História UNDERGATE - Paralisia do Sono - Primeira Noite.

Na primeira noite, eu sentia meu corpo, mas não conseguia me mover. Estava parada em cima da cama, desembrulhada e com os olhos voltados para cima. As veias pulsavam assustadas, se dilatando por baixo da pele. Dava para sentir o calor se movendo pelo corpo. A respiração aumentando. O suor. A tensão. O medo crescendo sem piedade. Olhava para o meu braço e lhe ordenava que se levantasse, mas ele permanecia estático. Tentava rolar, sentar, mas meu corpo não respondia, era uma casca separada de mim, que eu não podia controlar. Era aterrorizante. Não podia respirar nem gritar por socorro. Era como estar presa diante de um animal selvagem se aproximando lentamente para atacar. E então veio aquela esmagadora intuição, de algo, alguém ali comigo. Uma forma escura e sinistra. Não consegui ver os detalhes de sua aparência devido à escuridão, mas eu conseguia sentir o seu peso sobre meu peito, a presença física onipresente e maligna. Senti mãos em meu pescoço. Eram frias como as de um morto, trazendo o odor da morte para o meu interior. O maior peso estava sobre meu peito, pressionando, pressionando. Era como duas agulhas muito finas que pareciam sugar minha vida. Não podia me livrar, nem abaixar o pescoço para ver o ser demoníaco que se alimentava de meus medos. Continuei em pânico até sentir o peso sobre mim diminuir. Foi acalmando devagar até que eu não sentia mais o peso em meu peito, nem as agulhas ou a mão fria em meu pescoço. Até o odor se fora. Sentei na cama assustada, a respiração ofegante. Passei a mão no peito e elas voltaram encharcadas de sangue, assim como as marcas de sangue na cama e nas pegadas que iam em direção ao canto escuro atrás da porta, onde sentia uma terrível e impactante presença, ainda que ninguém pudesse ser visto ali, somente as trevas e nada mais.

Essa foi a primeira noite de meu eterno pesadelo.