1. Spirit Fanfics >
  2. Underhanded; as You and Me >
  3. Physical

História Underhanded; as You and Me - Physical


Escrita por: swanperrylla

Notas do Autor


MORES OI TUDO BOM

primeiramente, fora trump. segundamente, fora temer.

Cara, se eu soubesse que a Raissinha e as meninas iam se esforçar tanto pra ter um cap novo igual elas fizeram, eu teria dado o prazo de 1 mês que foi quase o que eu precisei mesmo... O cap tava cru demais quando fiz a promessa (é que eu achei que ia flopar, sério skcjskdkd).

Gentes, queria informar que eu sofro de um sério transtorno por ser bilíngue de "eu penso nos diálogos em inglês pra escrever e traduzir". Sinceramente, não sei por que faço, mas acho que pra imaginar desse jeito fica mais realista... NÃO SEI. Afff. O que eu sei é que com isso, às vezes eu penso em alguns trocadilhos ou sacadas que se eu traduzir perde o encanto... Então eu simplesmente deixo. Vocês curtem? Preferem que eu deixe a tradução do lado/nos comentários finais? Respondam aí embaixo, por favor, loves. Mamãe ama vcs.

Anyways. Here we go...

Enjoy it. Thanks, babes. For everything. Always.

Capítulo 2 - Physical


Saturday.

Um som extremamente irritante acordou Lana. Os olhos mal abriram, a cabeça martelava, seu corpo se encontrava entrelaçado em um lençol que não era da própria cama. Engoliu em seco e passou os dedos pelo cabelo quando lembrou-se da situação: bonjour mon amour. Estava em Paris.

"Droga." Sibilou tateando o móvel desejando loucamente pelo fim do barulho estridente. Suspirou frustada ao se dar conta de que aquilo era seu despertador e o celular, até onde conseguia recordar, encontrava-se dentro da bolsa. 

Levantou-se por fim, acordando quem ainda não havia notado a presença bem ao seu lado na cama. Sean abriu os olhos. Sentiu como se um automóvel de grandioso porte tivesse o atropelado. Seus braços doíam e um gosto terrível surgiu em sua boca. Checou o outro lado da cama a tempo de assistir a morena sentando-se de costas - estas nuas devido a blusa da noite anterior.

Lana se deu conta de que vestia apenas a parte de cima da roupa. Apertou os olhos e esfregou o rosto com uma das mãos. Bufou baixinho. Sean, reagindo praticamente da mesma maneira, mexeu-se o mínimo possível debaixo dos lençóis também percebendo sua semi nudez.

"Nós..." 

"Eu não consigo lembrar." Lana interrompeu-o antes que qualquer teoria fosse exposta.

"Mas olha como..."

"Eu ainda estou vestindo a blusa e a calcinha. Eu não sei." Ele soava desesperado, em contraponto à ela, que mantinha o auto controle mesmo precisando contar até cinquenta mil para buscá-lo.

"Lana..." Sean suplicou por atenção, mas a morena sem pestanejar manteve seu foco visual longe do caso perdido. 

"São sete horas e temos que estar no hotel às oito. Você deveria se apressar..." Cortou ela com convicção e autoritarismo. Porém logo o impacto de tantas marteladas na cabeça fizeram-na abaixar a guarda. "Jesus, estou com uma ressaca pesadíssima."

Sean surpreendeu-se e não manifestou-se. Os pensamentos estavam tão afetados que apenas conseguiu assisti-la vestir a calça e voando, bater a porta do quarto. 

Soltou o corpo na cama e, com o resquício de memória que ainda possuía, repassou minuciosamente cada minuto que passaram juntos na noite anterior, a fim de concluir onde foi que de uma simples atração eles passaram para aquela situação. 

Com os pés ainda plantados ao lado de fora do quarto dele, Lana não sentia-se nada diferente. Manteve os olhos fechados com força espantando as maravilhosas sensações que sua mente projetava. Isso não pode ter realmente acontecido. Eu sonhei. Por favor, Deus diga que sonhei.

_____________

Flashback. Friday Night.

Bex aproximou-se da pista de dança com um copo da bebida requisitado por Lana, que se encontrava ocupada demais dançando nos braços de Sean - até para buscar o próprio porre.

"Pombinhos da noite..." A ruiva sem dar um minuto de descanso para os dois, passou-lhe o copo e aumentou o tom de voz. "Estamos indo embora, tudo bem?"

"O quê?! Mas já?" Lana disse na tentativa de superar o volume musical. 

"Sim... Já é quase meia noite e meia."

"Ah, meu Deus! Sean precisamos ir também..." Alertou-se parando de dançar.

"Não! Fiquem aí! Vocês estão se divertindo tanto..." Insistiu Bex, dessa vez sem piada nas entrelinhas.

"Ah eu sei! Mas meu despertador não vai ser adiado e muito menos a convenção."

Sean emudeceu e perdeu o sorriso que carregava durante a noite toda. Sentia uma súbita vontade de expressar sua raiva através de um grito pelo péssimo timing de Rebecca...

Não. A intenção não era tomar Lana nos braços e beijá-la até que a noite acabasse como mandava sua vontade. Sean apenas queria tempo. Queria que os segundos fossem horas e que Lana curtisse cada dança como se fosse a última. 

Incrivelmente não sentia os músculos lhe imporem limites e assim desejava passar a noite ao lado dela, tomando sua cintura quando a melodia pedisse... Girando-a rapidamente quando o sorriso quisesse sumir... Escorregando os dedos nos dela quando precisasse (por um mísero segundo) tocá-la... Assistindo-a dar pulos de alegria quando a música seguinte começava... 

"Lana, só vou ao banheiro aí podemos ir." Apontou para uma direção qualquer, inventando no último segundo disponível uma desculpa convincente e que possibilitaria um momento a sós para eles.

"Ah, ok! Vão indo Bex, vou esperá-lo e tomar uma água. Nos vemos amanhã!" Despediram-se os três.

"Boa noite, pirada. Diga boa noite para os outros!" Pediu Sean ao cumprimentá-la. "Lana te encontro na mesa?" Ambos assistiram-na assentir.

"Cuidem-se e não aprontem muito..." E uma última vez, a ruiva não deixou barato e muito menos um clima agradável entre eles. 

"Vá embora Rebecca, vá logo."

Ao perdê-la de vista, sorrindo, Lana assistiu apenas alguns segundos da caminhada forte e precisa de Sean até o banheiro. Olhou à sua volta e um suspiro cansado atingiu seu peito. Não havia percebido o quanto os saltos estavam machucando seus pés. Definitivamente precisavam ir embora, e logo!

Cambaleou até aproximar-se do bar e pedir um copo de água com limão. Assim que recebera, moveu-se à mesa onde estavam seus pertences. Daquele ângulo pôde assistir Sean fazer seu caminho até o local combinado. Ele usava uma expressão impaciente e tão séria que o sorriso agradável de Lana fora desmanchado rispidamente.

"Ei, o que houve?" Tocou a mão dele com a sua.

"Nada... Nada!" Sean escondeu a expressão anterior com um sorriso distraído. 

"Sean?" Não convencida, olhou-o com desaprovação 

"Juro! Nada! Por quê?!" Engomou a camisa com as mãos enquanto se desfazia completamente da expressão anterior.

"Suas expressões saindo do banheiro estavam bem definidas. Cansou daqui? Por isso?" Indagou simpática.

"É... Talvez seja isso sim." Sean deu de ombros sabendo qual era o motivo daquelas expressões e querendo suicidar-se por deixar Lana vê-las.

"Vamos dar o fora porque meus pés estão me matando!" 

Por trás de Lana, Sean a seguiu até a porta lentamente - devido ao grande número de pessoas que transitavam no local. Assim que o caminho ficou livre para que andassem um ao lado do outro, Sean tocou a morena onde durante a noite toda desejou acariciar e beijar. Lana não reagiu nada diferente ao contato: assustou-se ao sentir as pontas gélidas dos dedos dele levemente roçarem suas costas nuas. Bendita blusa, bendito dia em que escolhi usá-la, bendita vontade de trazê-la. Praguejava incerta de quais palavras utilizar para aquela situação.

Distraída (e satisfeita) Lana praticamente flutuava nos scarpins pretos. Uma adorável sensação analgésica percorria suas veias e artérias, deixando-na relaxada como há minutos estava nos braços de Sean e como unicamente não sentia-se em muito tempo. Contudo, o que mais a impressionou não fora a sensação que o toque lhe causara, mas sim a perda dele. 

Sean deixou que os dedos escorregassem e deixassem de encostar em Lana, o que quase a fez agarrar a mão dele para restabelecer uma conexão. Porém, assim que não o fez seus instintos rapidamente pediram por mais: suas pernas fraquejaram, os pés entrelaçaram-se, um pequeno tropeço a fez procurar pela mão de Sean novamente.

Oferecido amparo, continuaram a andar pelo estacionamento apoiados um no outro, como se fosse a situação mais corriqueira do universo.

"Você está em condições para dirigir?" Lana se manisfestou recompondo as estruturas em si.

"Daqui 40 minutos estarei, vai por mim." O loiro respondeu soltando o corpo dela aos poucos, relutante.

"Ah claro, e o que faremos nesse meio tempo? Deveríamos ter ficado lá dentro então né!" 

"Vamos sossegar e sentar no carro." Ah, caramba! Não! A combinação do silêncio do carro com a soma dos fatores 'eu toquei você você segurou minha cintura' a fizeram inferir que algo nada positivo sairia dali.    

"Não estávamos mais suportando aquela barulheira. Peguei a garrafa de água que estava na nossa mesa, vou tomar nesse tempinho e então poderemos voltar, já estarei sóbrio o suficiente. Pode ser, mademoiselle?" Lana revira os olhos querendo ficar séria. Sua cabeça girava levemente e nada do que Sean falava parecia fazer sentido o suficiente.

"Não brinque comigo." Ela riu balançando o indicador direito.

"Não estou." Admite o inglês, sério e convicto. Caso ele ainda estivesse bêbado, definitivamente essa não era a imagem que demonstrava. 

"Qual foi a da resposta séria de repente?" Lana acompanha o ritmo de sua caminhada e ao perceber que ele havia estacionado os pés, assim o fez.

"It's because I really mean it." Durante alguns segundos tudo o que ouviam era a música abafada do pub. 

Lana analisou o homem a sua frente com a maior atenção que conseguiu no momento. Uma fortíssima onda de o que raios está acontecendo aqui a dominou e suas pupilas tomaram uma forma menos alcoolizada, pôde se dizer.

Confusa, minimamente menos bêbada e ainda na tentativa de processar as palavras dele, Lana tornou a andar na direção do carro, mas não fora o suficiente: Sean alcançou-a com um único passo e o braço da morena foi a chave para trazê-la escandalosamente para perto.

Alerta, Lana respirava de modo pesado, recebendo em troca o hálito quente que Sean expirava em seu rosto. Aos poucos, a mão em seu braço afrouxou-se e deslizou para o local de onde desejava que nunca tivesse saído. Reagiu fechando os olhos numa adoração quase sexual àquilo, ingênua quanto ao fato de a visão não afetaria Sean.

Agora, ela era quase completamente sustentada pelo braço direito do loiro, que dobrava-se num ângulo apertado a fim de manter-se inteiramente em contato com aquele corpo latino... Lana sentiu a necessidade de aproximar seus lábios semi abertos ainda mais, como uma brincadeira. Assim que o mínimo contato era feito ela afastava a boca novamente. Inferno!

Narizes conheceram-se, assim como as bochechas e as bordas entre os rostos e os pescoços. Sem pudor ou controle algum, estava pronta para beijá-lo e desejava que ele colocasse a coxa entre as suas pernas cobertas apenas por um tecido finíssimo. A morena grudou uma das mãos no rosto de Sean e o movimento brusco pareceu quebrar a fenda no tempo que haviam criado, Sean amoleceu o braço, deixando Lana escapar e o boca a boca quase realizado afastou-se, largando os dois em completa frustração.  

Pela intensa carga de hormônios que acabara de lhe atingir, Lana sentia-se sóbria novamente. Como se uma gota de Sean Maguire pudesse esvair todo álcool que um dia ingeriu. Porra! Arrumou as madeixas negras ganhando algum tempo enquanto Sean estampava uma cara desapontada e excitada ao mesmo tempo. Frus-tra-ção! Tomaram então o caminho para o carro novamente. Lado a lado. Nenhum pio.

"Sean." 

"Sim?!"

"Eu posso estar um pouco bêbada, mas ainda consigo processar a situação. Quero deixar tudo isso crystal clear antes que seja tarde demais."

"Já é bem tarde, Lana."

"Mesmo?"

"Não. Eu só estava brincando."

"Você faz parecer que sempre é tarde demais."

"O que você quer dizer?"

"Você... Você é incrível. Isso que eu quis dizer."

"Não eu... Eu... Eu bebi muito. Meus sentidos... Minha visão, audição... Estão afetados... Estamos nessa cidade... Longe de casa... Já está tarde... E... E... As minhas desculpas acabaram..."

"Finalmente..."
 

Eles tinham certeza que a única coisa que estava acontecendo no momento em todo o universo era aquele beijo. Mesmo as menores partículas pertencentes a eles puderam ser conectadas. Foi fora do normal. O êxtase que as línguas criavam fora o mais forte que tanto Lana quanto Sean jamais haviam sentido. Um gosto divino de perdição e tontura eram expelidos com certa satisfação pelos poros. 

Sean suspirou profundamente e suas mãos colocaram a mulher onde estivera desejando há horas. Lana não foi capaz de responder pelos movimentos do inglês, que posicionou a coxa bem entre as pernas dela e usou as mãos em sua lombar de um jeito dominador pra lá de excitante.

Ela viu-se praticamente escalando Sean. Estavam prontos para arrancarem as roupas quando a mão direita de Sean vacilou, deixando a garrafa d'água que segurava cair no chão, afastando Lana num susto, que sentiu sua mente retomar a consciência.

"Sean, eu..." Forçou-se a pensar. O quê? Você o quê? "E-eu... Não tenho certeza do que estamos fazendo aqui." As mãos não se moveram. Lana continuava sob a perna de Sean. Ele a sustentando pela lombar.

"Nem eu. Mas posso afirmar que estou tentando entender."

"Isso é uma desculpa?"

"Para...?"

"Meu Deus! Eu não sei!" Finalmente a morena se desvencilhou de Sean para terminar seu caminho até o automóvel, e desta vez ele a deixou escapar, sem entender muito bem o motivo da fúria repentina. 

Parada na frente da porta esperando que ele abrisse o carro, Lana respirou fundo, como se buscasse por algo ainda mais impossível do que autocontrole. Motivo. Explicações. Mas disso ela ainda não sabia...

Propositalmente Sean deu passos lentos até o lado motorista, caçando e tentando se conectar ao olhar dela. Porém, fora completamente ignorado, já que Lana encarava os próprios pés fielmente.

"Eu não vou conseguir olhar nos seus olhos, Sean. Podemos só... Ir embora, por favor?" Pediu ela, impaciente. Confusa. Culpada. 

"Lana..."

"Por favor." Implorou rispidamente.

Desistindo de qualquer idiotice que estivera tentando, Sean destrancou o carro. Um severo baque de sentimentos o alertou a ponto até de deixá-lo alguns graus mais sóbrio. E sem muito ritual ou espera, como de costume, ligou o carro e iniciou a trajetória de volta. Calado, respeitando os limites dela, mas sabendo que ele próprio não tinha algum.

Sean já maquinava sobre um próximo passo, sabendo que se descessem daquele carro sem ao menos um mísero contato físico, a noite estaria acabada por ali e não havia dúvidas. Cada um seguiria para o seu lado com direito a um boa noite estranhíssimo. E só céus sabia o quanto ele necessitava dela novamente.

Então, após alguns minutos de procura, em meio a tantas luzes e pessoas circulando por Paris, Sean encontrou um local ameno e quieto, até mais escuro, onde bruscamente fez uma curva e estacionou, deixando Lana não confusa, mas amedrontada para o que viria a seguir.

"Lana, escut..." 

"Não! Espera." Ele calou-se. Lana tinha um tom inseguro mas ainda sim, era mais dominador que o dele. "Eu quero sim desesperadamente beijar você de novo. Mesmo sabendo que esta definitivamente não é a coisa certa a se fazer. Isso é Paris, esta sou eu alcoolizada e este é você tomado por suas necessidades pessoais." O dois pareciam competir entre 'quem pisca primeiro' porque ambos mantiveram a atenção 150% focada naquelas palavras. "Considerando tudo isso, vai ser impossível evitar a situação. Pode soar ridículo e pretensioso, mas tudo o que quero dizer é... Por que não... Acabamos logo com isso?" A objetividade e safadeza nos olhos e na expressão dela fizeram-no movimentar o pomo de adão vagarosamente.

Mudando o foco visual por autopreservação, Sean recolocou as mãos no volante lentamente. Segurando toda a libido que aquele olhar de Lana havia liberado nele; tentou também controlar um pequeno ser que ficava entre suas pernas. Droga de cabeça sem cérebro! Claramente sem sucesso. Já Lana, que possuía o corpo todo virado para Sean, imperceptivelmente voltou a fitar as ruas, em silêncio, entendendo tudo ao contrário. Para ela, aquilo beirava uma rejeição. 

Sean deu partida no carro não sabendo lidar com o discurso que acabara de ouvir. Dirigiu como se ninguém estivesse sentado no banco de passageiro, como se aquela noite fosse um sonho, como se Lana não tivesse lhe convidado para uma bela transa em segredo, como se sua querida cabeça de baixo não tivesse acabado de lhe provar o quão excitado Lana o deixava. Ela era uma mulher atraente, não podia negar esse aspecto, mas... Bullshit, Maguire! Quem não quer não sente. Ahhh e você quer, o quanto você quer....

Lana soube que a noite estava a fios de terminar, mas mesmo assim, não interrompeu os pensamentos de Sean e muito menos o silêncio, porque ela própria o utilizava divagando em seu oceano de dúvidas. Seus desejos já haviam sido atirados na roda e nada podia fazer se não eram correspondidos minimamente. O silêncio era extremamente longo, profundo, porém não perturbador. Era um silêncio compreensível e cheio de diálogos internos.

O que Lana se perguntava era no que Sean pensava. E vice-versa. Se os olhares transpareciam realmente o cru e o nu, se tudo não passava de uma piada mal contada, uma história sem foco narrativo definido. O que raios estava acontecendo ali afinal? A ideia de quebrar as regras da física e habitar o mesmo espaço parecia repentinamente tão tentadora e perigosa. E possível! A situação transmitia que tê-lo nos braços era como estar correndo uma maratona e ao mesmo tempo boiar o corpo em uma piscina gelada... Sean Maguire havia despertado uma parte avulsa do corpo de Lana, algo que ela aclamava fielmente nunca ter conhecido antes e que descaradamente parecia tomar suas próprias decisões: aquela maldita libido proibida.

As ruas, classicamente como uma sexta-feira à noite de verão, estavam movimentadas, contudo sem o trânsito insuportável (também marca de Paris), o que possibilitou Sean acelerar e transformar o trajeto até o hotel uma situação embaraçosa temporariamente menor.

O único som que ouvia-se no carro era o externo. Nemhum dos dois quis, contudo, esticar o braço para ligar o rádio. E sabiam eles os motivos: um, quanto menos se movimentassem menos lembrariam da presença um do outro. Infantil, idiota, inútil, mas era o que a atmosfera sugeria... E dois, as rádios parisienses eram um tanto cansativas. Lugar mais patriotista que a França é inexistente e por esse infame motivo as chances de se escutar uma música em inglês eram minimamente mínimas. Raras para se dizer a verdade.

Divagando sobre músicas francesas e se perguntando se deveria dizer algo antes de ir para o próprio quarto, Lana assustou-se com Sean limpando a garganta. Ela voltou a enxergar o que realmente estava a sua frente, retomando a consciência. O carro estava estacionado, Sean estava sem cinto e a olhava daquele jeito. A mente tratou, obviamente, de lhe passar a perna e falhou por alguns segundos.

"Ah. Sim. Sim. Chegamos, ok." Ela murmurou tropeçando nos próprios pensamentos. Desatou o cinto de segurança, desceu do carro e iniciou sua caminhada até a entrada do hotel. A sequência de movimentos sem parar nenhum segundo para checar onde ou o que Sean estava fazendo.

Ao passar pela recepção sentiu um aceno em sua direção, provavelmente Louis, pensou, mas não foi capaz de distrair-se da tarefa 'não faça nada além de ir para o seu quarto'. Respirando fundo após praticamente correr em cima dos saltos, chamou o elevador e entrelaçou as mãos encarando os andares que este atingia enquanto aguardava. Inferno. Insatisfeita com a demora Lana balançava a perna insistentemente. Sabia que se lhe tomasse mais alguns segundos Sean alcançaria a maratona que ela havia corrido em seu próprio ritmo. 

Não demorou muito para que a previsão se concretizasse e uma onda ainda maior de nervosismo a atingiu. Sean permaneceu alguns centímetros atrás dela. Nada disse. Mal fez contato visual. Deixou que a morena tivesse seu espaço e sabia que estava fazendo um favor a si mesmo simultaneamente.

Assim que as portas metálicas abriram-se, os olhos de Lana giraram 360º graus. Apreciara o timing imensamente. Virou-se enfim, ao apertar o andar requerido e seguido de seu leve ataque de nervos, viu Sean parado, ainda fora do elevador, fitando-a atentamente com as mãos enterradas nos bolsos.

"Vamos, Sean." Lana movimentou a cabeça pressionado o botão para manter as portas abertas. Ele, porém, negou usando o mesmo recurso.

"Vou pegar outro elevador." Um tom sincero que soou extremamente exausto saiu de seus lábios - dos quais a sanidade de Lana insistia que ela tirasse a atenção.

"Por que está fazendo isso?" Deu de ombros e juntou as sobrancelhas julgando aquilo ainda mais ridículo que seus conflitos internos. Será que dá você se concentrar em alguma coisa além daquele beijo? Ajudaria muito se eu conseguisse PARAR de sentir os braços dele em volta de mim, o cheiro, a força com que... 

"Porque preciso saber o que eu quero, e você precisa descobrir o que você quer. E eu acho que entrar nesse elevador sozinho com você não vai nos dar a chance de pensar antes de fazer qualquer coisa. Não para mim." Lana engoliu em seco sentindo raiva e tamanha frustração incalculável. Não posso atracar-me com ele, mas nenhum mal me faria a companhia. Cruzando os braços, a morena soltou o botão. Em questão de segundos o olhar, que tanto já transmitia arrependimento quanto afeto, fora interrompido. 

Sean suspirou e passou os dedos sobre as sobrancelhas metodicamente. Irritado por ter impedido a si mesmo de alcançar a satisfação que vinha desejando a noite toda, pressionou o botão para chamar o elevador novamente. Já sentia-se levemente arrependido pela escolha.

Embaralhado nas incertezas de sua decisão, Sean deslocou-se pelo nono andar distraído, girando o cartão nos dedos, olhando para o carpete que ali enfeitava. No entanto, ao dobrar o corredor para seu quarto a cena o pegou de surpresa, acordando todos os neurônios os quais um dia Sean julgou ter. A mais bela escultura humana estava à espera dele. Os braços cruzados, pés movendo-se ansiosamente e as costas apoiadas no batente da porta. Podia-se dizer mirabile. Latim de maravilhosa - só porque as coisas vindas do latim parecem mais profundas e impactantes.

Ao percebê-lo estático, Lana retribui o olhar desesperado. Apesar de tudo finalmente parecer fazer sentido, o que significava ela ali? As emoções de Sean endoideciam a procura de uma resposta sã. E as dela exigiam saber no mínimo uma boa razão para aquela atitude. 

Zero respostas. E se fosse possível, menos números ainda no quesito sanidade.

Sean deu alguns passos lentos na direção dela. Quieto. Decidindo. Logo aumentou o ritmo da caminhada. As forças em seu corpo pareciam estar renovadas. A visão lhe servia de colírio e sem pudor algum o inglês resolveu deixar claro como os próprios olhos que estava decidido. 

"É melhor me impedir se isso não for o que você quer." Ela, sem reação alguma, deixiu que ele tomasse seu rosto nas mãos e a beijasse. Não apaixonado, voluptuoso. Cheio de urgência e pitadas de mordidas provocativas. 

Encostou-a na porta e Lana sentiu seus pés ficarem mais leves, sem pressão alguma, como se... Como se alguém estivesse a carregando. Pela segunda vez na noite Sean sustentou os poucos quilos dela com um único braço e o apoio das pernas.

A decisão havia sido tomada e qualquer um que tivesse o privilégio de espionar os amassos saberia que só tinha um fim plausível para aqueles beijos...

Os segundos que levaram para abrir a porta do quarto pareceram a guerra de tróia. Cada movimento era crucial para que Lana não saísse de seus braços e o cartão achasse seu caminho até a fechadura. Sem paciência restante, Lana (comandada por desejos maiores que ela) desenroscou-se de Sean e em um milésimo de segundo agarrou o cartão, virou-se à porta e a abriu. Foram ações tão rápidas que Sean só conseguiu acompanhar os glúteos malhados da morena tocando suas partes íntimas. 

O puxão com que fora colocado dentro do quarto o fez acordar da êxtase de informações daquele momento e tornou possível a apreciação da aura incrível que envolvia a morena. Assistiu incrédulo as mãos dela trabalhando para arrancar toda peça de roupa possível, deixando disponível para as mãos do loiro apenas uma calcinha preta rendada. Os olhos cresceram. A desgraçada ainda acerta que meu maior tesão é arrancar calcinhas.

"É sobre isso que você estava falando certo?" Ele assente como um garoto virgem e inocente. "Ótimo. Então fique a vontade, Maguire. O corpo é seu." Dando alguns passos para trás, Lana sentou-se na cama com a leveza de uma donzela do século 18. Drasticamente diferindo do aspecto animalesco que tomou os músculos e a consciência do inglês. 

Sean fechou a porta do quarto atrás de si. Seus olhos azuis arregalados iluminaram a nudez da morena e ajudaram Sean a processar aquela cena. Ou não. Apenas o fizeram perder ainda mais seu racional. Caralho. Era tudo o que corria por seus neurônios. Porra Lana! 

Por um segundo ambos duvidaram e não sabiam o que viria a seguir. Seria mesmo sexo a resposta àquilo? Para Lana estava além de claro que sim. Não é nada demais... Atração. Conexão. Sexo. Amnésia pelo álcool. Programação Normal. Né? Para Sean, um leve medo de garoto atingiu seu estômago. Nervosismo. Virgem de Lana Parrilla. Assim que literalmente sentia-se. Contudo, os pensamentos duraram o total de 0,70 segundos. 0,70 segundos foi o que Sean demorou para atravessar da porta até Lana e beijá-la como nunca havia feito antes. Com ninguém.

Patético era o sentimento que abordava ambos quando beijavam-se. Saber que eram as mesmas pessoas que tantas milhões de vezes tocaram os lábios em cena sem sentir nem um pingo daquilo, era surreal. ISSO é Lana Parrilla. Regina Mills e Robin Hood eram ótimos, sem dúvida. A química era presente, os beijos eram bem ensaiados, a história era consistente. Porém, na mente de Lana nada se compararia com o choque atrativo que sentiu ao tocarem-se romanticamente, REALmente; O universo nunca daria a Sean um beijo tão voluptuosa, inacreditável e maravilhosamente desesperador; e mesmo se perdessem tempo procurando, não achariam uma situação mais complicada e ao mesmo tempo tão sedutora quanto aquela. Parecia a combinação perfeita... Para o desastre.

Não que atritos em geral não fossem perigosos, mas o pele com pele, encosta-encosta, beijo no pescoço que ali rolavam eram ameaças estrategicamente irreversíveis. Ok, vamos traduzir as informações para um entendimento geral, sem chove-não-molha: se estivéssemos lidando com Regina e Robin, o momento era tão crucial quanto ”can't steal something that's been given to you”. Porém, ninguém quis preocupar-se com a equação, afinal, era só uma juvenil atração não?

'Sean!' Parecia ser a resposta de todas as perguntas feitas à Lana naquela noite. Livrava-se de mais uma peça de roupa do homem? Sean! Suas pernas eram acariciadas provocativamente? Sean!! Ela era beijada onde não devia? Seaaaan!!!! 

Lana havia esquecido do que seu corpo era capaz. Tanto de aguentar, como de fazer. Incrível como certas situações despertam certas vontades... Porque não envolver uma cadeira e uma garrafa de Chardonnay? O ponto mais alto da curva sexual foi quando completamente nus, Sean sentava-se convencionalmente na cadeira, Lana de modo nada natural usava as pernas a fim de permanecer agarrada com o combo do inglês mais o objeto inusitado, e ambos na caça do famigerado êxtase. Orgasmo. Ápice. Clímax. Espasmo causado por máxima intensidade. Exaustão. Tudo ao mesmo tempo, junto, misturado. Desde que Lana reagisse com um "Seaaaaaan" trêmulo, para ele tanto fazia. E desde que Sean brincasse com seus seios na boca, para Lana tanto fazia...

Seco por mais espaço dentro dela, Sean carregou-a até a mesa - de onde a cadeira fora tirada. Assim que os glúteos da morena tocaram a madeira polida e gelada uma sensação de ser explorada lhe subiu a barriga. Gemeu de olhos fechados no ouvido dele. Fora penetrada deliciosamente devagar. Um riso petulante escapou dos lábios do inglês.  

"Líder de torcida?" Indagou ele entre as pernas de Lana, que estavam longe de permanecerem em uma posição comportada.

"Bailarina." Respondeu esmagando um grito em seu peito. 

Os minutos pareciam irritantemente escorrer durante um beijo e outro. Estavam convencidos de que uma grande ampulheta lhes roubava duas ou três estocadas prazerosas pelo ridículo desespero de que se cansariam, os corpos se exaustariam e a única opção restante fosse afastar-se. O pensamento de não satisfazer um ao outro trazia-lhes calafrios. Assim sendo, 137 minutos com a fina camada de suor pelo corpo não pareceu o suficiente. Mesmo depois de Lana ter conhecido o gosto que cada parte do corpo britânico tinha; Sean ter amassado, apertado, arranhado e beijado todas as extremidades legais e ilegais da latina em suas mãos; Ambos terem praticamente escrito uma nova composição de Tchaikovsky com orgasmos e gemidos em inúmeras línguas diferentes; Sean ter descoberto que apesar de toda abundância corporal, Lana possuía uma delicada e pequena garota lá embaixo que tornava tudo ainda mais excitante; Lana ter deixado o pobre homem praticamente louco, as coisas ainda pareciam ter continuidade. Sentiam-se com a energia de dois adolescentes admirados pela maravilhosa descoberta de um orgasmo.

Nada habitual. Nem passando perto de qualquer ligação que jamais haviam sentido com outro ser humano, Sean e Lana eram uma concordância gramatical perfeita. Um buquê característico. Obtinham uma harmonia excelente e instantânea. 

E sendo excessivamente objetiva, conto: a noite não foi romântica. Não vamos fingir que rosas caíram dos céus, ele tratou-a com zelo e calmaria, ela quem deixou o ritmo da brincadeira ser elevado e toda a baboseira de um casal apaixonado... O quarto 903 entrou em combustão e assim ficou durante duas horas e dezessete minutos. Nenhum mais, nenhum menos. O último gemido pôde ser ouvido há uma ou duas acomodações de distância e era perto das três e dez da manhã. Foi então, infelizmente, tempo de se render.


___________________

Sean sentiu as pauladas em forma de dor de cabeça o atingirem. Nada que uma aspirina não ajude. E um balde de vitamina. Água. Uma corrida. Bateu os olhos no relógio do celular e guardou o que Lana dissera: 'São sete horas e temos que estar no hotel às oito. É melhor você se apressar.'

Pôs-se então a fazer uma higiene matinal desesperada. Banho, barba, escovar os dentes, escolha de uma roupa decente... Tudo tentando ser o mais rápido possível, antes que alguém o ligasse ou...

Knock, knock. 

"Merda." Rosnou. 

Borrifou mais duas ou três vezes o perfume em si e abriu uma fresta da porta. 

"Nós vamos ou o quê?" Uma Lana de rabo de cavalo, perfumada, com um vestido encantador cheio de beijos vermelhos estampados e óculos escuros o abordou.

"O que você... Eu achei..." 

"Se você for ficar parado com essa cara eu vou te esperar lá embaixo, tá legal?" Seu tom era alto e a mulher já estava andando na direção oposta ao quarto mal dando tempo para Sean processar.  

"Não! Espere aí... Eu me distraí." Gaguejou tentando construir pensamentos sem muito sucesso. "Espera um segundo, só preciso pegar minha blusa, os óculos... Pronto." Ele encarou o quarto por alguns momentos fazendo uma rápida lista em sua cabeça. Se esquecesse algo, ficaria sem aquilo pelo resto do dia...

"Graças a Deus. Eu mal imaginava que você era uma noiva para se arrumar, Maguire." Lana dava passos rápidos e Sean nada proclamava, incrédulo demais com a naturalidade com que ela tratava a situação. "Anthony já ligou duas vezes. Disse que como sempre estamos atrasados, e que Angela está doida atrás de você. Eu disse a ele que o empolgante é se atrasar. Bom, mesmo porque a Fairytale tem toda uma abertura elaborada e discursos para esclarecer regras e bla bla bla..." Sean estava com a mente longe e observava Lana fixamente. As frases informativas da morena chegavam entrecortadas e incompreensíveis aos ouvidos de Sean. "Então o primeiro painel deve começar lá pelas 8:40 não sei do que eles estão reclamando tanto..." 

"Você está fingindo que nada aconteceu." Conclui impressionado, interrompendo a própria caminhada. Lana demorou alguns segundos para entender. 

"O quê?!" Indaga com uma expressão mesquinha. 

"Você está fingindo que nada aconteceu ontem." Repetiu pausando a cada palavra.

"Sean..." Lana revirou os olhos e bufou. "Nada aconteceu ontem." 

"Ah não..." Cinismo lhe transbordando, Sean a ultrapassa no corredor. 

"Sean!" A morena expressou-se irritada levando as mãos ao alto. 

"O quê?" Ele virou-se com o mesmo ar de impaciência.

"Olha sua mão esquerda e diz que isso aí é uma alucinação." Por um momento Sean checa, mas assim que entende a referência, descarta a olhada. "Era o que eu pensava. Até porque, eu tenho uma bela alucinação aqui também." Lana dizia em sussurros irônicos. "E é isso! Você, eu, ontem à noite e o que raios possa ter acontecido, vão deixar de existir. Se é que algum minuto na vida eles sequer existiram..." Rindo de toda a bagunça que dois adultos fizeram, Lana lamentava passando uma das mãos no rosto. "Assim que minha dor de cabeça passar completamente, junto terá ido essa... História." Sean evitava olhá-la. "Então, pronto. Vamos entrar naquele lugar cheio de fãs e teremos que levar isso a sério, senão você já imagina as coisas que podem falar. Tudo o que pode acontecer... Você é ator! Finja que nada ocorreu. Somos as mesmas duas pessoas de ontem à noite, ANTES do pub, conversando sobre os nossos respectivos relacionamentos. Tudo bem?" Ele deu de ombros e Lana desiste de fazer o discurso sozinha. Então simplesmente o deixou plantado no corredor enquanto fez seu caminho até a frente do elevador.

Sem ter outra saída Sean a segue. Enfezado e contrariado. Xingamentos inimagináveis para a situação inundavam seus pensamentos. Que inferno de vida pública.

Adentraram calados o cubículo metálico. Sean recostou-se e centímetros a frente Lana mantinha a pose majestosa e inalcançável com que acordara. O quanto a versão de Lana da noite anterior destoava da versão amanhecida o perturbava imensamente. What the hell era a única coisa que fazia sentido momentaneamente.

"Eu sei..." Suspirou Lana, interrompendo as indagações do inglês sem mexer um músculo pra olhá-lo. "Vai ser difícil esconder tudo isso. Nunca pensei que discutiria com você pra valer alguma vez na vida. Mas também nunca pensei que seríamos capaz de fazer tanta bagunça. E uma tão... Tão..."

"Irreversível?" 

"Sim! Sim." Rendendo-se, ela torceu o corpo conectando seus olhos aos dele.

"Somos adultos, Lana." Sean disse incrivelmente indiferente. Um tom que lembrou-a da noite anterior, momentos antes daquele beijo no corredor. "Pessoas grandes fazem bagunças grandes. É proporcional, como matemática."

"A intenção para duas pessoas compromissadas é não fazer bagunça alguma." Ignorando completamente o comentário, Sean jogou o olhar para a tela que indicava o andar pelo qual passavam. Envergonhada, Lana recolocou os pés na posição anterior e fez questão de virar a cabeça até o limite de seu ombro esquerdo. "Coloque seus óculos escuros e despeje a atenção no café que Angela te entregará. Não me evite. Só aja naturalmente." Ele deu uma rápida e inofensiva checada no meio que lhe transmitia tais ordens e assentiu.

"Uhun." 

A tela no topo direito mostrava o andar do lobby. As portas se abriram revelando uma manhã movimentada. Pessoas andando, conversando, em ligações. Vestidas à negócios, à passeio. Classic Paris.

Logo os acenos de Angela e Anthony eram visíveis e o casal de amigos andou até a saída do hotel onde uma minivan preta os aguardava "há 13 minutos e 20, 21, 22..." informava Angela batendo em seu pulso esquerdo, no qual vestia um relógio.

{...}

Painel vai, painel vem. Photo Ops com Lana, sem Lana. Sozinho. Em grupo. Em cada categoria Sean sentia um pedaço de si desfazer-se. Os fãs não podem nem imaginar. Morria por dentro porque Lana estava fria e o evitava. Era claro. 'Não me evite, aja naturalmente.' Bullshit. Os fotógrafos estavam começando a preocupar-se com as caras e bocas que o inglês revelava no segundo que os fãs davam-lhe as costas. Estava agindo como um grande bebê e sabia disso, as dúvidas giravam mesmo em torno do porquê.

"Sean?"

"Sim?" Encontrou a voz que o chamava em uma menina por volta dos 15 ou 16 anos. Tinha os olhos cheios de lágrima e Sean comoveu-se, afinal uma boa parte do cast estava ali, pronto para abraçá-la e mimá-la, e ainda sim ela preferiu insistir no idiota que estava em outro mundo.

"A Tanya está em Paris também?" Perguntou ela tendo atenção de todos que participavam da foto.

"Sim, querida!" Viu o sorriso dela aumentar 100 vezes se fosse possível. 

"E você acha que ela vem pra cá?"

"Ai... Ela está aproveitando a cidade com a mãe dela, mas talvez possa vir amanhã. O que acha?"

"Maravilhoso! Obrigada, obrigada, obrigada!" A magra criatura o agarrou forte e derramou mais algumas lágrimas. Sean queria muito ter olhado para qualquer outra direção, mas tudo o que seu foco visual encontrou foi Lana fazendo uma carinha que desmanchou toda estrutura ignorante e irritada que ele vinha carregando durante o dia. 

Despediu-se (de quem descobriu chamar-se Maddison) mal-educadamente por permanecer os olhos deleitados em Lana. O choque que lhe ocorria quando os olhares se encontravam era contraditoriamente irritante. A visão da morena lhe trazia memórias prazerosas da noite anterior, porém instantaneamente a dose de realidade lhe era injetada. E estava tirando Sean de sua zona de controle. Mais um abraço em grupo and I'm done. 

"Guys, a próxima fã é a penúltima. Já estamos encerrando!" O fotógrafo anunciou segundos antes da porta ser aberta e revelar duas irmãs, tão loiras e de olhos tão azuis que todo o ambiente pareceu iluminar-se.

Por mais que Sean estivesse pedindo ao céus, praticamente ajoelhando para fazer suas preces para que não precisasse mais tocar Lana durante ou entre as fotos, era inevitável. Sair do lado dela não podia nem ser uma opção. O que estava praguejando sobre, era a bendita decisão inicial de ficar ao lado dela. Mas não pensa, parece que perde o norte. Fechou os olhos suspirando e abriu os braços onde Lana afagou o corpo. Ou fora uma mera impressão? 

"Cheese!"

Ele balançou a cabeça tentando afastar as péssimas e contraditórias emoções que o percorriam naquele momento. Mal viu a última fã entrar, e prestou ainda menos atenção no clique da câmera. Só desejou ter saído aceitável na foto para a felicidade da garota. 

"Obrigado, galera! Sean e Robbie, vejo vocês daqui a pouco." Sean não processou o comentário, estava atordoado, sem base. 

Lana não pôde deixar de reparar. Aliás, a constatação correta seria: ela não conseguia tirar os olhos dele. Eis a verdade. A intuição martelava para que desse alguns passos à frente para ajudá-lo. Porém, por estar começando a conhecer suas fraquezas mais profundas, limitou-se apenas a guiá-lo para longe dali o mais rápido possível.

"Vamos sair daqui?" Sean acompanhava os passos da morena sem saber o que fazia. A sua única certeza momentânea era as mãos dela o tocando e lhe dando amparo. "Eu quero saber." Ele soltou o comentário na atmosfera, sem pé nem cabeça, sabendo que nada era processado por seus pensamentos além das palavras que Lana havia lhe dito mais cedo. 

"O quê?!" Ela balançou a cabeça e levantou as sobrancelhas revelando uma expressão de completa dúvida e confusão.

Ambos interromperam a própria caminhada sem checar se era minimamente apropriado conversar sobre aquilo em público - ou sobre qualquer coisa depois da noite anterior.

"Você disse mais cedo que eu devia saber o que aconteceria se não agíssemos como se nada tivesse ocorrido." Lana semicerrou os olhos acompanhando o pensamento sem sentido de Sean. 

"Sim... E não sabe?" Deu de ombros tendo certeza que era a previsão mais óbvia do mundo.

"Não. Por que a pior coisa que pode acontecer..."

"O que é? Jura que vai chegar a esse ponto?!" Esbravejou a morena, interrompendo bruscamente a fala do inglês com todos os seus 167 centímetros de altura. "Sinceramente, pense muito, muito, muito bem mesmo antes de pronunciar essas palavras."

"Tá legal. Então qual é a pior coisa que pode acontecer Lana?" Sean cruzou os braços ingênuo e infantil. O limite das consequências estava completamente borrado em seu julgamento.  

"Qual a pior coisa que pode acontecer? Há... Tá bom." A risada sarcástica que saiu dos lábios avantajados dela quase o fez entrar no personagem de Robin Hood e interagir com a Evil Queen. "Que tal começarmos por... Não, não. Não vamos apenas começar, vamos acabar a conversa com essa aqui: nossos relacionamentos poderiam simplesmente acabar. Preciso eu te lembrar que temos duas pessoas em casa?" Nesse ponto o rosto de Lana mostrava muita falta de paciência envolvida nas frases que pronunciava. "Comprometi-me com Fred e você com Tanya. We loved those..." Os olhos de Sean cresceram e Lana engoliu no mesmo momento a gafe temporal sobre o verbo. "We love those people."

"Loved." Sean frisou iniciando um silêncio dessa vez sim, perturbador. 

Lana juntou as sobrancelhas retomando o bom senso e o tom autoritário a lá Evil Queen.

"Eu não amo você." Marrenta, foi a vez dela cruzar os braços como uma criança enfezada.

"Não disse isso. Só disse que não o ama mais. Você mesma disse." Explicou-se, sendo momentaneamente ignorado. 

"Sean, nós não temos 17 anos de idade." Suspirou ela rendendo-se. "Infelizmente... Quem sabe isso desse certo de alguma maneira, mas..."

"Então você também pensou sobre isso!" Como se houvesse ganhado na loteria Sean abriu um sorriso compreensível.

"Eu não fiz nada! O que estou tentando dizer é que temos nossas próprias vidas, Sean. Vidas separadas." As mãos da morena metodicamente se moviam na tentativa de deixar a situação entendível. "Não podemos simplesmente misturar tudo. Até porque essas coisas nunca dão certo. E por mais que eu insista em não admitir... Não quero que a relação que tínhamos mude sequer um fio de cabelo."

"Lana... Esse é o ponto: não vai mudar. Você não tem ideia de quanto meu estômago revira de felicidade só de imaginar poder te beijar após te fazer rir até ficar sem fôlego. Ajeitar seu cabelo enquanto passamos as falas juntos. Segurar sua mão ao subirmos as escadas dos hotéis que ficamos e onde sempre vivemos histórias engraçadíssimas..." O olhar de Lana mirava os próprios pés. Sean não hesitou ao tentar estabelecer um novo contato e esticou o braço alcançando o rosto da morena. 

"Pára. Pára, por favor." Colocando os olhos em Sean novamente, ela se afasta do toque. "Podemos ir para um lugar menos público?" Sem esperar por uma resposta Lana saiu andando em disparada e não diminuiu a velocidade até colocar os pés na sala que a organização do evento havia lhe oferecido naquele dia. 

Sean a alcançou em seu próprio tempo. A expressão dolorida de Lana o havia deixado ainda mais alerta sobre a situação. Adentrou a sala e nada disse. Não conseguia. A visão de uma Lana ansiosa e nervosa fizeram com que palavras secassem de sua boca e coragem esvaísse do peito. 

"Me perdoe... Me perdoe mesmo por estar negando toda a situação. Evitando ao invés de lidar de cara como eu sempre faço com tudo. Sei que está desapontado, eu sei que você esperava uma reação diferente da minha parte. Mas eu simplesmente não quero te desejar, Sean." A completa falta de brilho no olhar provou para ele que Lana havia praticado quinhentas vezes aquelas palavras. 

"Por que não?" A indagação foi fria. Não podia negar que o desapontamento era presente. Afinal, como um perfeito idiota, passara a manhã inteirinha a desejando.

"Porque eu não posso tê-lo." Uma sinceridade acalentadora os envolveu. Nada agradável, e ainda menos compreensível.

"Não sei se isso faz diferença alguma..." Disse Sean ao cortar o silêncio. 

"Eu sei o que fizemos ontem à noite, e pausa para o comentário de que foi sim errado. Foi tão irresponsável, inconsequente e imprudente em tantos níveis que não poderia identificar todos." O movimento dos braços enfatizava sua preocupação. "E ainda sim... É insuportável admitir que não me arrependo. Como diabos eu não me arrependo?! Eu tinha de estar me martirizando, morrendo por dentro, chorando, querendo desesperadamente ligar para Fred e me justificar... Mas eu não quero. Não quero nada disso nem de longe. Meu Deus..." Um riso nervoso lhe inundou a face. "Me sinto uma completa idiota, mas tudo o que eu queria nesse momento, de verdade, era uma dose forte da sua compreensão, uma sessão dos seus elogios, seu peso sobre meu corpo. Era tudo o que eu precisava..." As mãos de Sean viajaram até as bochechas da morena. Fitou-a nos olhos como se fosse a última vez que aquilo faria.

Desejou uma realidade alternativa para que pudessem se despir e se sentir ali mesmo no chão daquela sala. Acariciou com os polegares a pele macia em volta daquela boca pintada de vermelho sangue. Cobiçou a região e quis muito tocá-la com os próprios lábios. 

Lana respirava demoradamente. Seus sinais vitais pareciam tão fracos que sentiu até uma tontura lhe ocorrer. O pomo de adão de Sean movimentou-se lentamente. Ela expirou de modo profundo e descansou as mãos incertas no tronco dele. Um desespero ritmado pelas batidas cardíacas os impedia de movimentar um só músculo. 

"Eu preciso ir antes que algo pior aconteça." Sean beijou ligeiramente a bochecha de Lana e apressou-se para sair dali. Antes que nada mais pudesse ser controlado. 

{...}

Os quarenta minutos seguintes naquela sala foram os momentos mais solitários que Lana já havia passado na vida toda. Sean se afastaria eventualmente, Fred não a fazia uma simples companhia há tempos, sua irmã estava viajando de férias... Com qual alma ela poderia compartilhar o segredo obsceno?! Nenhuma. Ah meu Deus...

O olhar profundo e apagado caía sob o indicador direito com o qual fazia rabiscos imaginários na mesa onde acomodava-se.

Repentinamente mãos grandes cobriram seus olhos, assustando Lana que reagiu imediatamente.

"Achei que precisava ir." Assim que o disse as mãos afrouxaram e os dedos deslizaram para fora de sua face.

"Ir aonde?" A inesperada voz fez-na levantar num pulo.

"Fred! O que... O que está fazendo aqui?" A expressão de Alfredo não era nada agradável.

"Estava esperando outra pessoa?" Uma de suas sobrancelhas arqueou-se.

"Não..." Respira, Parrilla. Atue. Vamos!

"Parecia estar."

"Jared. Jared vem sempre nos meus camarins."

"Ah!" Para o alívio de todos os órgãos vitais de Lana, ele deu de ombros.

"O que aconteceu?"

"Comigo?"

"Também, mas e o congresso?" Ah claro, sempre tão natural a noiva estar desesperada pra saber porque o noivo não está bem longe.

"Deixei minha impressão bem marcada hoje. Só preciso voltar amanhã. Então pensei em checá-la... Poderíamos passar a noite juntos!" O sorriso em sua face não amoleceu um centímetro sequer da expressão desgostosa dela.

"Eu achei que você só fosse chegar amanhã." O mínimo desapontamento foi sentido no tom de sua voz e Alfredo frustou-se. 

"Eu ia... Uau Lana, achei que estaria minimamente mais animada."

"Não! Eu estou! Eu estou. É só que me choca o quão rápido seu humor muda as vezes."

"Em relação a quê? É só o trabalho, amor." Disse exausto. Clássico. 

"Em relação a mim principalmente." Novamente aquela irritante e repetitiva conversa... Mas a verdade era que não havia outro jeito de tratar a situação além da tentativa fracassado de dialogar.

"Lana, você está exagerando." Metódico, Fred passou as mãos pelo cabelo. 

"Você bem sabe que não estou."

"Ah..." Usando a expressão exausta mais uma vez, ele suspirou. "Me desculpe por ontem. Eu estava... Em um humor terrível."

"Em um humor terrível." Lana revirou os olhos dizendo as mesmas palavras ao mesmo tempo que ele. "Eu sei."

"Lana..."

"Não, Alfredo. Não precisa. Não dessa vez. Vai ficar tudo bem. Eu vou ficar bem. Estamos em Paris. Tanto faz." Irritada e em seu limite, Lana agarrou o celular e bateu os pés em direção à porta. Fred agiu de imediato avantajado por seus enormes passos: colocou os lábios nos dela ternamente. Segurou os braços da morena a fim de que o longo contato causasse alguma mudança efetiva em suas atitudes inusitadas. Porém, para Lana, o gesto só ofereceu a certeza de que grandes ou bons sentimentos por Fred não nutriam-se mais dentro dela. 'Você mesma disse que não o ama mais...'

Sem conectar seu olhar com o de Alfredo, retirou-se do recinto com a classe e paciência que lhe restavam. Lana sabia que dali alguns minutos tinha autógrafos a dar e que naquele momento Sean estava em uma sessão de photo ops com Robbie.

A mente dela parecia pensar tão alto que Lana sentia como se balões animados estivessem flutuando a sua volta, revelando todo e qualquer pensamento que maquinasse.

Checou o horário no celular assim que pôs os pés na sala comum aos colegas presentes na convenção. Aquele costumeiro local onde renovavam as energias com um café, uma fruta ou guloseimas mais gordurosas. 

14:37. 

Lana caminhava pelo local discretamente nervosa. Emilie e Rebecca mastigavam alguma coisa e conversavam sentadas nas poltronas dali. Anthony, seu agente, lá também aguardava, e como de costume estava impecável: roupas, cabelo, perfume. Ele costumava brincar que sempre estivera mais preparado para as atividades do que ela própria.

"Ei, Lana. Está tudo bem?" Anthony aproximou-se quebrando o fixo e sério olhar da morena.

"Me empresta seu celular, por favor?" O tom alerta e até poderia caracterizar-se preocupado, deixou o agente na defensiva.

"O seu tá bem aí... O que aconteceu?" Ele cruzou os braços com desaprovação na aura.

"Anthony, por favor! É urgente!" Quis gritar e espernear, mas tudo o que fez fora dizer as palavras entre os dentes e com olhos pidões. 

"Ok, ok! Toma." Rendeu-se revirando os olhos. Aquele desespero era inusitado, então deixou rolar, no entendo sua mente já borbulhava querendo saber o por quê.

"Obrigada. Eu já volto." Expirou uma enorme quantidade de ar. Completamente aliviada, afastou-se dele voltando para onde entrara. "Ah! Mais uma coisinha, você sabe que horas as fotos do Robbie e do Sean encerram?"

"Hm..." Anthony apertou os lábios e levantou uma sobrancelha. Abriu a pasta que carregava sempre consigo e passou o olhar pelas informações. "Em oito minutos."

"Ótimo. Obrigada."

"Mocinha, dentro desses oito minutos é uma das suas atividades. Onde você pensa que vai?" Repreendeu diminuindo a distância que Lana havia criado entre eles. 

"Eu já volto, Thony." Informou ela, dessa vez mais calma.

"Make it quick." Mandou Anthony alguns segundos depois de analisá-la semicerrando os olhos. 

Como uma adolescente livre, a morena correu em cima dos saltos até o lobby do hotel. Sabia que aquela área teria pouquíssimas chances de esbarrar em uma fã, já que o evento estava acontecendo dois andares para baixo.

Desbloqueou os dois celulares em mãos e copiou o número de Sean na área de mensagens no iPhone de Anthony. 

'Preciso de você agora. Antes do meu autógrafo. Me encontra na escada do terceiro andar.' 

Na cruel dúvida de como assinar a mensagem, enviou-a sem remetente. Vamos Sean, sou eu. Sou eu! Ainda sentindo-se 20 anos inconsequentemente mais nova, Lana dirigiu-se para o local marcado agindo o menos visivelmente que conseguiu.

Sozinha, conseguia ouvir o coração pulando, os saltos estalando, a respiração alterada e novamente seus balões em forma de pensamento.

{...}

(It Was Always You - Maroon 5) 

A porta do terceiro andar foi aberta sorrateiramente. A escuridão impossibilitou Lana saber quem entrara, mas graças ao uso do bom senso, o sussurro que ela esperava manifestou-se. 

"Lana?"

"Aqui em cima." Sean achou os degraus no breu do recinto e seguiu o calor que o corpo dela irradiava.

"Você disse no terceiro andar..."

"Eu sei o que eu disse. Subi um por precaução. Vai que você não fosse a alma que tivesse entrado aqui." Lana sussurrava adoravelmente irritada. Era como assistir um desenho animado.

"Inteligente, como sempre." Finalmente as luzes foram acessas e Sean não agradou-se nem um pouco com a expressão devastada que Lana carregava.

"Eu tenho uma péssima notícia." 

"O que aconteceu? Estava quase feliz, achei que tivesse me chamado para sacanagens."

"Por mais que eu... hm."

"Quisesse!" Complementou a fala pendurada dela todo animado. "Ah, você falando isso seria música para os meus ouvidos."

"Enfim. Não foi por isso que te chamei aqui." Sem minimamente perder o foco, Lana esfregou a mão no rosto.

"Perdão. E o que é? Não temos uma notícia boa para compensar a ruim? Estou julgando ser horrível mesmo, seu sorriso não apareceu nem um pouquinho." 

"Não tem uma notícia boa. Infelizmente." Ela deu de ombros e Sean soltou todo seu peso no corrimão atrás de si.

"Tá. Então vai, manda." Lana sentiu-se claustrofóbica por alguns segundos. Sean estava muito perto. A escada era apertada demais. 

"Eu sei o que disse mais cedo sobre ser errado e não podermos ficar brincando com fogo, mas eu realmente havia pensado em... Esquecer tudo aquilo e sei lá..."

"Nos explorar?" As joias azuis que possuía na face voltaram a cintilar um brilho de excitação e curiosidade.

"É!" Ela suspirou andando pelo minúsculo espaço que dividiam. "Sean, o que está acontecendo não é normal! Sim, ok, uma atração é normal, acontece todos os dias com todas as pessoas do universo. Mas aquilo? Dentro daquele quarto? Não sei se é uma coisa que a gente esbarra sem querer por aí." O discurso era sério, mas havia trazido à Sean puro sentimento de confusão. E tesão...

"Por que isso não está soando como uma notícia ruim?"

"Mas..." Ela interrompeu de modo superior, como se controlasse a conversa.

"Ah é, sempre há um porém."

"Fred chegou antes do previsto. O evento era até à tarde, mas achei mesmo que ele sairia para jantar. Ele sempre faz isso... Aliás, ele sempre me deixa que nem uma idiota esperando no hotel. Dessa vez que eu queria tempo ele tinha que dar um jeito de chegar mais cedo, lógico. Clássico Alfredo. Só para diminuir ainda mais meu tempo para pensar." Sean sentiu que ela dizia aquelas coisas mais para si mesma do que para ele. 

"Não há o que pensar. Você estava certa o tempo todo. Fomos inconsequentes. That's it." Sean sentiu a necessidade de acrescentar uma dose de não-fantasia na conversa. No fim das contas aquela era só a verdade que enfrentariam na hora de pegar o voo de volta...

(Dangerous Woman - Ariana Grande)

"Não." A morena jogou a cabeça para trás ao soltar uma gargalhada irônica e um tanto nervosa. "Então, vamos ser inconsequentes de novo. Me beija de novo, me leva para o quarto de novo, sei lá. Eu só sei que não sentia aquilo em muito tempo. Talvez eu nunca tenha sentido aquilo." A vulnerabilidade dela exercia pontadas vigorosas nas partes íntimas de Sean.   

"Lana, por favor, não me faça fazer isso..." Foi a vez do inglês de choramingar olhando para o teto de concreto.

"Por quê?! Você era quem estava me provocando horas mais cedo!" Incrédula e já sem controlar os próprios músculos, Lana aproximou-se.

"E é por isso que não deveríamos fazer nada. Entre você e eu, você é a mais sensata." Lana engoliu todos os argumentos com os quais planejava arrastar Sean para sua zona de desejo, mas a verdade dita lhe atingiu. Deixe ir. If something is meant to happen, it will be.

"Aqui... É onde as coisas vão ser decididas." Lana começou a colocar seus pensamentos em uma ordem entendível e aceitável. O tom era baixo, sabido e digno. "Eu não vou te forçar para dentro disso. Mas eu sei..." Ela dizia cada palavra lentamente. Frisando a intensidade e a veracidade das informações com o olhar que parecia atravessá-lo. "Que você quer fazer isso tanto quanto eu quero. Mas você não vai admitir." A expressão quase mal intencionada intimidou Sean. "Porque afinal você quer tanto, que parece irreparável. Faz você se sentir culpado. Envergonhado. E como você disse, eu sou a mais sensata. E senti tudo isso primeiro. Estou tendo arrepios agora, Sean... Mas como você faz eu me sentir dentro de quatro paredes... It's worth the guilt."


Notas Finais


Segue a playlist made by my lovable cherry: https://www.youtube.com/playlist?list=PLKavq-HUNDByymkw2Sz9Ul_ORm4asGKuB&jct=jkxgVl7E7KpjLPtgHOEMXjpdhImXZQ

E este é o twitter das minhas fics: @oqascriminals . Eu não fico emperiquitando ele todo porque mal tenho tempo de escrever, AVE HAHAHA. Mas eu posto uns spoilerzinho de em quando, umas inspiração, umas música...


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...