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História Undercover - Cold water


Escrita por: loudestecho

Notas do Autor


Mais Travine pra vocês! ❤️

Capítulo 8 - Cold water


Os dois primeiros meses de volta a Atlanta passaram voando e só me dei conta disso quando parei para analisar a minha vida. Eu nunca imaginaria que seria amiga das pessoas que sou amiga agora e muito menos que aquela brincadeira com Travis o tornaria mais do que um simples amigo - um dos melhores amigos, nada a mais que isso, só pra deixar claro. Naquela noite nós ficamos a madrugada inteira conversando e rindo comendo pizza congelada e tomando um vinho barato que virávamos no bico. Podia dizer que muita coisa - tudo - mudou depois daquele dia. Ficamos próximos a ponto de eu ter intimidade de perguntar com quantas meninas dormiu durante o final de semana - não que eu perguntasse isso, não mesmo, eca. Os nossos amigos vivem enchendo nosso saco, dizendo que estávamos brincando com fogo e que iríamos nos queimar, mas Travis e eu apenas levamos na brincadeira. Não era porque tivemos interesse um no outro antes que continuávamos tendo, certo? Certo. Às vezes as provocações e piadas do pessoal me deixava um pouco irritada, mas se dispersava em segundos. 

Além de tudo isso, eu ainda estava em um tipo de relacionamento com Brad. Fiquei com um pé atrás quando Travis me contou aquela história da Katie, mas tirei as minhas próprias conclusões conforme fomos nos aproximando. Não sei como aqueles hematomas apareceram na Katie, mas eu poderia dizer que Brad não fez isso com ela. Quero dizer, depois daquela festa na casa de Leon eu estava decidida a não ter mais nada com ele, mas ele veio atrás o tempo todo, pedindo desculpas, dizendo que era meio temperamental mesmo, mas ia mudar por "minha causa". Eu ainda estava me prendendo no Brad de antes e eu queria saber porque ele agia dessa maneira, talvez ele precise de ajuda e quem seria melhor pra ajudar do que sua melhor amiga de infância? O problema de tudo é que Travis odeia Brad com todas as forças e pirou demais quando descobriu que continuei com ele mesmo depois das descobertas sobre a Katie. Eu disse a ele que tirei as minhas próprias conclusões, mas ele continuou insistindo e dizendo que não era mesmo para eu ficar sozinha no mesmo lugar que ele, então falei para Travis que eu tinha parado de ver Brad. Era uma mentira, mas como eu ia convencer alguém teimoso igual o Warner? Impossível. 

- Sabia que você ia acordar atrasada. - a voz de Valerie soou do outro lado da linha e eu resmunguei. - Happy Halloween! 

- Devo estar bem adepta ao dia de hoje como um zumbi. - murmurei e Valerie riu. 

- Quer que eu passe aí pra te buscar, dorminhoca?

- Ah, não precisa... - até que me toquei. - Espera aí, você ganhou o carro?! - quase pulei da cama. 

- Sim! Grita comigo, vai! - Valerie gritou e eu ri enquanto gritava com ela. - Então, quer que eu passe aí? 

- Sua casa é perto do colégio, não vou deixar você voltar tudo só pra me buscar. - resmunguei enquanto tirava a parte de baixo do pijama. 

- E você vai a pé?

- Não, o Trav vai passar aqui. - dei de ombros como quem não queria nada e podia jurar que Valerie estava sorrindo maliciosa ou me repreendendo. 

- Sabe, Jazzy... - lá vem ela. - Vocês têm desejos ocultos e guardado dentro de vocês. - disse. - Sempre onde se tem desejo tem uma chama e vocês dois estão sujeitos a se queimar.

- E só porque queima não quer dizer que vamos morrer? Ok, Pink. - debochei. - Preciso me arrumar. 

- Falo sério, Jasmine. Vocês estão mesmo brincando com fogo. 

- Por Deus, nós somos amigos, Valerie! A-m-i-g-o-s. - sibilei. 

- Tudo bem. Amigos. - ela riu irônica. - Agora termina de se arrumar antes que o Trav chegue. - revirei os olhos por ela estar debochando do apelido.

Finalizei a ligação e bufei enquanto criava coragem para ir me arrumar. Por que eles diziam que estávamos brincando com fogo? Claro, não tinha como negar que nós tivemos um interesse mútuo um no outro, mas passou agora. Nós somos amigos e não queremos mudar isso. Aliás, temos duas promessas de dedinho. Não podemos nos beijar e não podemos transar. Nenhuma dessas promessas foram ignoradas. 

Hoje era dia véspera de Halloween e teria várias programações maneiras no colégio. Eu estava ansiosa para a festa de amanhã na casa do Leon. Valerie e eu nunca fomos em nenhuma festa real de Halloween, então eu realmente estava animada. 

- Pai, eu estou atrasada. - falei quando meu pai segurou meu braço antes que eu passasse pela porta. Eu estava rezando para que ele tivesse ido mais cedo para o trabalho. 

- Travis vem buscar você agora? - ele olhou pela janela. - Olha, eu só vou falar uma vez. Fique bem longe dele, Jasmine. 

- Por que? O que você tanto vê na família do Travis? Por que quer tanto que ele fique com a Alexia? - fiz todas as minhas perguntas e ele me fulminou com os olhos no mesmo segundo. 

- Não tem nada a ver com a família dele, tem a ver com os sentimentos da minha filha. - claro, e eu sou o que? - Alexia ama o Travis, não se meta no caminho dela. Não se aproveite da inocência dele.

Inocência?! Ok, isso era demais. Não consegui engolir a minha gargalhada. 

- Inocência, pai? Sério? Travis é bem grandinho para saber o que quer e se ele não ama a Alexia, o problema não é meu. Isso tem a ver com eles. - me virei para sair, mas ele segurou meu braço mais uma vez. Com mais força. 

- Se você ao menos pensar em passar a perna na Alexia, eu te mando novamente para o colégio internato e...

- Está tudo bem por aqui? - ouvimos a voz de Travis e me aliviei tanto ao vê-lo ali. Meu pai soltou meu braço na mesma hora. 

- Está tudo bem. Boa aula, filha. - meu pai sorriu falso e subiu as escadas. 

- Está mesmo tudo bem? - Travis me olhou. 

- Só vamos logo. - passei meu braço pelo dele e fomos em direção a seu carro.

Ficamos uma parte do caminho em silêncio, mas é claro que Travis não ia ficar quieto. Ele é tão curioso e a preocupação estava visível em seus olhos. 

- Minnie, o que ele te disse? - ele perguntou. 

- Coisas em relação a Alexia. Ameaçou me mandar para França novamente. - bufei irritada. - Ele te chamou de inocente. Acha que estou "saindo" com você porque quero magoar a Alexia. 

- O seu pai é maluco. Se as coisas pesarem aí, você sabe que pode ir dormir lá em casa. - disse. - Meu pai está viajando durante esse mês inteiro. 

- Obrigada. - falei aliviada. - Sabe, talvez seja até melhor ele me mandar de volta para o colégio interno. Eu não aguento mais viver lá. 

- Não fala isso nem brincando, Minnie. - disse sério. - A gente vai se formar logo. Você será livre. 

- Livre, Travis? Eu tenho certeza que ele ainda vai me prender e o pior de tudo é que ainda dependo dele. 

- Você vem morar comigo em New Haven enquanto você não ajeita sua vida. - ele sorriu abertamente e eu gargalhei. 

- Ficaria honrada de estragar suas experiências universitárias e morar junto com os seus amigos em uma fraternidade. - falei irônica e dessa vez ele gargalhou. 

- Boa, Minnie. 

Ainda era um pouco estranho quando Travis e eu chegávamos juntos no colégio. As pessoas criaram boatos tão absurdos! O menos absurdo é que nós somos namorados, mas queremos manter segredo. Deveria ser estranho para essas pessoas que vivem falando da vida alheia... eles acham que estamos tendo um tipo de relacionamento, mas nunca mostramos nada e nunca ligamos para o que estão dizendo. Como eles não cansam? Quero dizer, esse colégio tinha um tipo de hierarquia e Travis Warner com seus melhores amigos estavam bem no topo. Ainda era meio estranho também andar junto com os jogadores de futebol americano, mas eu estava acostumada. Os meninos eram demais. 

- Você está brincando com a minha cara! - Valerie exclamou quando contei a ela sobre os dois avisos que recebi hoje. - A Alexia te ameaçou?!

- É, foi um tipo de ameaça. - dei de ombros. - Ela me perseguiu no momento em que Travis entrou na sala. Ela disse com aquela voz aguda "Não sei o que você espera com isso, mas o Travis me ama. Sai do meu caminho antes que eu te tire a força". - imitei a voz dela. - Até parece que eu ia conseguir impedir Travis de ficar com ela.

- Ela não percebe que ele não dá a mínima pra ela? Céus, como é possível existir meninas tão iludidas? Ele a trata com tanta indiferença. 

- Ela não sai do pé dele. Isso deve ser cansativo. - dei de ombros.

Avistei a mesa que sentávamos todo intervalo e sentei entre Sophie e Nolan, de frente para Travis. Comecei a rir ao ver a maquiagem no rosto dos meninos... fizerem cortes falsos neles. Eles estavam conversando sobre o segundo jogo da temporada e eu fiquei apenas comendo meu pedaço de torta de morango. 

- Minnie, a Lacey disse que você vai lá em casa hoje à tarde. - Travis chamou minha atenção. - Quer ir quando sairmos daqui? 

Arregalei os olhos sem querer e ele franziu o cenho. Eu tinha combinado de sair com Brad, mas como falaria isso para Travis?

- Eu não posso. Vou ter que passar em um lugar antes. - respondi. 

- Onde?

- Ah, em um lugar com a Valerie. 

- Valerie, onde vocês vão depois da escola? - Travis cutucou Valerie e tentei transmitir um sinal a ela, mas ela nem ao menos me olhou.

- Eu vou pra casa dormir. E você, Warner?

Travis me olhou e eu mordi o lábio inferior nervosa.

- Você ainda está saindo com Brad. - ele adivinhou. - Porra, Jasmine! 

- Ele não é isso que você pensa, ele é legal e...

Fiquei falando sozinha porque Travis simplesmente levantou da mesa e saiu do refeitório. 

- Gente, qual é a dele com o Brad? - perguntei. Eles se entreolharam e eu fiquei nervosa. - Quem vai me contar?

- Eu conto. - Melanie levantou a mão. - Bom, Katie e Travis tinham um relacionamento complicado. - ela começou a dizer e eu entendi tudo. - Eles são amigos de infância, tiverem todas as primeiras vezes juntos. Primeiro beijo, primeira vez, primeira bebida, primeiro festa, primeira merda... tudo foi junto. 

- Mas eles não se amavam. - Sophie disse. - Eles eram muito amigos desde pequenos e tiveram essas experiências juntos. Normal. Travis nunca gostou de Brad por causa da rivalidade dos times e tal, mas ele ficou muito puto quando Katie começou a se envolver com ele. Muito. 

- Mas não era porque ele a amava nem nada. - Nolan completou. - Ele a tinha como uma irmã mais nova. Eles nem se envolveram mais depois da primeira vez que transaram. 

- E como ele já te contou... Brad machucava a Katie. - Melanie prosseguiu. - Travis cansou de aconselhar a Katie, de dizer que ela estava sendo burra de permanecer com ele, mas ela não ouviu. Se afastou de todos nós e agora sumiu. 

- Mas ele não a ama nem nada. - Nolan repetiu me olhando. Por que ele repetiu me olhando? 

- E foi o Brad, Jazzy. Foi o Brad que fez aquilo com a Katie. - Leon disse. 

- Mas espera... Travis não a amava? Gente, acho que tinha algum amor reprimido aí. - Valerie opinou. 

- Não, não tem nada disso. - Melanie balançou a cabeça. - Todos nós ficamos da mesma forma. Eu, Sophie, os meninos. Mas com Travis e Nolan foi pior porque eles cresceram junto com a Katie. 

- Jazzy, escuta o que eu estou dizendo... não sai com ele. - Nolan disse sério. - Ele pode ter mudado, mas ele tem acessos de raiva bem piores do que os seus.

- Eu vou falar com ele. - levantei. - Com o Travis. 

- Lá vai vocês brincarem com fogo. - Sophie cantarolou e eu mostrei a língua pra ela. 

Ok, se eu fosse Travis Warner onde eu iria me esconder? Primeiro pensei que ele estaria no terraço do colégio, mas a entrada estava proibida, então imaginei outro lugar que ele poderia estar. Atravessei o colégio inteiro até chegar no campo de futebol americano e o avistei sentado na arquibancada. Bem no alto. Ele só me notou quando eu estava uma fileira a sua frente. 

- Você vai mesmo ficar bravo comigo? - sentei ao lado dele. - Eu não sabia que você gostava da Katie enquanto ela estava com o Brad. Me desculpa. 

- Eu não gostava da Katie. - ele franziu o cenho com naturalidade, mas falou como se um absurdo ele gostar dela. Ou de alguém. - Eles te contaram a história errado. 

- Não, eles contaram certo. Só joguei verde pra saber se você me diria a verdade. - dei de ombros. - Você realmente não sentia nada por ela, Travis?

- Não, Minnie. Era como se ela fosse uma irmã mais nova. 

- Uma irmã mais nova que você beija e leva pra cama?

- Ok, uma prima então. - o encarei indignada. 

- Você é um pervertido! - falei incrédula e ele caiu na risada pelo meu jeito. - Não acredito que já pegou suas primas! 

- Não é pra isso que primas servem? 

- Meu Deus, não! Isso é incesto!

Travis parou de rir aos poucos e seu semblante se tornou completamente sério. Ele respirou fundo e me olhou por um tempo.

- Não quero que você se machuque, Minnie. 

- Eu sei. - entrelacei nossos dedos e encostei a cabeça em seu ombro. - Eu vou perguntar a ele sobre isso. Vou esclarecer. 

- Você acha mesmo que ele vai dizer? É até provável que ele perca a cabeça! Não, você não vai tocar nesse assunto com ele. - parecia que ele estava visualizando tudo que ia acontecer. - Só deixa quieto. Você ao menos gosta dele?

Queria responder a verdade. Queria responder que eu não conseguia gostar de Brad porque outra pessoa estava nos meus pensamentos, mas tudo que consegui fazer foi mentir. 

- Eu gosto. - dei de ombros. 

- Porra, Jazzy. - ele balançou a cabeça e passou a mão no cabelo, nervoso. - No primeiro momento em que ele fazer alguma coisa com você, que ele for agressivo, te segurar, deixar qualquer marca em você... eu vou acabar com o filho da puta e você vai se afastar. 

- Tudo bem. - suspirei. - Agora você parece o meu irmão mais velho. - sorri e ele fez cara feia. 

- Irmão, Minnie? Estou mais para um primo. 

- Você é ridículo! - falei rindo e empurrei seu ombro. 

Ele ficou me encarando por um tempo como se estivesse pensando nas coisas que Brad poderia fazer comigo. Ou talvez só estava pensando que não queria que eu me machucasse. 

- O que foi? - perguntei.

- Nada, é que você é linda demais pra ser apenas minha prima. - ele deu de ombros e eu ri novamente. 

- Você é inacreditável. 

- Você não cansa de me dizer isso. - ele revirou os olhos e levantou, estendendo as mãos pra mim. - Você deveria ganhar um prêmio por conseguir me acalmar tão rápido. 

- O meu prêmio vai ser você não ficar emburrado comigo. - segurei suas mãos e levantei. Ele me puxou para um abraço. 

Era difícil lutar contra sentimentos quando ficávamos tão próximos assim. Sentia seu coração acelerado da mesma forma que o meu e isso era um péssimo sinal. Será que estávamos mesmo brincando com fogo? Não gostava de ficar pensando nisso porque além de ficar maluca com a dúvida, meus pensamentos voltavam para Owen. Por que ele parece tão ausente nos últimos dias? Talvez ele tenha cansado de esperar o dia que eu dissesse "estou em Atlanta e quero te ver". Será que ele é quem diz ser? Pensar nele me deixava confusa e chateada. Quais eram as chances de ser real?

(...)

- Eu não vou na sua casa depois da aula. - avisei Lacey e ela perguntou o motivo só pelo olhar. 

- Por que?

- Meu pai mandou eu ir pra casa. Veio aqui no colégio armar confusão, dizendo que eu estava matando aula... tem como ser mais ridículo? - bufei. - Acho que ele quer me dizer alguma coisa. 

- Tudo bem, mas me mantém informada. - assenti.

Acenei para Travis de longe e ele começou a caminhar em minha direção. Com certeza se ofereceria para me levar em casa ou até para conversar com meu pai. Era bem a cara dele. 

- Quer que eu te leve em casa? - não falei? 

- Por favor. 

Ficamos o caminho inteiro conversando sobre o grande babado do dia: Louis Carter foi expulso do time de futebol americano e humilhado na frente de todo o colégio. Ele estava entregando jogadas do próprio time para o time adversário e foi encontrado saquinhos com cocaína dentro de seu armário. Travis me disse que nunca esperaria que Louis fizesse isso, mas que estava complemente estranho nas últimas semanas. 

- Se o seu pai extrapolar, me liga. - Travis disse assim que paramos na frente da minha casa. 

- Obrigada. - beijei sua bochecha e saí do carro. 

Quando entrei em casa, ouvi vozes vindo do escritório do meu pai e tive uma necessidade imensa de descobrir alguma coisa. Qualquer coisa. Agora meu pai tratava de negócios com a Alexia? Me aproximei para ouvir a conversa direito e ouvi o sobrenome "Warner" no meio. Qual era o interesse do meu pai na família Warner? Por que ele queria tanto que a Alexia ficasse com Travis? Planejava armar um golpe contra o pai dele? Nada fazia sentido em minha cabeça. 

- Eu já falei que quero fazer parte, pai. Por que está relutante? - Alexia dizia. 

- Você o ama, você mesma me disse isso. 

- Eu amo, mas quero me vingar. Ele e a Jasmine estão tendo alguma coisa e eu tentei alerta-la hoje, mas ela debochou! - me senti mal pelo jeito que ela pronunciou meu nome. Era como se ela tivesse nojo de mim. 

- Eu sei. Quero manda-la de volta para a França. - mordi a língua. - Só estou esperando que ela faça alguma coisa. 

Ah, então era isso! Ele queria que eu fizesse as mesmas coisas que fazia em Paris para poder me mandar de volta! 

- Ela é menor de idade. Deve ir pra onde você mandar. 

- Ela acabou de chegar. Vão desconfiar se sumir com ela desse jeito. 

Quem vai desconfiar?

- E eu vou ter que ficar suportando a menina até quando? E ao lado do meu quarto, pai? Sério?

- Alexia, eu também não gosto disso. Não mesmo. - meu estômago se embrulhou. - Se eu pudesse, a mandaria de volta para nunca mais voltar, mas não funciona assim. 

- E enquanto isso o que eu faço? 

- Tente conquistar Travis de volta. 

Não consegui terminar de ouvir aquilo. Eu estava completamente enjoada e por um momento realmente quis que ele me mandasse de volta para Paris. Se eu nunca mais fosse colocar meus olhos nele e na Alexia... tudo estava ótimo pra mim. Me tirava do sério saber que eles não se importam comigo, saber que eles me descartariam tão fácil. Isso quer dizer que eles não são minha família, ou seja, eu não tenho família desde que a minha mãe morreu. Max estava passando a temporada na Flórida com o time de basquete e a falta dele era tudo que eu sentia. 

- Oi, está tudo bem? - ouvi a voz de Travis do outro lado da linha e eu respirei fundo. 

- Oi. 

- Você está chorando? O que foi? Ele bateu em você?

- Quero te pedir uma coisa. 

- Pode pedir, Minnie.

- Me leva pra longe daqui.

• Travis Warner

Meus lábios se curvaram em um sorriso ao ouvi-la me perguntando aquilo. Me perguntei o que tinha acontecido para ela querer fugir desse jeito, mas apenas falei que era pra ela se arrumar porque eu passaria na casa dela daqui alguns minutos. O que ela queria dizer com "longe daqui"?  Da casa dela ou de Atlanta? Espero que seja de Atlanta porque pensei no lugar perfeito para fazer Jasmine esquecer a família. "Família". Nem sei o que essa palavra significa mais. 

- Onde você vai com mochila? - Lacey me parou perto da escada. 

- Vou para Orlando. 

- Agora?! Por que? 

- Porque é fim de semana e eu não quero ficar aqui. 

- Seus amigos vão com você? 

- Uhum. - passei por ela e desci as escadas.

- Espera aí! Você vai em alguma festa de Halloween com seus amigos de lá? Por que vai de uma hora pra outra?

- Vai ter uma festa lá sim. E pode parar com o interrogatório, Lacey. Sou eu quem preciso te interrogar. 

- Mas você não vai na festa do Leon amanhã?

- Não sei. Talvez. - dei de ombros. - Avisa a mãe que eu vou passar o final de semana fora, beleza? 

- Tudo bem. Boa viagem. 

- Obrigado. - beijei sua testa e fui em direção à garagem. 

Imaginei que Jasmine não iria gostar de sair pela porta da frente porque seu pai sem duvidas iria implicar. Mesmo antes de bater na porta da sacada de seu quarto, a vi se olhando no espelho enquanto penteava o cabelo. Encostei no batente de braços cruzados e fiquei um bom tempo observando. Até ela me ver. 

- Há quanto tempo você está parado aí? - ela sussurrou depois de abrir a porta de vidro. Entrei no quarto. 

- Acabei de chegar. - dei de ombros. - Leva a fantasia que você ia na festa do Leon amanhã. 

- Como assim ia? Pra onde você vai me levar?

Sorri travesso e ela franziu o cenho. 

- Alguma vez já foi em festa em uma fraternidade, Minnie? 

- Mentira!!!! - ela me encarou incrédula, mas com um sorriso. - Aonde?! 

- UCF. Orlando. 

- Nós vamos para Orlando?! - assenti rindo pela animação dela. - Você tem amigos lá?

- Sim. Eles moram em uma fraternidade com dez caras. - disse. - Me chamaram pra festa de Halloween e nada melhor do que ir com você, né?

- Os seus amigos não vão se importar? Você vai dormir lá com eles e eu vou dormir com você, então... 

Ah, se ela soubesse o efeito que me causou ouvi-la dizer que vai dormir comigo. Ela parou de falar ao me ver com um sorriso malicioso. 

- Não, Warner! Pode parar. - ela me olhou feio e eu gargalhei. - Vou terminar de arrumar minhas coisas, então. Quantas horas de viagem até Orlando?

- Você nunca foi pra Orlando?

- Só conheço Atlanta, Paris e uma cidadezinha em Nevada chamada Henderson. 

- Quem mora em Henderson? 

- Minha tia. Morei com ela por um tempo depois que minha mãe morreu. - ela respondeu enquanto pegava algumas roupas e levantou o olhar na minha direção. - Mas acabei arrumando alguns probleminhas justamente pra minha tia não me querer mais lá e quatro meses depois, voltei. Infelizmente não consegui fugir do colégio interno. 

- O seu pai é mesmo um pé no saco, né? 

- Totalmente. - ela bufou. - Minha fantasia não pode amassar. 

- Do que você vai?

- Clichê. Pensa em algum personagem de cabelo loiro. - ela arqueou uma das sobrancelhas e eu tentei me lembrar. 

- Eu sei lá. Alguma princesa? 

- Uma vilã. - ela me mostrou a fantasia. Uma blusinha curta pra porra e um shorts menor ainda. - Arlequina, Warner! Dã! 

Levantei as sobrancelhas pra ela. 

- Vou fazer alguns cortes maneiros no rosto para entrar no lance de Halloween. - disse enquanto dobrava a roupa. - E você, Travis? Vai de que?

- Bombeiro sexy e zumbi.

- Puta merda. - ela gargalhou. - Posso ver?

- Amanhã. Está lá no carro. - disse. - Vamos sair logo. São seis horas de viagem. 

- Seis? Aí, que preguiça. 

- Eu que vou dirigir e você está com preguiça? 

- Ok, me desculpa se eu não tive tempo de tirar carteira de motorista até hoje. Eu assumiria o volante por três horas e você por três. - ela sorriu. - Agora vamos.

- Você avisou a Valerie?

- Eu liguei pra ela antes de ligar pra você, mas ela devia estar com Leon. Nem esperei ela atender. - deu de ombros. - Mas mandei mensagem avisando. E ela vai ficar irada quando souber que não vou amanhã porque nós nunca fomos em nenhuma festa de Halloween no colegial. 

- Nunca? 

- Nunquinha. O último Halloween que me lembro eu ainda saia perguntando "gostosuras ou travessuras?"

- Eu pediria travessuras.

Ela estreitou os olhos pra mim com um sorriso quase imperceptível no canto dos lábios. 

- Você está flertando comigo, Travis Warner?

- Entenda como quiser, Minnie. - ela riu e voltou a arrumar as coisas. Não levou a sério, ótimo. 

Deitei em sua cama enquanto esperava Jasmine terminar de arrumar tudo - como se fossemos ficar lá por muito tempo - e ela arregalou os olhos quando ouviu batidas na porta. Ela fez um sinal para eu ficar quieto e se aproximou da porta. 

- Quem é?

- Abre aqui, Jasmine. - ouvi a voz da Alexia e Minnie me olhou com os lábios comprimidos em sinal de: fodeu. 

- Não estou afim de falar com você, Alexia. Me dá um tempo. - Jasmine respondeu. - E eu sei muito bem do que se trata. Não quero mesmo ouvir. 

Do que se trata? 

- Ah, você já sabe? Ótimo. Espero que você de ouvidos ao que eu disse. - Alexia disse. - Não quero que se arrependa da pior forma possível. 

- Você está me ameaçando? - sabia que Jasmine estava maluca para abrir a porta e brigar cara a cara. - Ah, meu bem, quem faz as ameaças sou eu. 

- É você mesmo. - falei por química labial e Jasmine segurou a risada. 

- Me dá um tempo, Alexia. Para de me encher o saco e viva sua vida. - ela deu uma batida na porta certamente par assustar Alexia e acho que funcionou. Não ouvimos mais nada.

- Podemos ir? - sussurrei e ela assentiu. 

- O mais rápido possível.

Ia ajudá-la a pular, mas ela recusou a minha ajuda. Ok, parece que ela aprendeu muito bem sozinha. Só queria saber como vai ser ficar seis horas dentro do mesmo carro que ela e me conter ao mesmo tempo. Os dois parecia ser impossível. 

- Vou ligar som. - disse me olhando e eu assenti. 

• Jasmine Maddox 

Era incrível a forma que eu conhecia cada vez mais sobre Travis. E isso era muito difícil pra mim. Quero dizer, eu amava saber que ele era uma pessoa maravilhosa e que cada vez se mostrava o oposto do que eu pensava, mas isso era perigoso também. E ele percebeu uma das vezes que fiquei observando-o. Acabei me perdendo enquanto o olhava e quando ele sentiu que estava sendo observado, me olhou. Eu desviei o olhar na mesma hora e deve ter ficado ainda mais na cara, o que fez toda minha corrente sanguínea parar em minhas bochechas. 

- Eu não estava... eu estava... - me enrolei ao tentar me explicar. - Você tem alguma coisa na bochecha. 

- Ah, eu tenho alguma coisa na bochecha? - disse irônico com um sorriso. 

- Sim. - me inclinei para tirar. - Olha pra frente, você vai bater o carro. Não quero morrer. 

Ele me obedeceu e eu fingi que tentava tirar algo da bochecha dele. 

- Viu, ó? Tirei. - sorri. 

- Por isso está vermelha igual sua blusa? - olhei para minha blusa e sorri nervosa. 

- Eu fico vermelha de qualquer jeito. - dei de ombros e me endireitei no banco. 

Nós saímos de Atlanta ás quatro da tarde e era pra chegarmos lá por volta das dez. Ainda mais do jeito que Travis corria... poderíamos chegar em cinco horas. Sério. Cada vez que eu tentava pegar no sono, ele freava ou começava a cantar junto com a música. "Desculpa, Minnie" e fazia de novo. 

- Por que você não quer que eu durma? 

- Porque eu não gosto de ficar sozinho. Você sabe disso. 

- Mas eu estou aqui, seu carente. - falei rindo. - Você é estranho, sabia? Sempre que diz que quer conversar, não conversa realmente. Você muda de assunto e tenta achar um jeito de escapar. 

- Não gosto de falar sobre o assunto, mas quero que você saiba quando estou com algum problema. 

- Você está com alguma problema agora? - perguntei e ele me olhou de soslaio. Ah, merda, o que ele ia dizer?

- Não. - ufa. - Pode dormir, vai. Falta duas horas pra chegarmos. Eu te acordo. 

- Obrigada, Quarterback. - sorri e encostei a cabeça na janela, fechando os olhos. 

Não sei por quanto tempo eu dormi, mas eu estava em um quarto quando despertei. Meu Deus, de quem era esse quarto e onde estava Travis? Eu sei que tenho o sono pesado, mas como não senti alguém me carregar até aqui? Levantei da cama e fui até o banheiro, encontrando a minha necessaire em cima da pia. Franzi o cenho, mas escovei os dentes e penteei o cabelo. 

Abri a porta e vi vários outros quartos no corredor dessa fraternidade. Encontrei as escadas e pude ouvir o barulho estridente vindo do andar de baixo. Música alta, gritos masculinos e risadas lindas. Meu Deus, eu devo estar no meio de vários trogloditas. 

- Olha só quem acordou! Bom dia, Jasmin. - um menino disse me olhando e todos os outros me olharam. Inclusive Travis. 

- É Jasmine. - falei e sorri fraco, então me aproximei de Travis. 

- Nós sabemos. Mas você é uma florzinha. Já viu essa flor? Jasmin? - arqueei uma das sobrancelhas.

- Cala a boca, Evans. - Travis disse e engoli em seco quando ele me puxou para sentar em uma das suas pernas. 

- Desculpa, gente. Eu sou Jasmine, amiga do Travis e a cama que eu estava dormindo é muito confortável. - sorri abertamente e eles riram. 

- Amiga do Travis? - um deles disse. - Travis não tem amigas. 

- Por favor, não vocês também. Já não basta nossos amigos lá de Atlanta. - falei e eles riram. 

Fiquei tensa quando senti Travis fazendo carinho na minha cintura sorrateiramente com uma mão e na minha coxa com a outra. 

Os amigos de Travis se apresentaram um por um e ao todo eram oito garotos. Harry Evans, Jacob Hall, James Clark, Jordan King, Thomas Burk, Ben Butler, Aiden Brown e Peter Turner. Eles não paravam de me zoar com Travis e isso estava me deixando meio incomodada. Eles eram legais, eram muito legais, mas por que toda essa frescura ao saber que éramos amigos? Existe amizade sem nenhum interesse sexual entre homem e mulher, sim. Talvez seja mais difícil controlar os hormônios, mas existe! 

- Eu pensei que a festa seria hoje. De hoje pra amanhã. - comentei com Travis e dei uma mordida em seu pedaço de pizza. 

- Não, vai ser amanhã. 

- Então, vamos mesmo perder a festa do Leon. Valerie vai me matar. - falei nervosa. - Aliás, não tem festa todo final de semana aqui não? Se eu morasse em uma fraternidade, teria festa todo dia. 

Travis levantou as sobrancelhas e riu. 

- Sempre tem festa, mas eles vão deixar pra amanhã. Ninguém está preparado para a festa de amanhã. 

- Nem mesmo você, Quarterback? 

- Nem mesmo eu, Minnie. - ele riu e beijou o meu ombro. 

- Então, pombinhos, vou fornecer meu quarto para suas fodas sem compromisso. - Harry disse entregando dois travesseiros para Travis. - Só não quebrem a porra da minha cama. 

- Não! Onde você vai dormir, Harry? - perguntei. 

- No sofá. É bem confortável, Jasmin. Fica tranquila. - ele cismou em me chamar igual à flor. 

- Pode me dar mais travesseiros? 

- Por que? - Harry franziu o cenho e Travis riu do meu lado. 

- Ela gosta de fazer uma barreira de travesseiros entre nós. - Travis explicou e Harry caiu na gargalhada. 

- Porra, Warner, está mesmo na Friendzone. - Harry deu batidinhas no ombro do amigo e eu revirei os olhos. 

- Ele não me vê assim! Ele me vê igual uma irmã mais nova. - respondi. 

- Uma prima, Minnie. - Travis disse e eu dei um tapa no braço dele. 

Harry franziu o cenho sem entender. 

- Piada interna, Evans. Ignora. - Travis disse rindo. - Boa noite, cara. Valeu. 

- Boa noite, Harry! E obrigada. - mandei um beijo pra ele, que fingiu pegar e guardar no coração. 

Gargalhei e Travis e eu entramos no quarto. Eu fui a primeira a tomar um banho, colocar pijama e deitar pronta pra dormir, e eu esperava estar dormindo quando Travis já tivesse saído do banho.

- Você não vai tomar banho não, porquinho? - perguntei quando o vi tirando a camisa e colocando uma calça de moletom. Ali na minha frente. 

- Eu tomei enquanto você estava dormindo. - disse rindo e se jogou do meu lado na cama. 

Ele percebeu que me afastei e ficou sério.

- Você ainda não confia em mim. 

- Eu confio em você, Travis. Mas não confio em mim. 

Ele ficou me olhando por mais tempo que deveria e eu tentei pensar em algo pra mudar de assunto. Mas ele mesmo levantou para pegar algo na cômoda. 

- Como você conheceu os meninos? - perguntei encostando a cabeça no travesseiro e olhando-o. 

- Peter é meu "primo". 

- Ai, meu Deus! - tampei a boca com a mão direita. - Você joga para os dois lados? Você pega até os primos homens? Amei, Warner! 

- Você está duvidando da minha sexualidade, Minnie? - ele estreitou os olhos pra mim e eu ri enquanto deitava de barriga pra cima. 

- Você diz que primos são feitos para dar uns amassos e ainda coloca aspas. Sim, estou duvidando da sua sexualidade. - provoquei e engoli em seco pelo jeito que ele me olhou. Meio sério com um meio sorriso malicioso. 

Percebi que ele ia me atacar e tentei fugir da cama gritando, mas ele simplesmente se jogou em cima de mim na cama, prendendo meus braços acima da cabeça e eu podia sentir o seu... bem em cima da minha. Fiquei séria na mesma hora. 

- O que você está fazendo, Travis? - mal ouvi minha própria voz.

Ele soltou meus braços, mas nem tentei empurra-lo. Ignorei os espasmos ao sentir suas mãos descendo pela minha cintura. 

- Você tem sorte de termos duas promessas e que eu não quero meu dedo decepado, senão eu te provaria a minha sexualidade, Minnie. - disse olhando nos meus olhos, mas seus dedos estavam fazendo linhas imaginárias na minha barriga. 

- Você não precisa provar nada pra mim. Acredito em você. Sério. - eu só queria que ele saísse de cima de mim. - Travis, sério. 

- O que é sério, Minnie? - ele inclinou o corpo para mais perto do meu. Puta que pariu. - Ah, você quer que eu saia de cima de você? 

Sínico! 

- Quero! - respondi e espalmei seu abdômen para afastá-lo. Meu Jesus, como não sentir os gominhos? 

- Tudo bem. - ele se aproximou demais e deu um beijo casto na minha testa, então saiu de cima. O lugar que seus lábios tocaram ficaram queimando. 

Virei para o lado oposto do dele e tentei ignorar tudo que eu ainda estava sentindo. Era como se ele ainda estivesse me tocando. 

- Minnie... - ele me chamou e eu apenas respondi um "Hm?". - Me desculpa. Eu não queria ter feito isso. Quero dizer, eu queria, mas não deveria. 

- Está tudo bem. - respondi baixo. 

- Você sabe que se existe essa tensão toda entre a gente é por que... 

- Travis, não. - o interrompi. - Por favor, só dorme. 

- Não quero que você fique brava comigo. 

- Não estou brava. Juro. - me virei para o lado dele e sorri. 

- Então, dorme comigo. - ele abriu os braços insinuando para que eu encostasse em seu peitoral e eu respirei fundo. 

- Não abuse, Warner. - murmurei e me aproximei sentindo seu corpo quente colado ao meu.

Como eu ia conseguir dormir desse jeito? 


Notas Finais


Gente, não sei vocês, mas eu to cada vez mais apaixonada por eles alguém me seguraaaaaa


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