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História UNDERGATE - Paralisia do Sono - Terceira Noite


Escrita por: CaioHSF

Capítulo 3 - Terceira Noite


Fanfic / Fanfiction UNDERGATE - Paralisia do Sono - Terceira Noite

A mancha formava uma nítida imagem, a silhueta de uma mão, completamente inumana, com garras em uma posição amedrontadora. Quando o líquido aparentou se mover, fiquei tão assustada que dei um forte tapa sobre a mancha de sangue, que simplesmente deixou de existir. Nunca houve sangue ali. Minha mão ferida derramou uma gota, e eu a assisti se enfiar na madeira. Comecei a me sentir mal, e sai dali. Talvez eu devesse contar para alguém. Pedir ajuda. Mas os pesadelos só nos ferem em sonhos, não no mundo desperto. Mas quando se está durante uma paralisia do sono, você está nos limites do Undergate e não há mais diferença entre sonho e realidade, e o peso da mão negra na minha garganta recai sobre mim, enquanto sinto o sangue sendo sugado pelo meu peito.

Mas se a fronteira da sanidade é um portão no fundo da mente, e nós, durante os sonhos, podemos ir e espiar o universo além, seria possível algo vir de lá também? Quando as barreiras do real e imaginário são desfeitas e a ponta entre os mundos se estende pelo portão de baixo?

Loucura. Nada disso era real. Eu estudei. Pesquisei em todas as fontes que pude encontrar sobre a paralisia do sono. Espíritos de mortos, demônios sexuais, bruxas ou seres que pisam sobre você, as lendas eram muitas, e estavam em todo o mundo. Mas nada fazia sentido. Todos os relatos só diziam as mesmas coisas em comum. A impossibilidade de se mover, a sensação da presença de alguém, e o peso de algo sobre o peito ou a garganta. Lendas a parte, havia alguma coisa muito antiga que estava há muito tempo afetando todas essas pessoas, e agora chegou a minha vez.

Deixei uma vela acesa durante a noite, e coloquei uma cadeira para segurar a porta. Cobrir a minha cabeça trazia um sentimento de proteção. Nesta noite, eu tive um sonho. Estava parada sentada no final de um longo corredor. Ele era sujo, com paredes velhas e parecia que era todo feito de uma pedra azulada, algum tipo de arquitetura, talvez medieval. O chão era úmido, e por mais que aparentasse haver muitos ratos, aranhas e qualquer outra criatura que viveria em um lugar assim, eu estava sozinha. Ficava parada de pé, sabia que era o final do corredor, mas não podia olhar para trás. Eu não sabia porque. Mas havia algo como correntes de metal, invisíveis, na minha mente, que me impediam de me virar para trás, sem saber o que era aquela coisa atrás de mim. De repente, veio uma aranha. Era pequena e escura, mas andava rápido. Veio se aproximando pela parede na minha esquerda, e foi se aproximando. Comecei a ver teias de aranha no teto, e depois, duas aranhas vindo pela parede da direita. Meu medo de dormir só era superado pela minha aracnofobia. Mas eu olhei pra frente, pro corredor escuro, o fundo completamente negro como piche, e ignorei o máximo que pude olhar as aranhas. Mas elas ainda apareciam na visão periférica, e como na realidade, eu não pude me mover. Eu sentia os meus dedos, estavam frios. Não parecia haver nenhuma ar ali, e eu toquei em minha barriga, e tentei respirar, mas não conseguia. Nem minha voz existia nesta terrível realidade. E uma criatura alta e completamente negra veio das sombras. Era como se parte da escuridão do final do corredor ganhasse uma forma humanoide. Ela estava caminhando na minha direção, de vagar, com paços lânguidos de um jeito feminino. Era uma sensação horrível. Principalmente pela coisa atrás de mim. Coisa que eu nem podia saber o que era. Tentei chorar, gritar, implorar por socorro mas minha voz não simplesmente não tinha som. O único ruído eram os paços da coisa negra que se aproximava muito lentamente. Muito lentamente. Não tinha como eu saber, mas eu tinha certeza de que quando ela chegasse em mim eu morreria, eu sabia disso, mas não pude fazer nada. Mais aranhas começaram a vir pelas paredes conforme ela se aproximava. Cada uma delas era suficiente para me fazer correr, e agora, havia tantas que não poderia contar, todas elas preenchendo as paredes e o teto do corredor, deixando tudo o que era azul negro, como se a sombra engolisse o universo. Continuei parada, até que as aranhas me faziam entrar em pânico, mas não tinha como me mover, ela estava chegando muito perto, as aranhas estavam em tudo, o negro preencheu o universo e ela estava parada na minha frente, sorrindo, eu estava completamente presa e... e... eu olhei pra trás! E vi... o inominável.

            De olhos abertos, o pesadelo continuou. Minha cama estava exatamente igual. Exceto pelas cobertas que agora não estavam sobre mim. Durante o sono, eu me mexia muito e as cobertas sempre caiam no chão. Minhas mãos ainda estavam lá comigo, e os meus dedos, agora mais gelados. Olhar pra minhas mãos me trouxe um estranho conforto, e eu me abracei com força. A luz da lua era quase invisível devido às nuvens. Olhei para o lado e vi que a vela havia se apagado, apesar de ainda ter muita cera ali. E a porta, estava fechada, com a cadeira para o lado de dentro do quarto junto comigo. Não vi alguma coisa sentada ali, dava para que estava ocupada somente pela sombra de todo o quarto, mas eu sentia que havia alguém ali, me observando, sorrindo... Mas o inferno de meu estado ainda estava por vir. Reascendi a vela, e me deitei novamente, desejando que tudo já tivesse terminado, mas não.

            No vazio e silêncio do coração da noite, quando não havia mais nada acordado e a cidade lá fora era silenciosa, toda a vida parecia estar dormindo, deixando o mundo desprotegido e no escuro. Era ali, que o pesadelo acontecia. Minha cabeça não se movia, permanecia parada olhando para o teto azulado. Minha respiração estava muito fraca, lutando para sair pela minha boca semiaberta. Dei ordens para que minhas pernas se movessem, mas elas não respondiam, não eram parte de mim. Meus braços tinham morrido e tudo o que eu era, era os meus olhos que eu apertava com toda a força.

            Um imenso frio chegou, junto com uma sensação de opressão sobre mim. Como se algo estivesse sentado em meu peito. Eu não conseguia ver sua forma, mas parecia ter orelhas avantajadas e arredondadas, uma boca que se estendia para a frente e um corpo médio, com uma cauda. Eu não conseguia ver todos esses detalhes, mas eu me lembrava deles, do pesadelo, o primeiro pesadelo que tive há muitos e muitos anos atrás. O meu bicho-papão, estava ali comigo agora. A criatura ficou sentada sobre mim, e eu fiquei ali, morrendo por dentro, como a loucura consumindo a minha mente. Tentei respirar fundo, dizer a mim mesma que era tudo um sonho, só um pesadelo, que logo iria acabar. Mas a criatura continuou ali. Se levantou, e veio tocar em minha boca com sua mão inumana. Na terceira noite de meu pesadelo, eu vi o inominável.



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