-- Borgin&Burkes? Sem chance, Potter!
-- Ora, por que não, Malfoy? Qual é o problema?
Scorpius parecia receoso para responder o amigo. Agitado, passou a mão pelos seus cabelos loiros emplastrados de gel e disse:
-- Bom, é que... talvez... veja...
-- Pare de suspense e fale logo!
-- Certo. -- suspirou -- Durante a Guerra, meu pai ameaçou Borgin para infiltrar os Comensais no castelo. Certamente papai não queria que soubesse disso, mas um dia escutei ele e mamãe conversando e... e suponho que um Malfoy não seria bem-vindo por lá.
-- Já entendi.
-- Por que não esquecemos esse assunto? Já nos tiraram pontos, e tem ideia da confusão que houve lá em casa? Isso já nos causou problemas demais.
-- Eu não cheguei até aqui para desistir, Malfoy. Além do mais, deve ser algo muito importante a ponto de Hagrid arriscar nossa segurança, talvez seja algo que nem o próprio diretor saiba.
-- Que seja. Amanhã falamos com a sua prima e pensamos em algo, mas eu juro que se fizermos tudo isso em vão, eu não terei problemas em ter detenções pelo resto do ano por te azarar. Boa noite, Potter.
-- Me azarar? Que eu me lembre, você se meteu nisso porque quis. De qualquer forma, vamos falar com ela. Boa noite, Malfoy.
-- ...E então, após a visão, o mago Papus viajou à Rússia para contar ao Czar que seu reinado sucumbiria à revolta popular... -- Dizia o professor Binns em sua aula de História da Magia.
Uma pequena bola de papiro atingiu as costas de Rose, que virou-se para saber de onde tinha vindo. Scorpius a fitava e gesticulava para que abrisse o papel, e ela assim o fez.
"Weasel," -- ela revirou os olhos e continuou a leitura -- "aparentemente a única Fonte de informações sobre ofidioglocia está na Borgin&Burkes, você deve conhecer. Por problemas de relações familiares eu não posso ser visto lá, tampouco podemos sair da escola. É bom você começar a pensar em algo.
S.M"
-- Senhor Malfoy, eu espero que estes bilhetes que você está passando à senhorita Weasley sejam anotações sobre a matéria, e não cartas de amor.
A sala fez um coro de risadas e as bochechas de Scorpius adquiriram uma tonalidade avermelhada.
-- Que é isso, agora, Rose? Está trocando bilhetinhos com Malfoy? -- Perguntou sua colega.
-- Não seja boba, Fiorella, são apenas negócios, entende?
-- Se você está dizendo... -- Respondeu a garota que preservava forte antipatia pelo rapaz.
Rose encontrou Alvo e Scorpius ao final do almoço. Os três sentavam-se encostados nas grandes abóboras próximas à cabana de Hagrid. A tarde era tranquila para um assunto tão taciturno; a névoa se alastrava pelas coníferas e o gramado viçoso umidecia as vestes dos jovens.
-- Então, Weasley, pensou em algo?
-- Como Al sabe, durante o segundo ano, mamãe preparou poção polisuco. Dizem que só vamos aprender como prepará-la no ano dos N.I.E.M's, mas achei que pudesse dar um jeito. No entanto...
-- No entanto?
-- No entanto, Malfoy, em quem nos transformaríamos? Além do mais, teríamos que arrumar uma forma de sair de Hogwarts.
-- A segunda parte não é problema -- disse Alvo -- afinal, temos o Mapa.
-- Sim, Al, mas iam nota a nossa ausência.
-- Ela tem razão, Potter. Mas há sempre a possibilidade de sairmos na calada da noite.
-- É muito arriscado!
-- Sei disso, mas vocês têm outro plano?
Os primos calaram-se e negaram com as cabeças, em união.
-- Podemos esperar um fim-de-semana, em seguida pegamos a capa e vamos até lá. O que acham?
-- Brilhante, Malfoy, você só esqueceu da parte em que encontramos as informações.
-- Tenho certeza que você e a sua inteligência aguçada darão um jeito na hora, Weasley. Agora, se me dão licença...
O menino levantou-se, limpando a relva das roupas e recolhendo seus livros.
-- Onde vai? -- Alvo perguntou.
-- Encontrar sua prima.
-- Qual delas?
-- Como "qual delas? Dominique, é óbvio, ela precisa de ajuda em poções.
-- Não sei se percebeu, Malfoy, mas ela está dois anos acima de nós. Por que precisaria da sua ajuda?
-- Caso não saiba, eu sou um dos melhores da turma em poções e parece que ela não tem muita aptidão. Que escolha eu tenho?
-- Ignorar seria uma opção. Já não disse milhares de vezes para não prestar atenção no que ela diz?
-- Eu me lembro bem. Acalme-se, é só uma sessão de estudos. Não vou contar nada.
Antes que Scorpius pudesse se afastar dos amigos, James, Fred e seus amigos da Grifinória lançaram-no um feitiço para que tropeçasse e caísse no chão.
-- Eu vi isso, James! -- Disse Rose, raivosa.
-- O que foi, priminha? Tem tempo para defendê-lo ou está muito ocupada trocando cartas de amor?
Alvo arregalou os olhos.
-- Cartas de amor? Que cartas de amor, Rose?
-- Ignore, Al, você não deve acreditar em boatos, e nem você, Sirius. Por que não o deixa em paz? Sabe, ele não tem culpa de...
-- Chega, Weasley!
Assustados, todos viraram-se para o menino que não tinham percebido que outrora levantara.
-- Eu te agradeci da outra vez -- fez uma pausa, engoliu seco e continuou -- mas já estou cansado do seu complexo de heroína. Não preciso de babá e muito menos de alguém pra me defender, ouviu bem? Se não se importam, todos vocês, tenho coisas mais importantes para fazer e pessoas mais importantes para encontrar.
Sem receber uma resposta, Scorpius se foi, deixando Alvo e Rose estáticos.
-- Viu só, Rose? De que serve perder tempo com alguém como ele?
-- Esqueça, James. Vamos embora. -- Disse Fred, puxando o primo pelo braço e partindo dali às ruínas de escadas.
-- Rose, não fique assim, ele só estava estressado, tenho certeza que logo vai se arrepender e se desculpar.
-- Não quero as desculpas dele, Al, James está certo. Acho que vou para o dormitório. -- Respondeu estampando seu triste semblante.
-- Mas...
-- Até amanhã, Al.
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