor me perguntou. 

- Aí, nem me pergunte senão volta. - pedi, fazendo alguns rirem. 

Sentei em meu lugar novamente e o professor prosseguiu com a aula.

***

Eu esperava ansiosamente do outro lado da sala da diretoria meu nome ser chamado. Tinham outros alunos esperando comigo e a agonia estava sendo pior por saber que todos desse colégio já tinham ido embora. O silêncio era ensurdecedor. Eles resolveram dar o resultado após as aulas terminarem apenas para piorar toda a ansiedade de todos que estavam na mesma situação que eu. 

- Jasmine Maddox. - pulei da cadeira quando ouvi meu nome.

Nossa, meu coração ia pular pela minha boca. Minha mente repetia "85%" trilhões de vezes. 

- Aqui está a lista. - o diretor colocou em cima da mesa. 

J. Jasmine. 70%. 

- Ei! Jasmine, está tudo bem? Quais são as suas opções de faculdade? - o diretor tentou chamar minha atenção, mas meu coração tinha se afundado. Eu deveria ter estudado mais, deveria ter estudo muito mais. Estudar um mês antes não salva a vidas. 

- Desculpe. - falei, baixo. - Eu... qual foi a pergunta? 

- Você está bem? Está chorando? Você conseguiu uma porcentagem boa, levando em conta a renda mensal do seu pai. - ele tentou me acalmar, mas foi uma tentativa falha. - Quais são as suas opções de faculdade? 

- Eu fiz a lista. - respondi, entre soluços. Merda. - Vou anotar o meu nome. 

- Aqui. - ele me entregou a caneta. 

Escrevi o meu nome abaixo dos nomes das universidades e o entreguei antes de deixar a sala. Engoli o choro enquanto pegava as minhas coisas dentro do armário. Eu tinha preparado um discurso para o meu pai caso isso acontecesse e eu teria que usá-lo hoje. Qual é, ele quer me ver longe mais do que qualquer coisa e o dinheiro que precisará gastar nem lhe fará cócegas. 

Passei em um Mc Donalds a caminho para minha casa por estar morrendo de fome e voltei para casa por volta das 18:30. Estranhei a escuridão e o silêncio, mas seria ótimo para eu continuar chorando até que eu consiga tirar esse peso das minhas costas. Encontrei o interruptor, mas antes mesmo de liga-lo quase tive um infarto: 

- SURPRESA! 

A luz se acendeu sozinha e todos os presentes ficaram sérios ao verem que eu estava chorando. Eles fingiram que sabiam do meu aniversário - como se Valerie conseguisse se segurar - e aposto que foi ideia dela de armar esse circo todo. Tinha uma faixa enorme pendurada escrito "Feliz aniversário!" e vários comes e bebes na ilha da cozinha. Abri um sorriso para tirar o clima tenso e abracei a primeira pessoa que vi em minha frente - Nolan, no caso. 

- Não consegui, Nolan. - sussurrei. 

- Se for preciso nós fazemos uma vaquinha mensal pra te tirar daqui. - ele sussurrou de volta e eu o abracei mais forte, sorrindo. 

Nolan, Melanie, Sophie, Lacey, Travis, Scarlet, Grace, Sierra, Wyatt, Jordan, Leon, Noah, Parker, Max e Valerie ocupavam a sala de estar. Abracei um por um, agradecendo por eles estarem aqui, mas após o "feliz aniversário", eles tocavam no assunto da bolsa e o meu sorriso precisava sumir. Podíamos esquecer esse assunto, certo? Pelo menos enquanto eles armaram essa festinha surpresa para comemorar o meu aniversário. Não posso e nem serei mal agradecida. Sou muito grata por ter todos eles em minha vida e eles sabiam disso.

- Como vocês conseguiram dobrar o meu pai? - perguntei para eles, mais especificamente para Valerie e Max. 

- Eu apelei. - Max disse. - Falei de todas as merdas que ele fez com a mamãe e com você. Falei do seu aniversário e ele disse que tudo bem, mas apenas até as 20h. 

- Ele consegue ser chato até quando quer ser legal. - Valerie revirou os olhos. - Vai falar com ele hoje? 

- Sim. Me desejem boa sorte, por favor. 

- Vamos fazer uma oração coletiva, sério. 

Soltei uma risada. 

- Uma oração individual está de bom tamanho.

- Claro. 

Meu contato com Travis era mínimo. Acredito que ele tenha ficado bravo por algum motivo - não exatamente comigo - e resolveu me afastar, quem sabe para tentar me esquecer. Deveria avisá-lo que já tentei e que não funciona? É, ele vai descobrir sozinho. E vendo-o dessa maneira se eu não fiz nada - aliás, foi ele quem fez - me deixa ainda mais irritada com a situação toda. Já tem tanto embuste na minha vida, e ele quer ser mais um? Me poupe. 

O pessoal ficou em casa até o horário que meu pai citou, porque exatamente ás 20h ele cruzou a porta da frente e pediu para que todos fossem embora. Pelo menos tínhamos nos divertido e conversado o suficiente. Se o resto do dia for uma bosta, aquela uma hora e meia poderia compensar um pouco do resto. 

- Pai, podemos conversar? - o segui até o escritório. 

- Primeiro limpe essa bagunça que deixaram.

- A Valerie e o Max vão me ajudar depois. - respondi e entrei no escritório com ele, sem me importar. - Eu queria uma bolsa de estudos para entrar em Yale, você sabe. E eu precisaria de 85% para conseguir sustentar o resto com o meu próprio dinheiro. 

Ele se virou para mim, prestando atenção. 

- Eu consegui 70%. Você pode me ajudar no início? Me ajudar na mensalidade? A moradia e o resto, eu mesma me viro. Só... 

- Porque você está perdendo tempo me dizendo isso se eu já te falei que não vou ajudar? 

Aquilo me fez esquecer todo o meu discurso. 

- Eu sei, mas você me quer longe daqui. Certo? Eu vou para bem longe...

- Jasmine, eu não vou fazer isso. Quanto você acha que eu pagava mensalmente no colégio interno? 

- Eu pedi para você me colocar lá? Não! Nunca pedi. - falei, elevando um pouco a voz. - Você me colocou lá porque quis e eu tenho certeza absoluta que não me deram o 85% por causa da sua renda mensal. Você é rico. Por que preciso de bolsa? É isso que eles pensam. 

- Sem discussão. Já que você ainda não tem dinheiro o suficiente, não irá quando se formar. - sentenciou e apontou para que eu saísse. 

A raiva borbulhava dentro do meu peito. A minha vontade era de acabar com qualquer coisa que ele gostasse ou quisesse. 

- Você não vai querer me ter contra você, pai. - avisei. 

- Isso é uma ameaça? 

- Você não faz ideia de como posso ser terrível. E não vou pensar duas vezes antes de estragar qualquer coisa que seja importante para você, da mesma que você está fazendo comigo. Você é um homem amargo, solitário e egoísta! Não vê nada além do seu próprio nariz e... 

- Acha que está me ofendendo? Nem faz cócegas, Jasmine. Saia. - ele segurou meu braço e eu tentei soltá-lo, mas ele me empurrou para fora e fechou a porta na minha cara. 

Ah, mas ele vai se arrepender tanto disso. Tanto


Notas Finais


Viiiish, o que será que Jasmine vai aprontar? Deem seus palpites, quero saber a REAL opinião de vcs sobre o capítulo e sobre a situação toda! Beijosss


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