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História Undercover - Rape


Escrita por: loudestecho

Capítulo 29 - Rape


O avião pousou em Atlanta por volta das sete e meia do domingo. Eu estou ainda mais certa do que quero depois de ter conhecido o campus e os prédios de Yale como nesse final de semana. Travis também. Combinamos de não conversar sobre futuro, apenas pensar no presente e, minha nossa, nunca me senti tão leve. Nunca tinha estado tão leve sabendo que estou em Atlanta. Sabendo que posso trombar com Charles ou Alexia a qualquer momento não estava mudando meu humor, como nos últimos dias. Max e eu estamos ficando na casa da Valerie desde que saímos da casa de Charles, mas Max passava mais tempo na casa dos amigos do que conosco em casa. Diferentemente dos outros dias, dessa vez ele estava. Assistia televisão todo largado no sofá, sem camisa e com grandes olheiras embaixo dos olhos. Mal notou quando Travis e eu entramos, mas não fez questão de dar muita atenção. O programa parecia bem interessante. Travis e eu trocamos olhares e Travis sopra um "Lacey". Claro. Lacey. Claramente tem a ver com Lacey. Digo a Travis que é melhor ele ir embora e ele assente, saindo depois de me dar um beijo rápido. 

Pego a minha mala e deixo-a perto da escada, então me sento ao lado de Max no sofá. 

— Algo morreu por aqui? — pergunto, colocando toda minha atenção em seu rosto. Ele está péssimo. — O que aconteceu, Max? 

— Merdas de coração, Jasmine. Você deve saber muito sobre isso, não sabe? — ele permaneceu sem prestar atenção em mim. — Talvez não mais. Voltou com o Warner? Ele também foi conhecer Yale, não é? Aposto que conheceram tudo do campus.

— Não seja malvado comigo porque está com o coração partido. E nem fale do Warner só porque foi Lacey o motivo. — retruco e ele me encara pela primeira vez. — O que aconteceu? Vocês terminaram?

— Lembra que você, Valerie e até mesmo Lacey me chamavam de "possessivo" por ter ciúmes dela com aquele filho da puta do Jeremy?

— Lembro. — respondo cautelosa, com medo do que ele me diria a seguir. 

— Adivinha quem ficou com ele ontem? — diz, com escárnio. Meu coração se contrai um pouco por vê-lo tão... vulnerável. Magoado. Nunca tinha visto-o desse jeito. 

— Como... por que? Vocês brigaram ontem? O que aconteceu para ela fazer isso? Ela é louca por você, Max. Não faria isso de repente. 

— Por que não? Não é compreensível? Eu sou um merda de um possessivo, não sou? Sinto ciúme de qualquer cara que se aproxima dela, não só do Jeremy! — ele gesticula, exalando sarcasmo. — Porque eu nunca vi a forma suja que ele olhava pra ela. Nunca. Eu nunca tive ciúme de todos os caras que se aproximavam dela, senão a garota nunca teria começado nada comigo. Ela só tem amigo homem. Nunca liguei. 

— Que merda. — murmuro a mim mesma. — Ela pediu desculpa? Onde vocês estavam? Como aconteceu? 

— Estávamos numa festa. E adivinha só como a confusão começou? 

— Não quero adivinhar. Quero que você me conte. 

— Ela estava com ciúmes de mim. Irônico, não é? Não estava nem dando moral pra ela, mas Lacey cismou que sim. Brigamos, como de costume. Ela começou a dançar com Jeremy. Pedi pra ela parar de dar showzinho, mas ela não me escutou, só ficou com mais raiva. Olhei de novo e vi ele beijando ela. 

— E ela beijou de volta? 

— Beijou. Até se tocar que eu estava vendo tudo. Veio correndo atrás depois, obviamente. 

— E você nem quis ouvi-la. — supus. 

— Acabou, Jasmine. — diz, por fim. — A Valerie saiu pra comprar pizza pra mim. Está decidida a me tirar "dessa situação".

— Valerie está lidando com a sua fossa então? 

— Ela ainda chamou reforços. — ele revira os olhos. — Seus amigos são bem desocupadas hein? 

Solto uma risada. 

— Quem mais veio? 

— Leon, Scarlet e Nolan. Uma ironia, levando em conta que eles são dois casais super felizes. 

— Você precisa se resolver com a Lacey, Max. Precisa realmente colocar um ponto final ou decidir voltar, porque senão não vão se desfazer um do outro tão cedo. — respondo, séria. 

— Nós vamos embora daqui um mês, Jazzy. Não vou morrer por causa de um coração partido. Já tive um antes, lembra? 

— Lembro... bom, aquele passou. Certo?

— Sim. Rapidinho esse passa também.

— Ela é meio inesquecível, Max. 

— Porra... meio?! Ele é completamente inesquecível. 

Abro um sorriso sem querer. Sei que não está nem perto de acabar, mesmo que ambos pensem que sim. 

— Cheguei com pizza, Max! — Valerie entra com Leon. — Jazzy! Finalmente! — ela vem correndo me abraçar. — Me conta tudo! 

— Oi, Valerie. — dou risada. — Oi, Leon! — o abraço também. — Você virou a terapeuta do meu irmão agora? 

— Sim. O coitadinho está péssimo. 

— Consigo te ouvir, Valerie! — Max rosna, impaciente. 

— O garoto está um porre. Acontece, cara. Lembro da minha primeira decepção também. — Leon diz. Controlo a risada. 

— Vocês realmente pensam que estão ajudando? Se for pra ajudar, só traz mais pizza ou hambúrguer. 

— Mal agradecido! — Valerie revira os olhos. — Agora vamos comer! 

Sentamos em volta da mesa para comermos as duas pizzas que Valerie e Leon trouxeram. Ficamos conversando sobre qualquer coisa que não fosse Max e Lacey — ou que o lembrasse disso. 

"Travis: Lacey tá péssima." 

"Jasmine: Max também. Nunca o vi desse jeito." 

"Travis: Ela só parou de chorar agora desde que cheguei. Tava querendo meu colo, parece que voltamos a ser crianças e ela vem chorar porque se machucou." 

"Jasmine: Agora os machucados são um pouco diferentes..."

"Travis: Ele te contou o que aconteceu?" 

"Jasmine: Sim. A Lacey não disse nada?"

"Travis: Só disse que a culpa foi dela. Parou de chorar nos últimos minutos. Vai sair com umas amigas."

"Jasmine: Que amigas?" 

"Travis: Umas garotas da aula de dança. Parece que é aniversário de um amigo delas." 

"Jasmine: Pelo menos vai distraí-la, né? Valerie, Scarlet, Nolan e Leon estavam trabalhando em distrair Max." 

"Travis: Tiveram sucesso?"

"Jasmine: Acho que não muito." 

"Jasmine: Estou indo dormir. Estou exausta. Amanhã a gente se vê." 

"Travis: Boa noite, Minnie." 

"Jasmine: Boa noite, Warner." 

***

Max e eu estamos dormindo no mesmo quarto e ambos levamos um susto quando seu celular começou a tocar. O relógio marcava 03h32. Quem diabos liga para outra pessoa na madrugada de segunda-feira? 

— Anne? — Max atende com as sobrancelhas franzidas. — Não. Por que ela estaria aqui? 

Silêncio. A expressão de Max mudou de desentendimento para preocupação. Pedi para Max colocar no viva-voz e ele me obedeceu. 

— Ela não está aqui! Minha mãe veio nos buscar e ela sumiu! — Anne diz, parecendo desesperada. 

— Qual foi a última vez que a viu, Anne? — pergunto, entrando na conversa. 

— Ela estava conversando com um garoto que não são dos nossos amigos. Ela o conhecia de algum lugar, não lembro seu nome. Ele disse que oferecia uma bebida e ela foi com ele. Tudo bem até ai, mas ouvi uma conversa dos amigos dele falando algo sobre Boa noite, Cinderela. — Anne diz, praticamente sem respirar. 

— Puta merda, Anne! — Max pula da cama e passa uma das mãos pelo cabelo. 

— Max, liga para o Travis. — jogo meu celular para ele. Max me obedeceu. — Anne, me diz exatamente onde vocês estão.

Anoto o endereço que Anne me passa. O nervosismo estava me impedindo de tentar não demonstrar preocupação para acalmar a garota do outro lado da linha. 

— Alguma amiga sua ficará?

— Sim. Vou pedir para elas procurarem por ela. A mansão é enorme. Vou ficar também. 

— Tudo bem. Obrigada por avisar.

Chamei um táxi com as mãos tremendo e assim que desliguei, Max apareceu no quarto com Travis na linha. 

— Ele quer falar com você. — Max diz e me entrega o celular. 

— Onde ela está?! — Travis soou aflito. Digo a ele o endereço. — Quer que eu passe aí?

— Pedi um táxi. Nos encontramos no endereço. 

— Certo.

Max e eu nos trocamos o mais rápido o possível, a tempo de ouvir a buzina do taxista. Valerie tem o sono pesado, então decidi nem ao menos acorda-la. O caminho até o lugar foi torturante. Minhas mãos não paravam de tremer, Max parecia estar prestes a pular do carro e ir correndo. A tensão piorou ainda mais ao vermos o tamanho da mansão em que elas estavam. 

Avistei o carro de Travis e logo o encontrei conversando com Anne, que já estava chorando de desespero. 

— Eu não vou embora até achar a Lacey. Eu sabia que deveria ter ficado de olho! — Anne se culpou.

— Você não é a babá dela, Anne. — Travis diz. — Pode ir embora, Sra. Hills. Eu levo a Anne depois. — ele se dirige a mãe de Anne.

— Tudo bem. Boa sorte. — a mãe dela diz, então todos nós entramos na mansão. 

Música alta, adolescentes bêbados, pessoas perdendo a linha. Travis estava completamente nervoso e não me surpreendi quando ele desligou a música, fazendo todos terem atenção nele.

— Quem é o dono da casa? — Travis questionou. Um garoto levantou a mão. — Você vai mandar todo mundo ir embora dessa porra de festa ou eu vou chamar a polícia.

Não precisou falar duas vezes. A postura de Travis misturado à sua voz prestes a assassinar um, foi o suficiente. A maioria deles obedeceram, saindo por todas as portas disponíveis da casa. 

Travis, Max, Anne e eu subimos para o último andar para podermos descer um por um. 

— Se você sabe o que seus amiguinhos irresponsáveis estão aprontando com a Lacey, fale agora! — digo para o dono da casa, que está claramente assustado. 

— Eu... eu sabia que eles iam colocar algo na bebida dela, mas não sei em qual quarto estão. 

Max quis partir para cima dele, mas Anne o impediu. — Você não vai conseguir nada com isso, Max! Só vamos procurá-la. 

— Você vem comigo procurar. — segurei a orelha do mauricinho, forçando-o a vir comigo. 

A casa tem quatro andares, tirando o primeiro, e tem cinco quartos em cada um. Se não nos dividíssemos, levaria horas para encontrar alguém. 

— Você vai ajudar a procurar e eu vou deixar a sua mãe muito ciente do que vocês estão fazendo com uma garota de quinze anos. — avisei ao garoto e desci mais um andar, encontrando Max e Travis.

Max desceu para o outro andar e Travis e eu nos entreolhamos. Ele estava desesperado, morrendo de medo do que iria encontrar. Nenhum dos quartos estava ocupado no último andar e notei que as mãos de Travis temiam também. 

— Ei, nós vamos encontrá-la. Vai ficar tudo bem.

— Eu sei que vamos encontrá-la, mas como? — sua voz soou fria e com um quê de sofrimento. 

Suspirei e o puxei pela mão para as escadas. Encontramos Max e Anne, da mesma maneira que Travis estava. 

Descemos mais um andar e Travis e eu abrimos a mesma porta. Um suspiro aliviado escapou de nós dois ao vermos Lacey dormindo em cima da cama. Estava de camiseta e coberta até o peito. Travis foi pegá-la no colo, mas a soltou com os olhos arregalados ao ver que ela estava com a calcinha abaixada até os tornozelos. Max e Anne entraram no quarto no mesmo instante em que Jeremy saiu do banheiro sem camisa. Não sei muito bem o que aconteceu a partir daí. Senti meus olhos arderem enquanto Anne e eu tentamos acordar Lacey. Jeremy se trancou no banheiro enquanto Max e Travis batiam na porta prestes a derrubá-la. Não conseguia parar de chorar ao lembrar do que aconteceu comigo e piorou ainda mais quando vi meu irmão. Ele parou de esmurrar a porta e virou-se com os olhos aguados. Meu olhar se encontrou com o de Travis e meus olhos marejados refletiram nos dele. Ele deu um soco na porta, que a fez rachar. 

Mais empurrões do Max e do Travis e o garoto lá dentro estaria morto. Eles conseguiram. Travis puxou o garoto pelo colarinho e ao notar que era muito maior que ele, só deu um soco que o fez cair no chão, então foi para perto da irmã. Max não parou. E nem Anne. 

— Seu covarde! — Anne gritava, ajudando Max a acabar com ele. 

Encontrei o dono da casa com os olhos perdidos e fui até ele. 

— Me dá o seu celular.

— Eu não vou dar o...

— Me dá a porra do seu celular! — gritei e ele o pegou do bolso no mesmo instante. — Coloca a sua digital. — ele me obedeceu. 

Procurei nos contatos "Pai" ou "Mãe", mas não encontrei. 

— Anne, qual o nome da mãe ou do pai dele?

—Procura o do pai. É Alan

Alan. 

— Não liga para o meu pai, ele vai...

— Cala a boca! — o interrompo. E vi que Max não parava de bater em Jeremy. — Max, para! — segurei meu irmão, antes que fizesse o garoto desmaiar. 

Verifiquei o bolso do Jeremy e encontrei o celular. Peguei o seu polegar direito e coloquei a digital. Encontrei o "pai" rapidamente. 

— Alô? Você é o pai do Jeremy?

— Sim, sou o pai dele. Algo errado?

— Você sabia que seu filho viria em uma festa hoje, certo? — o pai assentiu. — Bom, ele drogou a namorada do meu irmão e a encontramos no quarto sem roupa. Eu vou chamar a polícia e vocês precisam estar presentes. Obrigada pela atenção. — finalizo a ligação. 

Ligo para a polícia, explicando das festas dos menores, das drogas e do possível estupro. Desligaram dizendo que estavam a caminho. Agora só faltava o pai do dono da mansão; todos eles pareciam prontos para a ligação, impressionante. 

— Alan?

— Sou eu. Quem é? 

— Você está em Atlanta?

— Sim, minha mulher e eu estamos em uma festa.

— O seu filho também e na casa de vocês. — respondo. — Acho melhor vocês virem para a casa agora.

— Na minha casa?! Passa o celular para o meu filho.

— Ele está assustado demais para falar agora. O seu filho sabia da intenção de um estupro dentro da casa de vocês e a polícia está vindo para cá.

— Polícia?! Estou a caminho. E fique de olho no Caleb. É a cara dele tentar fugir.

Desliguei e devolvi o celular para o tal de Caleb. Anne ia colocar o shorts de volta na Lacey.

— Não coloque ainda. A encontramos desse jeito. — falei. — E não batam mais no garoto ou você também será preso, Max.

— Uma piada. Ele quem... quem estuprou a minha namorada e eu vou ser preso por dar uma lição? — Max estava transtornado. Sentou na cama com as mãos na cabeça e Anne foi tentar consolá-lo.

Travis olhava fixamente para o rosto da irmã com os olhos vermelhos e sentei-me ao seu lado. Passei meu braço pelo dele e encostei a cabeça em seu ombro, sentindo-o apoiar a cabeça na minha. Tentei controlar o choro ao vê-lo chorar, mas não consegui. Entrelacei nossos dedos, acariciando sua mão e apoiei o queixo em seu ombro para poder olha-lo. Ele abaixou o rosto para poder me olhar de volta e suspirou enquanto balançava a cabeça. Dei um beijinho em seu pescoço, buscando um jeito de acalma-lo. Suas mãos tremendo estavam me deixando ainda mais aflita. 

— Vai ficar tudo bem. Ele vai ser preso. — sussurro. 

— Vai mesmo?

— Eu já passei por isso, você sabe. — ele me olhou mais atentamente e assentiu. — Nunca te contei tudo, mas... não é algo que eu goste de falar. E eu estava acordada.

— Você foi drogada?

— Sim, mas não droga para apagar. E sim para me deixar grogue e quieta. Lembro que tentei sair, falei que não queria, mas eu não conseguia nem lutar para sair... estava completamente consciente. Lembro de cada detalhe e de cada sensação de impotência. — seus olhos aguaram ainda mais e sua testa colou-se na minha.

Fechei os olhos para tentar manter a calma para poder acalma-lo também. Abrimos os olhos ao mesmo tempo, mas os fechei novamente ao sentir seus lábios tocando os meus suavemente em um selinho.

— A polícia chegou. — Max avisou e todos levantamos.

— Eu vou ficar aqui com ela. Podem ir. — avisei.

Todos descerem, menos Anne e eu.

— Estou me sentindo tão culpada... — Anne disse chorando e tirou o cabelo do rosto da Lacey.

— Não foi culpa sua, Anne. Travis está certo, você não é babá dela. E o único culpado é aquele garoto que eles levaram carregado daqui.

— Nós o conhecíamos, sabe? Saímos todos juntos há um tempo e ele já tinha dado em cima da Lacey, mas é normal entre adolescentes. Ela não deu bola por causa do Max. — ela começou a contar o que eu já sabia. 

— Ele vai ter o que merece.

A polícia entrou no quarto junto com Travis e um deles chamou uma ambulância pelo fato de ela estar desacordada. Dependendo da droga e da quantidade que foi ingerida, pode causar convulsões ou até algo pior. Colocamos o shorts de volta na Lacey enquanto Travis explicava a situação para os policiais e eles desceram com a Lacey. Os donos da mansão e os pais do Jeremy chegaram enquanto descíamos. Max bateu bastante em Jeremy, mas ele estava conseguindo ficar em pé, ao menos. Em pé para conseguir ser algemado, imbecil. Os pais do Caleb também teriam que ir até a delegacia pelas bebidas e as drogas ilícitas que encontraram escondido em lugares estratégicos. O pai do Jeremy deu um tapa na cabeça dele, questionando o que diabos ele estava pensando e como conseguiu a droga para fazer aquilo com a garota. Jeremy não respondeu. 

Claro que não respondeu. 

A ambulância chegou e os paramédicos levaram Lacey em uma maca. Os policiais e os pais de Jeremy faziam inúmeras perguntas a ele, mas o moleque parecia em choque. Não piscava, não se mexia, não ousava dizer uma palavra. Se ele abrisse a boca novamente, Max não hesitaria em terminar o que começou. Ele sempre desconfiou que ele não era um cara legal e estava mais do que certo. Um dos paramédicos perguntou quem iria na ambulância com ela e Travis quem disse que iria, jogando a chave do seu carro para o restante de nós irmos até o hospital. Não deixaria meu irmão mais novo dirigir no estado em que está, então sobraria para mim. Perguntei se Anne queria que eu a deixasse em casa, mas ela negou prontamente. Não sairia de perto de nós até que tivesse a confirmação de que Lacey está bem e fora de perigo.

Uma parte de mim acreditava que não deu tempo de Jeremy completar o que queria. Uma parte um pouco tola, talvez, mas não conseguia evitar. Milhares de garotas, inclusive eu, sabemos como tudo fica depois que isso acontece. Perdemos algo. Perdemos o controle de nosso próprio corpo, perdemos a única coisa que realmente era nossa. Por conta de um "ela estava pedindo" de um moleque, começamos a lidar com demônios que não deveríamos. Demorei muito para me conformar e tentar superar, mesmo que agora eu saiba que não tem como superar. Simplesmente é preciso aprender a viver com aquilo, senão eu não viveria. Não sairia mais de casa, não me envolveria com mais ninguém — como aconteceu nos primeiros meses. Por isso eu ainda acreditava que Jeremy não havia conseguido o que queria. Eu precisava acreditar. 

Quando chegamos no hospital, o doutor de plantão nos disse que seria feito um exame de corpo de delito com o médico legista por autorização do delegado. Os policiais nos recomendaram mesmo para não trocar as roupas da Lacey e não tocar na área perto da área vaginal, pois no exame o médico procura coletar sêmen ou outros resquícios que serão servidos como provas que poderão levar Jeremy à cadeia por mais tempo. Enquanto esperávamos notícias, um dos policiais vieram até a delegacia e disse que o garoto havia negado tudo. 

Filho de uma puta. Normalmente, o exame do corpo de delito é para coletar provas contra o agressor, mas o médico permaneceu com a ideia para ter a certeza de que não havia deixado nenhum ferimento grave e, claro, precisaremos de provas para colocá-lo na cadeia. Caso contrário, serão palavras contra palavras. A negação dele me encheu ainda mais de esperanças de que ele não teria conseguido chegar ao fim, entretanto, se ele não o fez, por que não disse no instante em que o pegamos saindo daquele maldito banheiro? Ele poderia dizer "não consegui fazer" ou qualquer coisa. Acho que o pior é isso. Nunca saberemos o que realmente aconteceu. A verdade está toda com o Jeremy e ele escolhe, infelizmente, se a dirá ou não. Lacey não irá se lembrar de nada, ou seja, não teria como ser uma testemunha. Porém, "apenas" pelo fato de ele ter conseguido droga-la, já complica muito sua situação. Espero, do fundo do meu coração, que a sua negação seja real. Travis e Max não tem dúvida nenhuma de que ele conseguiu, afinal, ela estava com a calcinha abaixada até os tornozelos. Por que ele abaixaria e depois iria ao banheiro? Que seja possível, meu Deus. Que seja possível... 

— Travis! — Lissa entrou na recepção prestes a chorar e foi abraçar o filho mais velho. — O que... ela foi na festa de um amigo! Como alguém... como alguém teve coragem m de fazer isso com ela? Minha menina, Travis. 

— Eu sei, mãe. Eu sei. — Travis a abraçou, buscando consola-la. — O garoto negou tudo. Negou que foi ele quem drogou. Disse que ela apareceu no quarto em que ele foi usar o banheiro e simplesmente começou a tirar a roupa. 

— Filho de uma puta! — Max chuta uma das cadeiras. — Nós tínhamos feito só uma vez, Jazzy. — Max sussurra para mim. — Na verdade, nem foi até o fim. Estava machucando ela e nós paramos. Ela disse que ainda não estava preparada e... e se esse cara tirou isso dela...

— Anne, a Lacey bebeu? — pergunto para sua melhor amiga. 

— Ela não bebeu quase nada. Foi tipo um copo de batida de morango, super fraca. — Anne disse. — Ela estava sóbria e nunca tiraria a roupa para Jeremy. Por Deus, eu conheço a minha melhor amiga! Eu sei que ela não fez isso. Eles estão ao menos pensando em considerar sua versão machista em que a culpa foi da vítima?! Juro por Deus, Jazzy, se ele...

— Anne, se acalma. — seguro suas mãos. — Nós saberemos se ela foi... — não consegui dizer a palavra. — Quando o resultado do exame do corpo de delito sair. 

— Ele deve ter machucado ela, Jazzy. — Anne abaixou o tom, chorando. — Ela nunca tinha... ela nunca tinha feito nem com o Max porque sabia que ia machucar e não estava preparada. Qual é o nível de doença de uma pessoa que sente prazer em fazer isso com alguém desacordada? 

— Exatamente, Ann. São pessoas doentes. — puxo-a para encostar em meu peito. — Você acredita que ele não tenha conseguido? Porque uma parte de mim ainda acredita nisso.

— Eu também. E se ele tirou a calcinha, percebeu que não tinha camisinha e foi até o banheiro procurar? Qualquer coisa, Jazzy. 

— Vamos esperar o resultado do exame. 

Levanto-me para falar com Lissa e ela não consegue conter o choro enquanto me abraça. Não digo nada para não dá-la falsas esperanças, mas notei que ela sabia que tinha acontecido comigo só pela forma que me apertava e dizia que sentia muito. Eu também sentia. Vi Anne e Max conversando e, de repente, Anne olhou para mim com os olhos arregalados depois de algo que Max disse. 

— Ann, querida! — Lissa a abraçou também. — Obrigada por estar aqui. E Travis me disse que você estava se sentindo culpada. Não é sua culpa, Ann. 

— Eu sei, mas eu tirei os olhos dela! Nós nunca nos deixamos sozinhas nas festas e... tudo bem. — ela suspira. — A culpa não é minha. A culpa é do Jeremy. 

— Exatamente. Só dele. 

— Vem, mãe. Vamos pegar um café. — Travis diz para Lissa, que assente. Eles vão em direção ao refeitório do hospital.

— Por que você não me disse que tinha acontecido com você? — Ann perguntou, me abraçando de lado. — Foi na França?

— Sim. — respondi. — Está tudo bem agora. Diferente dos primeiros meses.

— O homem foi preso? 

— Não. Eu tive que lidar com isso sozinha. Ele ainda pensou em colocar uma camisinha, mas eu tive que lidar sozinha. E Valerie me ajudou, claro. 

— Você não fez nenhum exame? Ou tomou pílula para garantir de que não engravidasse?

— Fiz alguns exames um tempo depois para saber se não tinha pego nenhuma doença e, sim, tomei a pílula. Comecei a frequentar a psicopedagoga do colégio, mas eu não podia contar aonde fui estuprada. 

— Você saia sem autorização, né?

— Sim, ou seja, a terapia não me ajudou em nada porque eu não podia dizer nada. 

Ela assentiu com um olhar solidário e nós sentamos perto de Max novamente. 

Agora só restava esperar.


Notas Finais


💔💔💔💔 o que vocês acham que realmente aconteceu??


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